Este é um blog conservador. Um canal de denúncias do falso 'progressismo' e da corrupção que afronta a cidadania. Também não é um blog partidário, visto que os partidos que temos, representam interesses de grupos, e servem para encobrir o oportunismo político de bandidos. Falamos contra corruptos, estelionatários e fraudadores. Replicamos os melhores comentários e análises críticas, bem como textos divergentes, para reflexão do leitor. Além de textos mais amenos... (ou mais ou menos...) .
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.
domingo, 7 de janeiro de 2018
É O QUE TEMOS: DE LULA SÓ ESPEREM IGNOMÍNIA E FATUIDADE
J. R. Guzzo, de Veja, faz uma pergunta ao condenado tiranete Lula, gloriosamente solto por aí sem tornozeleira (ainda???): |
É O QUE TEMOS
A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente? (…)
Que famas lhe prometerás?
Que histórias?
Que triunfos? Que palmas?
Que vitórias?
Luís de Camões, Os Lusíadas.
O VELHO DO RESTELO, esse homem difícil, pessimista e dado a falar o contrário do que se espera, disparou as perguntas acima a Vasco da Gama e outros peixes graúdos da corte de Portugal no momento em que largavam do cais de Belém, sob as palmas da multidão, para a viagem que os levaria a descobrir o novo Caminho das Índias. Denunciava, nas palavras que Camões tornou imortais em seu poema, a “glória de mandar” e a “vã cobiça” de Gama e de seus parceiros — eles juravam estar indo “além da força humana” pelo bem da pátria, mas só estavam interessados mesmo em sua fama, fortuna e ambições pessoais. Se ainda estivesse circulando hoje por aí, o áspero velho bem que poderia perguntar ao ex-presidente Lula: “Que promessas farás em tua campanha eleitoral de 2018?”. Promessa nunca foi problema para Lula, é verdade. Mas, se for candidato a presidente mais uma vez, ele vai ter de arrumar alguma promessa, qualquer promessa — e no seu repertório de hoje não há nada que possa realmente entusiasmar as multidões.
Lula tem prometido, por exemplo, virar o país de cabeça para baixo, mas não parece que há muita gente interessada nisso — o que se quer, pelo que dá para entender, é que o país fique com a cabeça onde está e vá em frente. Ele promete, também, mudar tudo na Petrobras. Mudar para quê? É a primeira vez em quase quinze anos que a Petrobras tem uma diretoria que não rouba a empresa. O que Lula está propondo? Criar de novo a situação de ladroeira alucinada que arruinou a companhia durante seus governos e os de Dilma Rousseff? Outra promessa é recuperar “direitos que foram cortados” do povo brasileiro. Quais? O imposto sindical, por exemplo, abolido na reforma trabalhista? Não dá, ao mesmo tempo, para prometer um novo “trem-bala”, um segundo “pré-sal” ou a transposição das águas do São Francisco no sentido contrário.
Até algum tempo atrás, Lula punha muita fé em prometer na campanha uma reforma monumental na economia. Hoje a coisa já parece mais complicada. Fazer o contrário do que está sendo feito pelo governo de Michel Temer significa, por exemplo, aumentar os juros, que chegaram à menor taxa da história. Não dá para prometer um negócio desses. O ex-presidente também não pode prometer que vai aumentar a inflação, que hoje é a mais baixa dos últimos vinte anos. Nem jogar o Brasil de volta à maior recessão jamais vista por aqui — obra-prima de sua criatura, que conseguiu fazer a economia recuar mais de 7% em 2015 e 2016.
Sempre existe à mão, naturalmente, a história da “ascensão social”, um dos maiores contos do vigário jamais aplicados neste país. Ao final de seu governo, Lula anunciou que a pobreza havia sido extinta por ele no Brasil. Acreditaram nisso, na época, de São José dos Ausentes até a Universidade Harvard — e talvez dê para reembalar a mercadoria e passar adiante mais uma vez. Segundo o ex-presidente, só haviam sobrado aqui e ali uns poucos pobres para ser salvos; segundo ele, não tinha sido possível localizar fisicamente esses coitados, de tão poucos que eram em nosso vasto território. Dilma teria só de fazer o acabamento. Ela foi rápida. Em 2013, proclamou que a miséria tinha sido extinta de uma vez por todas; a partir de então, só havia no Brasil de classe média para cima. O truque aritmético que usaram para fabricar essa nova realidade é conhecido. Um desses órgãos públicos encarregados de fazer estatísticas, que o PT então utilizava como parte do seu departamento de propaganda, decretou que a classe média no Brasil começava em 1?280 reais por mês; com 1?281 o sujeito já não era pobre. Pronto: acabou a pobreza.
O problema com tudo isso é que o IBGE, com dados apurados durante os próprios governos de Lula e Dilma, acaba de divulgar números oficiais em que a verdade aparece. Em 2016, ano em que Dilma foi despachada, em 31 de agosto, 52 milhões de brasileiros viviam abaixo da linha da pobreza — o que, pensando um pouco, é gente que não acaba mais. Se Lula e o PT eliminaram a miséria, de onde, então, saiu todo esse povo que sobrevive com 18 reais e alguns centavos por dia? O ex-presidente e sua corte têm uma explicação: foi Michel Temer, de agosto do ano passado para cá, quem criou sozinho os 52 milhões de pobres que andam por aí. Só mesmo Lula, agora, para salvar a vida deles. É meio duro de engolir. Mas, em matéria de promessa, é o que temos no momento.
07 de janeiro de 2018
in orlando tambosi
A INEFÁVEL LAVAGEM DE DINHEIRO DO TRÁFICO DE DROGAS
O Flamengo é o time oficial do PCC e do Comando Vermelho, 17 em cada 10 marginais brasileiros torcem para o rubro-negro. Por isso não surpreende ninguém que seja o time que lava a grana dos traficantes. Mas não se limita apenas a indústria do asseamento de roupas, o Fla decidiu participar ativamente do tráfico internacional de drogas e anuncia: Hulk, a maior contratação do Brasil para 2018.
07 de janeiro de 2018in selva brasilis
DITADURA EXPULSA BRASILEIRO QUE FAZIA FILANTROPIA NA VENEZUELA
EXPULSÃO DE JONATAS FOI REVELADA PELO CHANCELER ALOYSIO NUNES
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, informou em sua conta no Twitter que o brasileiro Jonatan Diniz, detido no dia 28 de dezembro pela polícia política da Venezuela, no estado de Vargas, foi expulso do país. O comunicado do ministro não dá detalhes da situação de Diniz, nem se ele vem para o Brasil.
“O incidente envolvendo o brasileiro Jonatan Moisés Diniz foi encerrado, com sua expulsão da Venezuela”, escreveu o ministro em sua conta.
Em nota divulgada na quinta-feira (4), o Itamaraty informou que acionou o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela e as autoridades policiais daquele país para descobrir onde Diniz estava detido, bem como sua situação jurídica. Na sexta-feira (5), a ditadura da Venezuela confirmou que o brasileiro estava preso no país.
Jonatan Diniz foi detido no dia 28 de dezembro pela polícia política da Venezuela, no estado de Vargas. Segundo a agência de notícias do regime, o jovem foi acusado de "manter atividades desestabilizadoras" contra o ditador Nicolás Maduro.
O catarinense e três venezuelanos fariam parte da organização não governamental Time to Change the Earth (Tempo de Mudar a Terra, em tradução livre). Para o governo, a entidade seria uma “organização criminosa com tentáculos internacionais”, que distribuiria alimentos e bens a moradores de rua com o objetivo de obter recursos em moeda nacional com vistas a promover ações contra o governo.
07 de janeiro de 2018
diário do poder
CHANCELER ALOYSIO NUNES. |
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, informou em sua conta no Twitter que o brasileiro Jonatan Diniz, detido no dia 28 de dezembro pela polícia política da Venezuela, no estado de Vargas, foi expulso do país. O comunicado do ministro não dá detalhes da situação de Diniz, nem se ele vem para o Brasil.
“O incidente envolvendo o brasileiro Jonatan Moisés Diniz foi encerrado, com sua expulsão da Venezuela”, escreveu o ministro em sua conta.
Em nota divulgada na quinta-feira (4), o Itamaraty informou que acionou o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela e as autoridades policiais daquele país para descobrir onde Diniz estava detido, bem como sua situação jurídica. Na sexta-feira (5), a ditadura da Venezuela confirmou que o brasileiro estava preso no país.
Jonatan Diniz foi detido no dia 28 de dezembro pela polícia política da Venezuela, no estado de Vargas. Segundo a agência de notícias do regime, o jovem foi acusado de "manter atividades desestabilizadoras" contra o ditador Nicolás Maduro.
O catarinense e três venezuelanos fariam parte da organização não governamental Time to Change the Earth (Tempo de Mudar a Terra, em tradução livre). Para o governo, a entidade seria uma “organização criminosa com tentáculos internacionais”, que distribuiria alimentos e bens a moradores de rua com o objetivo de obter recursos em moeda nacional com vistas a promover ações contra o governo.
07 de janeiro de 2018
diário do poder
CELSO AMORIM, O 'MEGALONANICO' CONTINUA NO MUNDO DA FANTASIA
EX-CHANCELER VÊ O BRASIL SEM 'PROTAGONISMO' QUE NUNCA TEVE
O ex-chanceler Celso Amorim, que não por acaso ganhou o apelido de “megalonanico” quando ministro das Relações Exteriores do governo mais corrupto da História, chefiado por Lula, diz que diante do provincianismo de Donald Trump, o Brasil “perdeu protagonismo e liderança mundial nas relações comerciais e na mediação de paz dos conflitos internacionais”. Como se essa “liderança” tenha sido exercida em algum momento e, pior, que ele tivesse algo com isso. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
Dono de flexível coluna vertebral, Amorim não liderou nem o Itamaraty, prestando vassalagem a um assessor que Lula levou para o Planalto.
Durante o período em que o “megalonanico” imaginou que o Brasil exercia “protagonismo”, Marco Aurélio Garcia era o chanceler de fato.
Sem qualificação em diplomacia, Marco Aurélio ganhou relevância por protagonizar o episódio doméstico que lhe valeu o apelido “Top Top”.
07 de janeiro de 2018
diário do poder
AMORIM EM SUA ANTIGA MESA DE TRABALHO, TÃO CONFUSA QUANTO SUA COMPREENSÃO DO PRÓPRIO PAPEL. |
O ex-chanceler Celso Amorim, que não por acaso ganhou o apelido de “megalonanico” quando ministro das Relações Exteriores do governo mais corrupto da História, chefiado por Lula, diz que diante do provincianismo de Donald Trump, o Brasil “perdeu protagonismo e liderança mundial nas relações comerciais e na mediação de paz dos conflitos internacionais”. Como se essa “liderança” tenha sido exercida em algum momento e, pior, que ele tivesse algo com isso. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
Dono de flexível coluna vertebral, Amorim não liderou nem o Itamaraty, prestando vassalagem a um assessor que Lula levou para o Planalto.
Durante o período em que o “megalonanico” imaginou que o Brasil exercia “protagonismo”, Marco Aurélio Garcia era o chanceler de fato.
Sem qualificação em diplomacia, Marco Aurélio ganhou relevância por protagonizar o episódio doméstico que lhe valeu o apelido “Top Top”.
07 de janeiro de 2018
diário do poder
"A VERGONHA CAIU DO TELHADO", DENUNCIA ILDO SAUER SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRAS
A Medida Provisória 814, editada por Michel Temer no penúltimo dia útil do ano, é duramente criticada pelo engenheiro e professor da Universidade de São Paulo Ildo Sauer. “A vergonha caiu do telhado. Trata-se de uma negociata por meio da qual querem vender na bacia das almas a energia brasileira”, disse o especialista, em reportagem nesta terça-feira (dia 2), na Rádio Brasil Atual.
Ildo Sauer é diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP e especializado em organização da indústria de energia e da produção e apropriação social da energia. Foi diretor da Petrobras na década passada e alerta que todo processo de privatização ocorrido no Brasil e em outros países teve como característica a oferta em preços muito baixos para os compradores, que depois passam a cobrar preços altíssimos pelos produtos e serviços.
PRÁTICA COMUM – Sauer observa que isso já aconteceu muito no Brasil, no Chile em vários países que privatizaram bens públicos. “É por isso que segundo pesquisa recente do Datafolha 70% dos brasileiros dizem ser contrários às privatizações”, diz o professor, que alerta: o controle público da energia serve justamente para impedir que a tarifação abusiva – que é o que acontece em casos de privatizações – prejudique a população, a economia e a segurança nacional
“Vendem-se ativos públicos na bacia das almas e depois os lucros privados são altíssimos, porque se altera o quadro regulatório”, afirma Sauer, acrescentando que nenhuma potência mundial privatiza suas matrizes energéticas. “Muitas usinas hidrelétricas dos Estados Unidos são operadas pelo corpo de engenharia do Exército”, diz. “E no Brasil, um governo usurpador, ilegítimo, quer se dar essa autoridade.”
A MP 814, publicada pelo Planalto no Diário Oficial da União no final de dezembro, na sexta-feira 29, altera a Lei 10.848/2004. A lei foi sancionada em 2004 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, retirando a Eletrobras do programa de privatizações criado pelo governo Fernando Henrique Cardoso. “O Congresso tem a obrigação de rejeitar essa medida, e se não rejeitar é necessário que isso seja revertido por um futuro governo”, defende o engenheiro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Ildo Sauer é um dos mais respeitados intelectuais brasileiros. Suas teses e opiniões precisam divulgadas e discutidas. A propósito de privatizações, por exemplo, sempre lembro uma frase de um amigo de infância, o empresário Felix de Bulhões, que durante décadas presidiu a multinacional White Martins no Brasil. Disse ele: “Pior do que um monopólio estatal, só um monopólio privado…”. Félix de Bulhões é um grande brasileiro, que deixou o mundo de negócios para se dedicar à defesa do meio ambiente e à sustentabilidade. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Ildo Sauer é um dos mais respeitados intelectuais brasileiros. Suas teses e opiniões precisam divulgadas e discutidas. A propósito de privatizações, por exemplo, sempre lembro uma frase de um amigo de infância, o empresário Felix de Bulhões, que durante décadas presidiu a multinacional White Martins no Brasil. Disse ele: “Pior do que um monopólio estatal, só um monopólio privado…”. Félix de Bulhões é um grande brasileiro, que deixou o mundo de negócios para se dedicar à defesa do meio ambiente e à sustentabilidade. (C.N.)
07 de janeiro de 2018
Deu na Rede Brasil Atual
CONY VIAJOU PARA A ETERNIDADE E FICOU ENCANTADO, COMO DIZIA GUIMARÃES ROSA
O final de sua vida ocorreu às 23 horas de sexta-feira, mas a notícia me chegou na tarde de ontem, sábado, através da Globonews: morreu Carlos Heitor Cony, fato que me levou a uma sensação de perda. Como alguém disse na morte de Hitchcock, tão ruim quanto seu falecimento é saber que nunca mais haverá filmes de Hitchcock. A mesma frase aplico a Cony: tão ruim quanto sua morte é ter a certeza de que nunca mais haverá artigos e livros do jornalista que em 1964, no Correio da Manhã, enfrentou a ditadura militar. Sua viagem para a eternidade levou uma nova luz à memória brasileira e também a intelectuais que cada qual a sua maneira, escreveram obras tão marcantes quanto as suas. Reparem os leitores que, no título, recorri a uma imagem legada por Guimarães Rosa.
As pessoas não morrem, ficam encantadas, dizia Rosa. E isso, digo eu, se aplica aos artistas que encantam e iluminam as nossas vidas, nossas percepções, nossas consciências. É o caso de Carlos Heitor Cony, cujo último artigo, se feito até a tarde de sexta-feira, será o último de sua vida no espaço que ocupava aos domingos na Folha de São Paulo. As obras que produziu, ao longo do tempo, transformam-se agora em seu legado para gerações de hoje e aquelas que vierem depois de nós.
GRANDES OBRAS – Lembro-me, agora, de alguns de seus títulos. “Ballet Branco”, “Informação ao Crucificado”, “O Ato e O Fato”, livro que o levou a prisão, “Quase Memória”. Aliás “Quase Memória” poderá ser completado a partir de hoje, consolidando a trajetória luminosa do autor, o mesmo que escreveu no domingo, 31, um artigo belíssimo na FSP sobre Natal.
Um estilo pessoal e característico viverá para sempre nos textos que produziu, incluindo comentários sempre belos e precisos a respeito das manifestações de arte e da obra de grandes artistas.
O autor que ele mais admirava era Marcel Proust, no qual votou numa pesquisa internacional feita sobre as maiores obras da literatura da antiguidade aos dias de hoje, quando o escritor francês perdeu apenas para James Joyce. Mas esta é outra questão. O que dominou o legado de Carlos Heitor Cony foi uma sentimento de profunda revolta contra as injustiças que atravessam os séculos e até os milênios. Mas isso não em tom agressivo, pois suas teclas eram acionadas por um humor, ao mesmo tempo sarcástico, mas atingindo o fundo das questões e contradições humanas.
ADEUS, AMIGO – Nesse adeus que hoje envio ao meu amigo que sai de cena, substituído pelos seus personagens, relembro os tempos de trabalho no Correio da Manhã, na redação da Gomes Freire, de onde ele partiu para outras obras e a partir de sexta-feira para a eternidade. Lá deve se encontrar com Proust, a quem tanto admirava, com Antonio Houaiss, com Antonio Calado com o próprio Guimarães Rosa e com Carlos Drummond de Andrade, além de com Nelson Rodrigues e Otto Maria Carpeaux.
Cony seguiu no caminho de Swan, buscando o tempo perdido, à sombra das raparigas em flor e, finalmente, o tempo encontrado. São obras de Marcel Proust, espelho e admiração maior de Carlos Heitor Cony.
Nesse adeus que, emocionado, dirijo ao grande autor que ele foi, vai muito de emoção e de lembranças do passado, as quais agora ficam em todos os tempos. Os artistas são tanto do presente, do passado e do futuro. Reside aí o maior legado dos que produzem arte, e parte de si, para todos.
07 de janeiro de 2017
Pedro do Coutto
ÚLTIMA CRÔNICA DE CONY, ESCRITA EM 2017 E QUE MAIS PARECIA A DESPEDIDA DO ESCRITOR
Sempre atuante e precisa, Carmen Lins selecionou esta crônica de Carlos Heitor Cony, publicada pela Folha de S. Paulo no dia 5 de março de 2017. O grande escritor e jornalista carioca, que já vinha muito doente há vários anos, praticamente estava se despedindo, naquele seu estilo irônico e rascante.
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SE EU MORRER AMANHÃ
Carlos Heitor Cony
SE EU MORRER AMANHÃ
Carlos Heitor Cony
Se eu morrer amanhã, não levarei saudade de Donald Trump. Também não levarei saudade da operação Lava Jato nem do mensalão. Não levarei saudade dos programas do Ratinho, do Chaves, do Big Brother em geral. Não levarei nenhuma saudade do governador Pezão e do porteiro do meu prédio.
Se eu morresse amanhã, não levaria saudade do rock, dos sambas-enredo do Carnaval, daquela águia da Portela nem dos discursos do Senado e da Câmara, incluindo principalmente as assembleias estaduais e a Câmara dos Vereadores.
Se eu morrer amanhã, não levarei saudades dos buracos da rua Voluntários da Pátria, das enchentes do Catumbi, dos técnicos do Fluminense, dos juízes de futebol, da Xuxa e das piadas póstumas do Chico Anysio. Não levarei saudade do Imposto de Renda e demais impostos, e muito menos levarei saudade das multas do Detran.
Não levarei saudade da vizinha que canta durante o dia uma ária de Puccini (“oh mio bambino caro”) que ela ouviu num filme do Woody Allen. Aliás, também não levarei saudade do rapaz que mora ao meu lado e está aprendendo a tocar bateria.
Não levarei saudade das cotações da Bolsa, das taxas de inflação e das dívidas externas do Brasil. Não levarei saudade dos pasteis das feiras livres nem das próprias feiras livres, também não levarei saudade dos blocos de índio que geralmente fedem mais do que os verdadeiros índios.
Não levarei saudade dos lugares em que não posso fumar, das lanchas de Paquetá e dos remédios feitos com óleo de fígado de bacalhau. Não terei saudades das mulheres que usam silicone e blusas compradas no Saara.
Enfim, não levarei saudade de mim mesmo, dos meus fracassos e dívidas. Finalmente, não terei saudades dos milagres dos pastores evangélicos nem de um mundo que cada vez fica mais imundo.
07 de janeiro de 2018
Carlos Newton
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