11 de maio de 2014
Este é um blog conservador. Um canal de denúncias do falso 'progressismo' e da corrupção que afronta a cidadania. Também não é um blog partidário, visto que os partidos que temos, representam interesses de grupos, e servem para encobrir o oportunismo político de bandidos. Falamos contra corruptos, estelionatários e fraudadores. Replicamos os melhores comentários e análises críticas, bem como textos divergentes, para reflexão do leitor. Além de textos mais amenos... (ou mais ou menos...) .
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.
domingo, 11 de maio de 2014
EM NOTA, PT AGRIDE O MINISTRO JOAQUIM BARBOSA
PT do Mensalão não desiste de desafiar Joaquim Barbosa e tentar emparedar o Judiciário: até agora perdeu todas.
Nota da Presidência Nacional do PT
“Ao obstruir novamente, de forma irregular e monocrática, o direito de José Dirceu cumprir a pena em regime semiaberto, o ministro Joaquim Barbosa comete uma arbitrariedade, tal como já o fizera ao negar a José Genoíno, portador de doença grave, o direito à prisão domiciliar. Mais ainda: apoiando-se em interpretação obtusa, ameaça fazer regressar ao regime fechado aqueles que já cumprem pena em regime semiaberto, com trabalho certo e atendendo a todas as exigências legais.
O PT protesta publicamente contra este retrocesso e espera que o plenário do STF ponha fim a este comportamento persecutório e faça valer a Justiça”.
Rui Falcão
Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores – PT
11 de maio de 2014
in coroneLeaks
FUNDOS DE PENSÃO TEM ROMBO DE R$ 22 BILHÕES.
E OS FUNDOS DE EMPRESAS ESTATAIS, COMO BANCO DO BRASIL, CAIXA E PETROBRAS LIDERAM A QUEBRADEIRA.
de previdência. Nos bastidores, o Ministério da Previdência já admite estender a folga para os planos com saldo em vermelho em 2014, dada a pressão do segmento e a falta de perspectivas de melhora da economia.
Pelo que se sabe o rombo é gigantesco, espécie de poço sem fundo! Mas a turma do PT que aparelhou a Previc, o órgão regulador desses fundos, minimiza o estrago. Mas na verdade a coisa é seria. |
Com déficit recorde de R$ 22 bilhões em 2013, mais que o dobro do ano anterior, os fundos de pensão contam com a ajuda do governo para evitar que empresas patrocinadoras e participantes tenham de aportar dinheiro nos planos
A regulamentação limitava a 10% do patrimônio o déficit em um ano. Se superasse esse patamar, os planos eram obrigados a apresentar um programa de resolução do saldo negativo no ano seguinte. A pedido dos fundos, o governo mudou a regra: o teto de déficit subiu para 15% em 2013. O alívio reduziu à metade a quantidade de planos que precisam apresentar ainda neste ano um plano para cobrir os desequilíbrios.
Os fundos pediram que o teto de 15% servisse como parâmetro até 2015. A decisão favorece as empresas estatais por dar um fôlego às companhias públicas que enfrentam problemas de caixa em meio à necessidade de austeridade fiscal. Para que os fundos se reequilibrem, é preciso aumentar as contribuições de participantes e patrocinadores.
O saldo negativo dos fundos de pensão no ano passado foi pior do que em 2009, auge da crise internacional. O déficit de R$ 22 bilhões foi publicado este mês pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), órgão fiscalizador do setor. Em 2012, o rombo foi de R$ 9 bilhões.
"É um resultado preocupante, mas precisamos lembrar que fundos de pensão são negócios de longuíssimo prazo", afirma José Edson da Cunha Júnior, secretário adjunto da Secretaria de Políticas da Previdência Complementar.
Ele diz que um dos principais fatores para a explosão do déficit em 2013 foi a desvalorização temporária de aplicações em títulos prefixados do governo, consequência da alta dos juros.
O governo determina que planos com déficit igual ou inferior a 10% do patrimônio por três anos consecutivos devem apresentar um plano de resolução do passivo no ano seguinte.
Nele, participantes e patrocinadores explicam como vão colocar mais dinheiro no plano. Se o déficit superar 10%, o plano tem de ser apresentado no ano seguinte. É esse porcentual que subiu para 15% em 2013 e deve continuar nesse patamar em 2014.
Fundos estatais têm maior rombo
O levantamento do déficit da Previc engloba todos os fundos de pensão do País. As entidades patrocinadas por empresas públicas são responsáveis por 65% dos ativos totais. O maior volume de recursos é encabeçado por Previ ( Banco do Brasil), 25% dos ativos ; Petros ( Petrobrás),11% e Funcef (Caixa), 8%. Como respondem pela maior parte dos ativos, os fundos patrocinados por estatais também são responsáveis pela maior parte do déficit de 2013.
11 de maio de 2014
in aluizio amorim
DIMINUIR O ESTADO: A SOLUÇÃO
A Petrobras é uma sociedade anônima cotada nas bolsas de São Paulo e Nova Iork, tendo por maior acionista a União. Os desmandos políticos colocam em risco a sua saúde financeira e gerencial. Impõe-se pensar os limites do Estado na economia. Tem-se dito que o poder político corrompe e que o poder político absoluto corrompe muito mais. O ditado é veraz.
Por um lado, o ditado nos leva à conclusão - mais imediata - da necessidade de apear o PT do governo. O partido que pregava a ética na política foi tomado de um cinismo florentino. Protesta inocência e perseguição mesmo diante das evidências mais claras e das provas mais lídimas. Seus próceres e militantes desacatam o presidente do STF, chamando-o de "ditador".
André Vargas, então vice-presidente da Câmara dos Deputados, surpreendido com a mão na botija, tem a audácia de continuar no Congresso. Uma presidente não se exime de seus erros, pondo na imprensa a culpa. O ex-presidente Lula reúne seus blogueiros para se dizer favorável à censura aos meios de comunicação. Até quando roubarão, mentirão, aparelhando o Estado em todos os níveis? E agora esta: o mensalão foi 80% político e 20% jurídico. O ministro Marco Aurélio não resistiu: "É troço de doido". Parece mas não é. É de propósito, para impressionar "o povão".
Por outro lado, o velho ditado nos indica - mediatamente - a necessidade de diminuir o Estado, quer como pessoa política quer como dono de empresas. Toda essa roubalheira inexistiria se o Estado não tivesse tantos cargos de recrutamento amplo a ser preenchidos pelos quadros partidários. Essa indecente roubalheira, repita-se à exaustão, não estaria ocorrendo se o Estado brasileiro não fosse dono de tantas empresas estatais.
O caso da Petrobras é emblemático. A impressão é de que todos os seus contratos exigem propina para se perfazerem. Sabemos de dois casos apenas: o da incrível refinaria de Pasadena, nos EUA, adquirida por quase US$ 2 bilhões (hoje não vale nem US$ 200 milhões), e o do ex-diretor de suprimentos da empresa, a cobrar comissão em centenas de contratações para dois fins repugnantes: o enriquecimento ilícito e a formação de caixa 2 para campanhas eleitorais. A Petrobras tornou-se cabide de empregos, perdeu valor, ficou sem gestão, virou plataforma de negócios escusos.
O mesmo ocorre, com absoluta certeza, na chamada administração indireta e noutras estatais. Como lembrou Lula, não foram aqueles R$ 3.500 recebidos por um chefete dos Correios (à época enfeudado ao PTB do Sr. Roberto Jefferson) que desatou o nó do mensalão? Bastou o líder do PTB dizer que tinha um "carequinha" de Minas distribuindo dinheiro em Brasília, para toda a trama tornar-se visível (ao menos uma parte). O resto ficou nas sombras...
Quem nos garante inexistir outras tenebrosas transações em nosso gigantesco Estado, suas autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista, bancos governamentais e agências reguladoras? E o que dizer dos milhares de sindicatos, associações e ONGs a receberem verbas de todo tipo para repassá-las aos "aparelhos" dos donos do poder? Organização não governamental no Brasil é sinônimo de "repartição pública". As empresas estatais, por sua vez, não visam lucros, mas a dar lucros aos partidos aboletados no poder, que as controlam como "cosa nostra".
Nos EUA, a mais poderosa economia do mundo, o Estado não é dono de uma empresa sequer nem tem "administração indireta", prova acabada da superioridade das economias baseadas na livre iniciativa. Sei que são histórias diferentes. Mas, no século 21, bem podemos reorientar nossas posições e reconverter a economia, a teor do artigo 170 da CF/88. Economias estatizadas sofrem inevitavelmente de intromissão política, de ineficácia gerencial e de corrupção generalizada. É ver Cuba e Coreia do Norte, duas nações penitenciárias mal administradas pelo Estado.
A história é mestra, basta ver a Venezuela e a Argentina. A privatização das empresas estatais é a solução mais adequada. As empresas particulares visam resultados e não se deixam roubar. Mal dirigidas, correm o risco dos negócios e entram em falência. As estatais - caso da Petrobras - são socorridas pelo Tesouro e pelo BNDES às nossas expensas. Podem fazer absurdos e fica por isso mesmo.
Os do governo estão a proclamar que estamos a difamar a empresa para fins políticos. Dizem que se quer "privatizar" o que é do povo. Não, eles é que apropriaram-se do que deveria ser do povo. A Petrobras merece melhor sorte. O controle acionário da empresa (ações com direito a voto) deveria ser dos brasileiros e de suas pessoas jurídicas, não do governo, com a transformação em preferencial das ações votantes passados a estrangeiros, de modo a perpetuar a bandeira nacional. Do modo como está é que não pode ficar. É preciso salvar a Petrobras, livrando-a do seu algoz, o governo federal.
11 de maio de 2014
Sacha Calmon, Correio Braziliense
Por um lado, o ditado nos leva à conclusão - mais imediata - da necessidade de apear o PT do governo. O partido que pregava a ética na política foi tomado de um cinismo florentino. Protesta inocência e perseguição mesmo diante das evidências mais claras e das provas mais lídimas. Seus próceres e militantes desacatam o presidente do STF, chamando-o de "ditador".
André Vargas, então vice-presidente da Câmara dos Deputados, surpreendido com a mão na botija, tem a audácia de continuar no Congresso. Uma presidente não se exime de seus erros, pondo na imprensa a culpa. O ex-presidente Lula reúne seus blogueiros para se dizer favorável à censura aos meios de comunicação. Até quando roubarão, mentirão, aparelhando o Estado em todos os níveis? E agora esta: o mensalão foi 80% político e 20% jurídico. O ministro Marco Aurélio não resistiu: "É troço de doido". Parece mas não é. É de propósito, para impressionar "o povão".
Por outro lado, o velho ditado nos indica - mediatamente - a necessidade de diminuir o Estado, quer como pessoa política quer como dono de empresas. Toda essa roubalheira inexistiria se o Estado não tivesse tantos cargos de recrutamento amplo a ser preenchidos pelos quadros partidários. Essa indecente roubalheira, repita-se à exaustão, não estaria ocorrendo se o Estado brasileiro não fosse dono de tantas empresas estatais.
O caso da Petrobras é emblemático. A impressão é de que todos os seus contratos exigem propina para se perfazerem. Sabemos de dois casos apenas: o da incrível refinaria de Pasadena, nos EUA, adquirida por quase US$ 2 bilhões (hoje não vale nem US$ 200 milhões), e o do ex-diretor de suprimentos da empresa, a cobrar comissão em centenas de contratações para dois fins repugnantes: o enriquecimento ilícito e a formação de caixa 2 para campanhas eleitorais. A Petrobras tornou-se cabide de empregos, perdeu valor, ficou sem gestão, virou plataforma de negócios escusos.
O mesmo ocorre, com absoluta certeza, na chamada administração indireta e noutras estatais. Como lembrou Lula, não foram aqueles R$ 3.500 recebidos por um chefete dos Correios (à época enfeudado ao PTB do Sr. Roberto Jefferson) que desatou o nó do mensalão? Bastou o líder do PTB dizer que tinha um "carequinha" de Minas distribuindo dinheiro em Brasília, para toda a trama tornar-se visível (ao menos uma parte). O resto ficou nas sombras...
Quem nos garante inexistir outras tenebrosas transações em nosso gigantesco Estado, suas autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista, bancos governamentais e agências reguladoras? E o que dizer dos milhares de sindicatos, associações e ONGs a receberem verbas de todo tipo para repassá-las aos "aparelhos" dos donos do poder? Organização não governamental no Brasil é sinônimo de "repartição pública". As empresas estatais, por sua vez, não visam lucros, mas a dar lucros aos partidos aboletados no poder, que as controlam como "cosa nostra".
Nos EUA, a mais poderosa economia do mundo, o Estado não é dono de uma empresa sequer nem tem "administração indireta", prova acabada da superioridade das economias baseadas na livre iniciativa. Sei que são histórias diferentes. Mas, no século 21, bem podemos reorientar nossas posições e reconverter a economia, a teor do artigo 170 da CF/88. Economias estatizadas sofrem inevitavelmente de intromissão política, de ineficácia gerencial e de corrupção generalizada. É ver Cuba e Coreia do Norte, duas nações penitenciárias mal administradas pelo Estado.
A história é mestra, basta ver a Venezuela e a Argentina. A privatização das empresas estatais é a solução mais adequada. As empresas particulares visam resultados e não se deixam roubar. Mal dirigidas, correm o risco dos negócios e entram em falência. As estatais - caso da Petrobras - são socorridas pelo Tesouro e pelo BNDES às nossas expensas. Podem fazer absurdos e fica por isso mesmo.
Os do governo estão a proclamar que estamos a difamar a empresa para fins políticos. Dizem que se quer "privatizar" o que é do povo. Não, eles é que apropriaram-se do que deveria ser do povo. A Petrobras merece melhor sorte. O controle acionário da empresa (ações com direito a voto) deveria ser dos brasileiros e de suas pessoas jurídicas, não do governo, com a transformação em preferencial das ações votantes passados a estrangeiros, de modo a perpetuar a bandeira nacional. Do modo como está é que não pode ficar. É preciso salvar a Petrobras, livrando-a do seu algoz, o governo federal.
11 de maio de 2014
Sacha Calmon, Correio Braziliense
MAIS UMA DO DOUTOR
Doutor Honoris Causa significa doutor por causa da honra. Nosso ex-presidente Lula abiscoitou, em Salamanca, o 27º desses diplomas. Todos por causa da honra. De Salamanca foi a Lisboa, comemorou os 40 anos da Revolução dos Cravos e concedeu uma entrevista à RTP Rádio e Televisão de Portugal que deve ter escandalizado seus companheiros na Papuda. Vão-se os amigos, mas se conservam os dedos, ora pois.
Em trecho da matéria (basta procurar no YouTube por "entrevista de Lula à RTP"), a repórter o indaga sobre o fato de "pessoas de sua confiança" terem sido presas. E Lula buscou salvar a própria pele: "Não se trata de gente de minha confiança". Acrescentou à fala um gesto como que afastando de si os condenados e tentou arredondar: "Tem companheiros do PT presos". Ele estava falando de Dirceu, Genoino, Delúbio! E por aí foi desandando o grande ídolo do petismo nacional, acusando o STF de haver produzido um julgamento 80% político e concluindo com uma frase bem ao gosto do seu auditório caseiro: "Essa história ainda vai ser recontada, para saber o que aconteceu na verdade". Pelo jeito vem aí outra comissão da verdade...
No entanto, a melhor frase em toda a entrevista foi: "O que eu acho é que não houve mensalão". Pronto! Com essa sacada no repertório das esquivas afastou de si a sombra do maior escândalo da história da República. Ele estava afirmando que não pode ser atingido por algo que "acha" que não houve. Entretanto, vejamos como ficam as coisas se o mensalão não aconteceu. Os muitos milhões que circularam por agências de publicidade e bancos durante quase dois anos não teriam chegado aos líderes de bancada que atualmente estão presos. Se o dinheiro não chegou a eles e, por meio deles, a parlamentares dos respectivos bancados, então o ervanário se desfez no ar porque, materialmente, existiu. Existiu, foi lavado, foram assinados cheques e recibos, foram transportados valores, e há banqueiros e empresários condenados a penas ainda maiores do que as que atribuídas aos réus políticos.
Mais, se há no STF um ministro cuja lealdade ao governo ninguém põe em dúvida é o Dias Toffoli. Pois mesmo ele, com a parceria de Ricardo Lewandowski, ao apreciar o crime de corrupção passiva imputado a nove réus do mensalão, condenou sete dos acusados! E assim foram os dois ministros, em relação aos crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, peculato e evasão de divisas. Sempre condenaram a vários no processo do mensalão. Por um crime que não aconteceu, doutor Lula?
11 de maio de 2014
Percival Puggina, Zero Hora
Em trecho da matéria (basta procurar no YouTube por "entrevista de Lula à RTP"), a repórter o indaga sobre o fato de "pessoas de sua confiança" terem sido presas. E Lula buscou salvar a própria pele: "Não se trata de gente de minha confiança". Acrescentou à fala um gesto como que afastando de si os condenados e tentou arredondar: "Tem companheiros do PT presos". Ele estava falando de Dirceu, Genoino, Delúbio! E por aí foi desandando o grande ídolo do petismo nacional, acusando o STF de haver produzido um julgamento 80% político e concluindo com uma frase bem ao gosto do seu auditório caseiro: "Essa história ainda vai ser recontada, para saber o que aconteceu na verdade". Pelo jeito vem aí outra comissão da verdade...
No entanto, a melhor frase em toda a entrevista foi: "O que eu acho é que não houve mensalão". Pronto! Com essa sacada no repertório das esquivas afastou de si a sombra do maior escândalo da história da República. Ele estava afirmando que não pode ser atingido por algo que "acha" que não houve. Entretanto, vejamos como ficam as coisas se o mensalão não aconteceu. Os muitos milhões que circularam por agências de publicidade e bancos durante quase dois anos não teriam chegado aos líderes de bancada que atualmente estão presos. Se o dinheiro não chegou a eles e, por meio deles, a parlamentares dos respectivos bancados, então o ervanário se desfez no ar porque, materialmente, existiu. Existiu, foi lavado, foram assinados cheques e recibos, foram transportados valores, e há banqueiros e empresários condenados a penas ainda maiores do que as que atribuídas aos réus políticos.
Mais, se há no STF um ministro cuja lealdade ao governo ninguém põe em dúvida é o Dias Toffoli. Pois mesmo ele, com a parceria de Ricardo Lewandowski, ao apreciar o crime de corrupção passiva imputado a nove réus do mensalão, condenou sete dos acusados! E assim foram os dois ministros, em relação aos crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, peculato e evasão de divisas. Sempre condenaram a vários no processo do mensalão. Por um crime que não aconteceu, doutor Lula?
11 de maio de 2014
Percival Puggina, Zero Hora
POPULISMO E VIOLÊNCIA
As duas principais cidades do País, São Paulo e Rio de Janeiro, foram sacudidas na quinta-feira por manifestações públicas que em muitos pontos descambaram para a violência. Na capital paulista, cinco movimentos -três deles simultâneos - levaram às ruas militantes sem-teto que invadiram e picharam as sedes das três maiores empreiteiras responsáveis pelas obras da Copa do Mundo. No Rio, motoristas e cobradores em greve depredaram 467 ônibus - isso mesmo, quase meio milhar. O grave não são esses lamentáveis episódios em si. Gravíssimo é o fato de que eles estão se tornando banais, corriqueiros, cada vez mais descontrolados, revelando a cada dia com maior nitidez um cenário de convulsão social que ninguém sabe onde e como vai terminar.
Manifestações populares pacíficas, movimentos reivindicatórios ordeiros, atos públicos de protesto realizados sem violência são importantes para o aperfeiçoamento e fortalecimento das instituições democráticas.
Mas, quando se olha para o que está acontecendo em todo o País, o que se vê é muito diferente disso. Há fatores perturbadores que precisam ser levados em conta na avaliação dessas manifestações e da posição que o poder público tem assumido diante delas.
Um desses fatores é, obviamente, o sistemático desrespeito à lei e o desprezo pela segurança pública. Ninguém tem o direito, por mais justa que seja a causa que defende, de violar direitos alheios e muito menos de colocar em risco a integridade física de pessoas e do patrimônio público e privado, promovendo depredações e invadindo propriedades. São atos que a lei proíbe e pune e que o bom senso repele por serem contrários à boa convivência democrática.
Por outro lado, a intensidade com que avultam essas manifestações, abrangendo um amplo universo de agendas específicas - lamentavelmente pontuadas por atos de violência -, sugere que a sociedade brasileira está insatisfeita, inconformada, revoltada.
Mas este não é o país maravilhoso que em dez anos promoveu o milagre do resgate social dos desvalidos e se projetou triunfante na cena antes só frequentada pelas grandes potências mundiais? Não é o país em que o povo pode contar com as promessas de que tudo vai ficar melhor ainda, pois há infinitas bondades a serem sacadas da cornucópia dos poderosos?
É claro que o governo - que para onde olhe só enxerga urnas eleitorais - tem tudo a ver com o sentimento difuso de insatisfação que permeia a sociedade. Pois predomina o sentimento, nem sempre expresso com clareza, de que as conquistas das últimas décadas, obtidas com grandes sacrifícios - desde o controle da inflação e a valorização da moeda até uma melhor distribuição de renda -, correm sério risco diante da incompetência administrativa de um governo unicamente preocupado em se manter no poder.
A tudo isso se somam os temores gerados pela cúmplice despreocupação do governo com o gangsterismo que floresce em certos movimentos ditos sociais - aqueles que lideram a violência e o esbulho.
Afinal, que outra interpretação dar ao fato de a presidente Dilma Rousseff abrir espaço em sua agenda para dar atenção a manifestantes que, ao lado do local do encontro, estão cometendo o crime de invadir uma propriedade privada? Atitudes de mero oportunismo eleitoral como essa são, no mínimo, antipedagógicas do ponto de vista do exercício da cidadania. Afinal, se a chefe do governo é tolerante com invasores de Itaquera, por que não o será também com outros crimes?
Aos invasores que saíram do encontro com a presidente embalados pela promessa de que tudo será feito para incluí-los no Minha Casa, Minha Vida, cabe a piedosa advertência de que, se tudo der certo, correrão o risco de se tornarem eles próprios vítimas do crime que hoje praticam, pois até mesmo no programa habitacional do governo as invasões são cada vez mais frequentes e toleradas.
O fato é que as incertezas que hoje assombram o País têm também sua origem nas omissões e desmandos de um governo populista que há mais de dez anos entrega muito menos do que promete. E promove, com os hábitos perniciosos cultivados por setores do PT, a lassidão moral que ameaça as instituições.
11 de maio de 2014
Editorial O Estadão
Manifestações populares pacíficas, movimentos reivindicatórios ordeiros, atos públicos de protesto realizados sem violência são importantes para o aperfeiçoamento e fortalecimento das instituições democráticas.
Mas, quando se olha para o que está acontecendo em todo o País, o que se vê é muito diferente disso. Há fatores perturbadores que precisam ser levados em conta na avaliação dessas manifestações e da posição que o poder público tem assumido diante delas.
Um desses fatores é, obviamente, o sistemático desrespeito à lei e o desprezo pela segurança pública. Ninguém tem o direito, por mais justa que seja a causa que defende, de violar direitos alheios e muito menos de colocar em risco a integridade física de pessoas e do patrimônio público e privado, promovendo depredações e invadindo propriedades. São atos que a lei proíbe e pune e que o bom senso repele por serem contrários à boa convivência democrática.
Por outro lado, a intensidade com que avultam essas manifestações, abrangendo um amplo universo de agendas específicas - lamentavelmente pontuadas por atos de violência -, sugere que a sociedade brasileira está insatisfeita, inconformada, revoltada.
Mas este não é o país maravilhoso que em dez anos promoveu o milagre do resgate social dos desvalidos e se projetou triunfante na cena antes só frequentada pelas grandes potências mundiais? Não é o país em que o povo pode contar com as promessas de que tudo vai ficar melhor ainda, pois há infinitas bondades a serem sacadas da cornucópia dos poderosos?
É claro que o governo - que para onde olhe só enxerga urnas eleitorais - tem tudo a ver com o sentimento difuso de insatisfação que permeia a sociedade. Pois predomina o sentimento, nem sempre expresso com clareza, de que as conquistas das últimas décadas, obtidas com grandes sacrifícios - desde o controle da inflação e a valorização da moeda até uma melhor distribuição de renda -, correm sério risco diante da incompetência administrativa de um governo unicamente preocupado em se manter no poder.
A tudo isso se somam os temores gerados pela cúmplice despreocupação do governo com o gangsterismo que floresce em certos movimentos ditos sociais - aqueles que lideram a violência e o esbulho.
Afinal, que outra interpretação dar ao fato de a presidente Dilma Rousseff abrir espaço em sua agenda para dar atenção a manifestantes que, ao lado do local do encontro, estão cometendo o crime de invadir uma propriedade privada? Atitudes de mero oportunismo eleitoral como essa são, no mínimo, antipedagógicas do ponto de vista do exercício da cidadania. Afinal, se a chefe do governo é tolerante com invasores de Itaquera, por que não o será também com outros crimes?
Aos invasores que saíram do encontro com a presidente embalados pela promessa de que tudo será feito para incluí-los no Minha Casa, Minha Vida, cabe a piedosa advertência de que, se tudo der certo, correrão o risco de se tornarem eles próprios vítimas do crime que hoje praticam, pois até mesmo no programa habitacional do governo as invasões são cada vez mais frequentes e toleradas.
O fato é que as incertezas que hoje assombram o País têm também sua origem nas omissões e desmandos de um governo populista que há mais de dez anos entrega muito menos do que promete. E promove, com os hábitos perniciosos cultivados por setores do PT, a lassidão moral que ameaça as instituições.
11 de maio de 2014
Editorial O Estadão
QUADRIÊNIO PERDIDO
Configura-se no horizonte o cenário de um quadriênio perdido para o Brasil. Relatório divulgado pela OCDE na semana passada trouxe uma revisão para pior das projeções da entidade para a economia brasileira no corrente ano, juntando-se às previsões igualmente pessimistas do FMI e dos analistas participantes da pesquisa Focus do Banco Central (BC). A expectativa da maioria é a de que o PIB cresça abaixo de 2% neste ano, com a inflação beirando o teto da banda de tolerância estabelecido no regime de metas (6,5%). Se tais prognósticos se confirmarem, o Brasil apresentará crescimento médio em torno de 2% e inflação ao redor de 6% ao ano, entre 2011 e 2014.
O quadriênio perdido é filho bastardo da "Nova Matriz Econômica" que pretendia impunemente combinar juros baixos, câmbio competitivo e afrouxamento fiscal. O tiro saiu pela culatra. O País cresce menos, sua indústria continua pouco competitiva, apesar da depreciação da moeda, e a inflação se mantém teimosamente elevada. A "Nova Matriz" gerou também perda de credibilidade na política econômica e prejuízos à imagem do País perante os investidores internacionais.
É verdade que, nos últimos meses, o governo deu sinais de recuo em relação ao seu projeto da "Nova Matriz". Não se veem mais discursos presidenciais sobre "juros baixos" e o Banco Central conseguiu promover uma elevação da taxa básica de 7,25% para 11% nos últimos 12 meses. As restrições cambiais fruto da veleidade do "câmbio competitivo" foram desmontadas e o BC luta agora para evitar que a depreciação excessiva do real jogue mais combustível na inflação. Todavia a gestão fiscal continua frouxa e dependente de receitas extraordinárias ou de jogadas contábeis.
Além dos problemas na esfera macroeconômica, a gestão microeconômica também deixa muito a desejar e igualmente dificulta o desempenho da economia. Numa situação de baixo desemprego como ora existente, o crescimento maior do PIB depende do aumento do investimento e da aceleração do crescimento da produtividade. Porém, a intervenção do governo na economia vem produzindo o resultado oposto. As regras do jogo ficaram opacas para os empresários e cada vez mais as decisões de investimento tornam-se dependentes de alguma prebenda do Estado. Ora são as linhas de crédito subsidiadas do BNDES, ora é um regime especial de tributação, ora é a proteção contra a importação do exterior. Tais vantagens, porém, não estão disponíveis para todos os empreendedores e mesmo seus beneficiários têm dúvidas sobre a sustentabilidade dessa política ao longo do tempo.
Por outro lado, acumularam ineficiências e distorções na economia. O regime tributário é cada vez mais disfuncional e custoso para os contribuintes. As exigências burocráticas se multiplicaram pela necessidade de "enquadramento" do contribuinte a cada um dos regimes especiais.
Além disso, a má gestão setorial trouxe à baila o risco de falta de energia elétrica. Obviamente, existe uma séria questão hidrológica, mas o melhor gerenciamento do modelo em vigor poderia ter minimizado o risco de apagão. A redução voluntariosa de 20% nas tarifas de energia no ano passado está custando caro, principalmente por causa do aumento das incertezas para os operadores atuais e potenciais do setor elétrico e pela ampliação da necessidade de subsídios fiscais. Vale lembrar que a miopia nessa questão não foi monopólio do governo, já que entidades empresariais como a Fiesp apoiaram demagogicamente a medida.
O setor de combustíveis também sofre com os equívocos acumulados. A Petrobrás vem arcando com os custos do artificialismo de preços no mercado doméstico, além de estar sobrecarregada pela necessidade de investir no pré-sal em razão do modelo de exploração adotado pelo governo.
Por tudo isso, não será boa a herança que Dilma deixará para o próximo governo. Ajustes fortes e dolorosos serão necessários para evitar mais quatro anos perdidos de baixo crescimento e alta inflação. O retorno pleno às políticas macroeconômicas responsáveis e ao realismo dos preços administrados afetará o crescimento em 2015. Porém, seria um primeiro e necessário passo para a retomada sustentável do crescimento a partir do ano seguinte.
O quadriênio perdido é filho bastardo da "Nova Matriz Econômica" que pretendia impunemente combinar juros baixos, câmbio competitivo e afrouxamento fiscal. O tiro saiu pela culatra. O País cresce menos, sua indústria continua pouco competitiva, apesar da depreciação da moeda, e a inflação se mantém teimosamente elevada. A "Nova Matriz" gerou também perda de credibilidade na política econômica e prejuízos à imagem do País perante os investidores internacionais.
É verdade que, nos últimos meses, o governo deu sinais de recuo em relação ao seu projeto da "Nova Matriz". Não se veem mais discursos presidenciais sobre "juros baixos" e o Banco Central conseguiu promover uma elevação da taxa básica de 7,25% para 11% nos últimos 12 meses. As restrições cambiais fruto da veleidade do "câmbio competitivo" foram desmontadas e o BC luta agora para evitar que a depreciação excessiva do real jogue mais combustível na inflação. Todavia a gestão fiscal continua frouxa e dependente de receitas extraordinárias ou de jogadas contábeis.
Além dos problemas na esfera macroeconômica, a gestão microeconômica também deixa muito a desejar e igualmente dificulta o desempenho da economia. Numa situação de baixo desemprego como ora existente, o crescimento maior do PIB depende do aumento do investimento e da aceleração do crescimento da produtividade. Porém, a intervenção do governo na economia vem produzindo o resultado oposto. As regras do jogo ficaram opacas para os empresários e cada vez mais as decisões de investimento tornam-se dependentes de alguma prebenda do Estado. Ora são as linhas de crédito subsidiadas do BNDES, ora é um regime especial de tributação, ora é a proteção contra a importação do exterior. Tais vantagens, porém, não estão disponíveis para todos os empreendedores e mesmo seus beneficiários têm dúvidas sobre a sustentabilidade dessa política ao longo do tempo.
Por outro lado, acumularam ineficiências e distorções na economia. O regime tributário é cada vez mais disfuncional e custoso para os contribuintes. As exigências burocráticas se multiplicaram pela necessidade de "enquadramento" do contribuinte a cada um dos regimes especiais.
Além disso, a má gestão setorial trouxe à baila o risco de falta de energia elétrica. Obviamente, existe uma séria questão hidrológica, mas o melhor gerenciamento do modelo em vigor poderia ter minimizado o risco de apagão. A redução voluntariosa de 20% nas tarifas de energia no ano passado está custando caro, principalmente por causa do aumento das incertezas para os operadores atuais e potenciais do setor elétrico e pela ampliação da necessidade de subsídios fiscais. Vale lembrar que a miopia nessa questão não foi monopólio do governo, já que entidades empresariais como a Fiesp apoiaram demagogicamente a medida.
O setor de combustíveis também sofre com os equívocos acumulados. A Petrobrás vem arcando com os custos do artificialismo de preços no mercado doméstico, além de estar sobrecarregada pela necessidade de investir no pré-sal em razão do modelo de exploração adotado pelo governo.
Por tudo isso, não será boa a herança que Dilma deixará para o próximo governo. Ajustes fortes e dolorosos serão necessários para evitar mais quatro anos perdidos de baixo crescimento e alta inflação. O retorno pleno às políticas macroeconômicas responsáveis e ao realismo dos preços administrados afetará o crescimento em 2015. Porém, seria um primeiro e necessário passo para a retomada sustentável do crescimento a partir do ano seguinte.
11 de maio de 2014
Gustavo Loyola, O Estado de S.Paulo
ESTÃO JOGANDO COM O SEU FUTURO
Por alguns dias, confesso, tive a esperança de que algo tivesse mudado para melhor quando o governo anunciou, em plena maré montante eleitoral, que vai aumentar as contas de luz.
“Existe, afinal, um limite para essa disposição temerária do PT de destruir qualquer coisa por um voto a mais”. E mesmo levando em conta o que este fato deixava subentendido – isto é, que a crise de energia que vem vindo é iminente e muito mais profunda do que foi até agora admitido – senti-me aliviado. "Finalmente estão pensando primeiro no país", pensei.
Ilusão de noiva!
A horda que não hesitou em quebrar a Petrobras e a indústria do álcool juntas, destruir a indústria nacional e desmontar uma rede profissional de comércio internacional para fazer agradinhos a trogloditas e atirar no lixo a credibilidade financeira destruída pelos “coronéis eletrônicos” hoje associados ao PT e reconquistada com sangue, suor e lágrimas continua, no seu tradicional estilo “Depois da eleição, o dilúvio!”, fazendo contas de chegar para comprar o eleitorado ainda que seja à custa de matar o futuro do Brasil desde que essa morte só se torne visível para a massa menos informada quando for tarde demais.
Pois a verdade que agora está clara é que o PT só aceitou anunciar o aumento da energia agora para evitar, primeiro, o mergulho imediato do sistema elétrico num estado de “inadimplência setorial” que poderia paralisá-lo ainda antes da Copa e, segundo, para jogar para depois da eleição o racionamento de energia de emergência que todos os produtores e distribuidores de energia do pais estão pedindo "para já" como último recurso para salvar o país do risco de uma catástrofe.
A matéria com os números dessa equação apresentada pelo Valor de hoje é inequívoca.
Apesar do governo ter mantido ligadas todas as usinas térmicas do país durante todo o período de chuvas para economizar água dos reservatórios das hidrelétricas, o déficit de produção de energia saltou de 1,7% em fevereiro para 6% em março.
O número é um recorde e a expectativa otimista é de que as hidrelétricas produzam 5% a menos de energia em média, por mês, durante o ano todo. A pessimista põe esse buraco em 8%.
Para atender todos os contratos firmados com distribuidoras e consumidores as geradoras estão tendo de comprar a diferença no mercado de curto prazo onde essa demanda jogou o preço para R$ 822 o MW/hora, o limite legal a que ele pode chegar.
O custo extra para as geradoras não será menor que R$ 20 bilhões, enquanto o rombo das distribuidoras chegará a outros R$ 25 bilhões, fora os custos extras com combustíveis. E mesmo assim não haverá energia que chegue.
O volume de liquidação dessas compras de energia extra no primeiro trimestre de 2014 alcançou R$ 13,64 bilhões, o equivalente ao total das liquidações nesse mercado durante todo o ano de 2013.
E ha rumores de que grandes companhias ficaram inadimplentes nesses pagamentos. Uma delas teria entrado em default de R$ 230 milhões.
Como esse quadro de inadimplência em cadeia de todo o setor elétrico já está configurado ha um bom tempo e o Tesouro Nacional está exaurido pelas outras estrepolias eleitoreiras do PT, o governo forçou oito bancos privados a se juntarem a dois bancos públicos e constituir um "empréstimo" de R$ 11,2 bilhões para a Camara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), uma entidade que não produz caixa e, portanto, não esta tecnicamente qualificada para contrair empréstimos, tudo para levar essa canoa furada um pouco mais adiante.
O anuncio antecipado do aumento das tarifas foi a "promissória" que nós, consumidores, assinamos por esse "empréstimo". Mesmo assim, três dos cinco diretores dessa entidade pediram demissão ao se verem enredados nesse jogo absurdo.
R$ 4,7 bilhões desse "empréstimo" foram consumidos apenas no primeiro acerto das contas do trimestre pelas geradoras e distribuidoras que não conseguiram zerar suas compras de energia extra. Esta é, portanto, uma conta que não fecha nem com toda a dívida que vamos herdar para levá-la até onde chegou por enquanto.
Eis ao que nos reduziu a brilhante dobradinha feita entre "a gerentona" que mandou no setor elétrico ao longo de todo o governo Lula e o debilóide "socialista" que usa a Fiesp como trampolim para "baixar as contas de luz em 20%" na marra...
É em razão de tudo isso que 16 entre 16 dos principais responsáveis pelas empresas de geração e distribuição de energia do país recomendaram formalmente, anteontem, que o governo decrete um "racionamento já" com a meta de reduzir o consumo ao menos nesses 6% de déficit mensal que estão acabando de destruir as contas já arrebentadas do setor.
Em resumo, o PT continua jogando com o futuro do país para comprar votos. Ou melhor, a esta altura ele já aleijou a Nação com uma crise de energia que vai do petróleo e do álcool à hidro-eletricidade, pela qual todos nós pagaremos sabe-se lá por quantos anos de desaceleração forçada por falta de "combustível" e sob o peso de quais "juros".
Talvez seja por isso que ao “Fora Dilma!” resiste a seguir-se o “Volta Lula!”, como seria de se esperar. É possível que até o insaciável apetite de poder dessas feras tenha se aplacado, tal é o tamanho da encrenca que eles fabricaram e sabem que vem vindo por aí.
11 de maio de 2014
vespeiro
MAIS UM DIÁRIO DE MAMÃE
Antigamente, a família se reunia e eram sempre as mesmas caras, os mesmos nomes e as mesmas histórias
Querido Diário,
No tempo do Coelho Neto, não tinha churrascaria, tinha? Claro que não.
Não tinha nem churrascaria nem Dia das Mães e, portanto, ele não entendia nada de padecer no paraíso. Naquela época era moleza. E este ano, para variar, está prometendo: vai ser mais um Dia das Mães inesquecível. Não quanto ao local das homenagens, que é churrascaria de novo. Como sempre, houve debates acalorados sobre isto. Todo ano alguém diz que é preciso variar e que, desta vez, não vai ser churrascaria, mas sempre acaba sendo, eu nem presto atenção mais na discussão. Minha última intervenção foi há vários anos, em legítima defesa, para deixar claro que considero insultuoso me levarem para comer peixe cru com arroz papa sem sal e que, nesse caso, prefiro a sopa dos pobres do padre Celso. Não me levando para comer peixe cru, tudo bem. Eu como qualquer coisa, pizza, pastel, hambúrguer, rabada, mocotó e aquelas comidas baianas molengas e amarelosas, mas peixe cru não, tudo tem seu limite, tem que haver respeito.
Mas, como eu já te contei, haverá uma grande novidade, que é a presença de Vó Eulália, que chegou de Alagoas na quarta. Mandaram buscá-la porque ela está fazendo 90 anos, embora pareça muito menos. Eu tenho um medozinho, mas gosto dela. O mesmo, com certeza, não pode ser dito de todo o resto da família. No aeroporto mesmo, aquele lourinho, filho do outro casamento da Selminha, um chatinho catarrento e esganiçado, cujo nome eu sempre esqueço, só acho que é Fred, mas sei que não é, esse, vamos dizer, Fred, começou a encher o saco e Vó Eulália deu-lhe um puxão de orelha caprichado, que ele chegou a ficar roxo. “Se é para chorar, pelo menos chore com razão", disse ela, com aquele sorrisinho de cangaceira. A Selminha não gostou, mas eu, claro, adorei e Vó Eulália não quer nem saber se alguém não gostou. E o Fred merece. Meu Deus, o nome dele não é Fred. Ted? Eu só lembro que tem um E. Ernesto?
Isso traz à baila o problema da identidade dos familiares. No começo, eu achei até que podia estar ficando de Alzheimer, porque dei para esquecer os nomes de uma porção deles, mas depois percebi que isto está acontecendo com praticamente todo mundo numa situação parecida com a minha, até porque a família nunca é a mesma, como no meu tempo. Antigamente, a família se reunia e eram sempre as mesmas caras, os mesmos nomes e as mesmas histórias, mas agora todo mês alguém anuncia uma alteração, muito mais que a escalação de um time de futebol. É bem verdade que eu não tinha nada que tirar uma de coelha e parir seis filhos, eu era uma cretina que achava lindo ter uma família enorme e tinha fantasias de comandar a hora do almoço com um apito. Diga-se em meu favor, porém, que seis filhos naquele tempo e no meu caso não queriam dizer oito noras mais ou menos duradouras e um número indefinido de outras mais passageiras, quatro genros, sendo que um repetido, e 12 netos, entre legítimos e postiços. Isso, para não falar nos parentes dos parentes e contraparentes, é muito duro de acompanhar. Ninguém consegue se lembrar direito de oito noras e quatro genros em rodízio permanente. No hora em que a pessoa vai se acostumando, vem uma troca . Agora que tudo é informatizado, bem que eles podiam botar um chip que acendesse o nome deles no celular.
Aliás, grande bênção o celular, pelo menos na churrascaria do Dia das Mães, porque agora a juventude fica em silêncio enquanto manda mensagens para lá e para cá, ou seja, o tempo todo. Desconfio que alguns deles ainda não aprenderam a falar direito e o único órgão deles capaz de comunicação verbal é o polegar, ali teclando kd vc rsrsrs bjs e outras informações cruciais, que eles ficam mostrando uns aos outros, em vez de conversar. Me lembra cachorros cheirando uns aos outros, não sei por quê. O Marcelo, o gordinho de cabelo cacheado, também filho da Selminha, só que com o Haroldo, com certeza não sabe conversar, porque o universo dele são os joguinhos dos computadores e, quando alguém fala com ele, ele responde bzzz-strrp-vjjj-tueen, com os olhos esgazeados. E tem as fotos também, para as quais eles só olham uma vez e nunca mais, antes de distribuí-las às redes sociais do mundo todo, a gente com cara de besta e deficiente mental em todas elas.
De resto, não há razão para imaginar grandes surpresas. O meu novo genro por parte da Bia — que já não é mais tão novo assim, já vai fazer cinco anos que estão juntos, embora até hoje eu não saiba por quê e o que foi que eles viram um no outro —, o Gilberto, o nosso Betão, vai encher a cara de chope, vai ficar com os olhos marejados e fazer um discursinho em que vai me chamar de bimãe outra vez. Bi, como em bicampeonato. Bimãe porque eu sou avó, mãe duas vezes, sacou? Ele é um gênio. Espero que não fique muito entusiasmado e não chame Vó Eulália de trimãe porque não vai resultar bem, até porque ninguém sabe tantos palavrões e tem tanta disposição para mostrar isso do que Vó Eulália.
Mas, querido, eu fico falando assim e parece que não gosto da família, que sou uma desnaturada insensível, que não dou valor às coisas mais importantes desta vida. Mas nada pode estar mais longe da verdade. Eu adoro a família, adoro ser mãe e avó, sério mesmo. Esses senões acontecem a todos de uma forma ou de outra, e devemos pôr as mãos para o céu porque não temos nenhum problema grave, como tantos outros. É só que, de vez em quando, dá vontade de ter uma folguinha de tanto padecimento paradisíaco. E, sim, bimãe não sou eu. Betão e Vó Eulália sabem quem é.
Querido Diário,
No tempo do Coelho Neto, não tinha churrascaria, tinha? Claro que não.
Não tinha nem churrascaria nem Dia das Mães e, portanto, ele não entendia nada de padecer no paraíso. Naquela época era moleza. E este ano, para variar, está prometendo: vai ser mais um Dia das Mães inesquecível. Não quanto ao local das homenagens, que é churrascaria de novo. Como sempre, houve debates acalorados sobre isto. Todo ano alguém diz que é preciso variar e que, desta vez, não vai ser churrascaria, mas sempre acaba sendo, eu nem presto atenção mais na discussão. Minha última intervenção foi há vários anos, em legítima defesa, para deixar claro que considero insultuoso me levarem para comer peixe cru com arroz papa sem sal e que, nesse caso, prefiro a sopa dos pobres do padre Celso. Não me levando para comer peixe cru, tudo bem. Eu como qualquer coisa, pizza, pastel, hambúrguer, rabada, mocotó e aquelas comidas baianas molengas e amarelosas, mas peixe cru não, tudo tem seu limite, tem que haver respeito.
Mas, como eu já te contei, haverá uma grande novidade, que é a presença de Vó Eulália, que chegou de Alagoas na quarta. Mandaram buscá-la porque ela está fazendo 90 anos, embora pareça muito menos. Eu tenho um medozinho, mas gosto dela. O mesmo, com certeza, não pode ser dito de todo o resto da família. No aeroporto mesmo, aquele lourinho, filho do outro casamento da Selminha, um chatinho catarrento e esganiçado, cujo nome eu sempre esqueço, só acho que é Fred, mas sei que não é, esse, vamos dizer, Fred, começou a encher o saco e Vó Eulália deu-lhe um puxão de orelha caprichado, que ele chegou a ficar roxo. “Se é para chorar, pelo menos chore com razão", disse ela, com aquele sorrisinho de cangaceira. A Selminha não gostou, mas eu, claro, adorei e Vó Eulália não quer nem saber se alguém não gostou. E o Fred merece. Meu Deus, o nome dele não é Fred. Ted? Eu só lembro que tem um E. Ernesto?
Isso traz à baila o problema da identidade dos familiares. No começo, eu achei até que podia estar ficando de Alzheimer, porque dei para esquecer os nomes de uma porção deles, mas depois percebi que isto está acontecendo com praticamente todo mundo numa situação parecida com a minha, até porque a família nunca é a mesma, como no meu tempo. Antigamente, a família se reunia e eram sempre as mesmas caras, os mesmos nomes e as mesmas histórias, mas agora todo mês alguém anuncia uma alteração, muito mais que a escalação de um time de futebol. É bem verdade que eu não tinha nada que tirar uma de coelha e parir seis filhos, eu era uma cretina que achava lindo ter uma família enorme e tinha fantasias de comandar a hora do almoço com um apito. Diga-se em meu favor, porém, que seis filhos naquele tempo e no meu caso não queriam dizer oito noras mais ou menos duradouras e um número indefinido de outras mais passageiras, quatro genros, sendo que um repetido, e 12 netos, entre legítimos e postiços. Isso, para não falar nos parentes dos parentes e contraparentes, é muito duro de acompanhar. Ninguém consegue se lembrar direito de oito noras e quatro genros em rodízio permanente. No hora em que a pessoa vai se acostumando, vem uma troca . Agora que tudo é informatizado, bem que eles podiam botar um chip que acendesse o nome deles no celular.
Aliás, grande bênção o celular, pelo menos na churrascaria do Dia das Mães, porque agora a juventude fica em silêncio enquanto manda mensagens para lá e para cá, ou seja, o tempo todo. Desconfio que alguns deles ainda não aprenderam a falar direito e o único órgão deles capaz de comunicação verbal é o polegar, ali teclando kd vc rsrsrs bjs e outras informações cruciais, que eles ficam mostrando uns aos outros, em vez de conversar. Me lembra cachorros cheirando uns aos outros, não sei por quê. O Marcelo, o gordinho de cabelo cacheado, também filho da Selminha, só que com o Haroldo, com certeza não sabe conversar, porque o universo dele são os joguinhos dos computadores e, quando alguém fala com ele, ele responde bzzz-strrp-vjjj-tueen, com os olhos esgazeados. E tem as fotos também, para as quais eles só olham uma vez e nunca mais, antes de distribuí-las às redes sociais do mundo todo, a gente com cara de besta e deficiente mental em todas elas.
De resto, não há razão para imaginar grandes surpresas. O meu novo genro por parte da Bia — que já não é mais tão novo assim, já vai fazer cinco anos que estão juntos, embora até hoje eu não saiba por quê e o que foi que eles viram um no outro —, o Gilberto, o nosso Betão, vai encher a cara de chope, vai ficar com os olhos marejados e fazer um discursinho em que vai me chamar de bimãe outra vez. Bi, como em bicampeonato. Bimãe porque eu sou avó, mãe duas vezes, sacou? Ele é um gênio. Espero que não fique muito entusiasmado e não chame Vó Eulália de trimãe porque não vai resultar bem, até porque ninguém sabe tantos palavrões e tem tanta disposição para mostrar isso do que Vó Eulália.
Mas, querido, eu fico falando assim e parece que não gosto da família, que sou uma desnaturada insensível, que não dou valor às coisas mais importantes desta vida. Mas nada pode estar mais longe da verdade. Eu adoro a família, adoro ser mãe e avó, sério mesmo. Esses senões acontecem a todos de uma forma ou de outra, e devemos pôr as mãos para o céu porque não temos nenhum problema grave, como tantos outros. É só que, de vez em quando, dá vontade de ter uma folguinha de tanto padecimento paradisíaco. E, sim, bimãe não sou eu. Betão e Vó Eulália sabem quem é.
11 de maio de 2014
João Ubaldo Ribeiro, Estadão
RETRATO FALADO
Alguém acredita que Lula desconhecia o uso do dinheiro público para a compra de deputados?
Lula é uma vocação política incontestável, como demonstra sua carreira vitoriosa, que o fez sair da condição de operário e chegar à Presidência da República. É verdade que alguns fatores políticos contribuíram para isso, mas não tivesse ele o tino e a sagacidade que tem, jamais chegaria onde chegou.
Há, porém, um traço de sua personalidade que igualmente contribuiu para essa carreira vitoriosa: a facilidade com que ignora toda e qualquer norma, seja ética, política, jurídica ou administrativa. Para ele, tudo é permitido, desde que favoreça a seus propósitos. Não digo que ele seja o único, dentre nossos políticos, com essas características, mas, nesse particular, indiscutivelmente, ele supera qualquer um.
E tem mais, quando se trata de seu interesse político pessoal, não distingue entre companheiros e adversários. Os exemplos são muitos e o mais notável dentre eles foi o próprio mensalão. José Dirceu, Genoino, Delúbio, todos pagaram pelos delitos cometidos, menos ele, que era o chefe da trupe.
Lembro-me bem da expressão de pânico estampada em seu rosto, quando o escândalo eclodiu. Dava para perceber que se sentia sem saída. Não duvido que, em seguida, tenha mostrado àqueles três que se ele, Lula, fosse incriminado, todos eles e o próprio PT estariam perdidos. Foi então que Delúbio assumiu toda a culpa e o Lula se safou.
Alguém acredita que Lula desconhecia o uso do dinheiro público para a compra de deputados que apoiavam o seu governo? Quer dizer que o chefe da Casa Civil, que despachava com ele todos os dias, armou tudo sem nada lhe contar; o Genoino, presidente do PT, também nada, e Delúbio, que estava todos os domingos fazendo churrasco na Granja do Torto, também guardou segredo.
Isso, embora o mensalão tivesse como beneficiário o seu governo. Pois bem, na hora em que o escândalo estourou, o que disse Lula? "Fui traído!" Passado o susto, porém, afirmou que não houve o mensalão, era tudo uma invenção de seus inimigos e da imprensa. É muita cara de pau, não acha?
Sucede que o Supremo Tribunal Federal julgou o mensalão e condenou os dirigentes do PT por crime de peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, num julgamento que durou meses e que foi transmitido pela televisão. Tudo foi dito, exibido, discutido e votado às vistas de todo o país. Acusados foram condenados e estão cumprindo pena. Mesmo assim, recentemente, Lula afirmou numa emissora de rádio em Portugal que aquele julgamento foi 80% político e só 20% jurídico. Ele diz isso baseado em quê, se a maioria dos ministros do STF foi nomeada por ele e pela Dilma? Claro, sabia muito bem estar mentindo, que o que afirmava não tinha qualquer fundamento, mas afirmou.
Mas o que esperar de Lula, diante de uma pergunta como aquela: o que pensa da condenação de dirigentes do PT pelo STF? A resposta honesta seria, no mínimo, "é, pisamos na bola". Só que admitir que ele e sua trupe erraram, jamais admitirá. Por essa razão, sem o menor constrangimento, garantiu que o julgamento foi político e que o futuro revelará a verdade. Sim, o futuro há de revelar que ele, Lula, foi o verdadeiro chefe do golpe do mensalão.
Hoje Lula diz que o julgamento foi político, mas quem, de fato, tentou politizá-lo foi ele, que, como revelou o ministro Gilmar Mendes, do STF, armou um encontro para convencê-lo a votar contra a condenação dos mensaleiros. Como o ministro não topou, tentou dobrá-lo, ameaçando revelar um deslize que ele teria cometido, e que não houve. Isso é chantagem, não?
Convenhamos que não pega bem um ex-presidente da República fazer certas coisas como, por exemplo, tentar desmoralizar o Judiciário, um dos três poderes do Estado democrático brasileiro. Mas o que fazer? Outro dia, eu o vi, num vídeo antigo, afirmar para seus companheiros ter a vida lhe ensinado que o político não deve dizer o que pensa e, sim, o que o eleitor quer ouvir. Ou seja, o político deve enganar o eleitor. Creio não ser preciso dizer mais nada.
Esclareço que nada tenho, de pessoal, contra Lula. Preocupam-me as consequências de sua atuação no Brasil de hoje e no de amanhã.
11 de maio de 2014
Ferreira Gullar, Folha de SP
Lula é uma vocação política incontestável, como demonstra sua carreira vitoriosa, que o fez sair da condição de operário e chegar à Presidência da República. É verdade que alguns fatores políticos contribuíram para isso, mas não tivesse ele o tino e a sagacidade que tem, jamais chegaria onde chegou.
Há, porém, um traço de sua personalidade que igualmente contribuiu para essa carreira vitoriosa: a facilidade com que ignora toda e qualquer norma, seja ética, política, jurídica ou administrativa. Para ele, tudo é permitido, desde que favoreça a seus propósitos. Não digo que ele seja o único, dentre nossos políticos, com essas características, mas, nesse particular, indiscutivelmente, ele supera qualquer um.
E tem mais, quando se trata de seu interesse político pessoal, não distingue entre companheiros e adversários. Os exemplos são muitos e o mais notável dentre eles foi o próprio mensalão. José Dirceu, Genoino, Delúbio, todos pagaram pelos delitos cometidos, menos ele, que era o chefe da trupe.
Lembro-me bem da expressão de pânico estampada em seu rosto, quando o escândalo eclodiu. Dava para perceber que se sentia sem saída. Não duvido que, em seguida, tenha mostrado àqueles três que se ele, Lula, fosse incriminado, todos eles e o próprio PT estariam perdidos. Foi então que Delúbio assumiu toda a culpa e o Lula se safou.
Alguém acredita que Lula desconhecia o uso do dinheiro público para a compra de deputados que apoiavam o seu governo? Quer dizer que o chefe da Casa Civil, que despachava com ele todos os dias, armou tudo sem nada lhe contar; o Genoino, presidente do PT, também nada, e Delúbio, que estava todos os domingos fazendo churrasco na Granja do Torto, também guardou segredo.
Isso, embora o mensalão tivesse como beneficiário o seu governo. Pois bem, na hora em que o escândalo estourou, o que disse Lula? "Fui traído!" Passado o susto, porém, afirmou que não houve o mensalão, era tudo uma invenção de seus inimigos e da imprensa. É muita cara de pau, não acha?
Sucede que o Supremo Tribunal Federal julgou o mensalão e condenou os dirigentes do PT por crime de peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, num julgamento que durou meses e que foi transmitido pela televisão. Tudo foi dito, exibido, discutido e votado às vistas de todo o país. Acusados foram condenados e estão cumprindo pena. Mesmo assim, recentemente, Lula afirmou numa emissora de rádio em Portugal que aquele julgamento foi 80% político e só 20% jurídico. Ele diz isso baseado em quê, se a maioria dos ministros do STF foi nomeada por ele e pela Dilma? Claro, sabia muito bem estar mentindo, que o que afirmava não tinha qualquer fundamento, mas afirmou.
Mas o que esperar de Lula, diante de uma pergunta como aquela: o que pensa da condenação de dirigentes do PT pelo STF? A resposta honesta seria, no mínimo, "é, pisamos na bola". Só que admitir que ele e sua trupe erraram, jamais admitirá. Por essa razão, sem o menor constrangimento, garantiu que o julgamento foi político e que o futuro revelará a verdade. Sim, o futuro há de revelar que ele, Lula, foi o verdadeiro chefe do golpe do mensalão.
Hoje Lula diz que o julgamento foi político, mas quem, de fato, tentou politizá-lo foi ele, que, como revelou o ministro Gilmar Mendes, do STF, armou um encontro para convencê-lo a votar contra a condenação dos mensaleiros. Como o ministro não topou, tentou dobrá-lo, ameaçando revelar um deslize que ele teria cometido, e que não houve. Isso é chantagem, não?
Convenhamos que não pega bem um ex-presidente da República fazer certas coisas como, por exemplo, tentar desmoralizar o Judiciário, um dos três poderes do Estado democrático brasileiro. Mas o que fazer? Outro dia, eu o vi, num vídeo antigo, afirmar para seus companheiros ter a vida lhe ensinado que o político não deve dizer o que pensa e, sim, o que o eleitor quer ouvir. Ou seja, o político deve enganar o eleitor. Creio não ser preciso dizer mais nada.
Esclareço que nada tenho, de pessoal, contra Lula. Preocupam-me as consequências de sua atuação no Brasil de hoje e no de amanhã.
11 de maio de 2014
Ferreira Gullar, Folha de SP
A INFLAÇÃO DO GOVERNO E A QUE SENTIMOS NA PELE (OU MELHOR: NO BOLSO!)
Dilma Vana diz e manda Guido Mantega dizer que a inflação está sob controle e garante que a coisa anda em torno de seis e pouco por cento ao ano.
E os comentaristas econômicos, grande claque governista do jornalismo cotidiano, repetem o bafo do dragão com plena convicção.
Dilma, Mantega e esses colunistas econômicos me deixam com a sensação de que sou mais um dos 200 milhões de brasileiros idiotas que fazem das tripas coração para pagar as contas no fim do mês e botar comida na mesa todo santo dia.
Somos todos, eu e vocês, uns imbecis pagadores dos maiores impostos do mundo que o governo não nos devolve em qualidade de vida e muito menos em serviços essenciais - moradia, alimentação, educação, saúde, transporte, lazer, vestuário, higiene, previdência social, segurança.
Senão, vejamos: há coisa de seis anos, eu não quis comprar, aqui no condomínio onde moro, a casa ao lado da minha por R$ 145 mil; hoje, só o terreno custa mais de R$ 280 mil. Não diga que é bem feito pra mim, porque minha aposentadoria que era de dez salários mínimos, hoje não passa de quatro.
Eu comprava no ano passado um litro de leite desnatado por R$ 1,97 e hoje o mesmo leite, no mesmo supermercado está por módicos R$ 2,98. Você acha que devo mudar de marca, ou só tomar café preto?
A consulta no endocrinologista, no glorioso ano de 2013 estava por R$ 100 batidinhos na mão da secretária; hoje eu consigo a mesma consulta por R$ 220. E já vou dizendo, não acho que um endócrino cubano seja a solução.
Sabe aquele curso de educação a distância que custava R$ 245 mensais? Pois agora o mesmo curso e na mesma distância fica por bem encaixados R$ 397. O que você faz: paga e não bufa, ou bufa porque vai ter que parar?
E o transporte, vai bem? Não aumentou a passagem? Ah, você só não está pegando mais o ônibus porque já perdeu o emprego e tem medo de ser incendiado numa hora dessas em que pega um coletivo para sair à cata de serviço.
A camisa meia-boca social que você comprou por R$ 98 para ir ao casamento da vizinha em dezembro de 2012, véspera do Ano Novo de 2013, hoje vai lhe custar nada menos do que R$ 215 na mesma loja que aceita o seu velho pré-datado.
Ah, e o papel higiênico que as pessoas que não são da Venezuela usam e abusam de tanto comprar? Aqueles pacotões de oferta que custavam R$ 10,99 na promoção do dia, estão agora por R$ 17,55 na mesma gôndola que você tanto conhece... E aí, você vai comprar ou desistir? Uma boa ideia é parar de comer. Quem não come, não precisa de papel...
E então é assim. A inflação é de seis vírgula pouco. E o governo é assim, porque o poder é a essência da sua natureza. A inflação do governo é a que ele quer; a nossa inflação é a que a gente não pode querer nem ter.
O governo abocanha os trilhões de reais que arrecada ano após ano e gasta tudo em comprar siglas partidárias, cooptar aliados, dar-lhes ministérios, cargos públicos, salários nababescos, além de pagar o preço da corrupção e da chantagem que fazem o governante virar refém vitalício dessa promiscuidade que impera no Brasil da Silva.
Em um regime honesto, de políticos e governantes sérios, a corrupção e a sede e a fome de poder não fariam o governo gastar mal e perdulariamente os trilhões de reais que tiram do povo, que tiram da gente ano após ano para produzir o que mais o governo sabe esconder: a inflação que fabrica e revigora a desigualdade social.
Hoje no Brasil somos nós e eles. E eles estão ganhando. Uma coisa é a inflação do governo, outra é a que sentimos na pele. Nunca antes na história desse país o poder desmedido foi tão inflacionado.
11 de maio de 2014
sanatório da notícia
E DE NOVO, LÁ VOU EU DE NEY MATOGROSSO...
Ney Matogrosso: “Se existia tanto dinheiro disponível para gastar na Copa, por que não resolver os problemas do nosso país?”
https://www.youtube.com/watch?v=DqJ0kF1_oL0&feature=player_embedded
Pouco mais de duas semanas depois do ex-presidente Lula exaltar as conquistas do Brasil Maravilha numa entrevista à emissora portuguesa RTP, o cantor Ney Matogrosso escancarou, durante um programa no mesmo canal, algumas verdades do Brasil real.
Ao ouvir do apresentador Vítor Gonçalves a pergunta “Como está o Brasil?”, um dos maiores artistas do país responde. “Existe um enorme desconforto”, começa. “O governo brasileiro está gastando bilhões de reais para fazer estádios, enquanto nos hospitais públicos as pessoas estão sendo jogadas no chão, em cima de um paninho”.
A partir daí, Ney fala sobre educação, transporte público, Bolsa Família e corrupção antes de fazer a pergunta que todos os brasileiros decentes se fazem há meses: “Se existia tanto dinheiro disponível para gastar na Copa, por que não resolver os problemas do nosso país?”.
11 de maio de 2014
in Augusto Nunes
https://www.youtube.com/watch?v=DqJ0kF1_oL0&feature=player_embedded
Pouco mais de duas semanas depois do ex-presidente Lula exaltar as conquistas do Brasil Maravilha numa entrevista à emissora portuguesa RTP, o cantor Ney Matogrosso escancarou, durante um programa no mesmo canal, algumas verdades do Brasil real.
Ao ouvir do apresentador Vítor Gonçalves a pergunta “Como está o Brasil?”, um dos maiores artistas do país responde. “Existe um enorme desconforto”, começa. “O governo brasileiro está gastando bilhões de reais para fazer estádios, enquanto nos hospitais públicos as pessoas estão sendo jogadas no chão, em cima de um paninho”.
A partir daí, Ney fala sobre educação, transporte público, Bolsa Família e corrupção antes de fazer a pergunta que todos os brasileiros decentes se fazem há meses: “Se existia tanto dinheiro disponível para gastar na Copa, por que não resolver os problemas do nosso país?”.
11 de maio de 2014
in Augusto Nunes
AS PESQUISAS REFORÇAM A ADVERTÊNCIA: DILMA ROUSSEFF É O CELSO PITA DO LULA
Ambos deslumbrados com os altos índices de aprovação registrados nas pesquisas de popularidade, o prefeito Paulo Maluf em 1995 e o presidente Lula em 2007 resolveram mostrar-se capazes de instalar qualquer nulidade no cargo que ocupavam. Para que cumprissem sem resmungos a missão de guardar o lugar do chefe, como registrou um post publicado em julho de 2010, os escolhidos deveriam ser desprovidos de autonomia de voo e luz própria. Quanto mais medíocre, melhor.
Maluf pinçou no secretariado municipal um negro economista. Lula pinçou no primeiro escalão federal uma mulher economista. Ao apresentar o sucessor, o prefeito repetiu que foi Maluf quem fez São Paulo.
Mas quem arranjou o dinheiro foi um gênio da raça chamado Celso Pitta, secretário de Finanças. Ao apresentar a sucessora, o presidente reiterou que foi Lula quem pariu o Brasil Maravilha. Mas quem amamentou o colosso foi uma supergerente chamada Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil e Mãe do PAC.
Obediente ao criador e guiado pelo marqueteiro Duda Mendonça, Pitta atravessou a campanha driblando debates e entrevistas, declamando platitudes e louvando o chefe de meia em meia hora. Como herdara uma cidade mais que perfeita, restou-lhe embelezá-la com espantos de matar alemão de inveja. Nenhum fez mais sucesso nos programas na TV do que o Fura-Fila, um veículo leve sobre trilhos instalados em viadutos. Grávido de orgulho com o desempenho do poste que fabricara, o padrinho ordenou aos eleitores que nunca mais votassem em Paulo Maluf se o afilhado fracassasse.
Obediente ao criador e tutelada pelo marqueteiro João Santana, Dilma percorreu o circuito eleitoral driblando debates e entrevistas, gaguejando frases descartáveis e bajulando o chefe a cada 15 minutos. Como herdara um país pronto, restou-lhe acrescentar refinamentos que fariam do País do Carnaval uma Noruega com praia, samba e futebol. A campanha eleitoral nem começara quando os primeiros apitos do trem-bala anunciaram a chegada do Fura-Fila de Dilma. Grávido de confiança no poste que esculpira, o padrinho deixou claro que disputava o terceiro mandato disfarçado de Dilma, já conhecida nas lonjuras da nação como a “mulher do Lula”.
São Paulo demorou três anos para descobrir que era governada pelo pior prefeito de todos os tempos. Descoberta a tapeação, os iludidos escorraçaram Pitta do emprego e Maluf nunca mais foi eleito para qualquer cargo executivo. Milhões de brasileiros já constataram que a nação é presidida por uma fraude.
Os eleitores que ainda não enxergaram a vigarice são suficientemente numerosos para que a pior governante desde o Descobrimento continue a sonhar com um segundo mandato. Mas também sobram motivos para que a oposição acredite – e a última pesquisa Datafolha publicada nesta sexta-feira deixa ainda mais evidente – que uma era pode estar chegando ao fim.
“Volta, Lula!” não é uma palavra de ordem. É um grito de medo. Não é a senha para a ofensiva. É um pedido de socorro inútil. Se a afilhada naufragar, o padrinho não escapará do abraço de afogado. Dilma Rousseff é o Celso Pitta de Lula.
11 de maio de 2014
Augusto Nunes
A VOLTA DO RETORNO
"Cuidado com a volta do retorno."
Quem me dizia sempre isso era Marinho Celestino, um cabeleireiro capixaba que
estudou cinema em Paris e morreu no Brasil. Não sei se queria expressar com isso
a circularidade do tempo ou se usava a expressão apenas para advertir os perigos
de uma recaída.
O movimento "Volta, Lula" sempre me lembra a expressão de Marinho Celestino: a volta do retorno, uma espécie de bumerangue.
Durante um tempo, ele se comportou apenas como um ex-presidente.
Achei que merecia o habeas língua que sempre conferimos àqueles que já cumpriram sua tarefa. Clarice Lispector, num belo conto chamado Feliz Aniversário, conta a história de uma festa para a mulher que fazia 89 anos e de quem todos queriam arrancar uma palavra. A velha permaneceu calada, apesar de muitas provocações, até que, no final da festa, resolveu falar só isto: "Não sou surda!".
Para mim, Lula ainda é um jovem. Desenvolvi uma tolerância a suas frases e, em certos momentos, até me diverti com elas. Era só um ex-presidente, com direito a parar de fazer sentido.
Agora, que querem lançá-lo de novo à Presidência, é preciso ter cuidado com a volta do retorno.
Não me preocupa tanto que tenha dito que o julgamento do mensalão foi 80% político e 20% técnico. Lula aprendeu, ao longo destes anos, a usar os números para tornar a mentira convincente. Se o apertarmos num debate, ele vai conceder: "Está bem, então 79% político, 21% técnico".
Ele sabe que números quebrados convencem ainda mais que os redondos. O que me preocupou mais nessa entrevista aos portugueses foi ele ter encarnado o espírito de salvador, um arquétipo da nossa cultura luso-brasileira, um Dom Sebastião.
Ele disse que, apesar do que noticiavam os jornais, TV e oposição, o povo sempre olharia nos seus olhos e acreditaria na sua verdade. Isso implica uma visão pobre da democracia e, sobretudo, do povo. Como se as pessoas fossem completamente blindadas diante do debate nacional, como se não fossem curiosas, não formassem opinião por meio da troca de ideias, como se não estivessem constantemente reavaliando suas crenças com novos dados.
Nessa frase de Lula, o povo só se acende com o seu olhar hipnótico e é nele que procura a verdade, não nos fatos e nas evidências que se desdobram.
Cuidado com a volta do retorno. A realidade mostra que as pessoas avançaram, que valorizam melhorias materiais, mas pedem também mais do que isso. Seria interessante para o PT e para o próprio Lula darem uma volta pelas ruas do Brasil e tentar a fórmula olho no olho. No mínimo, vão se desapontar.
Lula não conseguiu, com olhar magnético, convencer o povo brasileiro de que a Copa foi uma decisão acertada num país com tantas dificuldades. Tanto ele quanto Gilberto Carvalho ficam perplexos diante das críticas. Como é possível não celebrar a Copa no Brasil?
Neste caso, a fantasia de uma identificação mítica com o povo vai para o espaço. Como restaurá-la? Com olho no olho?
O olhar número cinco falhou. A única saída é partir para outros truques, como, por exemplo, fazer com que os copos se movam sozinhos nas mesas, como naquelas sessões espíritas no princípio do século 20.
Na entrevista em Portugal, Lula procurou explicar também por que o povo olhava no seu olho e o apoiava. Mencionou, mais uma vez, a história da mãe que o aconselhou a andar sempre de cabeça erguida.
Um conselho de mãe e o olho no olho são os talismãs que o protegem de todas as acusações, que lhe dão força, inclusive, para proteger em seu governo grandes e pequenos bandidos da política nacional. Não e à toa que alguns ratos começam a abandonar o navio da candidatura Dilma.
Eles anseiam também por migalhas desse poder de Lula, querem se esconder embaixo do manto protetor.
E Dilma, ou o fantasma dela, apareceu na televisão. Gostei da maquilagem, do tom da pele, embora para muitos ela estivesse um pouco pálida. Os profissionais trabalharam bem no rosto, no penteado e mesmo nas ideias do texto. Você querem mudança? Nós somos a mudança.
Está chegando um tempo em que o abuso das palavras perde sua elasticidade. Um tempo em que a onipotência de um suposto magnetismo tem de descer ao mundo dos debates, do choque de ideias, da avaliação permanente dos rumos do País. É o ocaso da magia. Da cartola, saem apenas os velhos e combalidos coelhos: aumento da cesta básica, modesta redução no Imposto de Renda.
O naufrágio se define com a perda do horizonte. Mesmo o famoso mercado parece esperar a derrota de Dilma. Quando cai nas pesquisas, a Bolsa sobe. Mas nem sempre o mercado tem razão diante da política. Senão, substituiríamos o debate parlamentar pelo grito dos corretores na Bolsa.
Realizar uma política social generosa, muitas vezes, bate de frente com o mercado. Só é possível levá-la adiante, de fato, num quadro econômico de crescimento sustentável. E parece existir no mercado a compreensão de que a atual política econômica está fracassando, de que Dilma foi má administradora em campos vitais, como a energia, e incompetente para deter a degradação da Petrobrás.
Não sei como Dilma e Lula vão se apresentar na campanha. Ele vai precisar de uma lente de contatos para mudar a cor dos olhos, em caso de necessidade. Dilma não poderá repetir apenas o que escrevem os marqueteiros. Ela apenas registrou que os ratos abandonavam o barco, mas não se perguntou em nenhum momento por que o barco começa a afundar.
No debate, os dois, cada um com seu estilo, vão ter de explicar o que fizeram do Brasil, que se vê agora sugado pela corrupção, gastando fortunas com as obras de uma Copa trazida pela visão megalomaníaca de Lula. Na África do Sul, ele até convidou atletas estrangeiros para se mudarem para o Brasil porque haveria tanta competição esportiva que nossas equipes não seriam capazes de disputar todas.
Nada como esperar a campanha presidencial de 2014. Por enquanto, o discurso do governo é 80% mentira e 20% malandragem.
11 de maio de 2014
Fernando Gabeira é jornalista. O Estado de S.Paulo
O movimento "Volta, Lula" sempre me lembra a expressão de Marinho Celestino: a volta do retorno, uma espécie de bumerangue.
Durante um tempo, ele se comportou apenas como um ex-presidente.
Achei que merecia o habeas língua que sempre conferimos àqueles que já cumpriram sua tarefa. Clarice Lispector, num belo conto chamado Feliz Aniversário, conta a história de uma festa para a mulher que fazia 89 anos e de quem todos queriam arrancar uma palavra. A velha permaneceu calada, apesar de muitas provocações, até que, no final da festa, resolveu falar só isto: "Não sou surda!".
Para mim, Lula ainda é um jovem. Desenvolvi uma tolerância a suas frases e, em certos momentos, até me diverti com elas. Era só um ex-presidente, com direito a parar de fazer sentido.
Agora, que querem lançá-lo de novo à Presidência, é preciso ter cuidado com a volta do retorno.
Não me preocupa tanto que tenha dito que o julgamento do mensalão foi 80% político e 20% técnico. Lula aprendeu, ao longo destes anos, a usar os números para tornar a mentira convincente. Se o apertarmos num debate, ele vai conceder: "Está bem, então 79% político, 21% técnico".
Ele sabe que números quebrados convencem ainda mais que os redondos. O que me preocupou mais nessa entrevista aos portugueses foi ele ter encarnado o espírito de salvador, um arquétipo da nossa cultura luso-brasileira, um Dom Sebastião.
Ele disse que, apesar do que noticiavam os jornais, TV e oposição, o povo sempre olharia nos seus olhos e acreditaria na sua verdade. Isso implica uma visão pobre da democracia e, sobretudo, do povo. Como se as pessoas fossem completamente blindadas diante do debate nacional, como se não fossem curiosas, não formassem opinião por meio da troca de ideias, como se não estivessem constantemente reavaliando suas crenças com novos dados.
Nessa frase de Lula, o povo só se acende com o seu olhar hipnótico e é nele que procura a verdade, não nos fatos e nas evidências que se desdobram.
Cuidado com a volta do retorno. A realidade mostra que as pessoas avançaram, que valorizam melhorias materiais, mas pedem também mais do que isso. Seria interessante para o PT e para o próprio Lula darem uma volta pelas ruas do Brasil e tentar a fórmula olho no olho. No mínimo, vão se desapontar.
Lula não conseguiu, com olhar magnético, convencer o povo brasileiro de que a Copa foi uma decisão acertada num país com tantas dificuldades. Tanto ele quanto Gilberto Carvalho ficam perplexos diante das críticas. Como é possível não celebrar a Copa no Brasil?
Neste caso, a fantasia de uma identificação mítica com o povo vai para o espaço. Como restaurá-la? Com olho no olho?
O olhar número cinco falhou. A única saída é partir para outros truques, como, por exemplo, fazer com que os copos se movam sozinhos nas mesas, como naquelas sessões espíritas no princípio do século 20.
Na entrevista em Portugal, Lula procurou explicar também por que o povo olhava no seu olho e o apoiava. Mencionou, mais uma vez, a história da mãe que o aconselhou a andar sempre de cabeça erguida.
Um conselho de mãe e o olho no olho são os talismãs que o protegem de todas as acusações, que lhe dão força, inclusive, para proteger em seu governo grandes e pequenos bandidos da política nacional. Não e à toa que alguns ratos começam a abandonar o navio da candidatura Dilma.
Eles anseiam também por migalhas desse poder de Lula, querem se esconder embaixo do manto protetor.
E Dilma, ou o fantasma dela, apareceu na televisão. Gostei da maquilagem, do tom da pele, embora para muitos ela estivesse um pouco pálida. Os profissionais trabalharam bem no rosto, no penteado e mesmo nas ideias do texto. Você querem mudança? Nós somos a mudança.
Está chegando um tempo em que o abuso das palavras perde sua elasticidade. Um tempo em que a onipotência de um suposto magnetismo tem de descer ao mundo dos debates, do choque de ideias, da avaliação permanente dos rumos do País. É o ocaso da magia. Da cartola, saem apenas os velhos e combalidos coelhos: aumento da cesta básica, modesta redução no Imposto de Renda.
O naufrágio se define com a perda do horizonte. Mesmo o famoso mercado parece esperar a derrota de Dilma. Quando cai nas pesquisas, a Bolsa sobe. Mas nem sempre o mercado tem razão diante da política. Senão, substituiríamos o debate parlamentar pelo grito dos corretores na Bolsa.
Realizar uma política social generosa, muitas vezes, bate de frente com o mercado. Só é possível levá-la adiante, de fato, num quadro econômico de crescimento sustentável. E parece existir no mercado a compreensão de que a atual política econômica está fracassando, de que Dilma foi má administradora em campos vitais, como a energia, e incompetente para deter a degradação da Petrobrás.
Não sei como Dilma e Lula vão se apresentar na campanha. Ele vai precisar de uma lente de contatos para mudar a cor dos olhos, em caso de necessidade. Dilma não poderá repetir apenas o que escrevem os marqueteiros. Ela apenas registrou que os ratos abandonavam o barco, mas não se perguntou em nenhum momento por que o barco começa a afundar.
No debate, os dois, cada um com seu estilo, vão ter de explicar o que fizeram do Brasil, que se vê agora sugado pela corrupção, gastando fortunas com as obras de uma Copa trazida pela visão megalomaníaca de Lula. Na África do Sul, ele até convidou atletas estrangeiros para se mudarem para o Brasil porque haveria tanta competição esportiva que nossas equipes não seriam capazes de disputar todas.
Nada como esperar a campanha presidencial de 2014. Por enquanto, o discurso do governo é 80% mentira e 20% malandragem.
11 de maio de 2014
Fernando Gabeira é jornalista. O Estado de S.Paulo
ROGER, DO ULTRAGE, REAGE EM PÚBLICO AOS ATAQUES DO CANALHA ZÉ DE ABREU ET CATERVA
Hoje fui atacado no Twitter pela militância virtual do PT, os chamados MAVs.
Gente paga para militar. Gente que, na impossibilidade ou incapacidade de defender suas ideias, ataca a pessoa.
Gente baixa, gente escrota, como o ator global José de Abreu, o dublê de jornalista Pedro Alexandre Sanches e gente tão covarde e insegura de suas convicções que se esconde atrás de pseudônimos, como é o caso de Stanley Burburinho.
Fui atacado porque segundo a lógica distorcida desses cretinos, eu estaria aceitando dinheiro de um governo que não apoio para tocar hoje aqui, e que isso não seria coerente.
Pois bem, quem está me pagando hoje não é um partido que se considera dono do Brasil. Um governo honesto deve apenas administrar o dinheiro que recolhe do povo e devolvê-lo ao povo em forma de serviços, de acordo com a necessidade desse mesmo povo.
Não vou agora discutir se isso está sendo feito ou não, mas o fato é que estou sendo contratado para exercer meu ofício, nesse caso, trazer cultura e diversão para o povo.
Quem está me pagando é o povo, do qual eu faço parte, através de um órgão do governo que, repito e enfatizo, não pertence a um partido político, ao contrário do que querem acreditar esses canalhas que me perseguem por eu exercer meu direito de pensar e me expressar livremente.
E eu estou com o saco cheio dessa violência indiscriminada, dessa luta de classes cruel e ignorante que vem sendo incentivada de uns tempos pra cá.
Somos todos brasileiros. É esse tipo de miséria que eu gostaria que acabasse no Brasil: a miséria cultural, a pobreza de espírito, a falta de educação de qualidade. Tenho certeza que, bem educados, ninguém precisaria de esmolas do governo, assim como eu nunca precisei.
11 de maio de 2014
Ricardo Froes
ALI BABA E SEI LÁ QUANTOS LADRÕES...
“Abre-te, Sésamo!”
A Senha persa do "Estamos juntos nessa!"
Um dia, lá na antiga Pérsia, mais conhecida nos dias de hoje por Irã, o paupérrimo Ali Babá estava cortando lenha quando viu uma nuvem de poeira. Era um bando de homens a cavalo que vinham na sua direção. Com medo que fossem bandidos, subiu numa árvore perto de um grande rochedo. Escondeu-se ali em meio à folhagem.
Dali, ele via tudo e todos sem ser visto por ninguém. Logo chegou àquele lugar uma pandilha de homens muito fortes e muito bem armados, com caras de pau. Ali Babá contou um por um e chegou à soma e à conclusão de que eram 40 ladrões.
Os homens apearam dos cavalos e colocaram no chão, pesados sacos cheios de ouro e prata. O mais rechonchudo dos larápios – com todo jeitão de chefe – aproximou-se do rochedo e disse:
- Abre-te Sésamo!
Assim que a voz rouca da rua se fez ouvir, abriu-se uma porta na pedra que dava para uma caverna. A bandidagem passou por ela e a porta se fechou. Depois de bom tempo a passagem do esconderijo voltou a se abrir. Os quarenta ladrões saíram de lá a galope. Ali Babá, na maior moita, ouviu então o brado do chefão:
- Fecha-te, Sésamo!
A porta obedeceu, os ladrões colocaram os sacos vazios em suas montarias e voltaram a galope pelo mesmo caminho pelo qual tinham vindo. Partiram em busca de mais saques e mais sacos de ouro, prata, diamantes, joias, quem sabe até petróleo.
Quando se viu em segurança, Ali Babá desceu do galho, dirigiu-se na maior intimidade para arrocha e disse:
- Abre-te, Sésamo!
A porta da caverna se abriu. E aí foi então que Ali Babá ficou bilionário. E foi feliz e rico até o dia em que, de tão confiante e poderoso, pisou na bola na hora em que saía uma vez mais da caverna que tinha muito mais que 11 caminhões de pilhagens incalculáveis:
- Fecha-te, Cevada!
A porta não entendeu bulhufas. E aí começou a desgraça de Ali Babá. Ele virou picadinho antes mesmo de entender a importância de uma senha secreta na vida de um bandido.
E então vocês estarão a esta altura, doidinhos da silva para me perguntarem, o que foi que me deu na cabeça para lembrar uma fábula tão antiga, numa hora como essa, nesse Brasil da Silva às vésperas de uma Copa do Mundo que vai decidir as eleições para a Presidência no ainda longínquo dia 5 de outubro?
Digo-lhes eu: - Deu nada, não. E explico: eu só me lembrei dessa fábula do Livro das Mil e Uma Noites porque fiquei sabendo que, outro dia, logo em seguida que Zé Dirceu e seus 40 mensaleiros foram surpreendidos pela Lei, alguém telefonou para eles na Papuda e deu o sinal de vida:
- Estamos juntos nessa!
Como, depois disso, o companheiro telefonador jamais apareceu na caverna, a voz rouca das ruas ficou parecendo ser mais que uma senha; ela soou como um alerta, um aviso tipo assim:
- Te cuida, companheiro! Não revela a senha. Nem a senha, nem nada.
Como ninguém nessa história atual tem vocação para ser Celso Daniel, ou Toninho do PT, nenhum dos avisados esqueceu a senha e todos, sempre que necessário, repetem uníssonos:
- Estamos juntos nessa!
E vão levando a vida numa boa, na base do “um por todos e todos por um”. Pronto, foi só por isso que me deu vontade de fazer essa releitura da fábula do Ali Babá e os 40 Ladrões.
E já que vocês estavam curiosos para saber de mim, eu quero agora saber de vocês:
- Estamos juntos nessa?!?
11 de maio de 2014
sanatório da notícia
11 de maio de 2014
sanatório da notícia
NOTAS DO SANATÓRIO
O LEGADO
Pois é, enquanto Dilma Vana em nome do governo dava o pontapé inicial na inauguração do Itaquerão, mais uma obra inacabada tida como pronta, um operário morria em Cuiabá, em mais uma arena da Copa feita a toque de caixa. O Brasil da Silva, com nove óbitos, é o campeão dos campeões de todas as Copas do Mundo em mortes por acidente de trabalho. Imagine o legado que a Copa vai deixar para as famílias das vítimas.
BLOCO DO EU SOZINHO
Todos os holofotes hoje estão voltados para o bode expiatório Paulo Roberto Costa, o diretor que fazia negócios bilionários da Petrobrás com meio mundo. Agora a Polícia Federal suspeita que ele seja dono de dez navios.
A frota teria origem nas suas relações com a Transpetro, subsidiária da Petrobrás. Pelo que estão dando a conhecer, Paulo Roberto Costa era o bloco do Eu Sozinho. Só ele, coitado, lia tintim por tintim, linha por linha, os documentos que assinava.
A propósito a Transpetro e suas circunstâncias são consequências do prestígio do dedo indicador de Renan Calheiros. Quem gostava muito do ex-diretor hoje em desencanto nas hostes da Petrobrás, era o então presidente Lula que o chamava de Paulinho. Mas, isso faz tempo. Lula já nem se lembra mais.
DOIS LEGADOS
Fernando Henrique Cardoso deixou dois legados notáveis para a dupla governativa Lula/Dilma: o fator previdenciário que humilha e achaca os aposentados com mais de um salário e os cartões corporativos que debocham e saqueiam os bolsos de todo mundo.
Só neste primeiro trimestre o governo Dilma já gastou mais de R$ 10,5 bilhões em porcarias, bugigangas e ostentação, em completo segredo de Estado.
De acordo com o portal Transparência, só o gabinete da Presidência torrou R$ 1 milhão e 749 mil em coisinhas sigilosas. No meio desses descalabros, há uma conta de R$ 10 mil de gasolina num posto de serviço em São Bernardo do Campo. Adivinha só quem é o companheiro que mora lá...
DILMA 37% CONTRA
38% DO RESTOLHO
Datafolha, para quem quer e gosta: Dilma tem 37%, Aécio tem 20% e Campos tem 11%. isso quer dizer que Dilma sozinha tem 37% contra 38% dos outros candidatos. O resto é o restolho: há só 7% de indecisos e o que sobra vota em branco ou anula o voto. Se você hoje acredita em pesquisas, imagina depois da Copa.
11 de maio de 2014
sanatório da notícia
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