O ministro da Fazenda Joaquim Levy é um excelente economista, mas mau político. A presidente Dilma Rousseff é socióloga teórica, mas péssima política. Então a estratégica dupla, presidente e ministro da Fazenda, funciona muito mal politicamente. E a política é o principal fator responsável pelo crescimento ou pela queda da economia de um país.
Depois de 12 anos de crescimento econômico, motorizado por aumento do salário mínimo acima da inflação, expansão máxima do crédito para empresas e famílias, e deficits crescentes do Orçamento Federal, tudo “bombando a demanda”, o modelo se esgotou. O salário mínimo, aumentando acima da Inflação e descolando cada vez mais da produtividade, engessa a economia. O endividamento das empresas e principalmente das famílias, quando chega no “ponto de saturação”, também freia a economia, e o deficit orçamentário federal leva a um endividamento do Governo cada vez mais custoso de girar.
Nessa conjuntura, logo depois das eleições presidenciais de 2014, esgotado o motor da demanda, a presidente Dilma chamou o ministro Levy para proceder ao Plano de Ajuste Fiscal, mantendo o melhor possível a demanda interna, mesmo aceitando certa queda no consumo(recessão), para preparar o futuro crescimento, agora baseado mais no mercado externo via exportações líquidas. Crescer pelo lado da oferta. Por isso o ministro mexeu bastante no câmbio, desvalorizando o real em cerca de 50% em apenas um ano. Mais dificuldades momentâneas para preparar ganhos futuros.
DOIS ERROS
Erraram politicamente, presidente e ministro da Fazenda, por não explicarem ao povo o que estava acontecendo e por não prepararem um plano emergencial para conter o desemprego, maior efeito colateral da mudança de modelo de demanda, para um sistema de oferta. Para esses 2 anos de recessão, o ministro deveria prever para o serviço público, onde fosse possível, e para toda a iniciativa privada, programas de Lay-Off (redução de até 30% de horas de trabalho e salários), aumento do Programa “Minha Casa Minha Vida etc.
O Banco Central, que agora tem plena autonomia para perseguir a meta de Inflação de 4,5% ao ano para 2017, tem de ir baixando a Selic em pelo menos 0,25% ao ano já na próxima reunião do Copom, uma vez que a recessão se mostra até maior do que o previsto. Cada 1% de queda na Selic representa uma economia para o governo federal de aproximadamente R$ 30 bilhões/ano.
FALTA ESTIMULAR
Como as economias modernas são motorizadas pelo consumo, o ministro deveria, para as vendas de final de ano, ativar no que pudesse a combalida demanda, reduzindo um tanto o depósito compulsório (encaixe) dos Bancos etc.
Enfim, a presidente e o ministro devem ir “temperando” as medidas amargas (redução da despesa pública e aumento de impostos), com a visão de grandes ganhos futuros para todo o povo, depois de passada a dura fase do ajuste fiscal.
Para se construir um prédio de 50 andares, tem-se que no começo cavar quase o mesmo tanto em fundações. Agora estamos fazendo fundações em nossa economia. Ou melhor, deveríamos estar fazendo.
28 de outubro de 2015
Flávio José Bortolotto