"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O PT NA HISTÓRIA BRASILEIRA

O PT Na História Brasileira - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=ez-K3rUGLFQ
28 de set de 2016 - Vídeo enviado por MudaBrasil
PT Na História Brasileira. MudaBrasil ... Ditadura Militar, o maior engano da humanidade Brasileira ...

12 de janeiro de 2017
postado por m.americo

PLANALTO DIZ QUE BANCO CENTRAL AGIU COM BOM-SENSO AO CORTAR JUROS PARA 13%




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Charge do Sinfronio (sinfronio.com.br)
O clima é de comemoração no entorno do presidente Michel Temer. Não sem razão. Era grande a aposta no Palácio do Planalto para que o Banco Central fosse mais ousado no corte da taxa básica de juros (Selic), a fim de dar mais estímulos à economia, que continua em recessão. Depois de dois dias de intenso debate, o Comitê de Política Monetária (Copom) baixou a Selic de 13,75% para 13%, surpreendendo boa parte do mercado financeiro. Foi determinante para a decisão o anúncio, pelo IBGE, da inflação de dezembro e de 2016, bem abaixo do projetado pelos especialistas: 0,30 e 62,9%, respectivamente.
“Felizmente, prevaleceu o bom-senso no Banco Central”, diz um dos ministros mais próximos de Temer. “Não havia mais razão para o BC se manter tão cauteloso, para não dizer medroso”, emenda.
BRADESCO ACOMPANHA – Logo após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano, o Bradesco anunciou a redução das taxas das linhas de crédito para pessoas físicas e jurídica.
As novas condições valerão a partir de segunda-feira, 16 de janeiro, em todas as agências da instituição financeira. Para os clientes pessoa física, a linha de crédito pessoal teve sua taxa mínima reduzida de 2,84% para 2,78% ao mês, e a máxima de 7,78% para 7,72% ao mês.
Na modalidade CDC veículos, a taxa mínima passou de 1,65% para 1,50% ao mês e a máxima, de 3,66% para 2,99% ao mês. A taxa máxima do cheque especial passou de 13,55% para 13,49% ao mês. Entre as linhas para pessoa jurídica, a de capital de giro para micro e pequenas empresas teve sua taxa mínima reduzida de 2,10% para 2,04% ao mês, e a máxima de 4,27% para 4,19% ao mês.
Além disso, a instituição financeira anunciou que os cartões de crédito para pessoa física de jurídica terão redução de 6 pontos base no rotativo.

12 de janeiro de 2017
Vicente Nunes
Correio Braziliense

JUROS REAIS NÃO BAIXARAM; AO CONTRÁRIO, ESTÃO SUBINDO




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Charge do Alves, reproduzida do blog Boca Maldita
Juros reais, na verdade, são a diferença entre a taxa paga ao credor e o índice inflacionário vigente na época que envolve o crédito liberado. O Comitê de Política Monetária reduziu ontem o índice de 13,75% que incide sobre o estoque da dívida de 3 trilhões de reais, para 13 pontos. Redução aparente de 0,75%. Entretanto, se compararmos os 14% pagos pelo Tesouro para a mesma dívida, mas diante de uma inflação de 10,6% registrada em 2015, verificamos que os juros reais de hoje apresentam uma diferença maior para com a inflação do que os pagos na primeira fase do atual governo.
Claro que o desembolso nominal do poder público para com os que detêm notas do Tesouro Nacional que lastreiam a dívida trilionária, fisicamente, diminui. Mas isso não quer dizer que os títulos públicos tenham deixado de ser um investimento atraente e sem risco para os aplicadores, isso porque haverá sempre uma relação direta entre a taxa paga pela rolagem da dívida e o índice inflacionário existente no período.
SALÁRIOS PERDEM
Critério oposto, por exemplo, é o que rege os salários, que perdem sempre a corrida contra o processo inflacionário. Dizer, portanto, que para os assalariados de modo geral a inflação recuou não é por si um dado positivo, isso porque a correção relativa a 2015 (10,6, pelo IBGE) não foi reposta nos vencimentos ao longo de 2016. Caso do Rio de Janeiro, por exemplo, cujo funcionalismo somente agora vislumbra uma hipótese de se livrar da crise, com a articulação desenvolvida pelo ministro Henrique Meirelles e pela ministra Carmen Lúcia, juntamente com o governador Luiz Fernando Pezão, diante de uma situação gravíssima que atingiu o RJ, ao ponto de causar ameaça de paralisação da universidade, a UERJ.
Poderíamos acrescentar os saques predatórios que atingem o Maracanã, um dos maiores patrimônios públicos do país. Mas basta, para iluminar o descalabro, o parcelamento terrível do funcionalismo estadual.
A situação dos servidores estaduais é de desespero. Para eles a comparação com a inflação não é usada. Pelo contrário. Os atrasos dos vencimentos são terrivelmente angustiantes, para eles, os juros reais sobem sempre, até para pagar as contas em atraso.

12 de janeiro de 2017
Pedro do Coutto

PF QUER INVESTIGAR MELHOR LULA E DILMA POR TENTAREM LIBERTAR MARCELO ODEBRECHT




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Charge do Alpino, reprodução do Yahoo Brasil
A Polícia Federal (PF) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prorrogação do prazo do inquérito que investiga a ex-presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suposta obstrução das investigações da operação Lava Jato.
No mesmo processo, são investigados os ex-ministros José Eduardo Cardozo e Aloizio Mercadante; o ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão; o ministro do STJ Marcelo Navarro Ribeiro Dantas; e o ex-senador Delcídio do Amaral.
A investigação foi aberta pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, em agosto do ano passado, após pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
NOMEAÇÃO NO STJ – O pedido do procurador foi baseado na delação premiada feita pelo então senador Delcídio do Amaral. Em uma das oitivas, o senador acusou a presidenta afastada Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula de terem interesse em nomear, no ano passado, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro Ribeiro Dantas com o objetivo de barrar as investigações da operação Lava Jato e libertar empreiteiros presos.
Segundo Delcídio, a suposta tentativa contou com o apoio de José Eduardo Cardozo, que à época ocupava o cargo de ministro da Justiça, responsável por indicar informalmente à Presidência da República nomes de possíveis candidatos, e do ex-ministro Aloizio Mercadante.
Desde a abertura das investigações, a ex-presidenta Dilma afirma que a abertura do inquérito é importante para elucidar os fatos e esclarecer que em nenhum momento houve obstrução da Justiça. A defesa de Lula sustenta que o ex-presidente jamais interferiu nas investigações da Lava Jato. Mercadante também nega que tenha obstruído as investigações.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A armação ocorreu assim: Dilma nomeou Navarro Dantas e a defesa imediatamente entrou com recurso para libertar Marcelo Odebrecht, fato que possibilitaria soltar todos os empreiteiros e outros presos da Lava Jato. O regulamento do STJ manda que o primeiro processo que chegar tem de ser relatado pelo ministro recém-empossado. E Navarro Dantas realmente deu o voto ansiado, mas a manobra vazou e todos os demais ministros da turma do STJ votaram contra o parecer dele, mantendo o empreiteiro na cadeia. Foi um vexame. Antes do julgamento, publicamos aqui na TI que havia uma armação, muita gente sabia dessa fraude jurídica. A melhor prova existente é o próprio voto de Navarro Dantas(C.N.)

12 de janeiro de 2017
Deu na Agência Brasil

O HUMOR DO DUKE...

Charge O Tempo 11/01/2017


12 de janeiro de 2017

INSEGURANÇA PÚBLICA

‘PROBLEMA DO SISTEMA PRISIONAL É A CORRUPÇÃO’, DIZ MINISTRO DA JUSTIÇA
ALEXANDRE REITERA IMPORTÂNCIA DE CAPACITAR AGENTES PENITENCIÁRIOS

MINISTRO DA JUSTIÇA FALA EM CRISE AGUDA GRAVÍSSIMA ‘SOB CONTROLE’ (FOTO: FÁBIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR)


O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse nesta quarta-feira, 11, que o “maior problema do sistema penitenciário é a corrupção”. Após a morte de 97 presos em Manaus e Boa Vista na semana passada, Moraes afirmou que o sistema penitenciário vive uma crise “aguda gravíssima”, mas que está sob controle. Leia a seguir trechos da entrevista ao jornal Estado de São Paulo.

Por que é preciso um Plano Nacional de Segurança Pública?


Era um pedido dos secretários de Segurança Pública que houvesse uma integração maior do Ministério de Justiça, para que não fosse só um almoxarifado. Principalmente em relação às fronteiras, o tráfico de drogas e armas, de inteligência e uma interação maior com a Força Nacional. Essas metas do plano a União sozinha não resolve, nem os Estados.

Qual a diferença desse plano para os outros?


Todos os outros planos eram cartas de intenção. Fizemos um plano operacional, tudo já tem meta e foi discutido com os Estados. As 27 capitais foram mapeadas, homicídio por homicídio, a violência doméstica, os hospitais, tudo já está mapeado.

As Polícias Civis são hoje cartórios de registro de homicídios, só 8% são elucidados. Como um plano nacional resolve um problema estadual?

Para investigar e solucionar, precisa de perícia e equipe de investigação, as duas coisas estão previstas no plano. Dentro da Secretaria Nacional de Segurança Pública vamos criar um departamento de Polícia Judiciária e de Perícias. Para cada capital vai uma equipe e cada Estado vai oferecer a sua equipe para trabalhar juntos para investigar homicídios que já estão catalogados.

O plano foi lançado em meio à crise das facções. Ele mira esse problema?

A questão penitenciária é crônica e de tempos em tempos temos uma crise aguda, não se resolve com um passe de mágica. Temos de construir presídios, porque há um déficit muito grande, e fazer a divisão de presos por periculosidade. Já implementamos o descontingenciamento do Funpen (Fundo Penitenciário Nacional), que deve criar cerca de 30 mil vagas. Gangues dentro de presídio o mundo todo tem, o que o Brasil peca é que quem está lá dentro consegue se comunicar com quem está fora. É uma sequência de erros. O maior problema do sistema penitenciário é a corrupção, não adianta scanner, raio X, se o operador na hora fingir que não viu. Por isso, o plano prevê capacitação dos agentes.

Hoje há um mapeamento das facções e seus líderes?

No âmbito estadual, cada secretaria tem. O Ministério Público tem. Nacionalmente temos, quem está aqui, quem está ali. O que falta e estava parado é quantos presos temos. Quem falar que sabe o número de presos hoje, está inventando. Por que? Porque não é informatizado. Vamos gastar R$ 43 milhões para em seis meses centralizar as informações.

Mas sabemos quais facções existem, onde atuam?


De forma integrada temos tudo isso, e as secretarias trocam essas informações de inteligência e sigilosas. Em Roraima, por exemplo, assim que começou a dar problema se trocou quem era ligado ao PCC, à Família do Norte.

Houve falha no combate às facções no Brasil?


Não gosto de culpar ninguém. Há o combate às facções, as lideranças estão presas. O combate não foi perfeito. Nos últimos 10, 15 anos houve junção de quadrilhas de banco, tráfico de armas, a entrada do crack. E o Brasil não acompanhou essa alteração na velocidade que deveria. Precisaria ter avançado, seja no sistema penitenciário, que foi abandonado, ou integração com os Estados.

O sr. disse que o sistema prisional está sob controle. Em Roraima, os presidiários tomam conta dos presídios, em Manaus também. Está mesmo sob controle?


Está sob controle. O sistema prisional brasileiro, que vive uma crise crônica, está em uma crise aguda gravíssima. Tem problemas? Tem, mas não é possível dizer que está fora do controle. O combate tem de ser aperfeiçoado e vai ser melhorado.

Houve demora do governo para dar resposta a essa crise? O sr. e o presidente Michel Temer foram criticados por demorar a falar sobre o assunto.


Não houve demora. Temos de lembrar que vivemos em uma federação e o Estado tem autonomia para dizer onde precisa de ajuda. Fiquei em Manaus segunda-feira e terça, cheguei à noite, o presidente estava me aguardando para passar um relatório e verificar o que emergencialmente poderia fazer. Em nenhum momento houve atraso. O presidente falou quando achou conveniente já anunciar o que iria fazer.

O governo de Roraima reclamou do pedido de ajuda negado no ano passado.


Se o pedido for feito novamente, será negado.

Não foi o mesmo contemplado nesta semana?

De forma alguma. O que a governadora Suely Campos pediu em novembro foi que a Força Nacional assumisse a administração das penitenciárias. A Força Nacional não pode legalmente assumir isso. A governadora queria substituir os servidores e colocar agentes da Força Nacional. Isso é legalmente impossível.

É possível centralizar o combate às facções, já que elas atuam no País inteiro?

Isso será feito com o serviço de inteligência. Cada núcleo conversa entre si e as informações serão centralizadas no ministério, mas a operação tem de ser no Estado.

Será criado um Ministério da Segurança Pública?


Isso depende de o presidente mandar projeto de lei e o Congresso aprovar. A discussão sobre segurança é importante, mas não há no governo a intenção dessa criação porque o que se pretende o Ministério da Justiça está fazendo. Sou contra a criação neste momento. Agora você quer transformar a Secretaria Nacional de Segurança Pública em ministério e colocar a PF de um lado, Depen (Departamento Penitenciário Nacional) de outro. Seria replicar o modelo errado.


12 de janeiro de 2017
diário do poder

A GAIOLA DOURADA DA POPULARIDADE QUE APRISIONA OS GOVERNANTES

Houve quem criticasse Nizan Guanaes quando ele recomendou ao presidente Michel Temer aproveitar sua impopularidade para adotar medidas duras, a fim de restabelecer o equilíbrio fiscal e promover a retomada do crescimento econômico. Eu estava a seu lado no Conselhão quando ele fez a recomendação.

Em síntese, ele dizia que o presidente deveria tratar de temas duros sem se preocupar em ser popular. A declaração foi longe e gerou debate, mas Nizan estava coberto de razão. O estado em que o Brasil se encontra demanda medidas que dificilmente serão populares.

Ninguém acredita que uma Previdência Social tecnicamente quebrada possa ser reformada sem dor. Muitos sabem que os salários devem ser congelados e os benefícios, cortados, conforme feito em Portugal. A questão da popularidade, porém, persegue os governantes, assim como os autores de novela perseguem o Ibope.

O filósofo suíço Alain de Botton é de uma sinceridade devastadora ao explicar a obsessão em querer ser popular, buscar o elogio e o reconhecimento, querer agradar sempre. No Brasil rasteiro, há quem considere a popularidade a medida do sucesso, em especial quando se mistura espetáculo com política. Não importa como se consegue ser popular nem em que circunstâncias.

Muitos acham que o presidente deve ter a preocupação de agradar sempre por conta do ciclo eleitoral. Que deve tomar medidas duras de início e guardar os agrados para o último ano e meio do mandato, numa dinâmica que atende o interesse eleitoral, e não o nacional.

A busca da popularidade extrapola o limite dos mandatos. É o caso da antecipação de aumentos salariais pelo governador que deixa o cargo para que sua decisão seja cumprida pelo governador que acabou de ser eleito. Uma espécie de bomba-relógio para as finanças públicas na ânsia de ser eleitoralmente popular.

Agradar deveria ser a última das preocupações de um presidente. E sua popularidade deveria decorrer de uma análise fria dos acontecimentos. Algo que jamais acontecerá, considerando-se a profundidade de nosso entendimento sobre o cotidiano. Afinal, vivemos em um país raso, onde quem explica também busca a popularidade.

Daí a espetacularização do noticiário. As manchetes são movidas pelo espetáculo. As fotos de capa mostram o detalhe do cabelo despenteado ou um leve roçar no nariz, de forma a forçar a vista para o inusitado. Popularidade a qualquer preço.

Na explicação do fenômeno político, as armadilhas são cotidianas. Seguir o “bom senso” ou o “senso comum” pode ser o caminho para a popularidade. Mas não o caminho para o sucesso do analista. Usar a indignação como ponto de ênfase para as explicações também é outro atalho para a popularidade. Mas leva para longe a verdade dos fatos. Na política, a indignação pode justificar, mas não explica.

O mais grave não é apenas o desejo doentio do reconhecimento. É o fato de que a verdade deixou de fazer sentido. São tempos de pós-verdade. A era é de factoides. Fatos que parecem, mas não são verdades, assim como os julgamentos indignados sobre o porquê das coisas.

Quando Nizan, mago da publicidade e celebridade internacional, recomendou que o presidente aproveitasse as vantagens da impopularidade, machucou um dos objetivos mais caros da vida de milhões: ser popular. Para a imensa maioria, a sugestão de Nizan é algo absolutamente incompreensível. Neste momento, se formos medir o governo pela popularidade, certamente estaremos aprofundando a vala comum de nosso fracasso coletivo.


12 de janeiro de 2017
Murillo de Aragão

LEGADO DA COPA: ROUBARAM ATÉ O BUSTO DE MÁRIO FILHO NO MARACANÃ


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Ilustração reproduzida do Arquivo Google
O jornalista Mário Filho foi o maior entusiasta da construção do Maracanã. Liderou uma campanha pela obra com energia militante e fervor patriótico. “Acreditar no estádio é acreditar no Brasil”, martelava, nas páginas cor de rosa do saudoso “Jornal dos Sports”. Depois de morto, o irmão de Nelson Rodrigues emprestaria o nome ao templo do futebol. O colosso de concreto foi rebatizado de estádio Mário Filho, embora os torcedores continuassem a chamá-lo de Maracanã — ou simplesmente Maraca.
O palco que consagrou os dribles de Garrincha e os gols de Pelé e Zico não existe mais. Depois de sucessivas reformas, foi desfigurado a pretexto de atender aos desejos da Fifa. Uma coalizão de políticos e cartolas rasgou as leis de tombamento, demoliu a marquise histórica e conseguiu encolher até o gramado.
O preço dos ingressos disparou, e o estádio perdeu o título de maior do mundo, a não ser em superfaturamento. O custo da reforma começou em R$ 700 milhões e chegou à incrível cifra de R$ 1,2 bilhão.
ELEFANTE BRANCO – As operações Lava Jato e Calicute ajudam a explicar os motivos. De acordo com as investigações, o ex-governador Sérgio Cabral cobrou pedágio de 5% sobre o valor total da obra. O Tribunal de Contas do Estado, que fez vistas grossas, é suspeito de embolsar propina de 1%.
Se a desgraça não era pouca, ficou ainda maior depois da Olimpíada. Quando a festa acabou, o comitê da Rio-2016 entregou o estádio em ruínas, com o campo esburacado, vidros quebrados e um desfalque de 7.000 cadeiras na arquibancada. A Odebrecht quer devolver o elefante branco ao Estado, que não tem dinheiro nem para pagar salários de médicos e professores.
Abandonado e sem luz, o Maracanã agora é alvo de uma onda de saques. A última vítima foi o busto de Mário Filho, roubado nesta segunda (9). Pensando bem, ele não merecia continuar lá para ver o que fizeram com o estádio.

12 de janeiro de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha

CRIA CUERVOS

Quando as imagens do massacre de Manaus me caíram diante dos olhos, lembrei-me do ditado espanhol - "Cria cuervos y te sacarán los ojos". Naquelas cenas reiteravam o quanto é pueril supor que há perversidades inacessíveis ao homem. Não há. Feras não podem se humanizar, mas o contrário não é verdadeiro. E quando acontece, a ferocidade se potencializa pela aplicação da inteligência ao mal.

Muitas vezes, algo que parece nascido da boa intenção, tornando quase impossível ser percebido de modo diverso, acaba prestando extraordinário serviço ao mal e a seus objetivos. Pondere o que aconteceu com a sociedade brasileira, em avassaladora proporção, nas últimas décadas. Para tal fim, seja seu próprio instituto de pesquisa. Examine suas experiências de vida e as informações que lhe chegam de variadas fontes e modos. Tenho certeza de que acabará concluindo que a nação passou da quota na quantidade de maus cidadãos, de patifes, mentirosos, velhacos, corruptos, traiçoeiros e dirigentes de igual perfil, cujas decisões põem a ética e o bem de cabeça para baixo.

O que se constata nessa observação ligeira, mas suficiente, não é causa de si mesma em circuito fechado, mas consequência de uma atitude pedagógica aparentemente generosa, que concede liberdade sem responsabilidade, direitos sem deveres, prêmios sem méritos, amor sem exigências, educação sem restrição. E tolera a falta sem punição e o crime sem pena.

Temos recebido doses maciças disso nas famílias, nas salas de aula, nas relações sociais, no trabalho e na política. Então, prezado leitor destas poucas linhas, se lhe ocorre, ao lê-las, a ideia de que os cuervos a que me refiro estão enjaulados nas penitenciárias do Brasil, crocitando e executando sentenças de morte, ali mesmo ou nas nossas ruas e estradas, você se enganou. É ao seu criatório que me refiro. Ele está por toda parte, está aí na volta, combatendo a polícia, rindo da lei, declarando a morte da instituição familiar, chamando bandido de herói e herói de bandido, fazendo novelas de TV, ridicularizando a virtude, aplaudindo o vício, enxotando a religião, desautorizando quem educa ou usando a Educação para fazer política e relativizando a vida (aconteceu o que, em Manaus e Roraima, que não ocorra diariamente, com tesouras e pinças, em salas de aborto?).

Há cuervos que não se apresentam como tal.

Não estou afirmando que as pautas da violência se esgotem nestas que menciono. Estou dizendo, isto sim, que o crime e a violência avançam, inclusive, por motivação política e ideológica. E estou reafirmando, mais uma vez, que consciências ou se formam ou se deformam. Há no Brasil um evidente empenho em criar seres humanos com consciência de corvos.


12 de janeiro de 2017
Percival Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor

REFORMISTAS E REVOLUCIIONÁRIOS

Organizam-se os tucanos já comprometidos com a candidatura de Geraldo Alckmin para 2018. Não de trata de ser cedo demais, porque não é. O governador paulista não desistiu de pleitear sua indicação dentro do PSDB, mas, por via das dúvidas, cuida de buscar alternativas, tendo em vista que Aécio Neves continuará na presidência do partido. Com a legenda sob seu comando, o senador mineiro quer garantir seu lançamento através do rótulo de reformista, representante da social-democracia.

Sendo assim, o governador tem como opção inscrever-se no Partido Socialista, mesmo agredindo a verdade e a semântica. Precisará fazer alguma ginástica para essa mudança, pois sua ideologia passa longe. Jamais será um revolucionário, até orgulha-se de ser chamado conservador. Nada de ligar-se a teses que contrariam seu passado. Reformista, com muito boa vontade, apesar de inclinado a não abrir mão dos postulados e dos interesses empresariais.

Com Aécio Neves empenhado em vestir o uniforme da social-democracia, sobra a terceira ponta da equação triangular: José Serra. Não que ele pretenda voltar aos tempos em que presidia a União Nacional dos Estudantes, porque estará perseguindo o que foi e não é mais: reformista. Tem raízes hoje fincadas no mesmo solo que Geraldo Alckmin, e também Aécio Neves. Os três são vinhos da mesma pipa ideológica, procurado disfarçá-la. Mas só há lugar para um. Perde seu tempo quem quiser separá-los artificialmente. Suas ideias se equivalem, restando saber quem terá mais simpatia e, não adianta negar, mais dinheiro também.

Vale prestar atenção no espectro que se delineia: três conservadores travestidos de reformistas. E o outro lado? Um pouco mais voltado para apresentar-se como representante do trabalho, mais do que do capital, mas nem tanto, emerge o mesmo de sempre, ou seja, o Lula. Sua condição de operário e fundador do PT, hoje meio esfrangalhado, o torneiro-mecânico precisará fixar-se no galho que um dia o levou ao Palácio do Planalto: de reformista. Só que com mais definições, por conta dos adversários. Tanto faz se pretender-se revolucionário, apesar de ser difícil acreditar que seja. Marina Silva e Ciro Gomes podem ser tidos como candidatos à procura de uma ideologia.

No extremo oposto, a direita oscila entre Jair Bolsonaro e Ronaldo Caiado. Em suma, ninguém parece ser o que realmente é.



12 de janeiro de 2017
Carlos Chagas

PARA CAIADO, 'LULA NÃO TEM POPULARIDADE PARA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL'

TAMBÉM AFIRMOU QUE O PETISTA 'NÃO TEM CORAGEM DE ANDAR NO MEIO DO POVO'

SENADOR DESTACOU "LULA, PARA VIR A SALVADOR, TEVE QUE FICAR ENCURRALADO NO PARQUE DE EXPOSIÇÕES" FOTO: TWITTER


Ao participar da celebração da Lavagem do Bonfim, nesta quinta-feira (12/1), em Salvador, o senador Ronaldo Caiado afirmou que o ex-presidente Lula não tem credibilidade nem coragem de "andar no meio do povo" quanto mais popularidade para disputar uma nova eleição presidencial.

Caiado se referiu ao evento fechado que o petista participou na capital baiana ontem (11/1) em que manifestou que será candidato em 2018. No evento, Lula foi apoiado por integrantes do MST, outra questão que mereceu críticas do líder do Democratas.

"Lula, para vir a Salvador, teve que ficar encurralado no Parque de Exposições, mantendo toda uma estrutura ao lado de uma facção para lhe proteger. Lula não tem a coragem de andar em um estado do Nordeste no meio do povo, nem de fazer essa caminhada ao Bonfim. Isso mostra que ele não tem popularidade para chegar à presidência", opinou.

O senador goiano ainda reiterou que para combater a crise de credibilidade vivenciada pela política, parlamentares e governo não podem ter medo de novas eleições. "Não podemos continuar com a crise. Se for necessário ter um gesto maior, tem que convocar novas eleições no Brasil, tanto de presidente, como senadores e deputados federais. O objetivo único e exclusivo de resgatar o momento crítico que passa a sociedade. Eu diria que é necessário [novas eleições]. Eleição não é traumática, é democracia. O que existe de mais bonito na democracia é a eleição”, disse.


12 de janeiro de 2017
diário do poder

MAIS UM: JUSTIÇA BLOQUEIA R$ 4 MILHÕES DE BLAIRO MAGGI, MINISTRO DA AGRICULTURA


Imagem relacionada
Blairo Maggi foi denunciado numa delação premiada
A Justiça de Mato Grosso determinou nesta quarta-feira o bloqueio de até R$ 4 milhões em bens do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e de outras oito pessoas acusadas de usar dinheiro público para comprar uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do estado (TCE-MT) e beneficiar o ex-deputado estadual Sérgio Ricardo, que também é reu na ação, de acordo com o “G1”. A decisão tem caráter liminar e ainda cabe recurso. O juiz da Vara Especializada em Ação Civil Pública e Ação Popular, Luiz Aparecido Bortolussi Júnior, também determinou o afastamento de Sérgio Ricardo do cargo de conselheiro do TCE-MT. Sérgio Ricardo e o TCE-MT informaram, por meio de assessoria, que ainda não foram notificados da decisão.
O ministro Blairo Maggi por meio de nota disse ter ficado surpreso com a decisão, pois não houve nenhum fato novo no processo que tramita na esfera federal, no qual era investigado pela mesma nomeação, e alegou consciência tranquila. “Estou pronto para prestar todos os esclarecimentos à Justiça e, recorrer da medida, por entender não ter sido justa a decisão proferida, ainda que liminarmente”, declarou.
NOMEAÇÃO NO TCE – Acusado de improbidade administrativa e dano ao erário, Blairo Maggi teria participado das negociações com o então conselheiro Alencar Soares para que ele se aposentasse e abrisse espaço para que Sérgio Ricardo pudesse assumir o cargo que é vitalício, em maio de 2012, de acordo com o Ministério Público Estadual (MPE-MT). Alencar Soares também é réu no processo, sob acusação de ter recebido R$ 4 milhões para se aposentar antes do prazo.
Na sentença, o juiz cita trechos da ação sobre a participação de Blairo Maggi no esquema. “[Ele] concordou com a pretensão espúria de Éder Moraes e Sérgio Ricardo, participou de reuniões e ordenou devolução de dinheiro, tendo também ordenado pagamentos, retardando e depois concretizando compra de vaga do TCE, inicialmente segurando e depois forçando a aposentadoria antecipada de Alencar Soares, com o firme propósito de abrir a oportunidade de ingresso de protegidos, em negociata realizada na surdina”, destacou. O então secretário de estado, Eder Moraes, também teria a pretensão de ocupar uma vaga no órgão.
NUMA FACTORING – O pagamento da vaga teria sido feito por meio de uma factoring do empresário Júnior Mendonça, tido como operador de um esquema de lavagem de dinheiro desviado dos cofres estaduais. Mendonça firmou acordo de delação premiada com a Justiça e, em um dos depoimentos prestados durante as investigações, disse que a negociação da vaga entre Maggi e Soares teria ocorrido durante uma viagem dos dois à África do Sul, em 2009.
Além de Blairo Maggi, o bloqueio atinge Sérgio Ricardo, Alencar Soares, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que está preso desde 2015, o ex-conselheiro do TCE-MT e ex-deputado, Humberto Bosaipo, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), José Geraldo Riva, o empresário Gércio Marcelino Mendonça, o Júnior Mendonça, Leandro Valoes Soares, filho de Alencar Soares, e o ex-secretário de estado, Eder Moraes. Os nove são réus nessa ação.
Inicialmente, segundo o magistrado, a vaga, que estava reservada para alguém indicado pela Assembleia Legislativa, teria sido negociada por R$ 12 milhões. No entanto, houve comprovação do pagamento de R$ 4 milhões, segundo a decisão.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Depois de Eliseu Padilha, mais um ministro com bens bloqueados. Na mesma edição de O Globo, o ministro da Justiça Alexandre de Moraes deu entrevista dizendo que o problema do sistema carcerário é a corrupção. Na verdade, a corrupção é problema nacional, com destaque absoluto para a cúpula dos três Poderes, que está flagrantemente apodrecida. Aliás, a fedentina pode ser sentida a quilômetros de distância(C.N.)

12 de janeiro de 2017
Deu no G1

O DELINQUENTE E A FICÇÃO

O sentimento de culpa que a humanidade carrega pelo fato de os viventes serem desiguais criou um ser fictício: o homem imaculado, puro, desvinculado dos atos que pratica.

Assim, o pensamento dominante vê o delinquente como alguém incorporado por um espírito maligno que precisa ser exorcizado para voltar a ser puro e conviver em sociedade.

É como se o ato criminoso fosse praticado por uma entidade estranha ao corpo daquele indivíduo, usado por forças do mal.

Fica restrita aos operadores do Direito a avaliação sobre consciência e vontade, ação e omissão, dolo e culpa, e depois disso o ser imaculado passa a ser paparicado por profissionais de áreas diversas, especialmente da assistência social.

Praticado o mal contra o cidadão ou a cidadã que trabalha honestamente e só quer exercer o direito de ir e vir, o criminoso passa a ser cuidado pelo Estado, em nome da sociedade agredida.

Segregado, o delinquente, excetuando a liberdade, tem os direitos que são negados à maioria da população pobre: comida três vezes por dia e dois lanches, assistência social, saúde e educação profissional, se quiser, para reduzir a pena, e ainda auxílio-reclusão.

Theodore Darlymple, médico e escritor que trata de detentos na Inglaterra, diz que os presos usam a expressão “por a cabeça em ordem” para deixar de praticar crimes, “como se suas mentes fosse blocos de montar, empilhados de maneira desordenada, que o médico, ao remexê-los dentro do crânio, tem a capacidade e o dever de colocar em perfeita ordem, assegurando que, dali em diante, toda a conduta será honesta, obediente à lei e economicamente vantajosa. Até que essa arrumação seja feita, sugestões construtivas – aprenda um ofício, matricule-se num curso por correspondência – esbarram no refrão: ´Farei, quando tiver posto minha cabeça em ordem´”.

No centro de toda essa passividade e recusa de responsabilidade, assinala o médico, está uma profunda desonestidade – o que Sartre teria chamado de má-fé. Muito embora os criminosos violentos possam tentar culpar outras pessoas, e mesmo que consigam transmitir qualquer aparência de sinceridade, sabem, ao menos por um tempo, que o que dizem é falso.

Cita, como exemplo, os drogados, que mudam de conversa de acordo com o interlocutor. Se estiverem com médicos, assistentes sociais e agentes de liberdade condicional – “com todos que possam se mostrar úteis, por receitar ou por ter a capacidade de dar testemunho” -, eles enfatizam o desejo esmagador e irresistível pela droga, a intolerabilidade dos efeitos da abstinência, os efeitos deletérios que a droga tem sobre o seu caráter, sobre a capacidade de julgamento e o comportamento. No entanto, entre os viciados, a linguagem é bem diferente e otimista: versa sobre onde se pode conseguir uma droga de melhor qualidade, onde a droga é mais barata e como aumentar os efeitos.

Os criminosos agem da mesma forma. Perante os médicos e psicólogos, alegam que praticaram o crime porque tiveram uma infância difícil, traumática, mas, quando se juntam com outros delinquentes, discutem novas técnicas criminosas e zombam da cara dos pobres tolos que ganham a vida honestamente, mas nunca ficam ricos.



12 de janeiro de 2016
Miguel Lucena é delegado da Polícia Civil do Distrito Federal e jornalista.

É DIFÍCIL ACRESITAR QUE ALGO MUDARIA COM A CRIAÇÃO DO MINISTÉRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA

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Na sua volta ao poder em 1951, Getúlio Vargas estudou a criação de um Ministério da Economia. Coube então ao gênio de Geraldo Pereira mostrar, com sua fina ironia, o ridículo da proposta — que acabou não vingando. O compositor fez de “Ministério da Economia” um de seus clássicos: “Seu presidente, / Sua Excelência mostrou que é de fato / Agora tudo vai ficar barato / Agora o pobre já pode comer / Seu presidente, / Pois era isso que o povo queria / O Ministério da Economia / Parece que vai resolver”.
Apesar de os deputados da base de Temer mostrarem ter a mesma fé inabalável do personagem de Pereira, é difícil acreditar que algo mudaria de fato com a criação de um Ministério da Segurança Pública.
O que falta à Segurança Pública brasileira não é um ministério para chamar de seu. Por essa crença no poder dos nomes, Dilma Rousseff chegou a ter 39 ministros. O resultado fala por si.
PREFERIA MORRER… -Em 2012, o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, qualificou de “medievais” as prisões brasileiras e disse que preferia morrer a ir para uma delas — o que mostra que acompanhava a realidade das cadeias. No entanto, entre 2011 e 2015, período em que foi responsável pela pasta, Cardozo executou apenas R$ 1,3 bi do Fundo Penitenciário, ajudando pessoalmente a manter o padrão medieval dos cárceres.
A propósito, na medida provisória que editou no dia que assumiu interinamente, em maio, Temer mudou o nome da pasta de Alexandre Moraes para Ministério da Justiça e Cidadania. A crise carcerária mostra o enorme impacto dessa decisão.

12 de janeiro de 2017
Paulo Celso Pereira
O Globo

O PROBLEMA É QUE OS TRÊS PODERES SÃO ARMÔNICOS DEMAIS E POUCO INDEPENDENTES


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Charge do Amarildo (amarildo.charge.wordpress.com)
Não causa surpresa a carona oferecida ao ministro Gilmar Mendes pelo presidente Michel Temer. A escolha dos integrantes do Supremo Tribunal Federal obedece a pressupostos que atendem diretamente os interesses e conveniências do Planalto e do Congresso. O presidente da República decide quem deseja nomear, o Senado finge que sabatina, o escolhido é aprovado e desta forma está criado o vínculo entre os Três Poderes, absolutamente sólido, eu fica ainda mais robustecido porque o Congresso aprova os reajustes dos três Poderes e o Supremo garante a “legalidade” dos penduricalhos que elevam ainda mais a remuneração da cúpula do serviço público, criando acréscimos ao teto constitucional.
Podemos aceitar que os salários nababescos que já recebem, ainda sejam acrescidos de penduricalhos os mais variáveis e debochados contra o povo? Evidente que o Brasil submergiu nesta crise sem precedentes porque faltou dinheiro para cobrir as despesas públicas, que incluem a remuneração abusiva desses privilegiados, beneficiando também aposentados e pensionistas. Afinal, por que deputado e senador podem se aposentar com oito anos de mandato?
TODOS A BORDO – O avião presidencial é uma tentação a que a ética e a moralidade sucumbem de imediato, e tanto faz quem aproveita esta carona, neste caso o ministro do STF Gilmar Mendes, que deveria levar em conta o célebre ditado que, à mulher de César não basta ser honesta, mas tem de parecer honesta!
Nessas alturas, mais um chamuscado aqui, outro lá, a Alta Corte mais se preocupa em gozar as delícias dos extremos do que ser um tribunal jurídico, pois afinal das contas todos são seres humanos, e uma parcela desta gente sucumbe facilmente às tentações que o poder ardilosamente apresenta pelo caminho. Quem tem caráter e personalidade se desvia dessas armadilhas, como voar na aeronave do primeiro mandatário nacional!
Enquanto continuar como apêndice do Executivo e assessor do Congresso em questões jurídicas, portanto, a serviço de poderes apodrecidos, corruptos e desonestos, o Supremo envereda perigosamente para ser classificado da mesma forma!
Ou a presidente, ministra Carmen Lúcia, se dá conta desta questão, que subjuga a essência deste tribunal superior ou, então, a Constituição Federal foi indiscutivelmente rasgada, com os ministros simplesmente julgando as ações que lhes chegam às mãos conforme pedidos do Planalto e do Legislativo, interesses e conveniências pessoais.

12 de janeiro de 2017
Francisco Bendl

"PRIMAVERA ÁRABE" FOI UMA FARSA MONTADA PELO OCIDENTE, MAS ESBARROU NA SÍRIA


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Charge reproduzida do Arquivo Google
A tal da “Primavera Árabe” não foi espontânea. Pelo contrário, Estados Unidos, França e Inglaterra usaram a internet para desestabilizar o Oriente Médio e países africanos. Desde a Argélia, Tunísia, Marrocos, seus governos foram atingidos por denúncias de corrupção e levantes populares. Mas a Líbia era o objetivo vital. Riquíssima em petróleo, gás e minérios, com um aquífero de dois milhões de quilômetros. E os países ocidentais sabiam dos planos do líder líbio Muhamar Kadaffi para implantar o “dinar ouro” em toda a região, em substituição ao dólar. Ao mesmo tempo, o Ocidente queria enfraquecer o Irã. Essa foi a “Primavera Árabe” criada pelos Estados Unidos.
O Egito e a Síria estavam incluídos. Mas esbarraram no Egito pela firme intervenção do Exército, que paradoxalmente é sustentado pelos norte-americanos. Na Síria incitaram os sunistas e outros islâmicos contra Assad, sempre com apoio dos Estados Unidos, França e Inglaterra, além de Arábia Saudita, Quatar e Turquia. Centenas de milhões de dólares financiaram os mercenários, com armas modernas, viaturas e mantimentos.
ASSAD RESISTIU – O problema é que o país é governador por Assad, médico formado na Inglaterra, onde também serviu em Academia Militar e até se casou com uma inglesa. Homem culto e destemido que ameaçou incendiar o Oriente Médio com suas armas químicas caso seu país fosse bombardeado.
A imprensa ocidental inventou mil coisas sobre Assad, que pediu ajuda à Rússia com quem a Síria tinha um tratado antigo. A única coisa que Assad fez foi aceitar a proposta da Rússia para desfazer-se de seu arsenal químico. Depois de destruídas essas armas, então a Rússia entra na guerra em apoio a Assad. A vitória em Allepo é real, mas a paz ainda esta longe. Vamos ver qual a opção de Donald Trump: a paz ou a guerra. Porque tudo depende dos Estados Unidos.

12 de janeiro de 2017
Antonio Santos Aquino

MUNDO QUE BARACK OBAMA DEIXA ESTÁ MUITO DISTANTE DO QUE ELE PROMETEU


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Charge do Latuff, reprodução da Opera Mundi
Sete amêndoas. Não oito, nem seis. Elas entraram para o anedotário como a base alimentar de um ritual dos últimos anos na Casa Branca: as solitárias noites de trabalho de Barack Obama. As mais longas sessões, que terminam iluminadas pelos primeiros raios de sol, são as que dedica a lapidar discursos, como relatou “The New York Times”.
O esforço se justifica: o poder de falar bem e produzir boas imagens é o ponto alto de Obama, algo que mostrou novamente na despedida em Chicago. Um grande mérito, dada a teatralidade exigida na política.
Sem a mediação de lentes e microfones, porém, o saldo de seu governo parece menos iluminado do que a imagem pessoal. Nove anos depois, é difícil enxergar um mundo que tenha andado no rumo daquele desenhado pelo senador em 2008. Pode-se dizer até que está mais distante – ainda mais intolerante, ainda mais protecionista, ainda mais perigoso.
NOBEL DA PAZ? – Dotado dos maiores poderes conferidos a um humano, ele não conseguiu realizar algo bem específico como fechar a prisão de Guantánamo, símbolo da era Bush que prometera desmontar. A falta de gosto pela pequena política cobra seu preço.
Nobel da Paz? Nenhum presidente comandou tropas em guerra por mais tempo do que Obama – dois mandatos inteiros. Não que isso tenha resolvido algo; as imagens de terror são mais e mais frequentes.
A economia melhorou, claro, mas o ponto inicial era baixo, pois assumiu na maior crise desde os anos 30. E o nó dos empregos limados pela tecnologia impulsionou Trump. O plano de Obama para a saúde, que poderia figurar com legado claro, deve ser desmontado agora. As ações para o clima correm risco.
É difícil notar tais aspectos porque Obama tem qualidades evidentes: um estadista com ideais, sem escândalos, com bom senso. Por isso quase tudo com ele é relativizado. Mas pausas dramáticas, por si só, não melhoram o mundo, infelizmente.

12 de janeiro de 2017
Roberto Dias
Folha