Não há medida mais contundente do atraso do Brasil do que uma simples comparação com a China.
Há quarenta anos, Brasil e China estavam mais ou menos emparelhados em termos de dimensão econômica.
Em termos relativos, tínhamos em 1978, no final do governo Geisel, um PIB per capita que beirava os dois mil dólares, cerca de dez vezes superior ao dos chineses.
Hoje, o PIB chinês já passou de doze trilhões dólares, praticamente seis vezes superior ao brasileiro. E já fomos também ultrapassados em termos de PIB per capita.
E enquanto lá o crescimento desde então se mantém acelerado e ininterrupto, aqui registramos declínios ou taxas de crescimentos ridículas.
A China passou a crescer aceleradamente porque parou de olhar para o espelho retrovisor e resolveu encarar de frente seus gigantescos desafios.
Em 1983 integrei delegação brasileira, chefiada pelo ministro da Fazenda Ernane Galvêas. Fomos recebidos pela Vice-Primeira Ministra Chen-Muhuá, que dois anos depois assumiria a presidência do Banco da China.
Não foi uma visita meramente protocolar. Os interlocutores chineses demonstraram enorme interesse em conhecer em detalhe os projetos e programas de desenvolvimento brasileiros.
Muhuá e a delegação chinesa só tinham em mente a superação do subdesenvolvimento de seu país e deixaram claro que as reformas iniciadas cinco anos antes por Deng Xiaoping haveriam de se tornar permanentes. E, de fato, continuaram.
Chen foi uma das grandes executivas na construção do novo modelo chinês. Cuidava da implantação das zonas econômicas, da abertura das cidades portuárias, do desenvolvimento científico, técnico e tecnológico, tendo dado passos decisivos para a atração dos investimentos estrangeiros.
Nós, ao contrário, ficamos fãs do espelho retrovisor. A agenda de nossos políticos, de esquerda ou de direita, é de um atraso extraordinário. Em vez de olharmos para 2040, continuamos a nos pautar pelos modelos de pensar de 1940.
Aproximam-se as eleições aqui no Brasil e nenhum dos pré-candidatos trás qualquer mensagem clara sobre o que vamos fazer no futuro.
Em 2019, quando o novo governo for instalado, o PIB chinês estará beirando os 14 trilhões de dólares. Daqui até lá terão crescido um Brasil inteiro.
Parabéns para eles, vergonha para nós!
15 de fevereiro de 2018
Pedro Luiz Rodrigues
Há quarenta anos, Brasil e China estavam mais ou menos emparelhados em termos de dimensão econômica.
Em termos relativos, tínhamos em 1978, no final do governo Geisel, um PIB per capita que beirava os dois mil dólares, cerca de dez vezes superior ao dos chineses.
Hoje, o PIB chinês já passou de doze trilhões dólares, praticamente seis vezes superior ao brasileiro. E já fomos também ultrapassados em termos de PIB per capita.
E enquanto lá o crescimento desde então se mantém acelerado e ininterrupto, aqui registramos declínios ou taxas de crescimentos ridículas.
A China passou a crescer aceleradamente porque parou de olhar para o espelho retrovisor e resolveu encarar de frente seus gigantescos desafios.
Em 1983 integrei delegação brasileira, chefiada pelo ministro da Fazenda Ernane Galvêas. Fomos recebidos pela Vice-Primeira Ministra Chen-Muhuá, que dois anos depois assumiria a presidência do Banco da China.
Não foi uma visita meramente protocolar. Os interlocutores chineses demonstraram enorme interesse em conhecer em detalhe os projetos e programas de desenvolvimento brasileiros.
Muhuá e a delegação chinesa só tinham em mente a superação do subdesenvolvimento de seu país e deixaram claro que as reformas iniciadas cinco anos antes por Deng Xiaoping haveriam de se tornar permanentes. E, de fato, continuaram.
Chen foi uma das grandes executivas na construção do novo modelo chinês. Cuidava da implantação das zonas econômicas, da abertura das cidades portuárias, do desenvolvimento científico, técnico e tecnológico, tendo dado passos decisivos para a atração dos investimentos estrangeiros.
Nós, ao contrário, ficamos fãs do espelho retrovisor. A agenda de nossos políticos, de esquerda ou de direita, é de um atraso extraordinário. Em vez de olharmos para 2040, continuamos a nos pautar pelos modelos de pensar de 1940.
Aproximam-se as eleições aqui no Brasil e nenhum dos pré-candidatos trás qualquer mensagem clara sobre o que vamos fazer no futuro.
Em 2019, quando o novo governo for instalado, o PIB chinês estará beirando os 14 trilhões de dólares. Daqui até lá terão crescido um Brasil inteiro.
Parabéns para eles, vergonha para nós!
15 de fevereiro de 2018
Pedro Luiz Rodrigues