"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

E SE PAPAI NOEL FOSSE BRASILEIRO?

Nossa festa de Natal tem raízes bem mais antigas do que o nascimento de Jesus, mas sua forma atual data de aproximadamente 350 d.C., quando o papa Julio I resolveu transformar a Saturnália, que ocorria no solstíscio de inverno, numa festa cristã. Os romanos comemoravam intensamente o fim do ano agrário e religioso e a chegada do novo ano, com esperança de boas colheitas e dias melhores. Já então havia intensa troca de presentes.

Foram os norte-americanos - sempre eles - que deram ao Natal o caráter consumista de hoje, logo após a independência. Em Nova York, cidade fundada pelos holandeses, tiraram Papai Noel da sacristia para as portas das lojas. Inspirados na figura de São Nicolao, bispo de Mira, na Turquia, que gostava de distribuir presentes para comemorar o nascimento de Jesus - tradição que remonta aos Reis Magos Belchior, Baltazar e Gaspar -, os cartunistas Washington Irvin e Thomaz Nast deram ao Bom Velhinho o ar bonachão que se universalizou. Se Papai Noel fosse brasileiro, minha lista de presentes seria a seguinte:

Atendimento no SUS - Nosso Sistema Único de Saúde (SUS) precisa urgentemente de uma reforma. Ninguém aguenta mais a demora na marcação das consultas e no atendimento de urgência. No primeiro caso, acabaram com as filas marcando consultas para meses depois da entrega das senhas; no segundo, o sujeito somente é atendido se chegar na horizontal. Tem ainda a maracutaia dos planos de saúde, que enrolam as remoções dos hospitais públicos para não fazer cirurgias de emergência na rede privada. Falta também um plano de carreira que resgate o humanismo das profissões da área de saúde, principalmente dos médicos, sem termos que recorrer a médicos cubanos e de outras nacionalidades.

Educação de qualidade - A educação básica no Brasil foi universalizada, mas o ensino público deixa muito a desejar. Com 50 milhões de jovens, o Brasil vive o paradoxo de importar mão de obra para os setores mais dinâmicos da economia por falta de qualificação adequada dos nossos trabalhadores. Nos setores tradicionais da economia, sobra mão de obra. O desemprego é mascarado pela existência de 10 milhões jovens que nem estudam nem trabalham. Não é à toa que essa garotada nem-nem foi pra rua e pôs a boca no trombone: mais escolas e mais empregos de qualidade!

Transporte digno - Quem não quer um carro novo de presente de Natal? Todo mundo, é claro, mas isso não resolve o problema da mobilidade de nossas cidades, que já não suportam tantos automóveis. Eles ocupam 90% das vias e transportam de 10% a 15% da população, enquanto ônibus, metrôs e trens andam superlotados. Além disso, as passagens custam muito caro. Se houvesse transporte de massa digno, ninguém precisaria de automóvel para se deslocar de casa para a escola ou o trabalho. Mesmo os que têm veículos próprios.

Segurança pública - Cadê o Amarildo? Cadê o Antônio? Ambos sumiram, no Rio de Janeiro e em Brasília, respectivamente, em razão da violência policial. Segurança e respeito aos direitos humanos precisam andar juntas, inclusive nas prisões, verdadeiras masmorras medievais. O autoritarismo secular de nossa estrutura de poder está entranhado nas nossas polícias, que precisam mudar de paradigma, principalmente a militar, cujos métodos de atuação obedecem aos conceitos de guerra e não os da paz.

Proteção à infância - A parcela mais pobre da população brasileira, principalmente nas cidades, precisa de um programa de segurança familiar com foco nas crianças e adolescentes. De cada dez crianças em situação de risco, todas têm famílias desestruturadas, cujos integrantes, em sua maioria, são atendidos por diversos programas sociais - municipais, estaduais e federais -, inclusive o Bolsa Família, mas ninguém é responsável pelo conjunto da obra. As crianças vivem nas ruas, comem num lugar, pegam roupas em outro, dormem em abrigos ou debaixo de marquises, acabam zumbis do crack. Deveriam ser identificadas, cadastradas, frequentar escolas em horário integral e ter as respectivas famílias monitoradas.

Ética na política - Nem é preciso tecer muitos comentários sobre esse assunto. O brasileiro não confia nos partidos, nos políticos e no Congresso e tem bons motivos para isso. É preciso renovar os nossos costumes e as instituições políticas, para que o bem comum predomine em relação ao fisiologismo e ao patrimonialismo.

P.S.: a propósito, faço um pedido muito especial: um presente bacana e singelo para Maria Antônia, a filha caçula do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Ela tem apenas 3 anos e sente muita falta do pai.

 
25 de dezembro de 2013
Luiz Carlos Azedo, Correio Braziliense

PRESSÕES DO SALÁRIO MÍNIMO

Os reajustes do salário mínimo acima da inflação ajudaram a aumentar o poder aquisitivo do consumidor, mas abriram rombos nas contas do setor público que têm de ser cobertos por arrecadação de impostos que, por sua vez, tirarão renda do consumidor.

Pela regra definida em 2011, o salário mínimo de 2012 a 2015 (inclusive), é corrigido pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acrescido do avanço do PIB apurado dois anos antes. Assim; o salário mínimo de 2013 foi calculado com base no avanço do PIB de 2011 e o de 2014 será com base no PIB de 2012.

Até o final de 2014, o governo federal deverá encaminhar ao Congresso projeto de lei que definirá as novas regras que vigorarão a partir de 2016.

Pelos cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), entre dezembro de 2012 e dezembro de 2013, o salário mínimo teve uma correção real (acima da inflação) de 81,4%, o que dá um avanço médio de 5,6%, substancialmente superior ao crescimento do PIB no período.

O principal impacto desse ajuste não foi no poder aquisitivo dos trabalhadores do setor privado (formal ou informal), mas no setor público. Nada menos que 20,6 milhões de pessoas recebem ao menos um salário mínimo mensal da Previdência Social, como aposentadoria ou benefício social regulado pela Lei Orgânica da Assistência Social. Só no INSS, 67% dos beneficiários recebem salário mínimo e, portanto, têm sua renda reajustada de acordo com esse critério. Também estão vinculadas ao salário mínimo as despesas com seguro-desemprego. Em novembro, o ministro Guido Mantega se mostrou espantado com o déficit (R$ 47 bilhões) nas contas do seguro-desemprego, num ano em que a desocupação atinge 4,6% da força de trabalho (dados de novembro). Em parte, isso ocorreu em consequência das atuais regras para o reajuste do salário mínimo.

Além da massa de beneficiários remunerada pelo governo federal, há ainda a fatia enorme de funcionários públicos estaduais e municipais, cuja renda também está atrelada ao salário mínimo. Enfim, o impacto do reajuste sobre as contas públicas é enorme.

O governo terá de negociar num ano eleitoral ou a extensão das atuais regras ou novas regras que entrarão em vigor em 2016 e deverão ser observadas até 2019, inclusive. A FGV calcula que, se os atuais critérios de reajuste do salário mínimo se mantiverem, as transferências de recursos do governo federal para as áreas da previdência e da assistência social subirão de 9,6% do PIB em 2013 para 10,7% do PIB em 2019.

Do ponto de vista político, se for reconduzida para um segundo mandato, a presidente Dilma terá motivos para um empenho maior em conter o salário mínimo, porque sabe o efeito de um reajuste mais generoso para a administração federal. Mas, para isso, terá de enfrentar a campanha dos sindicatos, que começará bem antes de outubro, com o calendário eleitoral como instrumento de pressão.

 
25 de dezembro de 2013
Celso Ming, O Estado de S Paulo

É NATAL. MESMO?


          Artigos - Cultura 
Ando por aí e só vejo trenós, constelações de estrelas, toneladas de algodão, multidões de papais-noéis, pilhas de caixas embrulhadas para presente. E quase não vejo presépios ou mensagens que lembrem o fato que faz a festa: o nascimento de Jesus.

Estou cada vez mais convencido de pertencer a uma espécie em extinção, a merecer legislação protetora e severa defesa por alguma ONG preservacionista. Alguém dirá que incorro em exagero, mas não.

Minha espécie está sendo extinta e o que torna a situação mais dramática é que isso se dá com a aquiescência e a colaboração dos próprios membros do grupo. Sem perceberem o tamanho da encrenca, eles estimulam o processo de eliminação desencadeado sobre si e acionam os gatilhos das metralhadoras verbais que seus predadores usam para destruí-los.

Pertenço à raríssima espécie dos conservadores, e, como tal, sou pela ordem, pela justiça e pela liberdade. Não gosto que invadam o que é meu nem o que é dos outros. Defendo a da instituição familiar e os valores do cristianismo. Atribuo importância à disciplina e a uma especial deferência aos idosos. Julgo que as mulheres são credoras naturais da cortesia masculina.
Desagrada-me a violência e seu uso em substituição ao processo político e democrático. Sou contra as utopias e creio que as mudanças sociais devem ser produzidas no contexto das instituições, preservando-se o que tem comprovado valor moral e utilidade prática.

Sou conservador porque a história me ensina que é de tais conteúdos e condutas que provêm a paz, o progresso, a harmonia social e os princípios em que melhor se aciona a democracia. É neles que se inspiram os maiores estadistas da humanidade.
Sou conservador e percebo, contristado, que, colocando-se ao gosto da moda e cedendo ao impacto da cultura imposta pelos nossos predadores, muitos que pensam como eu reproduzem, inocentemente, o discurso que os condena à extinção.

Agora, por exemplo, é Natal. Mesmo? Olha que ando por aí e só vejo trenós, constelações de estrelas, toneladas de algodão, multidões de papais-noéis, pilhas de caixas embrulhadas para presente. E quase não vejo presépios ou mensagens que lembrem o fato que faz a festa: o nascimento de Jesus.
Mas como eu sei que é Natal e sou conservador insisto em desejar aos leitores que ele ganhe, em seus corações, o sentido almejado por Deus em sua radical e santificadora intervenção na História humana.

25 de dezembro de 2013
Percival Puggina

O SOMA E O OLHAR DO GRANDE IRMÃO

           
          Artigos - Cultura 
Quando um indivíduo declara: “o que eu quero mesmo é aproveitar a vida”, ele está dizendo, com todas as letras, que o centro de sua vida é seu gozo carnal e que o resto ficará em segunda ordem.

É muito mais fácil dominar um homem pelos seus vícios do que pelas suas virtudes. Esse ensino é de Napoleão Bonaparte e, diga-se de passagem, ele sabia muito bem do que estava falando. E é por isso que hoje tanto se estimula o cultivo e a busca dum bem secundário como o prazer carnal.


Se a afirmação atávica da saúde, como bem primeiro na escala de valores, deixa os indivíduos desfibrados, a afirmação da busca do prazer como razão primeira da existência, os reduz a condição de meros escravos crendo candidamente que uma vida hedonista seria a forma mais virtuosa de se caminhar por esse vale de lágrimas.

Quando um indivíduo declara: “o que eu quero mesmo é aproveitar a vida”, ele está dizendo, com todas as letras, que o centro de sua vida é seu gozo carnal e que o resto ficará em segunda ordem. E olhe lá! Tal frase, dita tantas vezes pelas estradas da vida, bem retrata a mentalidade decadente da sociedade contemporânea.

Doravante, a vida política num tal estado de coisas torna-se um reles joguete utilitarista/hedonista que reduz o bem-público a uma mera fatia de satisfação momentânea. Trocando por miúdos: quando hoje se fala em bem comum, está-se falando apenas de qual parte cabe a cada um desse latifúndio para que possamos tornar mais “legal” a mesquinha vida (depre)cívica brasileira.
Não é por menos que o desejo, no mundo atual, tornou-se uma fonte de direitos. Mais que isso! Foi elevado à categoria de eixo axiológico na edificação duma identidade grupal. Desejos, hoje, são bandeiras políticas que são histericamente tremuladas nas ruas e praças e que, aos olhos dos manifestantes, seria apenas uma forma estética de manifestação democrática.

De mais a mais, Alexis de Tocqueville nos diz que uma democracia, para ser vivida, deve cultivar a crença em idéias comuns. Idéias que permitam a edificação duma ação comum que tenham em vista o dito bem comum. Pois é, mas desejos miúdos não são idéias comuns, mesmo que esses sejam partilhados por muitos.
Todos os tempos que nos antecederam sabiam disso, mesmo não conhecendo a tal da democracia. Mas o nosso, ao que tudo indica, faz questão de esquecer, de modo similar as personagens de Aldous Huxley e George Orwell.

E, tal esquecimento, tem um preço: o despotismo duma minoria que crê representar uma maioria na defesa de delírios como se esses fossem direitos humanos universais legitimando, assim, as intenções totalitárias doutro grupo que muito bem sabe dominar as almas enfraquecidas pelo cultivo e elogio dos mais rasteiros vícios presentes no coração humano. Ponto.

N.do E.: O soma, referido no título do artigo, é, no romance Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, uma droga que causava um torpor reconfortante no usuário. Para qualquer leve susto, surpresa desagradável, e, principalmente, reflexões mais dolorosas sobre real condição do ser humano naquela horrível realidade, todos eram adestrados para consumi-la de forma imediata e sempre recomendá-la com vigor.

25 de dezembro de 2013
Dartagnan da Silva Zanela

AOS HOMENS DE BOA VONTADE

                     
          Artigos - Cultura 
Só nos resta meditar no imerecido dom da fé num Deus que se humilhou a ponto de nascer numa manjedoura porque não havia outro lugar para Ele.

No princípio, Deus criou o céu e a terra. Criou porque é Amor, e o Amor é criador. Fez um jardim de delícias e nele colocou homem e mulher. Mas as criaturas renegaram o Amor e foram expulsas do paraíso quando o pecado se instalou em seus corações. Danou-se!, como dizem os baianos.

Na Sua infinita misericórdia, Deus se compadeceu e deu uma segunda chance ao homem, enviando o Seu Filho Único para redimir o pecado.

Na noite de Natal, Maria, calada, tudo observa e tudo conserva em seu coração.
A Virgem pariu sem dor, o Bebê não chora, sorri. José, silencioso, também nada fala. Os reis magos, na cena da manjedoura, também se calam. Até o boi e o burro ficam quietinhos. Tudo é envolvido em profundo silêncio, como que para realçar a mensagem dos pastores transmitindo o louvor da milícia celeste: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.
Glória a Deus nas alturas restabelece a verdade, o lugar do homem na criação, o sentido da vida, o sentido de cada uma das nossas vidas, da minha e da sua, o norte da nossa existência, a busca diária e diuturna pelo paraíso perdido.

Paz na terra aos homens de boa vontade. Um ditado diz “o inferno está cheio de boas intenções”. Muito pelo contrário, não há nenhuma boa intenção no inferno, apenas o ódio dos anjos caídos e a dor das almas condenadas e a indiferença delas entre si. As pessoas desejosas de paz no coração só têm um caminho, a retidão de intenção na busca da glória de Deus.

O resto – o sonho dourado da comodidade, do bolso cheio, da barriga mais cheia ainda, dos aplausos, da conveniência – é moeda falsa. Cristo sempre realçou a intenção das pessoas. Em muitas ocasiões, disse:
A tua fé te salvou. No episódio da pobre esmola da viúva, enalteceu: ela deu mais do que todos os outros. Seja no agir, no contemplar ou no sofrer, o querer faz toda a diferença. Cristo nos deu o exemplo: agia pelo Pai, contemplava os lírios do campo como reflexo do Pai, e, na cruz, sofria por obediência ao Pai.

Particularmente de nós, brasileiros de uma época e sociedade esquecidas de Cristo, onde a malícia pode ser sentida em cada mentira amparada pelas mais perversas criações da segurança do homem no mundo, ditadas por satanás, o sacrifício exigido por Cristo é mantermos a boa vontade, a pureza de intenções em meio a demônios, não há outra saída, o cristianismo não dá soluções fáceis.

Toda esta história, crida por nós, cristãos – mais ainda, da qual somos participantes! – é uma história fantástica e absurda, tão fantástica e absurda que não pode ter sido concebida por mentes humanas, é uma história de santos e milagres, e o homem, ou os homens, que a inventassem precisariam ser santos para elaborá-la. E, se santos fôssem, não inventariam nada, não mentiriam.

Só nos resta meditar no imerecido dom da fé num Deus que se humilhou a ponto de nascer numa manjedoura porque não havia outro lugar para Ele. Da sua pobre acomodação, num mundo envolto em silêncio, o Bebê Jesus sorri.
Sorri para transmitir a Sua alegria, para que a Sua alegria esteja em nós, e a nossa alegria seja completa

25 dezembro de 2013
Ricardo Hashimoto

AOS HOMENS BOA VONTADE

                        
          Artigos - Cultura 
                
Só nos resta meditar no imerecido dom da fé num Deus que se humilhou a ponto de nascer numa manjedoura porque não havia outro lugar para Ele.


No princípio, Deus criou o céu e a terra. Criou porque é Amor, e o Amor é criador. Fez um jardim de delícias e nele colocou homem e mulher. Mas as criaturas renegaram o Amor e foram expulsas do paraíso quando o pecado se instalou em seus corações. Danou-se!, como dizem os baianos.

Na Sua infinita misericórdia, Deus se compadeceu e deu uma segunda chance ao homem, enviando o Seu Filho Único para redimir o pecado.

Na noite de Natal, Maria, calada, tudo observa e tudo conserva em seu coração. A Virgem pariu sem dor, o Bebê não chora, sorri. José, silencioso, também nada fala. Os reis magos, na cena da manjedoura, também se calam. Até o boi e o burro ficam quietinhos. Tudo é envolvido em profundo silêncio, como que para realçar a mensagem dos pastores transmitindo o louvor da milícia celeste: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.

Glória a Deus nas alturas restabelece a verdade, o lugar do homem na criação, o sentido da vida, o sentido de cada uma das nossas vidas, da minha e da sua, o norte da nossa existência, a busca diária e diuturna pelo paraíso perdido.

Paz na terra aos homens de boa vontade. Um ditado diz “o inferno está cheio de boas intenções”. Muito pelo contrário, não há nenhuma boa intenção no inferno, apenas o ódio dos anjos caídos e a dor das almas condenadas e a indiferença delas entre si. As pessoas desejosas de paz no coração só têm um caminho, a retidão de intenção na busca da glória de Deus.

O resto – o sonho dourado da comodidade, do bolso cheio, da barriga mais cheia ainda, dos aplausos, da conveniência – é moeda falsa. Cristo sempre realçou a intenção das pessoas. Em muitas ocasiões, disse: A tua fé te salvou. No episódio da pobre esmola da viúva, enalteceu: ela deu mais do que todos os outros. Seja no agir, no contemplar ou no sofrer, o querer faz toda a diferença. Cristo nos deu o exemplo: agia pelo Pai, contemplava os lírios do campo como reflexo do Pai, e, na cruz, sofria por obediência ao Pai.

Particularmente de nós, brasileiros de uma época e sociedade esquecidas de Cristo, onde a malícia pode ser sentida em cada mentira amparada pelas mais perversas criações da segurança do homem no mundo, ditadas por satanás, o sacrifício exigido por Cristo é mantermos a boa vontade, a pureza de intenções em meio a demônios, não há outra saída, o cristianismo não dá soluções fáceis.

Toda esta história, crida por nós, cristãos – mais ainda, da qual somos participantes! – é uma história fantástica e absurda, tão fantástica e absurda que não pode ter sido concebida por mentes humanas, é uma história de santos e milagres, e o homem, ou os homens, que a inventassem precisariam ser santos para elaborá-la. E, se santos fôssem, não inventariam nada, não mentiriam.

Só nos resta meditar no imerecido dom da fé num Deus que se humilhou a ponto de nascer numa manjedoura porque não havia outro lugar para Ele. Da sua pobre acomodação, num mundo envolto em silêncio, o Bebê Jesus sorri.
Sorri para transmitir a Sua alegria, para que a Sua alegria esteja em nós, e a nossa alegria seja completa.

25 de dezembro de 2013
Ricardo Hashimoto

TERROR ISLÂMICO MATA PELO MENOS 34 CRISTÃOS DEPOIS DE MISSA DE NATAL NO IRAQUE


Carro-bomba destruiu área próxima à Igreja (Foto do site do Estadão)
Pelo menos 34 pessoas foram mortas em ataques a bomba em áreas cristãs de Bagdá nesta quarta-feira (25). Algumas delas morreram quando um carro-bomba explodiu perto de uma igreja depois de um culto de Natal, disseram a polícia e os médicos.
 
O carro-bomba matou pelo menos 24 pessoas, a maioria delas cristã, quando eles saiam da igreja no distrito de Doura, no sul de Bagdá, informaram fontes policiais.
 
Ninguém reivindicou imediatamente a responsabilidade pelos ataques.
A violência no Iraque subiu para seus piores níveis em mais de cinco anos com militantes sunitas radicais ligados à Al Qaeda intensificando os ataques contra o governo xiita do primeiro-ministro Nuri al-Maliki.
 
Milhares de pessoas foram mortas em ataques neste ano.
A comunidade cristã de minoria foi alvo de ataques de militantes da Al Qaeda no passado, incluindo um ataque em 2010 a uma igreja que matou dezenas de pessoas.
 
Duas bombas também explodiram em um mercado lotado em uma outra área de Doura de maioria cristã, matando mais dez pessoas, disseram a polícia e os médicos.
 
Pelo menos 52 pessoas ficaram feridas nos ataques.
Uma série de carros-bomba, tiroteios e ataques suicidas mataram dezenas de peregrinos muçulmanos xiitas na semana que antecede o dia sagrado xiita Arbaeen, que coincidiu com a véspera de Natal deste ano.
 
 
25 de dezembro de 2013
in aluizio amorim

MEU COMENTÁRIO: Reparem o texto desta matéria que é da agência Reuters. Agora, imaginem se fosse o contrário, ou seja, que as vítimas fossem islâmicos?

MAIS UM ANO SEM FAZER PREVENÇÃO CONTRA CHUVAS, DILMA SE DIZ "IMPRESSIONADA"

 
Após sobrevoo no Espírito Santo, Dilma disse ter visto cenário ‘impressionante’; 14 já morreram
 
  • Diante da tragédia causada pelas chuvas, o governo federal vai construir pontes provisórias para facilitar acesso em áreas alagadas e enviar produto para apropriar a água ao consumo
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Previsão é de mais chuvas no Espírito Santo durante o Natal Foto: Reprodução / Globonews
Previsão é de mais chuvas no Espírito Santo durante o Natal Reprodução / Globonews
Após um sobrevoo nas áreas mais atingidas pelas chuvas no Espírito Santo e uma reunião de 1h15 com o governador Renato Casagrande (PSB) e outras autoridades locais, realizada nesta terça-feira, no aeroporto de Vitória, a presidente Dilma Rousseff disse ter ficado muito emocionada com a solidariedade às vítimas das chuvas, mas não anunciou nada de concreto para o estado em relação ao que já fora divulgado nesta segunda-feira. De acordo com o governo do Estado, nas últimas horas, 14 pessoas já morreram em decorrência dos temporais, e 50 mil pessoas já abandonaram suas casas.
Dilma citou as ações que o governo federal vem realizando em relação à prevenção de desastres naturais, desde os temporais de 2011, como a criação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais e a instalação de pluviômetros em áreas de risco, em parcerias com os governos estaduais. E afirmou que os R$ 600 milhões do PAC repassados ao longo dos últimos anos serão usados a partir de 2014 em obras de infraestrutura e prevenção às chuvas no estado.
- A solidariedade do povo capixaba diante de um evento dessa magnitude é algo que devemos comemorar neste Natal. Isso vai permitir que não só a gente resgate essas pessoas como também dê mais conforto neste momento difícil - declarou - Eu vi em alguns estados situações de alagamentos fantásticas, como no Maranhão. Mas vi aqui (no Espírito Santo) uma quantidade de água absurda. É impressionante - declarou ainda a presidente, que fez um sobrevoo de cerca de 40 minutos nas áreas mais atingidas pelos temporais, como as cidades de Serra, Santa Leopoldina, Santa Teresa e Vila Velha.
Dilma chegou à capital em um avião da FAB, por volta das 9h50, e, logo em seguida, embarcou em helicóptero oficial, na companhia do governador Renato Casagrande, dos ministros Celso Amorim (Defesa), Alexandre Padilha (Saúde) e Francisco José Teixeira (Integração Nacional) e do comandante do Exército, Enzo Peri.
Envio de 20 mil frascos de hipoclorito para purificar a água
Mais cedo, a ministra da Comunicação Social, Helena Chagas, citou as ações do governo federal para o estado, já anunciadas ontem, como o fornecimento de 12 mil kits de cesta básica de limpeza e de higiene pessoas, além de envio de dois helicópteros, seis caminhões, 80 homens da Força Nacional de Segurança e quatro geólogos do Exército, para ajudar na identificação das áreas de risco.
Ainda segundo a ministra, serão distribuídos 20 mil fracos de hipoclorito de sódio, para purificar a água e torná-la adequada para consumo humano. E, nos próximos dez dias, serão construídas pontes provisórias para facilitar o acesso aos pontos alagados do estado.
Dilma se irritou quando um jornalista lembrou que foi a primeira vez que ela esteve no Espírito Santo desde que foi eleita.
— Mas também é a primeira vez que um presidente vem aqui no Natal — respondeu ela.
O governador destacou o momento difícil que a população enfrenta:
— O estado enfrenta um evento climático extremo da história. O momento é triste porque há sofrimento de perda de vidas e de desconforto para quase 50 mil pessoas na véspera de Natal. O Rio Doce continua subindo e, por isso, inunda as cidades próximas. A nossa maior preocupação hoje são as encostas.
A prioridade é salvar vidas, diz deputado
Em nota divulgada nesta terça-feira, a assessoria de imprensa do Ministério da Defesa informou que foram disponibilizados dois helicópteros um avião C-105 Casa, para transporte de 60 militares da Força Nacional, além de militares do Exército que ajudam na remoção das vítima de enchentes no Espírito Santo. De acordo com a assessoria, desde sexta-feira o Ministério da Defesa atua no auxílio às vítimas.
O Exército também deslocou militares da área de engenharia para estudar a instalação de pontes, e disponibilizou veículos para o transporte de pessoal. Na última sexta-feira, um helicóptero da Força Aérea Brasileira resgatou uma criança de um ano e dois meses de idade do município de Pancas para Vitória, capital do estado. Pancas está localizado há 120 km da capital capixaba e a criança, que tinha passado por uma cirurgia nos rins, foi levada a um hospital na capital.
O ministro da pasta, Celso Amorim, acompanha a presidente Dilma Rousseff na visita ao estado e no sobrevoo às áreas atingidas pelas chuvas. A presidente também está acompanhada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Segundo o deputado Manato (Solidariedade-ES), a presença de Dilma no estado é um sinal importante para os que estão sofrendo com as enchentes no estado.
- A prioridade neste momento é salvar vidas, dar atenção às pessoas, evitar endemias. Em seguida, reconstruir as cidades, casas, atingidas. A presidente Dilma veio ver de perto a situação, mostrar solidariedade, isso toca as pessoas. Veio com gente da equipe e deixou claro que há recursos para contenção de encostas, evitar deslizamentos, barragens, dragagem dos rios. Ela disse: entrem com os projetos, vamos liberar os recursos - contou o deputado Manato, que participou da reunião realizada por Dilma no aeroporto com o governador do Estado, Renato Casagrande, prefeitos e parlamentares.
Itaguaçu é cenário de mais mortes
A chuva que não dá trégua no Espírito Santo fez mais vítimas nesta terça-feira. Agora, segundo o governo do estado, Renato Casagrande, são 14 mortes, sendo que 9 só nesta segunda-feira - 8 em Itaguaçu, 2 em Colatina, 2 em Baixo Guandu, 1 em Domingo Martins, 1 em Santa Venecia. A Defesa Civil corrigiu o número de mortes contabilizadas até ontem, que seriam cinco e não seis, como inicialmente fora divulgado.
Três das nove mortes registradas nas últimas horas ocorreram após um deslizamento de terra em Itaguaçu, que matou duas mulheres e uma criança. A cidade fica na região serrana do Espírito Santo, uma das mais atingidas pelos temporais. Uma queda de barreira também matou um homem, em Colatina.
Audifax Barcellos (PSB), prefeito de Serra, uma das cidades mais afetadas pelas chuvas, calcula que serão necessários, pelo menos, R$ 50 milhões para recuperar os estragos causados pelas águas. Segundo ele, cerca de 15 mil pessoas estão foram de suas casas, e 1.500 foram encaminhadas para abrigos.
- Minha preocupação agora é com a vida das pessoas. Estamos trabalhando 24 horas, desde sábado. Precisamos muito de ajuda, de doações, para recuperar a vida dessas pessoas. Os bairros da cidade estão calamitosos. Eu chorei muito - disse ele.
As chuvas dos últimos dias deixaram um rastro de destruição no Espírito Santo. De acordo com o último boletim da Defesa Civil, 46.189 tiveram de deixar suas casas. Das 78 cidades capixabas, 46 foram atingidas pelos temporais e se encontram em estado de emergência. Em Minas Gerais, a situação é semelhante: já são 15 mortes em decorrência das chuvas de dezembro.
Pelo Twitter, Dilma anunciou que o governo federal disponibilizou dois helicópteros e dez veículos com capacidade para cinco toneladas de carga, além de 80 homens da Força Nacional, quatro geólogos, kits de emergência e cestas básicas.
— É véspera de Natal. As pessoas estão sofrendo demais. As casas ficaram alagadas. Está um horror — afirmou Renato Casagrande em entrevista ao GLOBO. No último sábado, ele decretou estado de emergência no estado.
A Força Nacional de Segurança já trabalha junto ao Corpo de Bombeiros. No total, 600 homens trabalham nas áreas afetadas para socorrer as vítimas. O grupo conta com a ajuda de três helicópteros (um do estado e dois do governo federal) para ter acesso a localidades isoladas por causa do nível da água.
— Choveu sete dias sem parar. Ontem (anteontem), registramos 130 milímetros de chuva. Se Vitória fosse um recipiente, teria enchido mais ou menos um metro e meio de água. Nunca tivemos uma chuva tão intensa — ressaltou o governador.
No Twitter, Dilma escreveu mensagens sobre o problema: “Estamos mobilizados, junto com todo o Brasil, p/ ajudar os mais de 40 mil desabrigados pela #ChuvanoES".
Disse ainda: “Enviamos kits emergências (medicação, dormitório, higiene e limpeza) e cestas básicas. #ChuvanoES”.
A presidente Dilma anunciou também a instalação de pontes: “Equipe de engenharia da @DefesaGovBr está instalando pontes. Enviamos 80 homens da Força Nacional e 4 geólogos. #ChuvanoES”.
Minas registra 16 mortes
Em Minas, já são 16 os óbitos decorrentes das chuvas de dezembro. Além disso, 563 pessoas estão desalojadas; 139, desabrigadas; quatro, feridas; e um, desaparecido. No total, 64 cidades foram afetadas. Dessas, 24 decretaram situação de emergência.
O caso de morte mais recente é o de um comerciante, de 48 anos, soterrado na manhã desta terça-feira, após o deslizamento de um barranco. A tragédia ocorreu em Itabira, na região central de Minas, a 111 quilômetros de Belo Horizonte.
Em Governador Valadares, na região do Rio Doce, a cerca de 300 quilômetros da capital, Letícia Paz, de 11 anos, e Kauã Feliciano Paz Rocha, de 3 anos, não resistiram a um deslizamento de terra que atingiu a casa onde estavam.
Segundo o boletim da Defesa Civil, também domingo, em Ipatinga (MG), igualmente na região do Rio Doce, um deslizamento de terra atingiu a casa de Aldinei Magalhães Barbosa, de 33 anos, que foi atingido pelos escombros ao tentar salvar seu cachorro. Outra vítima das chuvas foi Maria Benedita da Silva, de 66 anos, que também morreu após deslizamento de terras.
Na semana passada, outras cinco pessoas morreram soterradas por deslizamentos de terras causados pelas chuvas na zona rural de Sardoá, a 70 quilômetros de Governador Valadares.
No Espírito Santo, Renato Casagrande disse que o governo do estado continua enviando alertas sobre riscos de inundações e deslizamentos de terra na Região Serrana e de alagamentos em Linhares e Colatina. Segundo o governador, por enquanto, o foco são as vítimas:
— Ainda não calculamos os prejuízos e não estamos pensando na reconstrução das cidades. Montamos um Centro Operacional na sede do Corpo de Bombeiros, em Vitória, para receber as doações e dar auxílio aos moradores prejudicados pelas chuvas.
De acordo coma a Defesa Civil do Espírito Santo, cinco casas desabaram e houve queda de barreiras nos municípios de Serra e Viana. A força das águas já danificou 6.912 edificações. No sábado, o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, visitou o estado. Na ocasião, anunciou ajuda emergencial por meio do envio de três mil kits-dormitório, de limpeza e de higiene pessoal.
Pelo menos quatro trechos de rodovias que cortam o Espírito Santo foram interditados, em decorrência de deslizamentos. Há interrupções nos quilômetros 280 e 281 na chamada Rodovia do Contorno, no sentido Serra-Cariacica; no quilômetro 32 da BR-262, em Viana; no quilômetro 12 da BR-259, no sentido para Colatina, no noroeste do estado; e no quilômetro 257, em Planalto Serrano, na Serra. 
(Colaborou: Catarina Alencastro)
25 de dezembro de 2013
CÁSSIO BRUNO - O Globo

BIBLIOTECÁRIOS CRITICAM NOVO "TRABALHO" DE DIRCEU

 
Mesmo preso, José Dirceu continua colecionando desafetos. Acaba de comprar briga com os bibliotecários.
Açulou a corporação ao aceitar a oferta de “trabalho” do amigo e advogado José Gerardo Grossi. Dono de uma das mais respeitadas bancas advocatícias de Brasília, Grossi convidou Dirceu para organizar a biblioteca jurídica do seu escritório em troca de um salário mensal de R$ 2.100. 
Presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Regina Céli de Souza expediu uma nota. “Informamos que o exercício da profissão de bibliotecário é privativo do bacharel em biblioteconomia, conforme a legislação vigente determina. Cabe ao conselhos estaduais e federal de biblioteconomia legislar, registrar e fiscalizar a profissão”, escreveu.
Regina insinuou que pode tomar providências judiciais: “As infrações à legislação são passíveis de autuação, procedimentos administrativos e criminais, quando necessários, com aplicação das devidas penas.
Como se trata de profissão regulamentada, aos leigos que venham a atuar na área serão aplicadas penalidades, devido ao exercício ilegal da profissão.”
A opinião de Regina é ecoada por Antônio Afonso, presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região, que inclui Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo ele, o exercício da função de bibliotecário “não significa apenas ficar colocando livros em prateleiras.”
Para Antonio Afonso, a necessidade de qualificação é ainda mais evidente num escritório de advocacia. “O funcionário qualificado para a função deve cuidar de atualizar todo o acervo da biblioteca, com as mais recentes jurisprudências, por exemplo, e, dependendo do assunto, até mesmo oferecer um relatório que possa embasar o trabalho dos advogados.”
Dirceu cumpre no presídio da Papuda, em Brasília, o pedaço de sua pena insuscetível de recursos judiciais —7 anos e 11 meses pelo crime de corrupção ativa, em regime semiaberto. Nesse regime, os presos deveriam trabalhar em colônias penais agrícolas ou industrais.
Como tais colônias não existem na quantidade necessária, a Justiça costuma autorizar os detentos a deixar a cadeia durante o dia para trabalhar. Dirceu já formalizou o novo pedido na Vara de Execuções Penais de Brasília. Se depender dos bibliotecários, a solicitação será indeferida.
25 de dezembro de 2013
Josias de Souza - UOL

LÁ DAS BANDAS DO SANATÓRIO...

ZÉ DIRCEU BIBLIOTECÔNOMO É EXERCÍCIO ILEGAL DE PROFISSÃO

Regina Céli de Souza é presidente do Conselho Nacional de Biblioteconomia. Pegou papel e caneta e redigiu uma nota passando os cachorros no advogado Zé Gerardo Rossi que ofereceu emprego a Zé Dirceu na vaga de cuidador dos livros da biblioteca do seu concorrido escritório.

Céli de Souza foi explícita: "informamos que o exercício da profissão de bibliotecário é privativo do bacharel em biblioteconomia, conforme a legislação vigente determina".

E assim é que Zé Dirceu está perdendo mais uma boca-rica e enjambrada só para se livrar da Papuda durante algumas horas por dia. Bolas, Dirceu não deve saber que médico sem diploma é charlatão; advogado é rábula; bibliotecônomo, sem licenciatura é intrujão.

Mas nem tudo está perdido, com a carteirinha da corrente majoritária, logo, logo ele arranja um título de grafônomo e se acomoda nas estantes de algum correligionário. É bem provável até que ele obtenha o diploma no mesmo lugar onde Alexandre Padilha conseguiu o de infectologista.

 
25 de dezembro de 2013
sanatório da notícia

ALICE E O PAPAI NOEL

Há nessa festa algo que resiste e que desperta memórias e nostalgias de perdidas crenças. O que será? Seria o nosso eterno retorno à infância?
Papai Noel é um mistério. Como explicar que minha neta Alice, tão esperta e racional, ainda acredite na existência dessa figura anacrônica, inverossímil, com aquela barba postiça, um gorro ridículo, vestido como se estivesse na Lapônia e rosnando rô, rô, rô , que é a única coisa que sabe dizer? Como alguém que, aos 4 anos e dois meses, já conhece os segredos do iPad a ponto de se irritar porque o avô analfabyte não consegue acompanhá-la, não faz as perguntas que se esperaria de sua insaciável curiosidade: Ele é um só? Como consegue atender a tantos pedidos? Onde arranja tanto dinheiro fácil, se nunca foi surpreendido recebendo propina? É muita credulidade para quem está sempre duvidando, questionando e o que mais faz é perguntar por que? Aos 3 anos, ela já me desconcertava recusando a versão da cegonha para a origem do nascimento: Você é bobo! Eu nasci da barriga da minha mãe (temo que a qualquer hora ela vá mostrar em detalhes para o irmãozinho Eric o mecanismo da concepção).
Há anos escrevo sobre o Natal, prometendo ser a última vez, porque me repito tanto quanto os costumes da época, em que é tudo igual: a rabanada, a canção Noite feliz , os amigos-ocultos, os presentinhos, os engarrafamentos, o movimento das lojas, sem falar no dinheirinho compulsório para os porteiros, o mendigo de estimação, o guardador de carro, os entregadores de jornais, de remédio, de pizza, garis e carteiros. A exemplo dos Natais anteriores, não foi possível cumprir todos os compromissos de fim de ano, já não digo de compras, que minha mulher é quem as faz, mas de atendimento de convites. Parece que todas as noites de autógrafos, todas as exposições, todos os almoços e jantares de confraternização foram deixados para acontecer nesse período. Ter que escolher uns em detrimento de outros é uma das aflições dessa época. Mas o pior do Natal é sua submissão ao consumo, que faz dele um orçamento , como já dizia Nelson Rodrigues.

Em suma, tudo o que se fala contra o Natal é verdade, mas, apesar dos desvirtuamentos, há nessa festa algo que resiste e que desperta memórias e nostalgias de perdidas crenças. O que será? Seria o nosso eterno retorno à infância, isto é, à fantasia, ao desejo e ao sonho, por mais antiquado que isso pareça? Alice descobriu dentro do mito o imaginário e a realidade, ou seja, a existência de um Papai Noel de mentira e outro de verdade. O primeiro é o que ela vê, pode tocar, fica parado na esquina ou nos shopping centers. O de verdade é justamente o que ela não vê, mas é o que ela imagina que de madrugada vai pendurar seus presentes na árvore de Natal - é o que alimenta sua fantasia. Como não acreditar nele?
25 de dezembro de 2013
Zuenir Ventura, O Globo

DIA DE NATAL

Eu sinto falta das minhas infantis ansiedades natalinas. A gente ouvia: "amanhã é dia de Natal". E todos pensávamos no que íamos "pedir" a Papai Noel. Foi no Natal que primeiro exercitei o desejo aberto que singulariza e transporta ao sublime e à vergonha - quase sempre aos dois. Por causa disso, todo pedir é sempre atropelado pela insegurança. O que podemos pedir - eis a pergunta não dita - a quem realmente "dava" os tão esperados "presente de Natal" nas famílias de classe média que viviam dentro de orçamento apertado, como sempre foi o meu caso?

Se Papai Noel não existia, pois era o nosso próprio pai, como saber o presente possível? Todos nós (éramos cinco meninos e uma menina) sabíamos que o tal "saco de Papai Noel" era enorme e como Papai Noel era gordo e muito rico. Tão rico quanto os Estados Unidos que o haviam reinventado para a minha geração dos anos 30 e 40. Mas sabíamos também que o seu lugar era um lugar fora do nosso alcance. Como escrever uma carta num inglês que nos era desconhecido e remetê-la para o Polo Norte se correio não era lá essas coisas?

Eu que, felizmente, tive um pai até ser pai, sabia que papai estava ao meu alcance. Mas o tal Papai Noel levantava uma paternidade estacional. Ele só aparecia no final do ano e, a seu lado, surgiam também as figuras santificadas e concretas do Menino Jesus, de São José e da Virgem Mãe. Um amigo dizia que era preciso escolher entre gastar movido pela "propaganda" ou rezar num verdadeiro e escrupuloso Natal. Eu até hoje fico impressionado com a fácil moralidade de plantão.

A Sagrada Família era pobre mas Papai Noel tinha um trenó puxado por renas - estranhos veados grandes que, além do mais, voavam. Ademais, ele entrava nas casas pela chaminé. Eis um detalhe que completava o seu exotismo, porque as casas onde morávamos não tinham chaminé - tinham cafuas e porões. À ansiedade dos presentes, sempre aquém do meu desejo, havia a dúvida porque, afinal, éramos "crianças" e Papai Noel pertencia ao universo dos "grandes". E os adultos sabiam de coisas secretas, como a tal cegonha que, no meu caso, durante sete ou oito anos, trouxe, embrulhado numa fralda, um irmãozinho que me roubava carinho, atenção e espaço...

Camelos, cegonhas e chaminés eram elementos que compunham o mistério dessas figuras periódicas.

Ao escrever essas recordações natalinas, descubro porque, quando visitei o Cairo, Egito, para tomar parte numa ambiciosa conferência de antropologistas, usei a oportunidade para observar os camelos. Diante das pirâmides, eu olhava e perguntava sobre os camelos. Tocava-os, admirava sua capacidade de resistir a sede e tinha curiosidade sobre suas corcovas. Camelo ou dromedário? Uma ou duas corcundas? Eis uma pergunta que não quer calar diante de certas pessoas, sobretudo dos que me governam. E foi assim que, diante da velha Esfinge, eu edipiana e estupidamente paguei para dar uma volta num velho camelo e, mais que isso, tirei uma fotografia. O guia ria e repetia "Lawrence da Arábia", mas eu estava vivendo um dos reis Magos...

Do mesmo modo e pela mesma lógica, essa também ligada ao meu amigo e companheiro de toda a vida, um rapaz chamado Édipo, jamais perdi a fascinação pelas chaminés que estudei, medi, admirei e olhei com fascinação nas casas europeias e américas. O fogo dentro de casa era uma contradição na minha vida de brasileiro cuja família vinha de uma Manaus, de uma Salvador e de uma Niterói nas quais o calor era "de matar" e o risco de algo "pegar fogo" era constante. Como, pois, ter essas chaminés com um fogo caseiro que servia para aquecer, quando só falávamos em ventilação e sonhávamos com o hoje rotineiro e transformador "ar condicionado"?

Papai Noel descia ou entrava pela lareira e eu jamais deixei de espiar escondido para o interior tenebroso das lareiras americanas. E se o bom velhinho fosse o amante da dona da casa, como questionou meu ciumento pai diante da estupefação de seus irmãos e cunhados? Mais que isso, como descer pela chaminé sem se sujar, conforme estabelece uma famosa e intrigante parábola judaica?

O fato antropológico, porém, é que o fogo da lareira contrasta somente em parte com o da cozinha. Os dois se fundem. E produzem uma fumaça humana reveladora de vida. Pois a fumaça que tinge os céus já escuros e frios dos invernos gelados que hoje eu conheço tão bem, seja no norte ou no sul, é o triunfo do calor que resiste ao frio imutável do infinito. Parece com o fósforo lutando inutilmente com o quarto escuro no qual vivemos.

E assim é o Natal. Uma noite de luz na imensa escuridão de nossas vidas. Uma pausa para reconhecer nos próximos o seu amor e a sua paciência para conosco. As rotinas realçam mais o feio e o raso do que o belo e o profundo. Mas o Natal dos "amigos ocultos" e das trocas de presentes redime o outro que está em todos os nossos próximos e, quem sabe, dentro de cada um de nós.

Feliz Natal!

UM OUTRO SENTIDO DA FESTA

O Natal nas ultimas décadas passou de momento de celebração em família do nascimento de um personagem ímpar para ser a data mais importante do comércio, quase a salvação da lavoura em anos mais difíceis.

Nada mais paradoxal do que o Natal ter se tornado quase que o símbolo da pujança da sociedade de consumo. Aquele momento de reunião com a família acabou virando uma estressante corrida por presentes com aquela lista de quase obrigações.

Sempre gostei mais dos momentos pós-troca ansiosa de presentes no Natal, quando todos os primos se embrenhavam numa partida sem fim de War, ouvir as histórias do vovô Leôncio, que eu nem conheci, ou acompanhar atento o tio Paulo, quando já estava para lá de Bagdá, narrar a abertura 1812 de Tchaikovsky como se fosse um filme. Hoje a diversão é app no smartphone...

Os presentes mais legais que já ganhei não poderiam ser comprados. Um livrinho de poemas feito à mão por minha madrinha. Cartões-postais que Tia Valéria enviava dos lugares mais inusitados e traziam consigo histórias mirabolantes da África e da Ásia. Uma fita cassete com músicas selecionadas por uma amiga de correspondência no Canadá. Um desenho de minha filha. Um relógio quebrado que fora de meu bisavô. E o campeão de todos: o bolo prestígio da Dona Dora, que era presente repetido todo ano, mas imbatível!

Entendo presentear como um ato de dedicação ao outro, dai a busca por oferecer uma emoção, uma reencontro com a memória, uma experiência nova ou que amplie o horizonte, o repertório e as possibilidades da pessoa que presenteio.

Para este ano, um LP do Charles Aznavour de 1972, com anotações na contracapa encontrado por caso num sebo, um retrato em pastel de minha filha Clara no colo de minha esposa Ana pintado por um artista de rua na Indonésia, ingressos para o teatro de bonecos e um curso de shiatsu. Proporcionar estas experiências me dá uma sensação muito mais prazerosa e duradoura que receber qualquer presente.

Muitas vezes não consigo este significado e, com família grande, também caio no Natal do consumo que, além de nos estressar e nos distanciar dos motivos pelos quais celebramos esta época do ano, é muito pouco sustentável.

Um lindo vídeo produzido por uma marca de roupas esportivas engajada dos Estados Unidos, lançado dias antes do famoso black friday (que antecipa as compras de Natal) convida as pessoas a comprar e consumir menos e experimentar, concertar, dividir e viver mais. Um ótima reflexão, quem sabe desmaterializando o Natal talvez possamos nos reencontrar com o verdadeiro espirito natalino.

 
25 de dezembro de 2013
Tasso Azevedo, O Globo

A FORMAÇÃO DO EU

Ao nascer, temos uma impressão embrionária de que não estamos sós; e um 'euzinho' passa a funcionar

O alemão é uma das línguas mais precisas que há, tanto que os políticos alemães têm um grande trabalho para tornar seus discursos vagos (mas conseguem).

Freud descreveu três softwares principais para o nosso funcionamento mental: "das ich"; "das es"; "das überich", alemão do dia a dia compreensível por qualquer um de lá. Em português, o equivalente seria o "Eu"; o "Algo em mim" e "O que está acima de mim".

Mas o primeiro tradutor de Freud para o inglês, Ernest Jones, era médico, e os doutores gostam de falar difícil: impressiona os pacientes e ninguém mais além deles entende. Foi assim que os termos em alemão corrente viraram latim (!): Ego, id e superego.

A partir daí as pessoas pensam que ego é vaidade, e que superego deve ser um parente do super-homem (ou uma super vaidade). E id ninguém sabe mesmo o que é.

O Eu é um programa mental que nos dá a ilusão de existirmos como uma entidade única e essencial. O que sabe o Homo sapiens? Que ele existe! Descartes chegou a uma única certeza: "Penso, logo existo". É um programa tão poderoso que inúmeras pessoas creem que ele é imortal ("meu corpo morrerá, mas eu continuarei existindo pela eternidade").

Deixando de lado a metafísica, que, como bem disse Fernando Pessoa, "é o resultado de se estar mal-disposto", o que me interessa é como o programa Eu se forma. No útero ele não tinha condições de rodar: nada nos perturbou desde o início que nos desse a perceber que algo havia para além de nossa existência, donde, nossa existência não era percebida por falta de contraste.

Mas, ao nascer, a perturbação começa, e com ela uma embrionária impressão de que não estamos sós. E se formos tratados como uma existência em separado, com necessidades, capacidades e características próprias, um "Euzinho" começa a funcionar. Ele vai se construir, construir sua identidade, por identificação. Ela começa pela imitação.

Você fala português hoje do seu jeito porque imitou a fala dos adultos ao seu redor (a melhor maneira de se aprender uma língua, não sei quem foi o idiota que resolveu nos ensinar línguas através da gramática). A imitação leva à incorporação do aprendido, a partir de um ponto você se torna autor, pois o imitado vai se misturando às suas características pessoais.

Mas o processo de identificação pode se dar por gosto, ou por imposição.

Por gosto, é quando se encaixa bem às nossas características únicas, ao desejo que vem de "algo em nós" (id, "das es") não consciente.

Por imposição, quando fomos submissos, fizemos o que nos mandaram, e nos "tornamos" o que nos disseram para ser. Ou, curiosíssimo, quando nos rebelamos e nos tornamos o exato oposto do que nos disseram para ser. Quer dizer que a rebeldia é um jeito de ser comandado, pelas avessas. Assim, filhos de caretas "obedecem" a seus pais e viram hippies. E vice-versa.

Há culturas que estimulam a formação do Eu indivíduo, características próprias, ideias próprias, buscam a democracia. Outras, não suportam a existência de "Eus", querem massa, submissos não pensantes, são as tiranias.

 
25 de dezembro de 2013
Francisco Daudt, Folha de SP