"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

DILMA OBSTRUIU A JUSTIÇA, DIZ PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA



Via O Antagonista

Dilma Rousseff está ferrada. No parecer pela anulação da posse de Lula na Casa Civil, Rodrigo Janot deixou pistas de que pedirá investigação contra a petista por crime de responsabilidade e também por obstrução da Justiça. Janot citou iniciativas do Executivo para prejudicar a Lava Jato "em distintas frentes" e a "intenção oculta de causar tumulto processual".

Além de citar a "inesperada antecipação da posse e a circunstância muito incomum de remessa de um termo de posse não havida" para Lula, Janot citou os grampos de Lula e a colaboração premiada de Delcídio do Amaral, além da denúncia do MP de São Paulo com pedido de prisão. "A evolução do caso Lava Jato e as medidas processuais penais dele decorrentes, requeridas pelo Ministério Público Federal, provocaram forte apreensão no núcleo do Poder Executivo federal e geraram variadas iniciativas com a finalidade de prejudicá-las, em distintas frentes".

"Nesse cenário, a nomeação e a posse do ex-presidente foram mais uma dessas iniciativas, praticadas com a intenção, sem prejuízo de outras potencialmente legítimas, de afetar a competência do juízo de primeiro grau e tumultuar o andamento das investigações criminais no caso Lava Jato." A "nomeação e a posse apressadas" de Lula tiveram, "como efeitos concretos e imediatos", a interrupção das investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal no primeiro grau de jurisdição e a remessa das respectivas peças de informação ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República, por força do foro por prerrogativa."

"Considerando, ainda, que o ex-presidente conta 70 anos de idade, todos esses atrasos podem, hipoteticamente, beneficiá- lo no caso de vir a ser acusado em processo penal, diante da contagem pela metade dos prazos de prescrição. Mesmo considerando que o processo de ministros de Estado ocorre em instância única, na Suprema Corte, a complexidade desse procedimento pode gerar lentidão muito maior do que a do primeiro grau de jurisdição."

Confira aqui íntegra do parecer de Janot.



08 de abril de 2016
in blog do mario fortes

CUBA PASSA A PERNA LEILOA PORTO FEITO PELO BRASIL PARA OS EUA E RÚSSIA

Fato gravíssimo! Crime de lesa pátria.

A ODEBRETCH tirou o corpo fora, desmentindo publicamente o BNDES: o tomador e consequente devedor do financiamento da construção do porto de Mariel é o governo de Cuba. É bom lembrar que a regra universalmente aplicável a esse tipo de transação é alienação fiduciária da obra, que somente será liberada após o pagamento da dívida.
A venda à Rússia e aos EUA, interessados mais pelo valor estratégico-militar de Mariel (que é o que levou Obama a Cuba), constituiu fraude ao credor. A reação do governo brasileiro teria de ser uma representação aos tribunais internacionais, mas não o faz se tratou de um jogo de cartas marcadas com o governo dos irmãos castro, donos da fazenda chamada Cuba.

O8 de abril de 2016
a direita brasileira em ação

DENÚNCIA GRAVÍSSIMA: ARTISTAS PELEGOS, TÁTICAS NAZIPETISTA - ONYX LORENZONI


LIBERDADE E INDEPENDÊNCIA, AO COMPARARMOS BRASIL E ESTADOS UNIDOS


Quando foi a última vez que você foi xingado? Não por barbeiragem no trânsito. Quando alguém, estranho ou até conhecido, apontou para a sua pessoa em público e despejou epítetos do mais baixo calão? Ou lhe acusou de algo que coloca em dúvida sua integridade pessoal e profissional? Se esta pergunta tivesse sido feita há dez anos, ainda provocaria alguma estranheza. Hoje, pode provocar um suspiro resignado.
Hostilidade, insultos e fabricações como, você se vendeu a um partido ou empresa, são moeda corrente em toda parte onde as redes sociais substituíram radicalmente o diálogo oral e o debate impresso. Mas, tendo observado a polarização norte-americana por dever de ofício, cresce minha desconfiança de que os corvos que aqui grasnam não grasnam como lá.
Outro dia caí no gosto de um membro da tribo artistintelectual, estes híbridos flâneurs que ignoram grandes injustiças cotidianas, mas, diante de qualquer desafio ao status quo presente, sobem no cavalo branco e marcham rumo a um abaixo-assinado. Ou se juntam a um ato de repúdio, este substantivo que perdeu qualquer vínculo com indignação moral no Brasil.
CRIANÇA BIRRENTA
O tal artistintelectual costumava me tocaiar numa rede social, começou a ser ignorado e, qual criança birrenta, veio dar com a cara barbada na minha timeline em outra rede. E aumentou o volume, afirmando que meu ganha pão depende de falar mal do governo. 
Além de me difamar, sugeriu que sou obtusa porque, qualquer um sabe, há um soldo muito mais garantido para quem se dispuser a só falar bem do atual governo.
Minha geração teve uma forma de inocência prolongada pela ditadura militar.
Crescendo à sua sombra, alimentamos a falsa expectativa de que, no fim do túnel, além de liberdades, haveria independência. 
O artistintelectual de abaixo-assinado, não raro, vem nos lembrar que liberdade não resulta em independência de pensamento.
BOLHA DE NEGAÇÃO
No desconsolo que marcou o segundo mandato de George W. Bush, quando o trágico fiasco do Iraque já se mostrava irremediável e os Estados Unidos se aproximavam da maior recessão desde a Grande Depressão, a mídia de direita exemplificada por Rupert Murdoch e sua Fox News vivia numa bolha de negação, clichês e conspirações como a do Obama muçulmano. 
Um assessor político de Bush chegou a chamar um jornalista do New York Times de “membro da comunidade baseada na realidade.”
Agora que o Palácio do Planalto se transformou num galpão improvisado de comícios partidários, em que rituais de Estado são interrompidos por gritos orquestrados, estamos diante do dilema que, nos Estados Unidos, foi oferecido pela direita.
PALAVRAS DE ORDEM
Não há equivalência de argumento se o seu interlocutor só debate com palavras de ordem e ameaça quebrar, invadir, incendiar. 
O liberal – não o neoliberal do besteirol dogmático – o liberal moderado é, por definição, alguém que acredita na complexidade do mundo e na nuance das ideias. 

Se colocamos de lado, por um momento, a legalidade ou sensatez da divulgação dos grampos de Lula, e não dá para apagar da memória o que ouvimos, o que ouvimos é assustador. Como dialogar com gente que, depois de 13 anos no poder, ainda pensa e se expressa daquela forma?
O desconsolo que noto entre brasileiros conscientes da complexidade do momento e reincidentes da civilidade se assemelha ao que notei aqui antes, embora, é claro, a democracia constitucional dos Estados Unidos seja mais longa e estável. 
Um importante colunista conservador norte-americano confessou recentemente que está com saudades de Barack Obama. Não concorda com ele politicamente, mas diz que já sente falta de sua integridade, temperança e da exigência de se cercar de gente honesta.
Enquanto governa o Brasil de uma suíte de hotel, sem mandato ou cargo eletivo, um homem destemperado sabe que não deixará saudades entre os que não pensam como ele.
(artigo enviado pelo comentarista Mário Assis Causanilhas)

08 de abril de 2016
Lucia Guimarães
Estadão

O HUMOR DO DUKE...



08 de abril de 2016

CÂMARA RECORRE DA DECISÃO SOBRE O IMPEACHMENT DE TEMER



Marco Aurélio vai ter de explicar ao plenário mais essa trapalhada



















Com críticas de que houve interferência no Legislativo, a Câmara dos Deputados recorreu nesta quinta-feira (7) da decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello que determinou que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dê prosseguimento a um processo de impeachment do vice-presidente Michel Temer.
Na ação, a Câmara defende que é atribuição exclusiva da Presidência receber ou não o pedido de afastamento, sem espaço para intervenção ou revisão do Judiciário, a quem caberia agir em casos de “patente abuso de poder ou induvidosa ilegalidade”.
Os advogados da Casa apontam que Marco Aurélio não respeitou entendimentos anteriores do próprio STF sobre a prerrogativa do presidente avaliar pedidos de impeachment.
INTERVENÇÃO
“Para o bem da República, e para preservar as instituições e a independência dos Poderes, o Judiciário deve se ater principalmente a aspectos jurídicos, como se o processo não tivesse capa nem nome, e não sob a ótica política. Não é nada saudável esse tipo de intervenção.
A Câmara argumenta ainda que o vice-presidente não pode responder por processo de impedimento porque ele “assume a presidência apenas para dar seguimento à orientação pré-estabelecida pelo presidente em relação a todas as matérias e políticas governamentais, não lhe assistindo a possibilidade de inovar ou alterar o curso e/ou o conteúdo do projeto já estabelecido”.
Para a Câmara, a análise denúncia de impeachment pelo presidente da Câmara não pode se limitar a aspectos formais, “cabendo sua imediata rejeição liminar quando for inepta ou despida de justa causa ou insubsistente”.
O recurso da Câmara deve ser analisado pelo plenário do STF.
POR CAUSA DO MÉRITO
Marco Aurélio argumentou que Cunha extrapolou suas funções ao rejeitar pedido de afastamento de Temer apresentado por um advogado, por ter analisado o mérito do processo, o que caberia a uma comissão especial da Câmara. Segundo o ministro, Cunha deveria ter analisado apenas aspectos formais da denúncia sobre crime de responsabilidade.
O processo de impeachment de Temer foi apresentado pelo advogado Mariel Márley Marra e chegou ao STF porque foi arquivado por Cunha sob a justificativa de que não existiam elementos de que o vice cometeu crime de responsabilidade.
O advogado alega que o vice-presidente cometeu crime de responsabilidade e teria atentado contra a lei orçamentária ao assinar decretos autorizando a abertura de crédito suplementar sem autorização do Congresso. As irregularidades são as mesmas que motivam o atual pedido de impeachment da petista.
RECURSO
Nesta quinta-feira, o deputado Cabo Daciolo (PTdoB-RJ) recorreu da decisão do ministro Celso de Mello que rejeitou seu pedido para que o tribunal determinasse a abertura de mais um pedido de impeachment do vice. O ministro entendeu que a medida poderia representar interferência do Judiciário no Legislativo.
O ministro reiterou que a abertura do processo de impeachment é uma questão interna da Câmara e atos do Congresso dentro de sua competência estão imunes à revisão judicial.
O deputado Cabo Daciolo quer incluir Temer no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que já está em discussão na Câmara.
O parlamentar alega que Cunha descumpriu as regras ao determinar o arquivamento de um pedido que fez para o Congresso discutir o impedimento do vice, no qual o acusa de crime de responsabilidade por causa das chamadas pedaladas fiscais.
Cabo Daciolo aponta que Temer foi omisso e sabia da situação deficitária das contas públicas e se beneficiou com a expedição de decretos sem a autorização do Congresso “falseando, para tanto, um superávit inexistente”.

08 de abril de 2016
Márcio Falcão
Folha

PT LANÇA O "PLANO MORTADELA" NA ÚLTIMA TENTATIVA DE IMPEDIR A DEPOSIÇÃO DA "PRESIDENTA"


Os "mortadelas", como são conhecidos os grupos de agitadores do PT, acabam de lançar um guia de ação para orientar o ataque às pessoas de bem a intimidar deputados num lance de puro desespero ante o iminente impeachment da Dilma.

A informação sobre o plano de agitação dos mortadelas foi publicado pelo site O Antagonista
Segundo consta, os mortadelas estão se preparando para tentar amedrontar as pessoas de bem que apoiam o impeachment. 
Uma circular com o plano de agitação e baderna está sendo encaminhado pelo PT para todas as sucursais de mortadelas em todos os Estados.

É patético mas é verdade.

08 de abril de 2016
in aluizio amorim

O BAZAR DAS 1000 BOQUINHAS

À esta altura do jogo, ninguém precisa de mais esclarecimentos sobre a conduta de Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, sua capacidade de degenerar o próprio governo e a irresponsabilidade soberana com que toma, ou acha que toma, suas decisões. 

Em todo caso, é sempre útil manter em mente o potencial destrutivo que conserva enquanto estiver exercendo oficialmente as funções de presidente da República. 

Não é pouca coisa. Justo agora, em mais um episódio tenebroso de sua biografia, Dilma se empenha abertamente em transformar o serviço público num mercado indecente, onde vende cargos em troca de votos que a salvem do impeachment no Congresso. 

Não é mais o que se poderia chamar de negociação política – virou tráfico, puro e simples. São de 500 a 800 postos em oferta, ao que parece; há contas indicando que podem ser 1.000. 

Se precisasse, Dilma não conseguiria comprovar um único caso de interesse publico nas nomeações que se propõe a fazer – trata-se unicamente de compra e venda. “O PT é o partido da boquinha”, disse certa vez o ex-governador Leonel Brizola. 

Mal imaginava que o PT acabaria não apenas como o campeão nacional da boquinha, tomando para si tudo quanto é emprego público que lhe passa pela frente; é também, no momento, o maior vendedor de boquinhas da praça.

Dilma conseguirá se safar com isso? Com um governo com a inépcia do seu, não dá para saber. É perfeitamente possível que a operação toda acabe se transformando em apenas mais uma exibição de anarquia explícita e incompetência em estado terminal. 
O governo não sabe exatamente quantos cargos pode vender, nem quais são eles. Não sabe direito quem quer comprar; apenas imagina que seja gente ligada a colossos da história política nacional como PP, PR, PSD, etc. 
Dilma não conhece a vasta maioria dos que pretende nomear, como não tem ideia de quem são os que pretende demitir. Não sabe, sequer, se Lula vai ocupar ou não o ministério mais importante de seu governo – talvez já não saiba, nem mesmo, se ele ainda quer o cargo. Fala-se que o governo vai socar “verbas” nos agraciados.
Que verbas? Todo santo dia vem mais uma notícia sobre o estado pré-falimentar do Tesouro Nacional – onde vão achar o dinheiro para satisfazer o apetite da nova armada contra o impeachment? A dívida bruta é recorde. A dívida líquida não é melhor.
A lista dos empregos empenhados na operação inclui, entre outros florões do serviço público brasileiro, repartições especialmente sinistras sob a gestão do PT, como Fundação Nacional da Saúde (em cuja órbita já se roubou até sangue), Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, Companhia Nacional de Abastecimento e até uma Antaq, onde, acredite se quiser, é administrado o “transporte aquaviário” do país. 

Um probleminha, nisso tudo, é que entre os possíveis 
nomeados provávelmente haverá gente tão encrencada com a corrupção quanto todos esses que estão por aí tentando fugir da cadeia; assim que assumirem começarão a emergir suas folhas corridas. 
Não se pode garantir, enfim, que haverá tempo material para identificar e nomear os 500, 800 ou 1.000 cidadãos com os quais Dilma espera fugir da deposição – o processo de impeachment pode andar mais depressa do que as nomeações e, de mais a mais, ninguém garante que os nomeados entreguem mesmo a mercadoria que venderam.
Quem sabe, em sua calamidade, o governo pudesse vender para algum interessado o comando da Força Nacional, criada para ajudar na segurança das Olimpíadas do Rio de Janeiro? É uma ideia. Dilma ganhou de graça essa vaga. 
O ocupante, coronel Adilson Moreira, se demitiu porque não quer mais, como disse em e-mail para os subordinados, servir a um governo comandado por “um grupo sem escrúpulos, incluindo aí a presidente da República”. 
O coronel declarou-se “envergonhado”. Falou o que milhões de brasileiros falariam, e esperam que os servidores públicos decentes falem. 
É o contrário exato da manada que se precipita sobre as “bocas” que Dilma colocou em leilão no seu bazar.

08 de abril de 2016
J.R.Guzzo
Publicado na revista EXAME

MP PEDE CONDENAÇÃO DE DIRCEU,M VACCARI E EXECUTIVOS DA ENGEVIX


Eles são acusados de crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito do esquema apurado pela Operação Lava Jato

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu(Vagner Rosário/VEJA.com)


O Ministério Público Federal encaminhou ao juiz Sergio Moro pedido para que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu seja condenado pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter embolsado propina e recebido benesses do propinoduto instalado na Petrobras. No documento de alegações finais enviado a Moro - fase que antecede o anúncio da sentença -, o MP aponta elementos para a condenação de mais treze pessoas, entre as quais o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, os executivos da Engevix Gerson Almada, José Antunes Sobrinho e Cristiano Kok, o irmão de Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, Roberto Marques, o 'faz-tudo' do petista, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.

"Estamos diante de um dos maiores casos de corrupção já revelados no país. Não se pode tratar a presente ação penal sem o cuidado devido, pois o recado para a sociedade pode ser desastroso: impunidade ou reprimenda insuficiente", alegou a força-tarefa ao defender a condenação. "Se queremos ter um país livre de corrupção, esse deve ser um crime de alto risco e firme punição, o que depende de uma atuação consistente do Poder Judiciário nesse sentido, afastando a timidez judiciária na aplicação das penas quando julgados casos que merecem punição significativa, como este ora analisado", completou.

LEIA MAIS:


PGR defende anulação de ato de nomeação de Lula como ministro da Casa Civil

Delação de executivos da Andrade Gutierrez aponta propina de R$ 150 milhões em Belo Monte


Em depoimentos prestados em seu acordo de delação premiada, o lobista Milton Pascowitch deu detalhes do intrincado esquema de pagamento de propina em benefício do ex-ministro. Um dos dutos do dinheiro sujo para o petista era o pagamento de fretes de aviação pela empresa Flex Aero Taxi Aéreo Ltda. Neste caso, disse o delator, "os pedidos eram frequentes" e feitos pelo irmão de Dirceu, Luiz Eduardo, ou pelo assessor Bob Marques - presos, ao lado de Dirceu, na 17ª fase da Lava Jato, deflagrada em agosto de 2015. Do mesmo modo, existem registros de que a empresa de fachada Jamp Engenharia pagou 1 milhão de reais à JD Consultoria, do ex-ministro, entre abril e dezembro de 2011. Há ainda contratos simulados de consultoria entre a Jamp e a JD, o pagamento de 1,3 milhão de reais feito por Pascowitch para a reforma da casa do petista em Vinhedo, a reforma do apartamento do irmão de Dirceu, também bancada por Pascowitch, e até a compra de um apartamento para a filha de Dirceu, Camila. As reformas e compras de imóveis em benefício de Dirceu foram usadas para repassar propina devida ao petista.

Segundo as investigações, a JD Consultoria e Assessoria, uma espécie de lavanderia de José Dirceu no esquema do petrolão, recebeu dinheiro também de empreiteiras do notório Clube do Bilhão. Foram 844.650 reais pagos pela Camargo Correa no ano de 2010; 2 milhões de reais pagos em 62 vezes pela OAS entre 2009 e 2013; 900.000 reais depositados pela Engevix; 703.000 reais pela Galvão Engenharia; e 2,8 milhões de reais depositados pela UTC Engenharia

Além da condenação a penas em regime fechado, a força-tarefa da Lava Jato argumentou que Sergio Moro deve determinar que os apenados devolvam pelo menos 56,79 milhões de reais, valor baseado nos contratos de aditivos de obras da Refinaria Presidente Bernardes, da Refinaria Getúlio Vargas e da Refinaria Landulpho Alves, onde houve pagamento de propina. Para o MP, a Justiça também deve fixar o mínimo de 113,5 milhões de reais a serem devolvidos à Petrobras, cifra correspondente ao dobro do valor total de propina paga em todos os contratos e aditivos mapeados pelos investigadores neste processo.

No caso de José Dirceu, o Ministério Público argumenta ainda que, na definição da possível pena a ser atribuída ao petista, seja levado em conta que o ex-ministro é reincidente, já que foi condenado por corrupção no julgamento do mensalão, e deve ter a pena aumentada também porque "promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes".

Ao pedir a condenação de Dirceu e do grupo de políticos e empresários que atuaram com ele no esquema de corrupção instalado na Petrobras, o Ministério Público alega que todos tinham plena consciência de que estavam praticando crimes, já que "se valeram de sofisticados mecanismos financeiros para ocultar a corrupção e para praticar o crime de lavagem de capitais, em meio a complexa organização criminosa". "Não se trata de criminalidade de rua, influenciada pelo abuso de drogas ou pela falta de condições de emprego, ou famélica, decorrente da miséria econômica. São réus abastados, que ultrapassaram linhas morais sem qualquer tipo de adulteração de estado psíquico ou pressão, de caráter corporal", conclui o MP.


08 de abril de 2016
Laryssa Borges, de Brasília
VEJA

SEIS GRAVAÇÕES ESCANCARAM A CONSPIRAÇÃO FORJADA PELO PT PARA IMPEDIR QUE FOSSE ESCLARECIDO O ASSASSINATO DE CELSO DANIEL

Há uma semana, a reportagem de capa de VEJA expôs o estreito parentesco que liga o Petrolão, o Mensalão e o assassinato de Celso Daniel, alvo da 27ª fase da Lava Jato, batizada de Carbono 14. Os três escândalos pertencem à mesma linhagem político-policial. Foram praticados pelo mesmo clã. E provam, somados, que a transformação do PT em organização fora da lei começou a desenhar-se em janeiro de 2002. Na montanha de provas e evidências, destaca-se uma preciosidade desconhecida por milhões de brasileiros: seis áudios que registram conversas grampeadas há mais de 14 anos. O palavrório parece avô do grampo, divulgado recentemente pelo juiz Sérgio Moro, que mostra Lula e seus devotos em ação.

Entre o fim de janeiro e meados de março de 2002, investigadores da PF encarregados de esclarecer o assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André, gravaram muitas horas de conversas telefônicas entre cinco protagonistas da história de horror: Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, suposto mandante do crime, Ivone Santana, viúva da vítima, Klinger Luiz de Oliveira, secretário de Serviços Municipais, Gilberto Carvalho, secretário de Governo de Santo André, e Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado do PT para causas especialmente cabeludas. As 42 fitas resultantes da escuta foram encaminhadas ao juiz João Carlos da Rocha Mattos.
Em março de 2003, pouco depois do início do primeiro mandato presidencial de Lula, o magistrado alegou que as gravações haviam sido feitas sem autorização judicial e ordenou que fossem destruídas. A queima de arquivo malogrou: incontáveis cópias dos áudios garantiram a eternidade dos registros telefônicos. Em outubro de 2005, quando cumpria a pena de prisão imposta ao juiz que prosperou como vendedor de sentencas, Rocha Mattos revelou a VEJA que os diálogos mais comprometedores envolviam Gilberto Carvalho, secretário-particular de Lula entre janeiro de 2003 e dezembro de 2010.
“Ele comandava todas as conversas”, disse Rocha Mattos. “Dava orientações de como as pessoas deviam proceder e mostrava preocupação com as buscas da polícia no apartamento de Celso Daniel”. Em abril de 2011, já em liberdade, Rocha Mattos reiterou a acusação. “A apuração do caso do Celso começou no fim do governo FHC”, afirmou. “A pedido do PT, a PF entrou no caso. Mas, quando o Lula assumiu, a PF virou, obviamente. Daí, ela, a PF, adulterou as fitas, eu não sei quem fez isso lá. A PF apagou as fitas, tem trechos com conversas não transcritas. O que eles fizeram foi abafar o caso, porque era muito desgastante, mais que o Mensalão. O que aconteceu foi que o dinheiro das companhias de ônibus, arrecadados para o PT, não estava chegando integralmente a Celso Daniel. Quando ele descobriu isso, a situação dele ficou muito difícil. Agentes da PF manipularam as fitas de Celso Daniel. A PF fez um filtro nas fitas para tirar o que talvez fosse mais grave envolvendo Gilberto Carvalho”.
As seis gravações que se seguem escancaram a sórdida conjura dos grampeados dispostos a tudo para enterrar na vala dos crimes comuns um homicídio repleto de digitais do PT. A história do prefeito sequestrado, torturado e morto é um caso de polícia e uma coisa da política. As conversas também revelam a alma repulsiva do bando. O companheiro fuzilado numa estrada do ABC é tratado como um entulho a remover. Não merece uma única lágrima, um mísero lamento. Os comparsas só pensam em livrar da cadeia o parceiro Sombra e, simultaneamente, livrar-se do abraço de afogado do delinquente de estimação que ameaça afundar atirando.
Ouça os diálogos que documentam a movimentação dos assassinos de fatos. Passados mais de 14 anos, a reaparição do fantasma de Celso Daniel avisa que a tramoia fracassou. Enquanto não for exumada toda a verdade, enquanto não forem punidos todos os envolvidos na ocultação de provas, os bandidos serão assombrados pelo caso insepulto.
Áudio 1
Luiz Eduardo Greenhalgh diz a Gilberto Carvalho que é preciso evitar que João Francisco, um dos irmãos de Celso Daniel, “destile ressentimentos” no depoimento que se aproxima. “Pelo amor de Deus, isso é fundamental!”, inquieta-se Carvalho.
00:00
00:00

Áudio 2
Um interlocutor não identificado elogia Ivone Santana pela entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo e incentiva a viúva a repetir a performance no programa de Hebe Camargo. Alegre, a viúva informa que vai fazer o reconhecimento das roupas da vítima. Do outro lado da linha, a voz pergunta como “o cara” estava vestido. O cara é o marido de Ivone morto dias antes.
00:00
00:00

Áudio 3
À beira de um ataque de nervos, Sombra cobra de Klinger um imediata operação de socorro. Sobressaltado com o noticiário jornalístico, exige que Gilberto Carvalho trate imediatamente de “armar alguma coisa”.
00:00
00:00

Áudio 4
Klinger diz a Sombra que Gilberto Carvalho está preocupado com o teor do iminente depoimento do companheiro acusado de ter ordenado a morte do prefeito. Sugere um encontro entre os três para combinar o que será dito. No fim da conversa, os parceiros comemoram a prisão de um suspeito.
00:00
00:00

Áudio 5: 
Gilberto Carvalho cumprimenta Ivone Santana pela boa performance em entrevistas e depoimentos. Carvalho acha que as declarações mudarão o rumo das investigações.
00:00
00:00

Áudio 6: 
A secretária de Klinger transmite a Gilberto Carvalho rumores segundo os quais a direção nacional do PT pretende manter distância do caso “para não respingar nada”. Carvalho nega e encerra o diálogo com uma observação ambígua: é nessas horas que se percebe quem são os verdadeiros amigos.

08 de abril de 2016
Augusto Nunes, Veja