Na sua volta ao poder em 1951, Getúlio Vargas estudou a criação de um Ministério da Economia. Coube então ao gênio de Geraldo Pereira mostrar, com sua fina ironia, o ridículo da proposta — que acabou não vingando. O compositor fez de “Ministério da Economia” um de seus clássicos: “Seu presidente, / Sua Excelência mostrou que é de fato / Agora tudo vai ficar barato / Agora o pobre já pode comer / Seu presidente, / Pois era isso que o povo queria / O Ministério da Economia / Parece que vai resolver”.
Apesar de os deputados da base de Temer mostrarem ter a mesma fé inabalável do personagem de Pereira, é difícil acreditar que algo mudaria de fato com a criação de um Ministério da Segurança Pública.
O que falta à Segurança Pública brasileira não é um ministério para chamar de seu. Por essa crença no poder dos nomes, Dilma Rousseff chegou a ter 39 ministros. O resultado fala por si.
PREFERIA MORRER… -Em 2012, o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, qualificou de “medievais” as prisões brasileiras e disse que preferia morrer a ir para uma delas — o que mostra que acompanhava a realidade das cadeias. No entanto, entre 2011 e 2015, período em que foi responsável pela pasta, Cardozo executou apenas R$ 1,3 bi do Fundo Penitenciário, ajudando pessoalmente a manter o padrão medieval dos cárceres.
A propósito, na medida provisória que editou no dia que assumiu interinamente, em maio, Temer mudou o nome da pasta de Alexandre Moraes para Ministério da Justiça e Cidadania. A crise carcerária mostra o enorme impacto dessa decisão.
12 de janeiro de 2017
Paulo Celso Pereira
O Globo
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