Jamais, em tempo algum, esses poderosos poderiam imaginar que estariam na prisão ou na iminência de serem presos, a qualquer momento. Vivem em pânico a base de rivotril e calmantes. Observem só no noticiário recente, mostrando que mesmo após a deflagração da operação Zelotes, no ano passado, mais um integrante do Carf, aquele órgão julgador recursal do Ministério da Fazenda, base da Operação Zelotes, acaba de ser apanhado com a mão na massa e preso pela Polícia Federal. Ou seja, o conselheiro corrupto não deu a mínima importância ao fato de colegas seus terem sido presos negociando votos aos recursos apresentados pelos empresários.
Vejam a que ponto chegou a corrupção no país. Mesmo diante dos exemplos de figurões e políticos encarcerados, os corruptos continuam a delinquir.
IMPUNIDADE – Acho que estão acreditando e apostando em novas medidas favorecendo a impunidade, como a mordaça no Ministério Público, a volta da prisão somente após o trânsito em julgado em última instância e o execrável instituto do “abuso de autoridade”.
Será que o Poder Legislativo tem mesmo vocação para a autofagia e o precipício? Estão brincando com fogo; portanto, podem se queimar. Quando isso acontecer, o povo não moverá uma palha para tirar suas excelências do abismo, em direção ao qual caminham celeremente, por conta e risco próprios.
ACORDO SUJO – Já vi esse filme queimado diversas vezes. A aliança que levou Rodrigo Maia ao cargo de presidente da Câmara até 2017 está inserida na proteção a empresários e financiadores de campanha. O PT participou do acordo. Não importa para os políticos a sigla que vence uma disputa, e sim os objetivos de seus líderes. Com Rogério Rosso, seria a mesma coisa, com o detalhe de favorecer o grupo de Eduardo Cunha, o grande derrotado na vitória do deputado ultraconservador do DEM (Partido Democrata).
Para completar o cenário pessimista, há um complô para acabar com a Lava Jato, e o deadline (fim) da operação foi fixado para dezembro de 2016. Querem zerar o jogo a partir de 2017. Os políticos não aguentam mais o stress, a espera de que sejam os próximos a receberem a visita dos federais já pela manhã.
O FIM DA LAVA JATO – Vai acabar a Lava Jato não somente porque expõe as veias abertas da corrupção de empresários e dos três Poderes, mas também porque o povo não pode saber como agem seus representantes, já sabe demais e é preciso parar de informar o povo mais do que ele deve saber.
Vai acabar a Lava Lato porque as delações premiadas expõem gregos e troianos da classe A, que não aguentam as prisões por muito tempo sem caírem em profunda depressão. E também, porque os empresários receosos da prisão não querem mais doar os superfaturamentos de obras públicas para o caixa 2 dos partidos políticos.
Vai acabar a Lava Jato porque temem o juiz Sérgio Moro e sua honradez, a sua agilidade no ato de sentenciar, além do ciúme de seus pares, que não aguentam mais os elogios que Moro recebe no Brasil e no exterior. Por fim, vai acabar a Lava Jato porque os que mandam consideram que cadeia foi feito para pobre entrar nela. Rico tem que estar em prisão domiciliar sem tornozeleira eletrônica.
Não há a menor preocupação com os destinos do Brasil, o foco é o fim da Lava Jato. E o que fazer?
17 de julho de 2016
Roberto Nascimento