"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 25 de janeiro de 2015

GOLPE FINAL NA SOBERANIA DO BRASIL



 

Não é hipérbole dizer que o Brasil – consciente disto, ou não – vive momento decisivo de sua História.  Se não quiser sucumbir, em definitivo, à condição de subdesenvolvido e (mal) colonizado, o povo brasileiro terá de desarmar a trama, o golpe em que está sendo envolvido.

Essa trama -  que visa a aplicar o golpe de misericórdia em qualquer veleidade de autonomia nacional, no campo industrial, no tecnológico e no militar – é perpetrada, como foram as anteriores intervenções, armadas ou não, pelas oligarquias financeiras transnacionais e instrumentalizada por seus representantes locais e pelo oligopólio mediático, como sempre utilizando hipocritamente o pretexto de combater a corrupção.

Que isso significa? Pôr o País à mercê das imposições imperiais sem que os brasileiros tenham qualquer capacidade de sequer atenuá-las.

Implica subordinação e impotência ainda maiores que as que  levaram o País, de 1955 ao final dos anos 70, a endividar-se,  importando projetos de infra-estrutura, em pacotes fechados, e permitindo o crescimento da dívida externa, através dos déficits de comércio exterior decorrentes da desnacionalização da economia, e em função das taxas de juros arbitrariamente elevadas e das não menos extorsivas taxas e comissões bancárias para  reestruturar essa dívida.

Ora, a cada patamar inferior a que o Brasil é arrastado, o império o constrange a afundar para degraus ainda mais baixos, tal como  aconteceu nas décadas perdidas do final do Século XX.

Na dos anos 80 ocorreu  a crise da dívida externa,  após a qual o sistema financeiro mundial fez o Brasil ajoelhar-se diante de condições ainda mais draconianas dos bancos “credores”.

Na dos anos 90,  mediante eleições diretas fraudadas em favor de ganhadores a serviço da oligarquia estrangeira, perpetraram-se as privatizações, nas quais se entregaram e desnacionalizaram, em troca de  títulos podres de desprezível valor, estatais dotadas de patrimônios materiais de trilhões dólares e de patrimônios tecnológicos de valor incalculável.

A Operação Lava-jato está sendo manipulada com o objetivo de destruir simultaneamente a Petrobrás - último reduto de estatal produtiva com formidável acervo tecnológico  - bem como as grandes empreiteiras,  último reduto do setor privado, de capital nacional,  capaz de competir mundialmente.

Quando do tsunami desnacionalizante dos 90, a Petrobrás  foi das raras estatais não formalmente privatizadas. Mas não escapou ilesa: foi atingida pela famigerada Lei 9.478, de 1997, que a submeteu à ANP, infiltrada por “executivos” e “técnicos” ligados à oligarquia financeira e às petroleiras angloamericanas.

Essa Lei abriu a porta para a entrada de empresas estrangeiras na exploração de petróleo no Brasil, com direito a apropriar-se do óleo e exportá-lo,  e propiciou a alienação da maior parte das ações preferenciais da Petrobrás, a preço ínfimo, na Bolsa de Nova York, para especuladores daquela oligarquia, como o notório George Soros.

Outros exemplos do trabalho dos tucanos de FHC agindo como cupins devoradores – no caso, a Petrobrás servindo de madeira – foram: extinguir unidades estratégicas, como o Departamento de Exploração (DEPEX);  desestruturar a administração; e  liquidar subsidiárias, como a INTERBRÁS e numerosas empresas da área petroquímica.

Como assinalam os engenheiros Araújo Bento e Paulo Moreno, com longa experiência na Petrobrás, a extinção do DEPEX fez que a empresa deixasse de investir na construção de sondas e passasse a alugá-las de empresas norte-americanas, como a Halliburton, a preços de 300 mil a 500 mil dólares diários por unidade.

Os próprios dados “secretos” da Petrobrás, inclusive os referentes às fabulosas descobertas de seus técnicos na plataforma continental e no pré-sal são administrados pela Halliburton. Em suma, a Petrobrás é uma empresa ocupada por interesses imperiais estrangeiros, do mesmo modo que o Brasil como um todo.

Além disso, a Petrobrás teve de endividar-se pesadamente para poder participar do excessivo número de leilões para explorar petróleo, determinados pela ANP, abertos a empresas estrangeiras.

Para obter apoio no Congresso, os governos têm usado, entre outras, as nomeações para diretorias da Petrobrás. Essa política corrupta e privilegiadora de incompetentes, já antiga, é bem-vinda para o império, e é adotada para “justificar” as privatizações: vai-se minando deliberadamente a empresa, e depois se atribui suas falhas à administração estatal.

Tal como agora, assim foi nos anos 80 e 90, com a grande mídia, incessantemente batendo nessa tecla, e fazendo grande parte da opinião pública acreditar nessa mentira.

Mas as notáveis realizações da Petrobrás são obras de técnicos de carreira, admitidos por concurso - funcionários públicos, como foram os da Alemanha, das épocas em que esse e  outros países se desenvolveram. Entretanto,  a mídia servil ao império demoniza tudo que é estatal e oculta a corrupção  oriunda de empresas estrangeira, as quais, de resto, podem pagar as propinas diretamente no exterior.

Para tirar do mercado as empreiteiras brasileiras, as forças ocultas - presentes nos poderes públicos do Brasil - resolveram aplicar, contra essas empresas, a recente Lei nº 12.846, de 01.08.2013, que estabelece “a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira (sic).”

Seu art. 2o  reza: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.”

Como as coisas fluem rapidamente, quando se trata de favorecer as empresas transnacionais, a Petrobrás já cuidou de convidar empresas estrangeiras para as novas licitações, em vez das empreiteiras nacionais.

A grande mídia, tradicionalmente antibrasileira, noticia, animada, a  possibilidade de se facilitar, em futuro próximo, a abertura a grupos estrangeiros do mercado de engenharia e construção civil, mais uma consequência da decisão, contrária aos interesses do País, de  considerar inidôneas as empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato.

Recentemente, nos EUA, foi infligida multa recorde, por corrupção, a um grupo francês, a qual supera de longe os US$ 400 milhões impostos à alemã Siemens. Já das norte-americanas, por maiores que sejam seus delitos, são cobradas multas lenientes, e não está em questão alijá-las das compras de Estado.

Já no Brasil -  país ocupado e dominado, mesmo sem tropas nem bases estrangeiras -  somente são punidas empresas de capital nacional. Fica patente o contraste entre um dos centros do império e um país relegado à condição de colônia.

Abalar a Petrobrás e inviabilizar as empreiteiras nacionais implica acelerar o desemprego de engenheiros e técnicos brasileiros em atividades tecnológicas. As empreiteiras são importantes não só na engenharia civil, onde se têm mostrado competitivas em obras importantes no exterior, mas também por formar quadros e gerar de empregos de qualidade nos serviços e na indústria, inclusive a eletrônica e suas aplicações na defesa nacional.

Elas estão presentes em: agroindústria; serviços de telefonia e comunicações; geração e distribuição de energia; petróleo; indústria química e petroquímica; construção naval. E - muito importante - estão formando a nascente Base Industrial da Defesa.

A desnacionalização da indústria já era muito grande no início dos anos 70 e, além disso, foi acelerada desde os anos 90, acarretando a desindustrialização. Paralelamente, avança, de forma avassaladora, a desnacionalização das empresas de serviços.

Este é o processo que culmina com o ataque mortal à Petrobrás e às empreiteiras nacionais, e está recebendo mais um impulso através da política fiscal - que vai cortar em 30% os investimentos públicos – e da política monetária que está elevando ainda mais os juros.

Isso implica favorecer ainda mais as transnacionais e eliminar maior número de empresas nacionais, sobre tudo pequenas e médias, provedoras mais de 80% dos empregos no País. De fato, só as transnacionais têm acesso aos recursos financeiros baratos do exterior e só elas têm dimensão para suportar os cortes nas compras governamentais.

Como lembra o Prof. David Kupfer, a Petrobrás e seus fornecedores respondem por 20% do total dos investimentos produtivos realizados no Brasil. Só a Odebrecht e Camargo Corrêa foram responsáveis por mais de 230 mil empregos, em 2013. 

A área econômica do Executivo parece não ver problema em  reduzir o assustador déficit de transações correntes (mais de US$ 90 bilhões de dólares em 2013), causando  uma depressão econômica, cujo efeito, além de inviabilizar definitivamente o desenvolvimento do País, implica deteriorar a qualidade de vida da “classe média” e tornar ainda mais insuportáveis as condições de vida de mais da metade da população, criando condições para a convulsão social.

Por tudo isso, há necessidade de grande campanha para virar o jogo,  com a participação de indivíduos, capazes de mobilizar expressivo número de compatriotas, e de entidades dispostas a agir coletivamente.

25 de janeiro de 2015
Adriano Benayon é doutor em economia, pela Universidade de Hamburgo,  e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

A INTELIGÊNCIA ISRAELENSE - 1

 

 

O Serviço de Inteligência é a batalha das mentes e cérebros e a função dos equipamentos é ajudar o ser humano em seu desafio conceitual. Mas na integração do homem e da máquina o fator humano é decisivo, mormente no Serviço de Inteligência” (Meir Amit, diretor do MOSSAD de 1963 a 1968)
 
Trinta e dois séculos após Moisés ter acatado a ordem de Deus, escolhendo 12 eminentes israelitas para se infiltrarem na Terra Prometida, o Estado de Israel foi criado, em 1948, e Ben Gurion, seu primeiro presidente, fez exigências rigorosas a seus agentes secretos: que fossem motivados pelo patriotismo; que representassem os melhores aspectos da sociedade israelense; que obedecessem ao postulado singular de comedimento; e que se lembrassem que defendiam uma democracia e não um Estado monolítico. Nesse sentido, Israel é um país singular sob muitos aspectos, um dos quais tem sido o total apoio de seus cidadãos aos Serviços de Inteligência, considerados entre os melhores do mundo.
 
Os Serviços de Inteligência de Israel, assim como os de outras nações, são um reflexo de suas sociedades, das quais trazem seu poder de inspiração. Cada país possui uma estrutura de Inteligência moldada à sua própria imagem, refletindo a índole e as características culturais da Nação.
 
O que está no centro dos Serviços de Inteligência de Israel, diferenciando-os dos demais serviços de qualquer outra Nação, é a imigração. Desde a sua formação a comunidade de Inteligência de Israel empenhou-se em proteger os judeus em todo o mundo e ajudá-los a emigrarem para sua Pátria bíblica.
Quem pode imaginar a CIA, por exemplo, com a tarefa de proteger cada possuidor de passaporte dos EUA através do mundo?
 
A tarefa de defender não apenas o Estado, mas também “todo o povo de Israel” é a missão precípua dos Serviços de Inteligência de Israel: MOSSAD (Inteligência Externa, criado em1951), AMAN (Inteligência Militar, criado em 1949), SHIN BET (Segurança Interna, criado em 1948), Serviço de Ligação (para a Imigração Judaica, criado em 1958), LAKAM (com a funçãoprimária de resguardar o programa nuclear secreto e obter dados científicos e tecnológicos noexterior, criado em 1957) e Departamento Político do Ministério do Exterior, criado em 1948.
Desde sua criação, o Estado de Israel vê-se cercado por um círculo de nações árabes hostis. Todas essas nações, todavia, possuem minorias étnicas e religiosas e Israel sempre pôs em prática o desenvolvimento de amizades com essas minorias, que sofrem, como Israel, em maior ou menor grau, com a ascensão do nacionalismo e radicalismo árabes. A idéia por trás dessa tática pode ser resumida em uma frase: “os inimigos do meu inimigo são meus amigos”.
 
Qualquer força que lute ou se oponha ao nacionalismo árabe é considerada por Israel uma aliada em potencial: a minoria maronita no Líbano, os drusos na Síria, os curdos no Iraque e os cristãos do Sul do Sudão, todos sofrendo o jugo das maiorias muçulmanas de seus países. Oconceito de manter contato com todos eles tornou-se conhecido para as lideranças israelenses como “a aliança periférica”.
 
Desde 1951, quando foi criada, a agência externa, o MOSSAD, possui acordos de cooperação com a CIA. Mas a grande abertura dos altos escalões dos Serviços de Inteligência ocidentais para com o MOSSAD decorreu de uma vitória conseguida na Europa em 1956, quando os israelenses conseguiram superar a CIA, o MI6 inglês, franceses, holandeses e outros Serviços de Inteligência ocidentais que buscavam o texto de um discurso: o discurso secreto pronunciado por Nikita Kruschev no XX Congresso do PCUS, em fevereiro de 1956, que praticamente sepultou a era Stalin ao relatar, pela primeira vez, os horrores dos gulags, dos julgamentos encenados, dos assassinatos e das deportações de populações inteiras.
 
A partir de então, a reputação do MOSSAD tornou-se uma lenda.
Em suas memórias, Isser Harel, que dirigiu o MOSSAD de 1952 a 1963 e o SHIN BET de 1948 a 1952, escreveu: “Fornecemos a nossos equivalentes americanos um documento que é considerado uma das maiores realizações na história da espionagem: o discurso secreto,completo, do 1º Secretário do PCUS”. Harel, entretanto, não revelou como conseguiu o discurso.
 
Como qualquer outro país, o MOSSAD possui agentes secretos trabalhando nas embaixadas, sobcobertura diplomática. Onde não é possível estabelecer relações oficiais ou estas são cortadaspor divergências políticas, os diplomatas alternativos do MOSSAD desempenham tarefas quenormalmente não são da competência dos Serviços de Inteligência. Especificamente, na África, a CIA forneceu milhões de dólares para financiar as atividades clandestinas de Israel, pois sempre foram consideradas do interesse geral do Ocidente.
De acordo com o conceito periférico do primeiro diretor do MOSSAD, os vínculos sigilosos de Israel com a Etiópia, Turquia e Irã nunca deixaram de existir. Tanto Israel quanto o Irã ajudaram a revolta dos curdos contra o governo do Iraque; agentes do MOSSAD no Iêmen do Sul ajudaram os realistas a combater os egípcios; no Sul do Sudão aviões israelenses lançaram suprimentos para os rebeldes cristãos; e, no fundo da África, o MOSSAD  operou num lugar tão distante como Uganda, em outubro de 1970, ajudando Idi Amin a depor o presidente Milton Obote.
 
Em todos os países há Estações do MOSSAD, sempre operando sob a cobertura diplomática,dentro das embaixadas. 
 
O chefe da Estação, todavia, não comunica suas atividades ao embaixador e remete seus relatórios diretamente para o MOSSAD, em Tel-Aviv. Suas missões incluem ligações oficiais com os Serviços de Inteligência do país-anfitrião, mas também operam suas próprias redes, sem o conhecimento do país-anfitrião. A ênfase em atividades semi-diplomáticas concentra-se basicamente em dois continentes: África e Ásia.
 
O sucesso do SHIN BET em controlar os territórios tomados em junho de 1967, na Guerra dos Seis Dias (margem ocidental da Jordânia, Sinai e Faixa de Gaza do Egito, e as colinas de Golan) teve um preço: a sociedade israelense passou a ser julgada no mundo exterior pelo que se podia observar a respeito de sua política de segurança. A subversão e os atentados com os homens e mulheres-bomba foram e vêm sendo esmagadas, mas a boa vontade para com Israel no resto do mundo diminui, graças, fundamentalmente, à mídia. Em vez de admirado por grande parte da opinião política internacional, o Estado judaico tornou-se abominado para muita gente.
O SHIN BET, forçado pelas circunstâncias passou a ser encarado como uma força opressora de ocupação. Teve que aumentar seus efetivos, os critérios de recrutamento foram facilitados e o perfil social de seu pessoal mudou. 
Os novos agentes baseavam sua atuação mais na força doque na inteligência. A natureza diferente da missão também determinou novos métodos. Numaépoca em que dois mil árabes era detidos para interrogatórios, em que carros explodiam e hotéis e aviões passaram a ser alvo dos terroristas, o essencial era extrair informações tão rápido quanto possível. O fator tempo – aliás, como em todas as guerras sujas - passou a ser o elemento mais importante e a ação rápida passou a exigir a brutalidade. Isso também ocorreu no Brasil na guerra suja dos anos 70.
Em 23 de julho de 1968, um Boeing 707 da El AL, num vôo de Roma para Tel-Aviv, foi seqüestrado e aterrisou na Argélia. Os seqüestradores eram três árabes, militantes da Frente Popular pela Libertação da Palestina. Esse foi o primeiro e último seqüestro bem sucedido de um avião israelense. A partir daí Israel introduziu um esquema de segurança radicalmente novo em seus aviões de passageiros, colocando homens do SHIN-BET, armados, em cada vôo, viajando em poltronas comuns, disfarçados de passageiros, tornando a EL AL a empresa mais segura do mundo.
O mundo, no entanto, só tomou conhecimento dessas medidas quando um desses agentes respondeu a um ataque terrorista, em Zurique, em fevereiro de 1969, na pista do aeroporto de Kloten. Em 1968, Meir Amit, diretor do MOSSAD desde 1963, foi surpreendentemente substituído pelo general Zvi Zamir, sem experiência anterior no Serviço de Inteligência. Segundo as especulações, ele havia sido substituído por ser eficiente demais. Os líderes do Partido Trabalhista, então no Poder, não desejavam um chefe do Serviço de Inteligência que fosse forte demais...

Dados bibliográficos:

Noticiário da imprensa nacional e internacional e livro “Todo o Espião é um Príncipe”, Imago Editora, 1991, de Dan Ravin e Yossi Melman.

25 de janeiro de 2015
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

ABOMINÁVEIS TERRORISTAS

 

 
Terroristas do passado, do presente e do futuro, pois que os impiedosos são parte da desumanidade. A eliminar considerados “inimigos, opositores, culpados,” matam, ferem e mutilam inocentes. O cidadão pacífico, desarmado, passante, e assim atingir o “temido opressor”, distante, físico, espiritual.

Por conta da vida em comum, há que se ter em mente que a liberdade de um, termina quando começa a do outro. Na Lei Maior brasileira consta como objetivo fundamental “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”; vai além e diz, “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;”. No senso comum, assim se enxerga, se entende e se aceita. Na prática nem sempre se cumpre.

 “Sem preconceitos” pressupõe respeito às diferenças existentes no ser humano quanto à raça, sexo,... Sem quaisquer outras formas de discriminação. Quando se xinga um jogador de macaco ou se insinua de outra forma se demonstra uma atitude agressiva, intolerante, odiosa, uma injúria racial. Que se repete em outras insinuações, chargeando diferenças, às vezes jocosas, sem raiva que no fundo, no fundo não servem. Agridem. Cutucadas nos fundamentos dos outros, mas não nos próprios.

Ora, quando se escreve e se dá o caráter de norma inviolável, inatacável, o Estado garante ao cidadão o direito à prática religiosa de sua opção e respeito ás suas liturgias.

A lembrar, fato de repercussão midiática as cenas de um pastor evangélico dando pontapés na imagem da N. Senhora Aparecida. Reprováveis, também a invasão de Terreiros, Centros Espíritas, destruição de altares, insultos a outras pregações. Os fundamentos de cada fé norteiam a caminhada na direção do Deus que adoram. Sem que necessariamente os princípios das outras sejam os pontos negativos para reprová-las. Nenhuma religião prega a maldade. As faltas estão no ser humano mal orientado ou doente.

Claro que o desenvolvimento cultural trouxe rejeição a determinadas práticas ainda que nas liturgias, rituais, antigos eram as normas. O sacrifício de animais e até humanos. A lei dos homens aperfeiçoada a iluminar o convívio social e reprimir os exageros, os considerando crimes.       

Que o mundo aprenda com o desconcerto havido em Paris não só restrito à reprovação das ofensivas charges publicadas, mas à execução sumária, a citar como exemplo, o assassinato do guarda já prostrado no chão. Ferido. A corrida do terrorista em passadas cadenciadas — imagem do horror — seguida do tiro que espargiu o sangue do inocente derramado sobre a frieza do solo no inverno francês, esteio não só da Liberdade, mas da Fraternidade e da Igualdade. Frieza no tiro fatal.

Liberdade não é só fazer, dizer, escrever, desenhar o que pensa sem o liame com a Fraternidade, afeto, proximidade, amor, e não pode ser mera palavra exposta em flâmula colorida em
​azul,  branco e vermelho a tremular e bradar Igualdade. Palavras que ecoaram pelo mundo e se transformaram em apelo universal de clamor e respeito ao cidadão, como ente importante no meio que vive.

Mas, não estiveram presentes em Paris naqueles tristes momentos. Nem quando decapitam jornalistas, explodem carros-bomba como meio de imposição da vontade.

25 de janeiro de 2015
Ernesto Caruso é Coronel de Artilharia e Estado-Maior, reformado.

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Lava Jato pode prender Gabrielli, complicar Dirceu, indiciar políticos e confirmar inevitável culpa de Dilma

Mais cedo ou mais tarde, Dilma Rousseff tende a ser indiciada, na Corte de Nova York, por sua participação desastrosa na aquisição da refinaria texana de Pasadena. Além de ter gerado prejuízos milionários à Petrobras e seus investidores, a negociata já é encarada como uma das chaves para desvendar e comprovar todos os empreiteiros, dirigentes estatais e políticos corruptos que se beneficiaram da grana suja do Petrolão. A "Ruivinha" (referência obtida em um grampo telefônico da Operação Lava Jato à planta industrial da sucateada e enferrujada refinaria) destruirá as bases corruptas do desgoverno nazicomunopetralha? Tudo indica que sim... Dilma já era, sem nunca ter sido...

Antes de virem à tona, oficialmente, os nomes de dezenas de deputados (entre 40 e 50) e uns 8 senadores, o Petrolão atingirá sua tensão máxima quando for decretada a prisão de José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras na gestão Lula da Silva. A ordem para a detenção preventiva ou provisória de Gabrielli já é encarada como inevitável nos bastidores do judiciário. Só falta a decretação pelo juiz Sérgio Fernando Moro ou por sua substituta, Gabriela Hardt, da 13a Vara Federal em Curitiba. Se for preso, a expectativa é que Gabrielli rompa definitivamente com a cúpula petista e chute o balde contra quem mais odeia: Dilma Rousseff.

Gabrielli e seu ex-diretor Internacional, Nestor Cerveró, atestam que Dilma autorizou a compra de Pasadena, junto com eles, toda a diretoria executiva e o conselho de administração da Petrobras. Embora a máquina de contrainformação governamental tente plantar o contrário na mídia amestrada, o Estatuto da Petrobras coloca diretores e conselheiros como responsáveis pelas decisões. Antes de ser a poderosa presidente do Brasil, Dilma foi a "presidente" do Conselho de Administração da Petrobras que deliberou pela compra da "Ruivinha".

As falcatruas em torno dessa negociata texana chamaram a atenção de investidores e investigadores norte-americanos - principalmente aqueles da National Security Agency que Edward Snowden acusou terem espionado a estatal brasileira. Tais informações foram a verdadeira base para o estouro da Operação Lava Jato. O resto veio e ainda vem como consequência da negligência dos corruptos. Todos abusaram de ostentações, na aquisição de imóveis de luxo, carrões importados e na movimentação atípica de dinheiro nas inúmeras viagens feitas ao exterior.

Já se estima que o rombo do Petrolão chegue a um inimaginável montante de US$ 25 bilhões. Grande parte do dinheiro foi desviada para campanhas políticas, através do esquema dos doleiros Alberto Youssef e da pouco falada Maria de Fátima Stocker (que está presa na Espanha). Outro tanto da grana desviada acabou com diretores corruptos da Petrobras. Uma parte menor ficou com dirigentes de empreiteiras - que agora aproveitam as "colaborações premiadas" para delatarem que foram achacados, dando nome aos achacadores, seus chefes e beneficiários.

Engrenagem


A temperatura infernal do Petrolão subiu com a divulgação, pelo Jornal Nacional da Rede Globo, de que foi quebrado o sigilo fiscal e bancário da JD Consultoria. Documentos da Lava Jato comprovam que a empresa de José Dirceu de Oliveira e Silva, ilustre mensaleiro cumprindo pena no confortável regime de "prisão domiciliar", recebeu quase R$ 4 milhões das empreiteiras que têm executivos presos. A JD recebeu R$ 720 mil da OAS, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011. Também ganhou R$ 725 mil da Galvão Engenharia entre 2009 e 2011 e mais R$ 2,3 milhões da UTC, nos anos de 2012 e 2013.

Dirceu e seu sócio e irmão Luiz Eduardo de Oliveira e Silva alegam que os contratos mantidos com as empreiteiras não guardam qualquer relação com contratos da Petrobras investigados pela Lava Jato. Os dois se colocam à disposição da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos. De 2009 a 2013, Dirceu não ocupava cargo público. Era apenas um famoso réu do Mensalão. Foi saído do cargo de ministro da Casa Civil em junho de 2005, e, em dezembro do mesmo ano, teve o mandato de deputado cassado. No julgamento da Ação Penal 470, acabou condenado a sete anos e 11 meses de prisão pelo crime de corrupção ativa. Foi preso em 15 de novembro de 2013. Amargou o regime fechado até novembro de 2014, quando passou a cumprir o regime semi-aberto, até ganhar a "prisão domiciliar".

Agora, o grande temor é: já pensou se a Lava Jato confirmar que o dinheiro sujo do Petrolão ajudou a pagar aquelas multas milionárias da condenação no Mensalão?

Show de Traições

José Sérgio Gabrielli tem inimigos poderosos que desejam ferrá-lo.

Um empresário que alega ter tomado uma volta dele ameaça servir de testemunha contra ele.

O baiano injuriado, ex-parceirão, teria perdido US$ 400 mil dólares na falta de cumprimento de palavra de Gabrielli...

Mais deduragens

O delator premiado Paulo Roberto Costa revelou à Justiça Federal que a refinaria de Pasadena pode ter rendido entre US$ 20 e US 30 milhões em propina a Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, e ao lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, que nega ser ligado ao PMDB.

Paulo Roberto testemunhou que um dos primeiros negócios tratados com o lobista foi justamente Pasadena, através de uma proposta de associação com a Astra Oil encaminhada a Cerveró por Alberto Feilhaber, um ex-funcionário da Petrobras que representava a trading de origem belga.

Paulinho só não soube dizer nem provar se outros dirigentes da Petrobras também levaram grana na negociata.

Comprovado

Paulo Roberto afirmou que o lobista Fernando Baiano lhe pagou propina de US$ 1,5 milhão para que não causasse "problemas” na reunião de aprovação da compra de Pasadena.

Os dois foram juntos ao Vilartes Bank, na Suíça, onde os valores teriam sido inicialmente depositados.

Paulinho contou que foi apresentado a Baiano por Cerveró e que já sabia que o lobista tinha "atuação forte" na diretoria Internacional, representando interesses do PMDB.

Lema operacional

“O Juiz Sérgio Moro vai seguir o rastro do dinheiro, não importa quem atingir”.

Esse mantra vem sendo repetido por 13 x 13 nos bastidores da Justiça Federal.

Uma boa dica para localizar a hospedagem do dinheiro desviado no Petrolão é acompanhar e rastrear operações de compra e venda de hotéis, no Brasil e no exterior.

A malandragem do submundo sabe que hotel é onde se esquenta dinheiro mais facilmente, através de lotações fictícias que emitem notas fiscais para esquentar uma graninha desviada de falcatruas com dinheiro público...

BBB EB?

A guerra psicológica contra as Forças Armadas não tem trégua nem no Big Brother Brasil...

O Globo informa que a Polícia Civil do Estado do Rio confirmou que uma equipe da Divisão de Homicídios vai ao Projac - estúdios da Globo onde fica a casa do "Big Brother Brasil 15" - tomar o depoimento de Luan Patrício.

O participante da atual edição do programa confidenciou, em sua primeira noite de confinamento no reality, que matou um adolescente, de 16 anos, durante a invasão ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, quando servia o Exército, em 2010, pelo 8º Grupo de Artilharia.

Briga Boa

Gol contra da Dilma

Do leitor Régis D.C. Fusaro, uma mensagem futebolístico-política para Dilma Rousseff:

"A presidente se esqueceu de que treino é treino e Joko é Joko".

O trocadilho infame é com o nome do presidente da Indonésia, Joko Widodo, que não perdoa traficante brasileiro preso por lá...

Petista das medalhas

Políbio Braga informa que, proibidos por lei do ex-deputado Bernardo Souza de praticar nepotismo direto ou cruzado, alguns deputados gaúchos parecem ter descoberto nova forma de homenagear a parentada. 

A deputada estadual Marisa Formolo, do PT, que não foi reeleita, concedeu ao seu irmão, Armando Formolo, a honraria máxima do parlamento gaúcho, a Medalha do Mérito Farroupilha.

Marisa Formolo já tinha feito a Assembléia conceder 20 Medalhas da 523a. Legislatura, para sua família toda, inclusive o marido, filha, genro, neta, nora, irmãs e cunhados.

Primeira vítima do apagão?

 
Pantera argentina
 
 
                           
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!

25 de janeiro de 2015
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
 
 



 

PONDERANDO IDEIAS NA ÁREA POLÍTICA E MILITAR



 
Primeira - Não vejo vantagem de qualquer espécie e nenhum sentido, em um general recém-nomeado comandante de uma força armada, de estabelecer, de pronto, posição contrária ao governo que o nomeou. Então, não aceitasse a indicação, recusasse a nomeação.

Neste caso, deve se supor que as desfeitas, humilhações e mesmo vilipêndios feitos à instituição devem ser assimilados pelo comandante nomeado, sem resgate do auto respeito perdido, na vã ilusão de que tais desvarios desmedidos não venham mais a acontecer. O que não deixa de ser um raciocínio temerário, se o governo é dominado por partido revanchista, constituído na sua maioria por verdadeiros algozes desta força armada, muitos antigos militantes de guerra subversiva que, uma vez derrotados, não escondem seu sentimento de vingança.

Segunda - Somente ao ocupar o cargo, o militar pode saber como conduzir-se. Entre inúmeros outros fatores, pesarão, em suas palavras, e em suas atitudes, a sua formação, suas experiências profissionais, sua experiência de vida, suas qualidades, suas características pessoais, os objetivos e a situação da Força, a conjuntura política nacional e a internacional.

Isto em uma situação e ambiente normais. Acontece que qualquer militar que ocupe o cargo nos próximos quatro anos vai ter que suportar governança que não é representante de um partido político democrata comum, mas, sim, de uma facção de esquerda revolucionária, atualmente muito bem assentada e bem sucedida na aplicação de estratégia de tomada e permanência no poder, que não esconde sua animosidade para com as FFAA.

Esta facção vermelha é liderada por quem, em tempos passados, integrava grupos terroristas responsáveis, entre outros desatinos, por eliminação de sentinelas em seus postos de serviço nos quartéis. O saber como conduzir-se, neste caso especial, não pode admitir qualquer falta de respeito/achincalhe à instituição armada, como só em ser nestes últimos 12 (doze) anos.

Terceira - Até hoje são debatidas, à exaustão, sem que se chegue à conclusão final, a posição, as atitudes, e as decisões - de fundo político - de inúmeros generais, entre eles, japoneses, norte-americanos, ingleses, franceses, alemães, russos, e brasileiros.


Existem máximas que, se não observadas por qualquer general, seja ele de que nacionalidade for, jogam na vala comum todo um passado de mais de 40 (quarenta) anos de serviço a seus países. Uma delas diz assim: -“Franqueza e coragem moral caminham juntas. A responsabilidade dos oficiais-generais, de último posto, na formação do processo político envolve uma franqueza absoluta.  Uma vez que uma decisão política final seja tomada, ele tem a obrigação de apoiar essa decisão como se ela fosse sua, com uma grande exceção: questões que envolvam os profundos princípios como - dever, honra e pátria - não podem se submeter a outros compromissos. (Tenente David A. Adams, Marinha dos EUA/CMG da Reserva Geraldo Luiz Miranda de Barros, da Marinha do Brasil- fonte R Paiva).

Uma outra reza: -“Oficiais- generais no último posto, com larga experiência e conhecimento profissional de nível estratégico não podem fazer vista grossa, uma vez dispondo de informações confiáveis, diante de políticas capazes de causar danos insuportáveis à nação e à instituição (Código de Honra Quatro Estrelas).  As situações e acontecimentos vivenciados, principalmente nestes últimos 12 (anos), estão repletos de circunstâncias que justificariam plenamente a observância destas máximas, como uma simples, honesta e patriótica decisão de caráter moral, e isto sem nenhuma quebra de disciplina ou da ordem constitucional.

Quarta - Os nossos ministros (o General Leônidas declarava, em público, que estávamos muito bem remunerados!) e comandantes do EB, em especial, os generais Zenildo, Gleuber e Albuquerque teriam acostumado "nossos" políticos, e a sociedade, ao longo de anos e anos, a não ouvir nenhuma opinião militar sobre assuntos da conjuntura nacional, fosse de que natureza fosse, militar, política, econômica ou psicossocial. Se, de repente, hoje, dermos uma simples opinião, sobre qualquer coisa de interesse nacional, seria um escândalo, motivo de estabelecer crise político-institucional. Eles criaram o "Grande Mudo".

Não teria sido isso um erro? Mas aconteceu, é um fato. Em verdade, há que se recomeçar a falar, opinar e a participar, efetivamente, da vida nacional, sem que se gere tal crise. Quanto ao soldo indecente de nossos capitães, tenentes e graduados, esta situação ainda vai perdurar por muito tempo, fruto da passividade de um alto comando que, sabendo da frivolidade em que são aumentados os salários da politicalha, não se impõe para que nossos oficiais e graduados disponham de justo sustento, compatível com o nível de suas tarefas funcionais.

Atenção! Problemas e vulnerabilidades, até hoje sem solução, não teriam sido gerados pela miopia estratégica de governantes e políticos, entre outros: a carência de poder de dissuasão nuclear para defesa das amazônias verde e azul (que se diga, não para usá-la, mas, tão somente, para afastar/desencorajar ameaças por parte dos grandes predadores militares); o franco e acelerado separatismo indígena, que se agrava a cada dia, ensejando o apelo/aplicação do “dever de proteger” pelos membros permanentes do CS/ONU; o atraso no desenvolvimento de vetores/foguetes de longo alcance, por incúria do governo Fernando Collor, etc., etc.

Quinta - O que se quer hoje? Derrubar o governo? Como justificar isso para os brasileiros? E os votos? O sistema eleitoral é corrupto? Há provas. Mas essa gente está sendo inteligentíssima. Não rasgam a Constituição, apenas, a arranham aqui e ali. Teríamos apoio popular suficiente? Tenho convicção de que não. Os ricos estão satisfeitos. Os pobres também. Não tenho nenhuma dúvida de que, pelo menos, 50% dos brasileiros são sem-caráter, corruptos, ladrões, todos dignamente representados por essa corja que muito bem reflete o eleitorado dela. Resta-nos ficar vigilantes. Continuar a vigília. Agir com mais inteligência que os bandidos. Esperar um golpe contrário, uma gota d'água? Talvez, pois até Gramsci tem limites...

Não se pensa em derrubar o governo, mas há que se preservar o respeito dele às FFAA, pela atitude intransigente de seus chefes na defesa do brio de suas Instituições.  Já está se tornando cansativo enumerar as situações em que o EB, a MB e a FAB foram tratados com desrespeito por políticos desqualificados, pela mídia e mesmo pela governança, sem nenhum protesto por quem de dever e direito. Isto já está se tornando contumaz: primeiro, pela falta de reação dos comandantes das Instituições Militares que, até sobejas provas em contrário, dão a ideiade que perderam a capacidade de se indignarem; segundo, pela falta de coragem do alto comando para, corajosamente e por lealdade, levarem a seus respectivos comandantes singulares, a necessidade de se pôr um fim a esse descalabro sem precedentes na história de nossas FFAA.

Que não se duvide, os 50% restantes, mais precisamente, aqueles do eleitorado anticomunopetista iriam apoiar este posicionamento mais do que justo.  Quanto a ficar na vigília, já se está na vigilância há bastante tempo, assistindo-se a estratégia gramscista ganhar força a cada instante, só que em absoluta apatia, vendo a banda passar e perdendo o bonde do bom combate.

Sexta - Se não se vai dar golpe hoje, como conviver com esses marginais inclusos? Entestando-os? Opondo-nos - como bons militares - sinceramente, diretamente? Onde chegaríamos? Trocando de comandante a cada dia, a cada um nomeado, mais outro nomeado? Até onde? E a tropa, enquanto isso, como ficaria? Estaríamos criando as "condições subjetivas", ou as "objetivas", da doutrina inimiga - que aqui para eles não deu certo - para derrubar a bandidagem, para retomarmos o poder?


Como conviver com a marginalidade inclusa, realmente, é difícil. A pergunta seria mais, ao invés de onde chegaríamos, aonde já chegamos?!  Parodiando, o General Marco Felício, meu comandante e líder inconteste nesta luta, que é de todos nós, eu diria que o novo comandante da Foça Terrestre cumprirá sua missão, e jamais será esquecido pelos soldados de Caxias, se não permitir mais que “a Instituição seja maculada, violentada e conspurcada por leniência, assumindo o compromisso de pensar, questionar, se importar e se manifestar, sempre, em defesa do Exército da Pátria, em todas as situações que exijam seu posicionamento”.

Que sejam nomeados inúmeros comandantes, mas, todos, comandantes na acepção do termo. O Exército não pode viver humilhado, engolindo sapos, preterido por uma ideia de continuidade/manutenção administrativa. Soldados ficam felizes a cada comandante que, de verdade, os comandem. Soldados perdem a fé em quem chefia por muito tempo, sem comandar e, muito menos, liderar.

Sétima - Eu não concordei, em tese, com muitas supostas decisões tomadas pelo comandante Enzo, mas não sei - ao certo - que fatores ele levou em consideração para tomá-las. Não lhe conheci o estudo das vantagens e das desvantagens em cada caso. Algo que nos repugna, como militares, no campo político pode ter-se de engolir. Sim: tudo tem limite. Mas o limite não parece ser uma linha, mas uma faixa... Por mais repugnante que isso nos pareça.

Não há como escapar, sempre me lembro do “meu velho”. Ele as vezes me lembrava de uma frase do Duque de La Rochefoucauld, me recordo apenas de parte dela: -“...por mais que a vida nos possa dar ou tirar, uma coisa é absolutamente indispensável, que o homem não perca a fé em si mesmo e que conserve a honra imaculada aos próprios olhos! ”  Sou de opinião que esta frase tem maior significado ainda quando o indivíduo é responsável pela manutenção incólume do nome intocável de uma Instituição Armada Nacional.

As ideias que serviram de base para minhas ponderações são as contidas em mensagem de um amigo que muito prezo, respeito e admiro, ele, como eu, profundamente angustiado com o momento lancinante que atravessa o País.

25 de janeiro de 2015
Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e Estado-Maior, na reserva.