"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 28 de março de 2015

GRINGO NA ÁREA

Caiado solicita investigação da PF sobre uso de estrangeiros pelo MST em manifestações

mst_08Líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado (GO) apresentou requerimento ao Ministério da Justiça solicitando que a Polícia Federal apure com urgência o recrutamento de estrangeiros, sobretudo haitianos, angolanos e cubanos, pelo MST nos últimos meses.

De acordo com o senador, o uso do movimento como coletivo político aliado ao governo, inclusive sendo citado como “Exército de Stédile” pelo ex-presidente Lula, causa apreensão pela forma violenta e sem controle que o grupo pratica ações pelo país. Caiado lembra que tem sido noticiada a interação do MST com governos bolivarianos, o que levanta uma suspeita de que seus integrantes estão sendo preparados para formar uma espécie de milícia ao estilo dos coletivos venezuelanos controlados por Nicolás Maduro.

“No momento em que Lula incita esse exército do MST a reagir aos protestos contra o governo causando violência, baderna e até morte nas estradas, somos surpreendidos com informações na imprensa de indivíduos de outras nações sendo cooptados por esse esboço de coletivo bolivariano. É de suma importância que as forças de segurança atuem contra essa possível afronta à segurança interna e à soberania nacional”, justificou Caiado.

No documento encaminhado ao ministro José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça, é solicitado que a Polícia Federal “adote os procedimentos de praxe” para que providências sejam tomadas, de forma a conhecer o tamanho do contingente estrangeiro ligado ao MST e seus reais propósitos.

“Torna-se imperiosa a intervenção da Polícia Federal para por à limpo essa história, evitando o agravamento da tensão emergente. De outra parte as diligências propostas devem interessar ao próprio governo, por prevenir eventual responsabilidade futura sobre os efeitos negativos do ingresso irregular de estrangeiros no Brasil, independente da finalidade”, concluiu o senador em texto do requerimento.

28 de março de 2015
ucho.info

OS ROBÔS ABANDONAM O BARCO




O documento que vazou do Planalto falando dos robôs usados nas redes sociais me fez lembrar de 2010. Foi a última campanha que fiz no Rio de Janeiro. Na época detectamos a ação de robôs, localizamos sua origem, mas não tínhamos como denunciar. Ninguém se interessou.

Os robôs eram uma novidade e, além do mais, o adversário não precisou deles para vencer. Tinha a máquina e muito dinheiro: não seriam mensagens traduzidas, grosseiramente, do inglês - contrataram uma empresa americana - que fariam a diferença. Essa campanha de 2010 pertence ao passado e só interessa, hoje, aos investigadores da Operação Lava Jato.

Os robôs abandonaram Dilma Rousseff depois das eleições. E o Palácio dá importância a isso. Blogueiros oficiais também fazem corpo mole em defendê-la, por divergências políticas. Isso confirma minha suposição de que nem todos os blogueiros oficiais são mercenários. Há os que acreditam no que defendem e acham razoável usar dinheiro público para combater o poderio da imprensa.

Vejo três problemas nesse argumento. O primeiro é uma prática que se choca com a democracia. O segundo, o governo já dispõe de verbas para fazer ampla e intensa propaganda. E, finalmente, Dilma tem todo o espaço de que precisa. Basta convocar uma coletiva e centenas de jornalistas vão ao seu encontro. Se Dilma quiser ocupar diariamente cinco minutos do noticiário nacional, pode fazê-lo. O chamado problema de comunicação do governo lembra-me O Castelo, de Kakfa. A porta sempre esteve aberta e o personagem não se dá conta de que a porta está aberta.

O problema central é que Dilma não sabe tocar esse instrumento. Todos os presidentes da era democrática sabiam. Lembro-me apenas do marechal Dutra, no pós-guerra, mas era muito criança. Falava mal, porém fez carreira militar, era um marechal, que comprou muita matéria plástica. Mas era um outro Brasil comparado com o avanço democrático e a onipresença do meios de comunicação.

Os robôs que abandonaram o barco não me preocupam. Esta semana parei um pouco para pensar na terra arrasada que o PT deixará para uma esquerda democrática no País. Não só pelo cinismo e pela corrupção, pelas teses furadas, mas também pela maneira equivocada de defender teses corretas. Ao excluir dissidentes cubanos, policiais brasileiros, opositores iranianos da rede de proteção, afirmam o contrário dos direitos humanos: a parcialidade contra a universalidade.

Algo semelhante acontece com a política sobre os direitos dos gays, que apoio desde que voltei do exílio, ainda no tempo do jornal Lampião.

Ao tentar transformar as teses do movimento numa política de Estado, chega-se muito rapidamente à desconfiança da maioria, que aceita defesa de direitos, mas não o proselitismo. Tudo isso terá de ser reconstruído em outra atmosfera. Será preciso uma reeducação da esquerda para não confundir seus projetos com o interesse nacional.

Isso se aprende até nas ruas, vendo o desfile de milhares de bandeiras verdes e amarelas. Na sexta-feira 13 houve um desfile de bandeiras vermelhas. Essa tensão entre o vermelho e o verde-amarelo é expressão pictórica da crise política.

Se analisamos a política externa do período, vemos que o Brasil atuou lá fora como se sua bandeira fosse vermelha. Ignora a repressão em Cuba e na Venezuela, numa fantasia bolivariana rejeitada pela maioria do País.

Discordo de uma afirmação no documento vazado do Planalto: o Brasil vive um caos político. Dois milhões pessoas protestam nas ruas sem um incidente digno de registro. Existe maturidade para superar a crise, sem violência.

Bem ou mal, o Congresso Nacional funciona. O caos não é político. É um estado de espírito num governo e num partido que ainda não compreenderam seu fim. Nada mais cândido que a sugestão do documento: intensificar a propaganda em São Paulo.

Com mais propaganda, mais negação da realidade, o governo contribui para aumentar o som do panelaço. E exige muita maturidade da maioria esmagadora que o rejeita.

Li nos jornais a história de um deputado no PT reclamando de ter sido hostilizado em alguns lugares públicos. Se projetasse o que virá no futuro, teria razões para se preocupar.

A crise econômica ainda vai apresentar seus efeitos mais duros. Um deles é o racionamento de energia. Sem isso, acreditam os técnicos, não há retomada do crescimento em 2016. Como crescer sem dispor de mais energia?

As investigações da Lava Jato concentram-se no PT. Muitos depoimentos convergem para inculpar o tesoureiro João Vaccari Neto. Li que uma das saídas do partido seria culpar o tesoureiro, uma versão petista de culpar o mordomo.

Um governo que recusa a realidade, crise econômica que caminha para um desconforto maior e o foco da investigação da Lava Jato no PT são algumas das três variáveis de peso que conduzem a uma nova fase.

Diante desse quadro, não me surpreende que os robôs estejam pulando do barco do governo. Apenas confirmam minha suspeita de que se tornam cada vez mais inteligentes.

Eles continuam à venda no mercado internacional. O secretário da Comunicação recomendou ao governo dar munição a seus soldados na internet, Lula ameaçar com o exército de Stédile. Um novo exército de robôs seria recebido com uma gargalhada nas redes sociais.

Juntamente com os robôs, Cid Gomes saltou do barco. Ao contrário dos robôs, seu cálculo é político. Superou em 100 a marca de Lula sobre os picaretas no Congresso. Preservou-se com os futuros eleitores.

Mas, e aquela história da educação como o carro-chefe do projeto de Dilma? Confusão entre os estudantes que não recebem ajuda e o ministro contando picaretas no Congresso.

É tudo muito grotesco. Os partidos querem ver Dilma sangrando. Além de ser muito sangue o que nos espera pela frente, é preciso levar em conta que, de certa maneira, o Brasil sangra com Dilma. Arrisca-se a morrer exangue.


28 de março de 2015
Fernando Gabeira, O Estado de S. Paulo

HENRIQUE ALVES E JANINE SÃO NOMEADOS MINISTROS


















A presidente Dilma Rousseff anuncia o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB) como novo ministro do Turismo. A presidência anunciou também que o filósofo Renato Janine Ribeiro, professor de Ética e Filosofia Política da USP, será titular do Ministério da Educação.
Ribeiro entra  no lugar de Cid Gomes (Pros-CE), que pediu demissão na semana passada. Ele acertou sua ida para o ministério com a presidente Dilma em reunião nesta sexta e sua posse será no dia 6 de abril.
O comando da Educação estava interinamente nas mãos de Luiz Cláudio Costa, secretário-executivo da pasta, desde quarta-feira (18), depois da conturbada saída de Cid, que se desentendeu com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Cid havia sido convocado a se explicar na Câmara sobre uma declaração na qual disse que a Casa tem “uns 400 deputados, 300 deputados” achacadores.
A fala ocorreu em Belém, no final de fevereiro, durante visita do ministro à Universidade Federal do Pará, onde se reuniu com professores e reitores de universidades federais paraenses.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – 
Enfim está explicada a defesa que Janine vinha fazendo do governo nas últimas semanas, falando em golpismos e outros chavões. Mais  um que só pretende engordar o currículo. Quanto a Henrique Alves, é uma tendência de aplacar a ira do PMDB, mas não vai adiantar. Ele não preside mais nada. É carta fora do baralho. (C.N.)


28 de março de 2015
Deu na Folha

FRUSTRAÇÃO E REJEIÇÃO DO ELEITOR DEIXAM DILMA SEM AÇÃO





















Por trás da reprovação majoritária da população ao governo Dilma Rousseff, revelada pelo Datafolha após as manifestações de 15 de março, há diferenças importantes entre os eleitores que se posicionam contra a presidente.
Por meio de uma análise combinatória de duas variáveis – o voto declarado no segundo turno da eleição presidencial de 2014 e a avaliação que os entrevistados fazem do governo Dilma hoje –, o Datafolha dividiu a amostra de sua última pesquisa nacional em seis subgrupos.
Os três primeiros reúnem aqueles eleitores que optaram por Dilma no ano passado e que agora têm visões diferentes sobre o desempenho da presidente. São os eleitores “satisfeitos”, os “apreensivos” e os “frustrados”.
Os outros três grupos são compostos por pessoas que não votaram na petista, isto é, escolheram o senador Aécio Neves (PSDB-MG), votaram nulo ou em branco nas últimas eleições. São subdivididos em “surpresos”, “atentos” e “refratários”.
SATISFEITOS
Os eleitores “satisfeitos” avaliam positivamente o início do segundo mandato da candidata que elegeram. Atribuem à presidente nota 8,3 – a média na população é 3,7. Eles correspondem a 11% dos brasileiros, são mais velhos e muito mais petistas do que a média. Vivem principalmente no interior do país, estão mais otimistas com a economia e são os que menos acreditam em omissão de Dilma diante da corrupção na Petrobras. É o segmento mais fiel à presidente.
Os eleitores “apreensivos” não aprovam, mas também não reprovam o governo Dilma. Avaliam sua gestão como regular ou não souberam opinar. Totalizam 15% da amostra e, entre os que votaram na petista, são o grupo com mais moradores das capitais. Dão nota 6,1 à presidente e estão pessimistas com os rumos da economia, mas em proporção menor do que a média.
Em comum com os grupos que não rejeitam Dilma, os “apreensivos” estão mais otimistas em relação à sua situação econômica pessoal do que com as condições do país. Se sentirem em sua rotina os efeitos dos ajustes na economia, tendem a se frustrar. Caso contrário, podem voltar a apoiar a presidente.
FRUSTRADOS
Os eleitores “frustrados” votaram em Dilma, mas agora a consideram uma presidente ruim ou péssima. De todos os seis subconjuntos, é o que tem menor renda e mais moradores no Nordeste. Somam 16% e atribuem média 2,4 à petista, nota superior apenas à dos “refratários”.
É um estrato que demonstra bastante pessimismo com a economia e o mais inseguro com o emprego. Para reconquistá-los, o governo deveria minimizar os efeitos da recessão no mercado de trabalho e em benefícios sociais.
No universo dos que não votaram em Dilma na eleição, dois pequenos subconjuntos destacam-se pela avaliação que fazem da presidente.
Os “surpresos” representam apenas 2% do total, são menos escolarizados e mais pobres, e dão nota 7,1 à gestão da petista. Os “atentos”, que somam 10%, a consideram regular, com média 5,4. São mais jovens, a maioria tem ensino médio e é do sexo masculino, estão pessimistas com a economia do país, mas nem tanto em relação à situação econômica pessoal.
REFRATÁRIOS
O maior grupo de todos é o dos “refratários”. Corresponde a quase metade da população (47%). É um contingente que não votou em Dilma e a reprova totalmente. Entre eles, a nota média obtida pela petista fica em 1,7. É o segmento mais escolarizado e com mais gente no Sudeste.
Exibe grande pessimismo na economia e é o que mais condena a presidente por omissão diante da corrupção na Petrobras. Foi o estrato mais presente nos protestos do dia 15 e parece blindado contra iniciativas do governo.
As variações na opinião pública daqui em diante dependerão principalmente do impacto do ajuste econômico no dia a dia dos brasileiros, especialmente nos segmentos “apreensivos” e “atentos” da população.

28 de março de 2015
Mauro Paulino e Alessandro Janoni
Folha

POR QUE ESCONDEM AS NEGOCIATAS DO BTG PACTUAL COM A PETROBRAS?

Amsterdam, Holanda - A pergunta que mais se ouve por aqui é se o Brasil terá condição de sair da crise econômica e se os responsáveis pelo roubo da Petrobrás serão presos. As opiniões estão divididas entre os europeus com os quais tenho conversado. 
Os mais otimistas dizem que todos serão penalizados, a exemplo do que ocorreu com o mensalão. Outros, mais céticos, desconfiam que o STF não vai andar com os processos e que tudo terminará em pizza. 
Estes, suspeitam que os ministros, nomeados no governo petista, vão empurrar os processos com a barriga até o esquecimento. E que dificilmente aparecerá um “Joaquim Barbosa” para peitar os poderosos envolvidos no escândalo da Petrobrás.

Antes de deixar Portugal, fui envolvido numa discussão com jornalistas brasileiros e locais ávidos em saber como o PT conseguiu derreter os ativos da Petrobrás ao acobertar uma quadrilha que agiu durante muito tempo nas licitações fraudulentas e no recebimento de propinas das empresas que prestavam serviços à estatal, tudo isso para alimentar os petistas no poder. Nessa conversa fiquei surpreso com a informação que eles têm da negociata que envolveu a Petrobrás e o Banco BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, amigo do peito de Lula.

Confesso que fiquei horrorizado com o que ouvi dos jornalistas europeus. Na verdade, a palavra certa é envergonhado com a informação que eles dispõem de que a Petrobrás privatizou em 2013 a sua participação nos campos de petróleo de sete países africanos. 
À frente do negócio, o banqueiro André Esteves, que, por um momento, deixou de atuar no mercado de capitais para se apoderar de poços de petróleo na gestão da Graça Foster. Dois desses campos, na Nigéria, produziam até 55 mil barris/dia, 60% de todo petróleo que o Brasil importa, ou 25% do que refina. O curioso de tudo isso é que pouca gente no Brasil atentou para essa privatização da Petrobrás no exterior, enquanto Lula e a Dilma se esgoelavam para acusar a oposição na campanha da “venda” da Petrobrás.

Agora, veja que coisa fantástica, aliás, que negócio da China entre a Petrobrás e o banqueiro André Esteves. Especialistas da área petrolífera analisaram que esses ativos da Petrobrás estavam avaliados em US$ 7 bilhões. Mas esses valores misteriosamente caíram para US$ 4,5 bilhões, US$ 3,16 bilhões até chegar aos US$ 1,5 bilhão oferecidos pelo BTG Pactual. Tudo ocorreu na surdina, sem que os acionistas soubessem que os ativos da empresa estavam sendo leiloados a preço de banana.

O que se sabe aqui na Europa é que houve um silêncio conveniente entre os políticos brasileiros, normalmente financiados por banqueiros, e os ministros do Tribunal de Contas da União. 
Vamos aos fatos: em 2014, o deputado tucano Antonio Imbassahy , líder do PSDB na Câmara, revestiu-se da mais alta envergadura cívica para apurar a negociata. Pediu informações ao Ministério das Minas e Energia, mas não as recebeu. 
Nem por isso desistiu. Entrou com um pedido de investigação no Tribunal de Contas da União que abriu processo para analisar a operação. Se você disser que nada aconteceu até hoje, garanto-lhe: acertou na mosca.

Os jornalistas europeus, que até então publicavam informações distorcidas de que as manifestações de rua contra a Dilma e o PT são coisa da direita, agora começam a entender que os brasileiros estão indo para as passeatas para, no mínimo, tentar salvar o que resta do seu patrimônio vandalizado pela quadrilha petista que se instalou no país.

Depois de quase um ano dessa nebulosa operação, espera-se que o deputado Antonio Imbassahy responda aos brasileiros e, principalmente aos seus eleitores baianos, porque parou de pressionar o Ministério das Minas e Energia por uma resposta convincente sobre as vendas do ativos da Petrobrás na África. E por que o Tribunal de Contas da União esqueceu na gaveta as investigações que iriam desvendar esse misterioso negócio do banqueiro?
Com a palavra Lula, Dilma, Graça Foster, Imbassahy, o PSDB e o TCU.

28 de março de 2015
JORGE OLIVEIRA - Diário do Poder

O QUE ESTOU PENSANDO É NESTA NOSSA POLÍTICA DUVIDOSA ATUAL


Esta política suicida de aumentos sistemáticos dos juros da Selic, visando controlar uma INFLAÇÃO, irá levar o país a "banca rota". Os aumentos dos juros, tornam inviável para as empresas produzirem (produtos e serviços), os consumidores de terem disponibilidades e condições para o consumo.

Paralisando as industrias e os serviços, o desemprego aumenta e o caos se instala na Sociedade. Com os aumentos dos combustíveis refletindo nos fretes, aumentam os custos dos produtos que são em maioria transportados por rodovias, ficando com preços impraticáveis. Não havendo possibilidade de consumo, os estoque aumentam e, a INFLAÇÃO dispara.

Não entenderam ainda nossos Governantes que estão andando na CONTRAMÃO da história, pois que em países do mundo que estiveram em crises, a primeira das medidas foi a de "BAIXAREM OS SEUS JUROS", a níveis próximos de ZERO, o que possibilitou aos parques industriais e de serviços, produzirem com menores custos, e os mercados consumidores terem maiores condições de compra (consumo), e com isso a manutenção e o aumento dos níveis de novos empregos.

Assim puderam esses países resolverem as suas crises. Se isso aconteceu com eles, vide os Estados Unidos e outros, esse é sem dúvida o procedimento correto de Governos INTELIGENTES e com capacidade de gestão. Infelizmente não copiamos os bons exemplos, optando pelo pior dos caminhos, o mais absurdo que nos levarão ao caos, se é que já não estamos nele. Para Governos com capacidades duvidosas, não haverá saída possível, ainda mais, com a adição de mentiras e propagandas enganosas.


28 de março de 2015
Roberto Waichenberg

DESIGUALDADES DISTRIBUTIVAS NA AMERICA LATINA EM PERSPECTIVA HISTÓRICA - SEMINÁRIO INTAL-BID


Desigualdade na América Latina: lições da história


Quais são os ensinamentos que uma visão de longo prazo sobre a desigualdade na América Latina nos oferece? [1]Sem dúvida muitos, e vários deles de grande utilidade para pensar os desafios do presente. Estas são algumas das conclusões decorrentes da leitura das apresentações realizadas no seminário “A inequidade na América Latina a longo prazo”, organizado pelo BID, pelo Banco Mundial e pela Cepal no auditório do Instituto para a Integração da América Latina e do Caribe (BID-Intal) em Buenos Aires, de 3 a 5 de dezembro de 2014. 

Entre outras contribuições, a perspectiva temporal nos permite observar o peso que variáveis como a educação, a política tributária, a propriedade da terra, a configuração das elites, as diferentes estratégias econômicas e os fatores demográficos e naturais tiveram sobre a equidade, ao mesmo tempo que nos permite discernir o que aconteceu com as desigualdades de classe, gênero e étnicas ao longo da história. 

Neste artigo, baseado nas principais descobertas de um grupo de trabalhos apresentados no seminário, em primeiro lugar se fará referência à controvérsia central sobre a história da desigualdade da região e às mais recentes contribuições apresentadas a esse respeito. 
A seguir, será analisada em perspectiva temporal a evolução das desigualdades de gênero e étnicas. E, por último, se abordará um exemplo de trajetória de longo prazo da desigualdade, finalizando o artigo com algumas reflexões sobre o uso da história para ajudar a pensar os desafios do presente.

A desigualdade latino-americana é uma persistência histórica?

Se há consenso sobre o aumento registrado nas desigualdades de renda nas últimas décadas do século 20 na região, à medida que olhamos mais para o passado, as posturas divergem. De todo modo, a perspectiva mais aceita entre os historiadores é a que remete as inequidades à época da Colônia. 

Em termos gerais e com nuances entre os diversos autores, essa perspectiva se baseia no caráter extrativo da economia colonial, nas restrições ao desenvolvimento econômico que as coroas espanhola e portuguesa impuseram às suas colônias, na estrutura da propriedade da terra e na poderosa configuração de elites locais que depois se cristalizou nas repúblicas nascentes em forma de instituições, estrutura de classes e coalizões de poder que perpetuaram e reforçaram as desigualdades anteriores. 

A apresentação de Luis Bértola no seminário aprofundou-se nessa linha argumentativa. Ele defendeu a necessidade de observar a desigualdade passada não só com relação à renda, mas também em uma perspectiva ampla, incluindo a estrutura social da colônia, em particular, a existência de escravos e de outras formas de subordinação e servidão, restrições à cidadania e ao acesso à terra, entre outras dimensões. 

E, embora estes elementos pudessem não se refletir na renda, sem dúvida constituíam formas de desigualdade profundas. Por outro lado, assinalou que o problema da região a partir do século 19 foi principalmente a volatilidade econômica, já que os avanços e os retrocessos do desenvolvimento representaram profundas flutuações em termos de desigualdade.


Além disso, destacou a necessidade de revisar a relação entre crescimento e desigualdade, afirmando que, pelo que parece, para crescer a região teve que gerar desigualdade, mas que, por sua vez, essa desigualdade foi uma base frágil para conseguir um crescimento sustentável.
Passando para os casos nacionais, a título de exemplo, a apresentação de Jorge Gelman e Daniel Santilli sobre Buenos Aires da colônia até o fim do século 19 seguiu em termos gerais essa perspectiva de desigualdade com raízes históricas.
Uma perspectiva diferente foi sustentada por Jeffrey Williamson na sua apresentação (Gráfico 1).

A partir da construção de uma série de dados de longa duração (os primeiros datam do século 15) ele afirma que nos primeiros anos da conquista a produção de excedente era muito baixa para produzir desigualdades expressivas.
Esta aumenta só a partir do século 17, mas até fins do século 19 se mantém abaixo da inequidade registrada nesse momento na Europa e nos Estados Unidos. Depois da Primeira Guerra Mundial é que a região começará a elevar seus níveis de inequidade, ao mesmo tempo que a Europa começará a diminui-los.

A pergunta é o que aconteceu depois de 1910 que levou a esse aumento da desigualdade na região que persiste até hoje. A apresentação de María Gómez León, a partir de uma visão metodológica nova sobre a estrutura de classes do Brasil de 1839 a 1950, pode se inscrever nesta linha argumentativa. Seu trabalho identifica períodos da história brasileira caracterizados por um crescimento da classe média junto com um declínio nos níveis de desigualdade, particularmente no final do século 19 e início do 20. Assim, a imagem tradicional de um Brasil caracterizado por uma estrutura social polarizada é questionada.

Gráfico 1. Estimativa da tendência à desigualdade na América Latina, 1491-1929

Obs.: Gráfico traduzido. Fonte: Apresentação de Jeffrey Williamson.

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A apresentação de Pablo Astorga sobre a desigualdade funcional na América Latina entre 1900 e 2011 também leva à revisão de certas ideias sobre o passado. O autor constrói uma série de dados novos sobre salários reais comparável a longo prazo para seis países da América Latina[2] e faz cálculos próprios do coeficiente de Gini entre grupos ocupacionais. A partir deles, afirma que não se verifica um padrão comum de evolução da desigualdade na região a partir do século 19; na verdade, registram-se diferenças expressivas nos padrões nacionais no final da primeira industrialização e durante meados do século 20.
Pelo contrário, assevera que sim parece haver um dado comum na tendência a uma desigualdade crescente a partir de 1960, que teve seu auge no final do século passado. Em linhas gerais, o quadro apresentado não pareceria ser coerente com a hipótese de uma desigualdade alta e relativamente constante no século 20, dado que se observam diferenças significativas não só entre países, mas também em cada um deles ao longo do tempo.
Um dado interessante para os desafios do presente é que o autor não encontra em nenhum país uma fase de concomitância de um aumento sustentável da participação do salário acompanhado de uma redução na dispersão salarial.


Em outras palavras, quando a participação do trabalho na distribuição da riqueza sobe também teria aumentado a desigualdade entre os diversos trabalhadores. Sua contrapartida lógica, particularmente no final do século 20, é a sincronia entre um aumento no salário real médio e um aumento da dispersão. Como corolário, conclui que o que parece estar faltando na história econômica dos seis países analisados são episódios impulsionados por dinâmicas de mercado de um aumento do salário médio articulado com uma redução da dispersão salarial.

Trata-se de um tema de grande importância, já que esta apresentação estabelece uma relação da distribuição primária, entre capital e trabalho, com a secundária, entre indivíduos e domicílios. E, com efeito, a redução da desigualdade de renda exige uma melhora tanto de uma quanto da outra, e essa sincronia também não se percebe no presente.

A apresentação de Leticia Arroyo Abad junto com Peter Lindert também expõe conclusões novas. Os autores realizaram o que chamaram de o primeiro estudo multipaís sobre como os governos latino-americanos utilizaram os impostos e o gasto público para atuar sobre a distribuição da renda. Para isso, construíram uma série histórica para seis países latino-americanos,[3] em combinação com estudos recentes sobre os padrões de redistribuição fiscal do século 21.
Da apresentação se deduzem, entre outros, os seguintes ensinamentos. Em primeiro lugar, eles sustentam que o gasto social se acelerou no pós-guerra. Depois, mostram que na América Latina a redistribuição ocorre basicamente dos jovens para os idosos, principalmente por meio do sistema de pensões.
Em terceiro lugar, eles afirmam que desde a Independência a região investiu pouco em educação e infraestrutura. Em quarto lugar, assinalam que, em termos gerais, a progressividade foi escassa na região. Em quinto, demonstram que o investimento humano em capital implicou maiores – embora mais dilatados - benefícios do que as políticas de transferência de renda; e, por último, afirmam que o gasto social na região, além de volátil, foi pró-cíclico.

Desigualdades de gênero e raça em perspectiva histórica

A evolução ao longo do tempo das desigualdades de gênero e étnica ou racial, como foi chamada em várias apresentações, foi outro dos temas do seminário.

Silvana Maubrigades apresentou uma análise realizada junto comMaría Magdalena Camou sobre a distribuição da renda e da participação feminina no mercado de trabalho na América Latina desde o início do século 20 (Gráfico 2). O trabalho afirma que a desigualdade de gênero em matéria de renda se expressa basicamente de duas formas: por meio de uma entrada mais restrita e tardia das mulheres no mercado de trabalho e por meio da existência de uma brecha salarial em comparação com os homens.

A análise conclui que existe uma “path dependence” (às vezes traduzida como “dependência histórica”) importante em nível nacional no tocante à evolução do mercado de trabalho, porque os países com maiores níveis de educação e de participação feminina no mercado de trabalho (como a Argentina e o Uruguai) são também os de menor desigualdade de gênero na matéria. Concluem, em termos gerais, que o nível de desenvolvimento de um país é previsor do nível de participação feminina no mercado de trabalho.

No entanto, o estudo mostra que a formação não tem resultados lineares em termos da redução da desigualdade, visto que nem sempre se correlaciona com um aumento da participação feminina no mercado de trabalho nem com uma redução da brecha salarial. Esta conclusão é também importante para o presente: diversos trabalhos mostram que nem todas as desigualdades diminuem de forma articulada e, em particular, que a nossa região foi mais equitativa na distribuição de bens educativos do que na distribuição da renda e que essas disparidades continuam no presente.

Gráfico 2: Inequidade global e a brecha de gênero

Obs.: Gráfico traduzido. Fonte: Apresentação de Silvana Maubrigades.

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Nesse mesmo sentido, mas relativos a grupos étnicos, encontram-se as conclusões apresentadas por Enriqueta Camps junto com Stanley Engerman. Esta apresentação visou analisar o impacto da raça e da desigualdade na formação de capital humano nos séculos 19 e 20 na América Latina.
Destaca-se que durante o século 20 a educação tornou-se de massa na América Latina, pelo menos nos níveis fundamental e médio, ao mesmo tempo que a desigualdade educativa se reduziu, incorporando as mulheres e pessoas de todas as raças. No entanto, também se destaca que o impacto da queda do coeficiente de Gini educacional não foi notado sobre o Gini de renda até a década de 1990.

Uma abordagem sobre este tema no caso do Brasil foi realizada pela apresentação de Justin Bucciferro. O autor parte da constatação de que durante a última década se evidenciou uma importante redução da desigualdade racial no Brasil com relação aos níveis de emprego e renda, do alfabetismo e da educação.
A partir daí, ele se pergunta se o declínio faz parte de uma tendência de longo prazo ou se responde a fatores estritamente conjunturais. O trabalho contém evidências sobre a desigualdade racial no Brasil desde 1827 até hoje, concentrando-se na análise da expectativa de vida, nos níveis de analfabetismo, na quantidade de anos de escolaridade e nas rendas médias mensais, desagregados por grupos (negros, pardos, brancos, asiáticos e indígenas). A evidência o leva a concluir que, em termos gerais, houve uma redução da desigualdade no Brasil ao longo do tempo, e que esta tendência é anterior às últimas décadas (Quadro 1). No entanto, ele acrescenta que o progresso para uma maior igualdade entre os grupos étnicos foi errático e teve resultados diversos segundo o grupo analisado.

Quadro 1: Expectativa de vida ao nascer (anos) por raça, 1950-2008
19501960198019912008
BRANCA 47,5 54,7 66,1 70,8 73,1
NÃO BRANCA 40,1 44,7 59,4 64,0 67,0
DIFERENÇIA 7,4 10,0 6,7 6,8 6,1

Fonte: apresentação de Bucciferro.

Estas pesquisas mostram, entre outros elementos, além da persistência de desigualdades de gênero e entre os grupos étnicos, que os avanços não são lineares no tempo nem em todas as dimensões. Talvez seja útil trazer como referência um aprendizado dos estudos sobre estigmatização que apontam o caráter pertinaz e multiforme dos estigmas: quando parecem terem sido eliminados em uma dimensão, concentram-se, reaparecem ou se expressam em outras.
Sem dúvida com as desigualdades de gênero e de raça acontece algo similar: os avanços em certas áreas nos obrigam a ficar mais atentos para detectar as persistências ou ainda o reforço de inequidades em outras.
O aumento da participação feminina no mercado de trabalho, por exemplo, não necessariamente implica uma redução das brechas de renda ou, mais ainda, estaria acarretando uma maior sobrecarga do tempo de trabalho doméstico e extradoméstico das mulheres. Portanto, neste caso, se ganha em uma dimensão da desigualdade, mas se perde em outra.

Desigualdade a longo prazo: um caso de padrão cíclico

Um resultado interessante é a observação de um padrão cíclico na desigualdade de renda a longo prazo no caso do Chile (Gráfico 3). Javier Rodríguez Weber analisou na sua apresentação a relação entre crescimento econômico e desigualdade levando em conta a incidência tanto dos fatores institucionais quanto das forças de mercado em três períodos da história desse país de 1850 em adiante.
Entre suas descobertas, mostra que nem sempre o crescimento implicou desigualdade, mas que o fundamental é o tipo de crescimento, mostrando que a curva de Kuznets (a hipótese de que toda fase de crescimento provoca um aumento inicial da desigualdade) não é de jeito nenhum uma lei válida para todos os países nem para todos os estilos de desenvolvimento.

Centrado depois no período 1938-1973, no qual houve uma grande queda na desigualdade, encontra o peso positivo da regulamentação estatal da economia visível na promoção da industrialização e em uma forte política de recomposição do salário mínimo real. Por último, estuda o período 1973-2009, assinalando que até 1989 (fim da ditadura de Pinochet) se produz um expressivo aumento da desigualdade, devido a uma forte redistribuição a favor das elites, produzida a partir de uma queda dramática do salário real e da abertura do que o autor denomina novos terrenos para a extração de lucros, referindo-se basicamente à privatização da educação e da segurança social.

Gráfico 3. A "melhor estimativa" de desigualdade na distribuição de renda no Chile. 1850-2009. Coeficiente de Gini.

Obs.: Gráfico traduzido. Fonte: Apresentação de Rodríguez Weber.

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Encerramento

Este artigo se propôs a apresentar alguns dos aprendizados decorrentes de uma perspectiva de longo prazo sobre a desigualdade na região. Em primeiro lugar, os trabalhos sugerem que as controvérsias sobre a desigualdade não estão sanadas.
Parece que se encaminha para uma maior diversificação de perspectivas ou, possivelmente, para uma suspensão da possibilidade de uma visão única para todos os países e períodos, em virtude dos novos estudos sobre os diversos casos nacionais, da maior luz sobre períodos que haviam ficado até agora sob certa penumbra e, sem dúvida, das novas variáveis e indicadores que sejam levados em conta para captar a desigualdade, principalmente se for adoptada uma perspectiva multidimensional da mesma.

No entanto, hoje já se conta com uma grande quantidade de dados, construção de séries históricas e indicadores diversos que constituem uma fonte de informação e conhecimentos de grande utilidade para enfrentar os desafios do presente. Sabe-se bastante mais sobre o que teve peso tanto nas fases de redução quanto de aumento da desigualdade de renda, em especial entre indivíduos e pessoas.
Temos certezas com relação ao fato de que as políticas e as instituições contam e que é impossível explicar a persistência da desigualdade sem colocar no centro da análise a dinâmica dos grupos sociais, em particular das elites.

A história dos países também questiona certas ideias: nem todo crescimento gera desigualdade, já que isso depende do estilo de desenvolvimento, e tampouco a desigualdade melhora necessariamente em todas as dimensões de forma articulada e inexoravelmente.
Além disso, incorporam-se outras perspectivas sobre a distribuição, por exemplo, a que observa as transferências produzidas entre gerações, uma dimensão pouco presente nos estudos dos nossos países.

Em suma, tenta-se responder à interrogação inicial sobre as contribuições da perspectiva de longo prazo com algumas reflexões sobre os muitos ensinamentos que a perspectiva de longo prazo pode nos deixar; e também convidar os leitores a encontrar suas próprias respostas nestas e nas demais apresentações do seminário.


28 de março de 2015
in diplomatizzando


[Para melhor visualização, veja o link de origem:http://events.iadb.org/calendar/eventDetail.aspx?lang=es&id=4722]

FHC - O VELHO COMUNA

FHC, o Velho Comunista Gagá, Critica o Bancário Levy para Defender Dilma Mais uma Vez

FHC fez uma fulgurante carreira acadêmica no Brasil, passou 50 anos escrevendo tolices marxistas e formando centenas de militantes de esquerda, chamados ironicamente de intelectuais. A velhice adicionou uma camada de cretinice misturada a amnesia, tornando-o um velho comunista gagá sempre ao serviço da causa. 
Ele considera um dever seu defender Dilma, a presidenta ilegal e ilegítima do Brasil. Apesar de Dilma, de Lula e do PT demonizarem seu nome e seu legado, ele prefere esse martírio para fazer avançar a ditadura comunista no Brasil. 
Notem, FHC é humilde, ele deve se imaginar que seu verdadeiro legado coloca-o ao lado de Bukharin no panteão dos comunistas idiotas que se autoincriminam pelo sucesso da escravidão humana pelo partido leninista. Sua vítima do momento é o bancário do Bradesco que está ministro da Fazenda, Joaquim Manoel Levy.

28 de março de 2015
in selva brasilis

BOLHA IMOBILIÁRIA FECHA MAIS 30 MIL POSTOS DE TRABALHO


O nível de emprego no setor da construção civil brasileira recuou 0,94% em fevereiro, em relação a janeiro, com o corte de 30,9 mil postos de trabalho. No mesmo mês, em 2014, houve queda de 7,82%, com o fechamento de 278.137 postos. Os dados são da pesquisa mensal do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
No fim de fevereiro, a base de trabalhadores estava em 3,276 milhões de pessoas. Em nota, o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, alertou que o desemprego pode crescer ainda mais. “A queda do emprego na construção está ocorrendo em uma dimensão preocupante em todos os segmentos do setor, que representa 50% dos investimentos do país.”
Para interromper esse processo, segundo o executivo, é necessária a retomada dos investimentos em infraestrutura e em obras imobiliárias, com mais recursos para o Programa Minha Casa, Minha Vida. Ele defendeu a revisão do fim da desoneração da folha de pagamentos na área de construção.
POR REGIÕES
A Região Sudeste apresentou o maior número de empregos suprimidos (12.813), com queda de 0,78% em comparação a janeiro. A queda mais expressiva foi constatada no Norte (-2,24%), com o corte de 4.628 vagas.
No Nordeste, o saldo entre demissões e contratações foi negativo em 1,56%, com a eliminação de 11.122 empregos; no Sul, ocorreu o corte de 947 vagas (-0,19%) e no Centro-Oeste, de 1.452 (-0,58%).
No estado de São Paulo, o índice ficou negativo em 0,62%, com um corte de 5,2 mil vagas. Em relação a fevereiro do ano passado, foi constatada queda de 6,08%, com o fechamento de 54.316 postos de trabalho. O número de empregados na construção civil estadual estava em 839,2 mil pessoas no fim de fevereiro.
Na capital paulista, o saldo foi 0,72 inferior a janeiro, com a redução de 2.806 trabalhadores.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A bolha imobiliária enfim começou a esvaziar, com redução dos preços de venda e dos aluguéis. A crise vem ocorrendo desde 2011, mas os preços foram mantidos artificialmente altos. Agora, não dá mais para segurar. A maior empresa do setor, a PDG, tem milhares de imóveis novos em estoque, sem encontrar compradores e tendo de pagar condomínios e IPTU. As outras empresas atravessam o mesmo problema. Não há compradores, porque os preços estão abusivos. Quem comprou imóvel para especular já está quebrando a cara. (C.N.)

28 de março de 2015
in coroneLeaks

O ATROPELAMENTO DAS IDÉIAS

Partidarizar toda e qualquer ideia equivale a classificar, obrigatoriamente, cada proposta, programa ou pessoa como petista ou antipetista. É um jeito fácil de simplificar o mundo, mas transforma debate em bate-boca, sufoca a argumentação sob o coro das torcidas e desintegra a sociedade ao dividi-la em guetos. Além de tudo, é suicida, pois inviabiliza os próprios partidos.
Nunca, desde o fim da ditadura militar, tão poucos brasileiros se identificaram com uma agremiação partidária. O Datafolha mostrou que 3 a cada 4 não têm, hoje, simpatia ou preferência por qualquer partido. E não é por falta de opção: nunca houve tantas siglas partidárias no Brasil. Para 75% dos brasileiros, os 32 partidos cheiram igual - e, embora rime, não é a perfume.
Grande parte dessa aversão se deve ao PT, que, após a recessão e a Lava Jato, despencou da preferência de um terço dos eleitores para a vala comum das demais agremiações, todas com apenas um dígito de simpatizantes. Tucanos e peemedebistas podem comemorar a anemia petista, mas não têm nada para mostrar a seu favor. Não ganharam nenhum ponto de simpatia com a desgraça do concorrente.
Nem parecem preocupados com isso. A política, para caciques do PSDB, do PMDB e - sob Dilma Rousseff - também do PT, se resume a Brasília. Não por acaso, são sempre surpreendidos pelas ruas e têm extremo cuidado - para não dizer temor - ao pisá-las.
A perda de prestígio dos partidos é só um dos sintomas. Todas as instituições democráticas têm dificuldades para passar pelas narinas da população. O Executivo raramente foi tão mal avaliado. E a impopularidade não é apenas o governo federal. Governadores e prefeitos também sofrem tendência de baixa.
Os novos deputados e senadores mal tomaram posse, mas metade dos brasileiros já acha que eles são ruins ou péssimos em seus mandatos. Apenas 9% acham que fazem um trabalho bom ou ótimo, segundo a mesma pesquisa Datafolha que deu 62% de ruim/péssimo para o governo Dilma, contra só 13% de opiniões positivas.
Pesquisa de opinião feita em 2014 pelo Barômetro das Américas, da Universidade Vanderbilt (EUA), concluiu que apenas 38% dos brasileiros confiam no sistema judicial nacional, uma das cinco taxas de confiança mais baixas entre 25 países do continente. Menor do que as dos EUA, Canadá, México, Argentina e até Haiti.
Um gráfico da mesma pesquisa causou algum furor na semana passada nas redes sociais. Ele mostra que 48% dos brasileiros acham um golpe militar justificável diante de muita corrupção. É o dobro do que no Chile e dois terços mais do que na Argentina e no Uruguai. É preocupante, mas menos extraordinário se tomarmos os EUA como base. Lá, um terço concorda com a tese golpista.
Tudo isso se resume em uma ideia, cada vez mais frequente e popular entre os brasileiros: o sistema político não funciona. Isso ficou muito claro nas manifestações de 2013, mas sempre é bom colocar as coisas em perspectiva e comparar com outros países. O apoio ao sistema político no Brasil é o mais baixo do continente: 38%. Perde até para a dividida Venezuela (42%). Toma de goleada da Costa Rica (62%), Canadá (60%) e Argentina (55%).
Pode-se constatar isso tanto na pesquisa do Barômetro das Américas quanto, de forma mais prosaica, na discussão sobre as ciclovias paulistanas. Só a partidarização irracional das ideias é capaz de tratar uma tendência global, que vai de Paris a Nova York com escala em Londres, como "coisa de petista". Ainda mais quando duas das maiores ciclovias de São Paulo foram construídas pelo governo tucano, nas margens dos Rios Pinheiros e Tietê.
Antecipando a disputa de 2016, demoniza-se uma ideia porque ela pode - talvez - ajudar o prefeito do PT a se reeleger. Assim, todo ciclista é tratado como petista e, por oposição, todo motorista vira um antipetista. Vai acabar em atropelamento.
28 de março de 2015
José Roberto de Toledo

DISPUTA DO PMDB COM DILMA PODE ARRASAR A ECONOMIA


A insistência dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em dar demonstração de força ao criarem problemas para a presidente Dilma Rousseff, custará caro ao país. A cada manobra para dificultar o ajuste fiscal, eles só ampliam a desconfiança dos investidores quanto à capacidade do país de arrumar as contas públicas e economizar 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) para o pagamento de juros da dívida.
Não bastasse ter de engolir duas aberrações políticas como comandantes do Legislativo, a população corre o risco de ver o país mergulhar em uma recessão profunda, com disparada do desemprego, se o ajuste fiscal degringolar. Na avaliação da Tendências Consultoria, a retração do PIB não se restringiria a 2015, quando deve haver contração de 1,2%. Também em 2016 a economia levaria um tombo de 1,6%. “Esse é o nosso quadro mais pessimista, no qual o governo não aprova nada e Joaquim Levy deixa o Ministério da Fazenda”, explica Sílvio Campos Neto, economista da instituição.
Para o especialista, são de 35% as chances de esse quadro dramático se confirmar. Mas ele prefere acreditar que, mesmo com todo o embate entre o governo e o Congresso, depois de todo o sofrimento, Levy conseguirá tocar o ajuste fiscal. A perspectiva, porém, não é de cumprimento da meta cheia de superavit primário. “Apostamos em uma economia de 0,9% do PIB. Mas, nesse caso, o importante não será o número, e, sim, a direção que se terá das contas públicas. É preciso ter a garantia de que o ajuste é para valer e prevalecerá por um bom tempo”, destaca.
CENÁRIO BÁSICO
No que Campos Neto define como cenário básico, independentemente do ajuste fiscal, a economia sofrerá muito neste ano, com recessão e inflação alta. Mas voltará a se expandir em 2016, com salto de 1,3% do PIB. Por isso, ressalta o economista, é importante que o governo e o Congresso deixem as divergências de lado e permitam que o ministro da Fazenda ponha as contas públicas em ordem. Sem isso, não há como a confiança voltar e o país sair da enrascada em que se meteu.
A tensão é grande no mercado. Assim como Eduardo Cunha surpreendeu o Palácio do Planalto ao aprovar, na Câmara, projeto que obriga o Executivo a regulamentar a lei que reduz as dívidas de estados e municípios, teme-se que ele, com a ajuda do PT, o partido de Dilma, e de Renan, enterre as medidas provisórias 664 e 665, que restringem o acesso a benefícios sociais, como o seguro-desemprego. Juntos, elas garantem uma economia de R$ 18 bilhões por ano. Há risco ainda para o projeto que reduz a desoneração sobre a folha de pagamento das empresas.
REFLEXOS NEGATIVOS
A princípio, dizem os analistas que passaram os últimos dois dias tentando entender o tamanho do impacto da redução das dívidas de estados e municípios nas contas públicas, não haverá grande estrago na composição do superávit primário. Na verdade, como o que está em jogo são receitas com juros, a regulamentação da medida, se aprovada pelo Senado, baterá no resultado nominal do setor público, que ostenta déficit de quase 7% do PIB. Também haverá reflexos na dívida bruta, de 64% do PIB.
Por enquanto, o governo ganhou tempo, já que o presidente do Senado decidiu adiar a definição dos 30 dias para a renegociação dos débitos. Mas avisou que o Planalto terá que negociar muito. Não custa lembrar que esse problema foi criado por Dilma, ao sancionar o projeto que favorece estados e municípios. Para se reeleger, a presidente avançou todos os sinais da irresponsabilidade fiscal. Agora, pede tempo para acertar a fatura. Tomara que aprenda a lição.

28 de março de 2015
Vicente Nunes
Correio Braziliense