"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

PROCURE UM MÉDICO QUE SAIBA MENTIR


Quase no fim do filme, Tropa de Elite II tem uma cena muito interessante. Denunciando a corrupção na Polícia do RJ, o personagem de Wagner Moura, numa de suas frases, diz “que o policial não puxa o gatilho sozinho..”
 
Essa frase, coloca ao meu ver de uma maneira muito sutil, a dúvida a respeito de qual polícia a sociedade quer na rua. Mais do que isso: ela indaga que tipo de educação de segurança e saúde a sociedade quer...ela chama à responsabilidade uma nação que só pensa em carnaval e futebol e na qual os serviços públicos são, em grande medida, aquilo que a sociedade “quer” deles.
 
O Governo Federal tem liberado pesquisas mostrando um apoio maciço da população mais pobre do Brasil a essa barbaridade chamada Mais Médicos. Nessas pesquisas eu acredito! Elas nada mais refletem do que a consciência política de um povo que aceita ser tratado como rebanho tocado pelo PT.
Digo que, cada vez que denunciamos um erro grave desses pseudomédicos trazidos por Padilha ao Brasil, deveríamos também censurar severamente a população que aceitou essa gente aqui e que vem dizendo nas pesquisas que está satisfeita com o Programa.
 
Até onde se sabe..até onde foi noticiado..o primeiro cadáver a ser colocado na conta do Governo Federal ainda não surgiu; ou surgiu e foi escondido.
 Dados atuais dão conta de 1.665.000 casos de sepse nos EUA com uma mortalidade em torno de 20 a 50% ao ano e não há razão alguma para pensar que esses números sejam menores no Brasil.
Além dos casos de sepse, nosso país tem na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica e na Cardiopatia Isquêmica (com suas complicações) dois motivos gigantescos de indicação de internação hospitalar num país cuja infraestrutura para atendimento secundário está destruída.
 
Escrevo agora para quem está no interior do Amapá ou aqui no Rio Grande do Sul...No Rio Grande do Norte ou em Rondônia...Vocês que não conseguem caminhar uma quadra sem sentir falta de ar, que estão com a pernas “inchadas” e que tossem a noite inteira – procurem os médicos cubanos e vejam se eles vão resolver os seus problemas! Sabem “o que” vocês são? Vocês são aquilo que nós chamamos aqui no Brasil de pacientes “crônicos”.
 
A maioria gigantesca de vocês tem mais de 60 anos, muitos fumaram (e ainda fumam) a vida toda, tem a pressão arterial sem controle algum e só sabem como está o “açúcar no sangue” com a aquela espetadinha no dedo que a enfermeira faz no posto de saúde.
Vocês não aparecem nos jornais, o Dr. Drauzio Varella não faz reportagem sobre vocês, não há alas inteiras de hospitais reservadas a vocês como existem para aqueles que usam crack ou tem AIDS...
Sabem por quê? Porque as doenças que vocês tem são, num grande número de casos, incuráveis! Vocês dependem e vão depender de medicação a vida toda! Custam caro para esse maldito governo comunista que, se pudesse, mataria todos vocês em vez de deixá-los ficar usando o SUS e recebendo dinheiro do INSS.
Ninguém diz isso a vocês, não é?? Pois eu digo! Atender vocês significa manter hospitais em bom funcionamento.
Hospitais equipados e com médicos capazes de mudar a história da doença de vocês. Isso custa dinheiro que precisa vir de 3 fontes: do município, do Estado e do Governo Federal. Até hoje não existe sequer lei definindo qual o percentual de dinheiro que esse último deve repassar ao SUS: são os municípios e (em parte muito menor o Estados) que sustentam essa mentira de atendimento universal.
 
Entendam por favor que esse programa criminoso só serve para manter o Partido Religião no poder..que ele não tem interesse algum em ajudar vocês nem lhes contar – como eu fiz agora em palavras grosseiras – a verdade sobre suas doenças.
 
Meus amigos, quando eu me formei médico, jurei muitas coisas...Nosso juramento, afinal de contas, é enorme e hoje em dia pode ser mais facilmente lembrado por algum repórter policial do que qualquer médico recém-formado. Eu confesso que já não me lembro mais de tudo que existe nele, mas lembro de uma coisa que não existe, pelo menos de maneira clara: a promessa franca de dizer sempre a verdade, custe o que custar, ao doente que atendemos.
 
Quando o PT finalmente conseguir liquidar com a Medicina no Brasil, os médicos que ele vem perseguindo e humilhando ainda vão ter uma obrigação e uma chance final: dizer a verdade! Nesse sentido sugiro que o Ministério da Saúde Petralha inicie nova campanha..Já sei até o lema ideal para esse tipo de gente .
 
“O Ministério da Saúde Adverte: Procure um médico que saiba mentir”
 
23 de dezembro de 2013
 in ataque aberto blog

ENTREVISTA COM ROMEU TUMA JÚNIOR

TROPA DESCONTENTE!!!


O Comandante Militar do Sul, General de Exército Carlos Bolivar Goellner, deixou claro... Não bastasse a gravíssima crise na Petrobras – cujos desdobramentos têm grande chance de levar o governo a nocaute, em curto prazo -, a Presidenta Dilma Rousseff já começa a sentir as primeiras manifestações públicas de um descontentamento, literalmente, “Generalizado”. Militares da ativa rompem o silêncio obsequioso.

Em gestos simbólicos e em discursos cirúrgicos, Generais já começam a impor limites aos ataques assimétricos da turma do Foro de São Paulo que infesta o poder no Brasil. Por trás da bronca, os oficias de quatro estrelas exigem mais verbas, rotatividade nos comandos das forças e, sobretudo, respeito pelas Forças Armadas como instituição garantidora da Pátria.

A Comandanta em chefe das FFAA já foi informada, claramente, por assessores próximos que “a insatisfação militar começa a crescer e fugir do controle”. Acontece que Dilma, na costumeira arrogância e autossuficiência, já avisou que prefere “pagar para ver” e não acredita que os “militares percam a linha”.
Ontem, em São Borja, no Rio Grande do Sul, foi emitido o primeiro sinal de que a paciência da caserna está se esgotando. O Comandante Militar do Sul, General de Exército Carlos Bolivar Goellner, deixou claro, publicamente, que a recepção aos restos mortais do ex-Presidente João Goulart, com honras militares, represente uma retratação histórica do EB com Jango (conforme sugere o governo).

O Oficial de quatro estrelas e membro do Alto Comando do Exército foi direto: “Nenhum erro histórico. A História não comete erro. A História é a História. As instituições não mudam na história. Não há nenhuma modificação em relação ao Exército”.
O General Bolivar aproveitou para desmentir outra mentira repetida pela reformada historiografia do governo petralha, segundo a qual Jango fora enterrado em dezembro de 1976, às pressas, sem honra de chefes de Estado a que teria direito como ex-Presidente da República. Bolivar foi claro, novamente:
 “Ele não foi enterrado como cidadão comum. Ele nunca deixou de ser presidente. Estamos prestando as honras regulamentares, nada mais do que isso. Não tem nenhuma outra ilação além disso, nem a favor nem contra”.

Nos bastidores do poder, a declaração pública do General Bolivar pode ser interpretada como um recado. Nos bastidores, ele é citado como o favorito a substituir o General Enzo Peri no posto de Comandante do Exército.
A Presidenta Dilma, no entanto, nada fala sobre troca dos três oficiais generais que comandam o EB, a Marinha e a FAB desde o governo Lula – em uma incomum falta de rotatividade que desrespeita a carreira militar.

Nem nos tempos da “dita-dura” se descumpriu o princípio da alternância de comandos – e os chefes militares tinham status de ministros, até que Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministério da Defesa. O breve recado do General Bolivar pode até lhe custar o futuro comando do EB. Mas deixou clara que a insatisfação dos militares com a guerra irregular promovida pela petralhada contra as Forças Armadas tem um limite.
O Alerta Total de ontem continua valendo. O desgoverno petralha nunca esteve sob tanta pressão. Qualquer erro – e eles cometem muitos – pode ser fatal para o projeto de perpetuação no poder. Por isso, releia: Oligarquia Financeira Transnacional já decidiu que PT deve ser tirado do Palácio do Planalto em 2014
Atenção! Não existe “golpe em marcha” – como podem supor alguns que sonham com uma reedição de 1964. Mas tudo pode acontecer quando um governo perde sua base de sustentação na geopolítica globalitária.
O desgoverno petralha está órfão. Por isso, será substituído. O problema é se a troca atenderá aos verdadeiros interesses do Brasil. O cenário mais provável é uma mudança para substituir apenas as marionetes titulares. É a sina de um país subdesenvolvido, sem soberania e projeto de Nação.

23 de dezembro de 2013
FONTE DA NOTÍCIA 
http://www.militar.com.br/blog27166-Tropa-descontente#.Urdi1_jf1xk
fonte 

OS BASTIDORES DE BALI

Fato especialmente marcante foi a completa ausência da Argentina nas discussões e proposições das principais decisões adotadas

Uma visão pragmática e factual dos meandros ocorridos na reunião realizada na Indonésia mostra peripécias negociadoras e posturas diferenciadas entre os 160 participantes do evento. O primeiro fato relevante que deve ser destacado foi a estratégia do diretor-geral da OMC de levar a Bali um rascunho básico, adrede preparado em Genebra, especialmente no tema sobre facilitação de comércio. Tal providência foi vital para facilitar a tarefa de as partes fazerem os ajustes necessários à conclusão e firma do documento final.

É importante destacar que, desde o encerramento da Rodada Uruguai, a OMC não lograva obter uma decisão por consenso. Mas é bom frisar, também, que o cumprimento dos dispositivos aprovados podem ser implementados sob velocidades diferenciadas segundo o grau de desenvolvimento dos países membros, o que mostra certa flexibilização no conceito de nação mais favorecida — parâmetro básico do organismo. Quem sabe essa postura tenha sido inspirada no roseiral de acordos parciais que inundou os registros do organismo, sob o amparo do artigo XXIV do Gatt (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) e que minou, nos últimos anos, a crença de que as negociações multilaterais estavam esgotadas. A tal ponto que diversos países importantes, como o México, por exemplo, levaram a Bali minúsculas delegações simplesmente para fazer presença.

Especial destaque deve ser dado à postura da delegação americana que, junto à brasileira em fina sintonia construtiva, desempenhou papel de destaque na formalização do documento final e, portanto, à sobrevivência da OMC. A atuação brasileira foi especialmente decisiva, também, na demoção da postura bolivariana da Venezuela contra o documento final e na exigência cubana de os EUA sinalizarem o fim do embargo comercial à ilha.

Fato especialmente marcante foi a completa ausência da Argentina nas discussões e proposições das principais decisões adotadas, acenando perigoso afastamento do país dos dispositivos de maior ordenamento das transações globais, o que tende a repercutir mais negativamente nas já suas combalidas transações no Mercosul.

Por outro lado, é importante assinalar a postura propositalmente inerte da China, principalmente nas discussões sobre a segurança alimentar postuladas pela Índia e atendidas no documento, com a salvaguarda de não afetar o comércio internacional de commodities.

Na questão das quotas agropastoris, os avanços foram modestos, apenas ordenando mais racionalmente a redistribuição dos lotes não aproveitados por países provedores.

Deve-se assinalar o comportamento judicioso da União Europeia, decorrente da não inclusão da questão dos subsídios às exportações agrícolas e a ausência de menções aos regulamentos sanitários e fitossanitários largamente aplicados pela comunidade. Esses temas, possivelmente, poderão constar da elaboração, em 2014, da agenda visando à retomada das negociações da Rodada Doha.

Os países de menor desenvolvimento relativo aparentemente contentaram-se com o tratamento diferenciado reiterado no documento sobre o programa denominado duty free — quota free, sujeito, no entanto, a regras próprias que evitem ou punam práticas comerciais desleais ou predatórias.

Em resumo, os bastidores do encontro de Bali mostraram uma disposição incomum da maioria dos países em buscar alguma solução viável de preservação da multilateralidade nas transações universais em convívio com os mega-acordos interregionais em vigor, além de diversos outros em negociação. Até onde essas ações são compatíveis ou não veremos com o tempo. Mas o Brasil que trate de arranjar fórmulas para estar presente em ambos os bailes.

EUROPA E A DEFESA COMUM


 
TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

UNIÃO EUROPÉIA TESTA DIPLOMACIA DO BRASIL


 
23 de dezembro de 2013
Sérgio Leo, Valor Econômico

A ÓPERA DO SATANÁS

Como cético que sou, estou seguro de que se deve desconfiar de pessoas com bons sentimentos

Sei que a esta altura do ano nada mais se quer além de esperar que, no calor de nosso verão, se vá este ano velho e surrado. Mas, como filósofo que sou, mesmo na preguiça, penso, senão, não existo. E levo você, meu companheiro de leitura, comigo às profundezas dessa filosofia de fim dos tempos.

Quando quero falar a sério com meus alunos --agora em férias-- sobre nosso tempo contemporâneo, digo a eles que imaginem do que rirão nossos descendentes em mil anos. Não conheço ciência profética mais científica do que pensar o ridículo que encontrarão em nossas seriedades contemporâneas.

Sou homem sem causa, como sabe bem meu ilustre leitor, e, mais, duvido de todos que alguma causa defendam. Espero que recuperem a capacidade de serem canalhas honestos, e não como nós, que travestimos nossas vaidades em causas pela humanidade.

Pouco sei com segurança, depois de alguns anos e alguns poucos livros, mas, com certeza, como cético que sou, estou seguro de que se deve desconfiar de pessoas com bons sentimentos.

Rimos de nossos antepassados. Se, antes, nossos avós os consideravam dignos de reverência, agora, nós, contemporâneos, os julgamos ridículos por terem vivido antes dos tablets e do direito ao voto.

Rimos de suas crenças em deuses cabeludos, em apocalipses vindouros, em mundos imateriais. Mas, temo, rirão mais ainda de nós, esses nossos descendentes.

Rirão de nossa inútil obsessão pelo povo e sua soberania. Rirão de nossa ciência política e sua consciência histórica. Rirão de nossa certeza sobre o aquecimento dos polos e voltarão à astrologia por ser ela uma ciência mais modesta do que a do clima.

Para eles, nossos descendentes, ideias como as nossas soarão como hoje nos soa alguém crer que trovões seriam os deuses arrastando suas pedras no infinito.

Rirão de nossa obsessão em buscar pureza em civilizações mais pobres como as dos índios, que seriam mais honestos simplesmente porque nunca tiveram opção de sofisticar suas mentiras, como nós temos.

Quando pensarem em nós, esquecerão nossa tecnologia neolítica e farão seus alunos lerem livros sobre como éramos covardes e infantis. E sentirão vergonha, preferindo os gregos e os romanos, por serem mais lúcidos sobre a cegueira do destino.

Tentarão inutilmente acessar a razoabilidade de crermos que inventamos a nós mesmos e de que exista algo como "construção social do sujeito", ideia interessante, se não engraçada, mas que sustenta outra ainda mais engraçada, que é aquela que afirma a existência de uma construção social planejada de novos sujeitos.

Tendo passado por sofrimentos atrozes que os esperam, sofrimentos esses criados por nós e nossas manias de luxo, saúde, direitos e democracia dos idiotas, os coitados dos nossos descendentes serão forçados a redescobrir que a vida tem dono, e que não somos nós os donos, mas sim algum espírito que, no fundo, não nos tem em alta conta, por isso, quando muito, revela sua indiferença preguiçosa para com nossa dor.

Reescreverão passagens bíblicas, porque chegarão à conclusão de que são mais certeiras do que nossa vã sociologia de macacos sem pelos.

Sua cosmologia e antropologia serão mais parecidas com aquela que afirma ser a vida uma ópera.

Sim, uma ópera, cujo libreto foi escrito por Deus e a música pelo Satanás, segundo o que nos diz Dom Casmurro, personagem atormentado pela incapacidade de determinar a verdade última acerca da fidelidade de sua mulher (talvez um dos problemas filosóficos mais sérios, muito mais do que o suicídio).

O Satanás, atormentado pela inveja de seus colegas Gabriel, Miguel e Rafael, se revoltou. Deus deixou, por preguiça, que ele levasse consigo, às profundezas do inferno, seu libreto.

Lá, tendo composto a música, criou a ópera. Voltou ao Pai Eterno, como criança escrava neurótica de seu senhor, e pediu a Deus que a executasse em seu conservatório.

Tendo negado inúmeras vezes o pedido de seu anjo angustiado, Deus acaba por autorizar a execução, mas o proíbe de fazê-lo nos céus.

Para esta tarefa, cria nosso mundo, e o dá ao nosso triste maestro.
 
23 de dezembro de 2013
Luiz Felipe Pondé, Folha de SP

DESINVENTANDO A IMPRENSA


 
23 dezembro de 2013
Ruy Castro, Folha de SP

PONTO DE VIRADA


 
23 de dezembro de 2013
Lúcia Guimarães, O Estado de S. Paulo

A FESTA CRISTÃ


A Igreja Católica denuncia a amoralidade e o materialismo pelo vazio espiritual da moderna civilização. A decomposição das famílias, a violência, a corrupção, as drogas, a dissolução dos costumes e a falta de solidariedade com os menos afortunados seriam sintomas de um mundo sem fé.
"Ao lado do racionalismo grego, nada influenciou tanto a história do Ocidente quanto o cristianismo", registra o filósofo Karl Popper.
"O cristianismo foi o principal ingrediente do pensamento europeu. Mesmo sob ataque, manteve seus críticos em sua órbita. São ainda condenados a esgrimir com a ética e a mentalidade cristã até mesmo os ateus", observa o historiador Fernand Braudel. Humanistas prisioneiros de métodos científicos, desamparados pela fé, celebram também com o Papa Francisco "o Natal como anúncio de alegria, esperança e ternura".

O historiador Paul Johnson argumenta que "a ascensão cristã não foi acidental, mas sim o atendimento de uma ampla, urgente e mal formulada necessidade de um culto monoteísta no mundo greco-romano. As divindades tribais não forneciam mais explicações satisfatórias para uma sociedade cosmopolita em expansão, com crescentes padrões de vida e pretensões intelectuais". Era a versão mediterrânea da globalização derrubando deuses locais.

O mesmo pode ser dito da contaminação viral das ideias socialistas. A "morte" de Deus e o "desencantamento" do mundo exigiram uma nova religião secular e universal. O marxismo e suas pretensas bases científicas revelaram-se não apenas um formidável equívoco intelectual mas também um trágico experimento político, social e econômico. Mas disseminaram-se por seu apelo a nossos ancestrais instintos de solidariedade e altruísmo, heranças da moralidade dos pequenos bandos e das grandes religiões.

Pois, afinal, "a predisposição à crença religiosa é a mais complexa, poderosa e provavelmente irremovível força da natureza humana", considera o biólogo Edward Wilson.

Por outro lado, apesar de criticados por sua impessoalidade e incompreendidos pelas massas, os mercados globais formam uma extensa rede de cooperação social abrangendo bilhões de indivíduos.

"Nossas dificuldades resultam de que precisamos ajustar nossas vidas, pensamentos e emoções a esses dois mundos diferentes", diagnostica o economista Friedrich von Hayek.
23 de dezembro de 2013
Paulo Guedes, O Globo

DNA DE CRIMINOSOS


Da indignação da presidente Dilma com estupros poderia decorrer uma ação enérgica para a formação do banco de dados genéticos de criminosos

A partir da década de 90, aprofundou-se a utilização de testes genéticos na investigação criminal. Resíduos biológicos encontrados nas cenas dos crimes passaram a ser recolhidos e examinados, deles extraindo-se o perfil genético do titular, com o propósito de comparação com os dos suspeitos, servindo tanto para exonerar os inocentes como para descobrir os culpados.

Principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido, os perfis genéticos passaram a compor bancos de dados de caráter amplo e que puderam, em novos casos, ser acessados por investigadores para o cruzamento com o perfil genético do material identificado no local do crime, propiciando a identificação de autores de delitos de difícil elucidação.

Investigações encerradas sem culpados puderam ser reabertas, muitas vezes levando à identificação do criminoso pela localização do perfil no banco de dados.

Um subproduto interessante dessa prática consistiu na revisão de penas antigas, com exoneração de pessoas condenadas por erro judiciário. O "projeto inocência" desenvolvido nos Estados Unidos a partir de 1992 por organização não governamental levou à exoneração de cerca de 300 pessoas condenadas erroneamente, 18 das quais encontravam-se no corredor da morte.

No Brasil, ainda não há nada semelhante nessa escala. A recente lei nº 12.654/2012 permitiu a colheita do perfil genético de criminosos condenados e de suspeitos para a formação de bancos de dados.

Apesar da autorização legislativa, faz-se necessária, como foi feito nos países anglo-saxões, a adoção de uma prática jurídica e de política pública ampla para a colheita do perfil genético. Para tanto, iniciativas individuais são bem-vindas.

Em processos envolvendo crimes violentos ou sexuais, deve a autoridade policial providenciar a conservação do resíduo biológico encontrado no local do crime e requerer, em conjunto com o Ministério Público, ao juiz que autorize a extração de material biológico do suspeito. Identificados os respectivos perfis genéticos, devem eles ser comparados e, independentemente do caso individual, integrados aos bancos de dados estadual ou nacional.

Nas Varas de Execuções Penais, pode o juiz, provocado pela administração penitenciária ou pelo Ministério Público, autorizar a extração do perfil genético de pessoas condenadas por crimes violentos ou sexuais, para integração ao banco de dados estadual ou nacional.

A lei nº 12.654/2012 já permite tais práticas. Ilustrativamente, o autor deste artigo tem determinado, em processos envolvendo crimes de pedofilia, a extração do perfil genético do suspeito para integração ao banco de dados nacional.

Para a formação de bancos de dados abrangentes, faz-se necessário, porém, colher os perfis genéticos em ampla escala, especialmente dos condenados por crimes violentos ou sexuais. Há custos consideráveis e seria oportuno que iniciativa da espécie transcendesse aos casos individuais e fosse proveniente do Poder Executivo --por exemplo, das Secretarias de Segurança Pública ou do Ministério da Justiça.

Recentemente, a presidente da República indignou-se, com razão, com o aumento dos crimes de estupro. Da indignação poderia decorrer uma ação enérgica do Executivo para a formação do banco de dados, já que ele é uma ferramenta efetiva contra essa espécie de crime.

O Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público também poderiam atuar como agentes provocadores dessa política de segurança pública.

Práticas ou políticas da espécie, desde que generalizadas, levariam à formação de bancos de dados de perfis genéticos abrangentes, aumentando o índice de solução dos casos criminais, diminuindo a impunidade e as chances de erros judiciários. Não pode o Brasil perder essa oportunidade para a modernização da investigação criminal.
 
23 de dezembro de 2013
Sérgio Faraco de Moro, Folha de SP

51% ESCRAVOS

 

a4


As pessoas fingem que não sabem disso, mas é só fingimento. Trata-se de uma lei da natureza. Diz o seguinte: todo dinheiro sob a guarda do Estado será objeto de roubalheira. A roubalheira será tanto maior quanto maior for a conta estatal.

A Previdência é a maior conta sob controle do Estado. Logo é na Previdência que se dá a maior roubalheira do Brasil.

Pode parecer curioso que o maior número de pessoas que finge duvidar dessa lei esteja entre as mais ilustradas. Nas hostes do povão não ha rigorosamente ninguém que alimente ilusões sobre mais esse “fato da vida“. Mas isso é perfeitamente natural.
É que a esmagadora maioria dos ladrões do dinheiro que o Estado confisca está entre as pessoas ilustradas enquanto o povão, especialmente o lá de baixo, é que é sempre o mais roubado. Uns têm, portanto, “razões objetivas” para negar o óbvio enquanto os outros as têm de sobra para fazer o contrário.

a5

A Academia, originalmente sustentada pelo Estado, é quem cuida de elaborar e difundir aquela complicada argumentação que “justifica” esse tipo de esbulho.
É um arranjo multicentenário, tratado desde os tempos em que se estabeleceu o consenso geral de que pelo menos o esbulho que se admitia como tal e era feito pela força bruta, a ponta de espada e em troca da vida, tinha de cessar. Passou a ser necessária uma justificativa mais elaborada para essa forma de parasitismo.

Durante algum tempo até a gente de boa fé acreditou nas novas justificativas elaboradas pela Academia. Mas os fatos se encarregaram de revelar a verdade em toda a sua nudez.

Assim, os poucos que se organizaram para tanto tomaram as providências possíveis. O resto segue enredado em armadilhas “legais” embora saiba que é disso que se trata. Construiu-se, até, um aparato multibilionário para vender, no mundo todo, a fuga dessas armadilhas. Mas só uns poucos podem pagar para usá-lo.

a5

O resto divide-se em duas categorias: há os que engolem a sua indignação em seco, na zona intermediária, e ha os que não reagem ao esbulho porque as migalhas do butim mantêm o seu nariz um dedo acima da linha do afogamento na miséria e, portanto, não se podem dar o luxo de fazer marolas.

Mas ninguém está seguro. Não haverá nunca remédio que cure definitivamente a doença. O homem tende para a exploração do homem com a mesma insidiosa persistência com que a água penetra nas frestas para vazar do que quer que tente contê-la.

Havendo uma teta ela será mamada”. É a inexorável lei da natureza. Só se controla essa praga restringindo-lhe o habitat
É por isso que as democracias dignas dessa qualificação são aquelas que limitam ao máximo a quantidade de dinheiro sob a guarda do Estado e atribuem a quem suou para ganhá-lo a tarefa de cuidar de investir o seu próprio para o futuro e que as sociedades vivendo nessas democracias são as únicas que conquistaram a superação da miséria.
O resto são variações do mesmo tema…

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Esta semana O Globo levantou a pontinha do tapete debaixo do qual esconde-se a mãe de todas as roubalheiras do Brasil. Falou-se em R$ 78 bilhões de prejuízo apenas nas contas relativas às aposentadorias do funcionalismo estadual e municipal, mas a realidade é, certamente, muito maior que isso.

Os caminhos são os de costume neste país do sexo explícito onde Sherlock Holmes ficaria desempregado já que tudo é feito à vista de todos e não ha nada por descobrir; o que ha é só insuficiência de jornalistas para relatar as falcatruas todas.

O segmento examinado pelo repórter do Globo constitui-se de umas duas mil “entidades” que “administram” a poupança para a aposentadoria de cerca de 10 milhões de funcionários estaduais e municipais.
E é o escracho de sempre: uns poucos bilhões são desviados para tapar os rombos nas contas desses governos e prefeituras (possivelmente abertos por outras formas de roubalheira), mas o grosso é diretamente embolsado pelos encarregados da guarda desse dinheiro mediante a “aplicação” do balúrdio em “fundos” e “bancos” fajutos, alguns enquanto sob intervenção do Banco Central, conhecidos dos políticos, do Ministério Público, da polícia e até do Supremo Tribunal Federal.

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No caso em questão apurou-se que os criminosos – “empresas” e indivíduos – são os mesmos que intermediaram o Mensalão.

A mesma quadrilha cujo “chefinho”, excepcionalmente preso na Papuda, teve o contrato social da sua empresa – a JD (de José Dirceu) Assessoria, que vende “acesso” aos cofres federais sob a guarda do “chefão” – alterado cinco vezes ultimamente, aí incluídos os registros que ela fez na mesma lavanderia internacional de dinheiro do crime organizado de Ciudad del Panamá em que estava registrado o hotel que tentou “contratá-lo” por R$ 20 mil por mês para que ele fizesse jus ao regime semi aberto de prisão e que, a partir dessas revelações, suspeita-se que possa pertencer a ele próprio, conforme revelou a edição de ontem do Estadão.

Mas – descontados esses chutes no estômago da Suprema Corte diante da Nação inerte que anunciam que o pior ainda está por vir, e logo! – as últimas revelações desses dois jornais ainda não passam de migalhas.

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Uma das provas mais contundentes da lassidão dos esfíncteres do brasileiro médio, acostumado ao estupro sistemático desde que nasce a ponto de não mais se aperceber das violências sofridas, é essa estatização não só da Previdência do funcionalismo mas de toda a poupança nacional, sem exceções.

No mundo inteiro o dinheiro que financia o desenvolvimento é o dinheiro que as pessoas poupam para se sustentar na velhice. Essa poupança de longo prazo busca naturalmente a segurança de rendimento que se espera dos grandes equipamentos infra estruturais de toda economia, base de sustentação de toda riqueza produzida.

Aqui, todo esse dinheiro é automática e diretamente confiscado pelo Estado. Aqueles que o produzem nunca chegam a por as mãos nele em momento algum de suas vidas. E, como estamos testemunhando neste preciso momento, nem um tostão dele se transforma em infraestrutura. Quando é necessário reformá-la para que não morra a galinha dos ovos de ouro, é mediante a contratação de dívidas que temos de faze-lo.

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Você já leu um milhão de matérias escritas para provar que o brasileiro é um perdulário que gasta tudo que produz e “não poupa nada” e que esta é a principal explicação para a nossa pobreza crônica. Mas isso é muito mais que meia mentira.

A verdade inteira é que este é o único país do mundo onde mais da metade do salário de cada trabalhador é diretamente apropriado pelo Estado, sem nunca passar pelas mãos de quem suou para ganhá-lo, com exceção da Cuba dos Castro e quejandos onde o regime é o que dona Dilma endossou recentemente quando “contratou” os “médicos” da Ilha pagando aos legítimos donos desses súditos mais de 80% do salário que lhes foi nominalmente atribuído.

Cada salário pago no Brasil custa outros 102% (na média) a quem o paga. Quem trabalhou por ele recebe apenas 49% da riqueza que produziu, portanto. O Estado brasileiro é, consequentemente, o sócio majoritário da mais valia de todo trabalhador deste país.

a5

Ainda que se desconte desse todo o que é desviado para tornar as aposentadorias públicas 36 vezes, em média, maiores que as privadas, o que volta dessas contribuições de toda uma vida ao seu legítimo proprietário é de monta a acarretar ao “administrador” de tal bolada mil anos de prisão até mesmo sob a esgarçada legislação brasileira, se fosse exigida dele a performance mínima que a lei exige de qualquer seguradora privada.

Trata-se de cotidiano assalto a mão armada que ocorre por cima dos outros assaltos a mão armada que se sofre nas ruas quase todos os dias. O maior de todos.

E, no entanto, ninguém já sequer o menciona neste “país sem pobreza”.
Os historiadores do futuro se lembrarão desse confisco como o prolongamento da escravidão de que fomos o último país do Ocidente a nos livrar. Ou melhor, a pensar que nos livramos pois continuamos 51% nas mãos dos mesmos feitores de sempre.

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23 de dezembro de 2013
vespeiro

SAUDADE DO TEMPO DOS PREFEITOS

 

Depois reclamam por aumentar o número de pessoas,  em Brasília,  com saudade dos tempos de Juscelino Kubitschek, quando o governo do Distrito Federal compunha-se de um prefeito nomeado e de alguns secretários.  Jânio, Jango e os generais-presidentes seguiram a receita, sempre escolhendo gente de reputação ilibada e, na maioria das vezes, de  capacidade administrativa.

As coisas só pioraram quando o Congresso aprovou emendas sucessivas, estabelecendo eleições diretas de governador, representação na Câmara e no Senado e uma  Assembleia Distrital. Com as exceções de sempre, a capital federal viu-se tomada pelo que de pior existia na política partidária.

Com o aumento da população, prevista para ficar em 500 mil habitantes e hoje beirando os três milhões, foi a festa para quantos se especializaram em explorar os ingênuos e locupletar-se com a coisa pública. Emergiram, no centro do país, verdadeiras quadrilhas.

De lá para cá, tivemos governadores e senadores cassados e  presos, além de deputados processados aos montes. Além dos que permanecem à sombra, impunes, dividindo com ampla categoria de maus empresários os frutos do esbulho e da roubalheira. Pois o pior ainda está por vir: as pesquisas indicam a volta da maioria dos bandidos, pelo voto.

Brasília é a casa do presidente da República, mas fazer o quê, se a cidade defronta-se com o retorno dos amigos do  Ali Babá? Que representação é essa, vale repetir, com as exceções de sempre?
Por essas e outras é que dá saudade do tempo dos prefeitos…

ULTIMO ESFORÇO

Combinaram os presidentes da Câmara e do Senado de promover um último esforço para a aprovação da reforma política, a partir de fevereiro e com prazo fatal para esgotar-se em julho. Para Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros, o ano parlamentar estará  limitado ao primeiro semestre de 2014. 
Depois, serão meses de  recesso remunerado, com deputados e senadores empenhados na campanha eleitoral.  Há quem suponha tratar-se de sonho de noite de verão. O que não foi feito em anos não se concretizará em meses.

23 de dezembro de 2013
Carlos Chagas

ALLAN KARDEC E AS COINCIDÊNCIAS ENTRE OS ENSINAMENTOS DE SÓCRATES (400 ANOS A.C.) E AS DOUTRINAS DO CRISTIANISMO E DO ESPIRITISMO

 



Ontem, falamos aqui sobre os sete grandes avatares que criaram as principais religiões da atualidade, com doutrinas muito semelhantes e praticamente os mesmos ensinamentos, na idêntica tentativa de melhorar a vida de todos e de criar relações sociais mais justas e humanas, numa impressionante coincidência de propósitos e princípios filosóficos pregados por Krishna, Lao Tse, Moisés, Buda, Confúcio, Sócrates, Jesus Cristo e Maomé.

Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Allan Kardec afirmou que a doutrina cristã “foi pressentida muitos séculos antes de Jesus e dos essênios, tendo por principais precursores Sócrates e Platão”. Essa questão realmente é fora de dúvida, diante dos registros feitos por dois discípulos, Platão e Xenofonte, a respeito da religiosidade e da espiritualidade de Sócrates.

Nesta obra, Kardec resumiu os pontos de maior relevo do pensamento socrático, para mostrar a coincidência dos princípios difundidos pelo filósofo ateniense 400 anos antes do nascimento de Jesus e que foram absorvidos pelo Cristianismo e depois pelo Espiritismo.

Em verdade, Sócrates era religioso, combatia o paganismo e o politeísmo. Além disso, acreditava no juízo final, conforme Xenofonte registrou na obra “Memoráveis”, ao reproduzir a seguinte frase do filósofo greco, quando condenado à morte. “Mas eis a hora de partimos, eu para morte, vós para a vida. Quem de nós segue o melhor rumo, ninguém o sabe, exceto o Deus”.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Kardec usou os textos que Platão registrou em suas obras, especialmente “Fédon” e  “Apologia”, além de algumas citações de Xenofonte, para demonstrar que “se Sócrates e Platão pressentiram a idéia cristã, em seus escritos também se encontram os princípios fundamentais do Espiritismo”.
Eis parte do resumo da doutrina de Sócrates e de Platão, na visão de Allan Kardec, pseudônimo do educador, escritor e tradutor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804/1869) que se notabilizou como codificador do Espiritismo (neologismo por ele criado), também denominado de Doutrina Espírita.

I. O homem é uma alma encarnada. Antes da sua encarnação, a alma existia unida aos tipos primordiais, às ideias do verdadeiro, do bem e do belo; separa-se deles, encarnando, e, recordando o seu passado, é mais ou menos atormentada pelo desejo de voltar a ele.
Segundo Kardec, nesse pensamento de Sócrates se desenha a base da crença na preexistência da alma, assim como o germe da chamada doutrina dos Anjos Caídos, no Cristianismo.

II. A alma se transvia e perturba, quando se serve do corpo para considerar qualquer objeto; tem vertigem, como se estivesse ebria, porque se prende a coisas que estão, por sua natureza, sujeitas a mudanças; ao passo que, quando contempla a sua própria essência, dirige-se para o que é puro, eterno, imortal, e, sendo ela desta natureza, permanece aí ligada, por tanto tempo quanto passa. Cessam então os seus transviamentos, pois está unida ao que é imutável, e a esse estado da alma é que se chama sabedoria.
Assim, como ensina o Espiritismo, dizia Kardec que Sócrates já destacava que, para se ter a posse da verdadeira sabedoria, é preciso isolar do corpo a alma, para ver com os olhos do Espírito.

CORPO E ALMA

III. Enquanto tivermos o corpo e a alma mergulhados nessa corrupção, nunca possuiremos o objeto dos nossos desejos: a verdade. Com efeito, o corpo nos suscita mil obstáculos pela necessidade de cuidar dele. Ademais, ele nos enche de desejos, de apetites, de temores, de mil quimeras e de mil tolices, de maneira que pode se tornar impossível sermos ajuizados, sequer por um instante. Mas, se não nos é possível conhecer puramente coisa alguma, enquanto a alma está ligada ao corpo, de duas uma: ou jamais conheceremos a verdade, ou só a conheceremos após a morte. Libertos da loucura do corpo, então conversaremos – lícito é esperá-lo – com homens igualmente libertos e conheceremos, por nós mesmos, a essência das coisas. Essa a razão por que os verdadeiros filósofos aceitam morrer, pois a morte não se lhes afigura, de modo nenhum, temível.

Ainda segundo Kardec, este ensinamento de Sócrates traça o princípio das faculdades da alma que são obscurecidas pelos anseios do corpo, com a expansão dessas faculdades depois da morte.

IV. A alma impura, nesse estado, se encontra oprimida e se vê de novo arrastada para o mundo visível, pelo horror do que é invisível e imaterial. Erra, então, diz-se, em torno dos monumentos e dos túmulos, junto aos quais já se têm visto tenebrosos fantasmas, quais devem ser as imagens das almas que deixaram o corpo sem estarem ainda inteiramente puras, que ainda conservam alguma coisa da forma material, o que faz que a vista humana possa percebê-las. Não são as almas dos bons; porém, as dos maus, que se veem forçadas a vagar por esses lugares, onde arrastam consigo a pena do primeira vida que tiveram e onde continuam a vagar até que os apetites inerentes à forma material de que se revestiram as reconduzam a um corpo. Então, sem dúvida, retomam os mesmos costumes que durante a primeira vida constituíam objeto de suas predileções.

Dizia Kardec que não somente o princípio da reencarnação se acha claramente expresso neste pensamento de Sócrates, mas também o estado das almas que se mantêm sob o jugo da matéria é descrito tal  qual o mostra o Espiritismo nas evocações.

OS ESPÍRITOS

V. Após a nossa morte, o daimon (espírito), que nos fora designado durante a vida, leva-nos a um lugar onde se reúnem todos os que têm de ser conduzidas ao Hades, para serem julgados. As almas, depois de haverem estado no Hades o tempo necessário, são reconduzidas a esta vida em múltiplos e longos períodos.
Na visão de Kardec, eis a doutrina dos Anjos Guardiães, ou Espíritos Protetores, e das reencarnações sucessivas, em seguida a intervalos mais ou menos longos de erraticidade.

VI. Os daimons ocupam o espaço que separa o céu da Terra; constituem o laço que une o Grande Todo a si mesmo. Não entrando nunca a divindade em comunicação direta com o homem, é por intermédio dos daimons que os deuses entram em contato e se entretêm com ele, quer durante a vigília, quer durante o sono.

Explicava Kardec que a palavra daimon, usada por Sócrates e da qual derivou o termo demônio, não designava exclusivamente seres malfazejos, mas todos os Espíritos, em geral, dentre os quais se destacavam os Espíritos superiores, chamados deuses, e os menos elevados, ou demônios propriamente ditos, que se comunicavam diretamente com os homens.

“Também o Espiritismo diz que os Espíritos povoam o espaço; que Deus só se comunica com os homens por intermédio dos Espíritos puros, que são os incumbidos de lhe transmitir as vontades; que os Espíritos se comunicam com eles durante a vigília e durante o sono. Ao invés da palavra demônio, se usarmos a palavra Espírito, teremos a doutrina espírita; se usarmos a palavra Anjo, teremos a doutrina cristã”, dizia Kardec.

VII. Se a alma é imaterial, tem de passar, após essa vida, a um mundo igualmente invisível e imaterial, do mesmo modo que o corpo, decompondo-se, volta à matéria. Muito importa, no entanto, distinguir bem a alma pura, verdadeiramente imaterial, que se alimente, como Deus, de ciência e pensamentos, da alma mais ou menos maculada de impurezas materiais, que a impedem de elevar-se para o divino e a retêm nos lugares da sua estada na Terra.

“Sócrates e Platão, como se vê, compreendiam perfeitamente os diferentes graus de desmaterialização das almas. Insistiam na diversidade de situações que resulta para elas da sua maior ou menor pureza. O que eles diziam, por intuição, o Espiritismo agora o prova”, assinalava Kardec.

MORTE E NOVA VIDA

IX. Se a morte fosse a dissolução completa do homem, muito ganhariam com a morte os maus, pois se veriam livres, ao mesmo tempo, do corpo, da alma e dos vícios. Aquele que guarnecer a alma, não de ornatos estranhos, mas com os que lhe são próprios, só esse poderá aguardar tranquilamente a hora da sua partida para o outro mundo.
Para Kardec, essa citação de Sócrates equivale a dizer que o somente o homem que se despojou dos vícios e se enriqueceu de virtudes, pode esperar com tranquilidade o despertar na outra vida, como pregam o Cristianismo e o Espiritismo.

X. O corpo conserva bem impressos os vestígios dos cuidados de que foi objeto e dos acidentes que sofreu. Dá-se o mesmo com a alma. Quando despida do corpo, ela guarda, evidentes, os traços do seu caráter, de suas afeições e as marcas que lhe deixaram todos os atos de sua visa. Assim, a maior desgraça que pode acontecer ao homem é ir para o outro mundo com a alma carregada de crimes.

“Deparamos aqui com outro ponto capital, confirmado hoje pela experiência – o de que a alma não depurada conserva as ideias, as tendências, o caráter e as paixões que teve na Terra. Não é inteiramente cristã esta máxima: Mais vale receber do que cometer uma injustiça?”, escreveu Kardec, sobre este pensamento de Sócrates.

E na introdução de sua principal obra, Allan Kardec segue analisando muitos outros pensamentos de Sócrates que inspiraram o Cristianismo e o Espiritismo.

O assunto é  importante e intrigante. Amanhã
voltaremos a ele, falando um pouco mais sobre
os pensamentos de Sócrates acerca da reencarnação.
 
23 de dezembro de 2013
Carlos Newton

HUMOR DO DUKE

Charge O Tempo 22/12
 
23 de dezembro de 2013


NATAL NO INFERNO: NÃO HOUVE MELHORIAS NO SINISTRO PRESÍDIO DO MARANHÃO

   



O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) informou que não houve melhorias nas condições do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, capital do Maranhão, após a primeira inspeção realizada pelo órgão, em outubro.
Uma nova inspeção foi realizada quarta-feira (17), após novas mortes causadas por brigas entre facções rivais que atuam dentro do presidio, com decapitações. Neste ano, 41 presos morreram.

De acordo com o presidente da Comissão de Sistema Prisional do CNMP, Alexandre Saliba, de outubro para cá, não houve mudança em relação às condições de superlotação e aos constantes assassinatos de presos.
"A situação em nada se alterou em relação ao verificado em outubro. Não houve qualquer progresso ou melhoria nas condições do complexo penitenciário”, afirmou Saliba.

O conselheiro esteve com a governadora do estado, Roseana Sarney, para discutir os problemas encontrados na penitenciária. Saliba entregou à governadora o pedido de informações feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre as condições dos presídios do estado.

Roseana disse que  responderá aos questionamentos até esta terça-feira (24).
As informações prestadas poderão subsidiar um eventual pedido de intervenção federal no estado devido à situação dos presídios.

OEA PEDE PROVIDÊNCIAS

Por causa dos assassinatos ocorridos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), pediu que o Brasil adote medidas efetivas para evitar a morte de presos na instituição, a redução imediata da superlotação das penitenciárias e investigação dos homicídios ocorridos.

23 de dezembro de 2013
André Richter
Agência Brasil

PÃO, CIRCO E VIOLÊNCIA

 

Vespasiano, o imperador, em 22 de junho de 79 d.C., pouco antes de morrer, em carta ao filho Tito, aconselhava-o a concluir a construção do Coliseum (Coliseu), que lhe daria “muitas alegrias e infinita memória”. Pois, entre um banheiro, um banco de escola ou um estádio, o povo preferia sentar-se nas arquibancadas deste.
O conselho fundamentava-se na ideia de que seduzir a plebe com pão e circo era a melhor receita para diminuir a insatisfação popular contra os governantes. Tito acabou inaugurando o famoso anfiteatro, no centro de Roma, com cem dias de festa.

Descortinava-se ali a era do “panis et circensis”, que consistia em proporcionar, naquela arena, espetáculos sangrentos entre gladiadores e distribuição gratuita de pão. Implicava alto custo para os cofres do Império, com elevação de impostos e economia destroçada, mas a prática populista emprestava enorme prestígio aos imperadores romanos.

É sabido que os jogos, ao longo da história, funcionaram como verniz para lustrar a imagem de governantes. Hoje, a estratégia para cooptar a simpatia das populações por meio das artes/artimanhas e do entretenimento continua a receber atenção de administradores públicos de todos os quadrantes.

O que tem mudado na paisagem dos espaços lúdicos não é a ambição dos condutores dos Estados de se alçarem aos píncaros da fama, mas o comportamento das plateias. Espectadores que outrora fruíam a catarse dos embates esportivos, exaltando ou deplorando o desempenho de contendores, tornam-se eles próprios competidores, lutadores, gladiadores, disparando uns contra outros não só a arma das imprecações, mas armas de fogo, partindo para a violência física.

O fenômeno toma vulto ante o risco de o Brasil vir a ser, por excelência, o palco da violência futebolística, pela constatação de que o aparato da segurança pública tem sido ineficaz para debelar a desordem e a pancadaria nas arquibancadas, a par de medidas paliativas, como cerceamento do acesso de torcedores a estádios, majoração do preço de ingressos, jogos com portões fechados, perda de mando de campo e multas aos clubes.

A mobilização de pessoas para a formação de grupos e a organização de torcidas obedecem a nova ordem que impregna a dinâmica social no mundo contemporâneo. Fazer parte de torcidas, como Mancha Verde e Gaviões da Fiel, passou a ser referência para habitantes de cidades congestionadas, carentes de serviços e lazer.

Condenar as turbas com designativos de vândalos, bandidos, selvagens; adensar forças policiais em estádios; continuar a usar meios tradicionais, como punição a clubes, não conseguirão eliminar a violência das torcidas organizadas. O disciplinamento e a ordem hão de levar em conta a elevação de padrões comportamentais, ancorada no esforço de educação (reeducação) de torcedores fanáticos.

Não se trata de promover meras ações de marketing cultural, mas um amplo programa com o objetivo de compor um ideário voltado para engrandecer o espírito da democracia, com respeito aos princípios da ordem e da disciplina, que não devem ser incompatíveis com o entusiasmo das torcidas.
Nem Vespasiano nem Tito imaginariam que, um dia, o dístico “panis et circensis” seria acrescido de “violentia”. Fosse assim, o velho Coliseu não estaria em pé.

(transcrito de O Tempo)

23 de dezembro de 2013
Gaudêncio Torquato

ATÉ AGORA NADA

Dilma e Lula continuam calados em relação ao escândalo envolvendo Rosemary Noronha

rosemary_noronha_08Doze meses se passaram do escândalo de corrupção protagonizado por Rosemary Noronha, que se apresentava aos interlocutores como namorado do lobista e alcaguete Lula, mas até agora a presidente da República não deu qualquer satisfação ao povo brasileiro, mais uma vez espoliado em seus direitos e recursos para financiar um esquema criminoso com a chancela do Partido dos Trabalhadores.

Tão logo a Operação Porto Seguro apontou na direção de Rosemary Noronha, a Marquesa de Garanhuns, Lula e Dilma passaram a agir nos bastidores para que detalhes do imbróglio não ultrapassassem as fronteiras da Polícia Federal.
Gravações telefônicas que mostravam Rose Noronha e alguns interlocutores combinando negócios escusos foram deixadas de lado, sem que a PF pudesse investir contra os criminosos.

Policiais que participaram da Operação Porto Seguro revelaram que é explosivo o conteúdo dos telefonemas e dos e-mails trocados entre os integrantes da quadrilha que vendia a peso de ouro pareceres de órgãos do governo federal.

Muitas dessas conversas trazem detalhes do envolvimento de gente graúda do governo e do próprio PT, que agia nas coxias do poder para garantir a execução de negócios ilegais.

Desde que o caso veio à tona, Lula passou a evitar a imprensa, o que acontece até hoje, pois é sabido que Rosemary Noronha agia deliberadamente sabendo que contava com o respaldo incondicional do ex-informante da ditadura militar.

Responsável maior pelo período mais corrupto da história do País, Lula sabe o que fez e consegue avaliar as consequências de eventual vazamento de detalhes do caso. Sem qualquer condição financeira para custear advogados de primeira linha, Rosemary Noronha tem a seu dispor uma equipe de criminalistas de fazer inveja aos mais ricos e famosos meliantes do planeta.
Os honorários dessa equipe de advogados estão sendo “custeados” por alguém que gravita na órbita do PT e goza da confiança dos “companheiros”, porque a ordem dentro do partido é evitar a todo custo que o “doutor honoris causa” vá pelos ares.

Um governo que abafa escândalo dessa natureza não merece credibilidade e muito menos tem moral para qualquer tipo de ação contra eventuais transgressores. Fosse o Brasil um país minimamente sério e com autoridades responsáveis, Dilma Rousseff já teria sido despejada do Palácio do Planalto, uma vez que sua conivência com o caso configura prevaricação.

Um processo de impeachment de Dilma só não prospera porque o governo do PT substituiu o esquema do Mensalão pelo loteamento da Esplanada dos Ministérios, o que em termos de assalto aos cofres públicos é igual ou maior do que surrupio que emoldurou o esquema de compra de parlamentares por meio de mesadas.

Depois de passar uma temporada sob a diuturna proteção de um empresário que transita com excesso de facilidade na cúpula petista, conhecido como “Eduardão”, Rosemary Noronha voltou a circular entre amigos, mesmo que com certa reserva.
Fora isso, a Marquesa de Garanhuns já não esconde que retomou a vida no confortável apartamento em que mora no bairro da Bela Vista, região central da cidade de São Paulo.

O mais interessante nessa epopeia do crime é que mesmo a Polícia Federal tendo em mãos uma considerável quantidade de provas, Rose insiste em afirmar que nada fez de errado. Isso é possível porque, assim como reinventou a classe média brasileira, o PT criou uma nova enciclopédia do crime.
E essas gatunagens inerentes à corrupção são consideradas desvios comportamentais leves no partido político que age como quadrilha.

23 de dezembro de 2013
ucho.info