05 de abril de Eduardo Campos: nasce um filho ou uma candidatura? E Beltrame, o que fará da vida? Cinco ministros do Supremo terminaram a revisão dos votos: três pela condenação, dois pela absolvição. Os donos da Supervia e da Fetranspor continuarão impunes?
Cinco ministros do Supremo (e não seis, como foi divulgado) terminaram a primeira revisão das notas taquigráficas dos votos, das anotações e dos apartes. São duas fases. A primeira, pelo gabinete, competente, composto até por juízes convocados.
A segunda e definitiva revisão, feita pelo próprio ministro, alguns mais exigentes e cautelosos. Dos cinco ministros que estão mais adiantados, três votam pela condenação, dois pela absolvição completa do que será reexaminado pela aceitação dos infringentes.
Como tenho dito e não é segredo, é possível que sejam novos 5 a 5, e aí Celso de Mello, como 11º a votar, com todos os holofotes a que tem direito. O voto dele não terá muito mistério. Foi o próprio ministro, na quarta-feira do “adiamento” da sessão, que chamou atenção para os seus votos anteriores, duas vezes a favor dos infringentes.
“BANDIDOS QUADRILHEIROS”
Há 24 anos no Supremo, nada tira a tranquilidade do ministro. Mas julgando precisamente o crime de “quadrilha”, nenhuma surpresa, mas natural constrangimento, se o resultado chegar a ele em 5 a 5. Como absolver pelo crime de quadrilha, condenados que já identificou como “quadrilheiros” e “bandidos”? Se condenar, pelo menos será coerente. E a Justiça, vem da coerência, da competência ou da incompetência?
PLENÁRIO EM 2013, NEM PENSAR
De qualquer maneira, haja o que houver, os prazos obrigatórios irão devorar o que falta deste 2013. E como acredito que os prazos serão estendidos, quando começará o recesso do Judiciário? Interromperão os prazos, irão para o recesso, voltarão e votarão?
O VOTO DE JOAQUM BARBOSA
Deve chegar da Europa no fim de semana, a não ser que resolva visitar amigos nos EUA. De graça tudo é interessante. Seu gabinete já está trabalhando no voto. O surpreendente: o Supremo ainda usa notas taquigráficas, velharias no mundo todo. No Brasil, até a Câmara e o Senado abandonaram essas “notas”, há muito tempo.
GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO
Existem muitos candidatos supostos e possíveis, mas apenas dois verdadeiros: Garotinho e Lindbergh. Um deles será o vencedor. Pezão começou a se desgastar desde o lançamento, quando o secretário Beltrame não aceitou ser vice dele.
O plano era serginho cabralzinho deixar o governo, Pezão assumir e disputar com palanque oficial. O desgaste do ainda governador desmontou tudo, cabralzinho nem sabe se sai ou para onde vai. E o PT fez o obrigatório, apoiou seu filiado senador Lindbergh.
GOVERNADOR DE SÃO PAULO
Apesar do escândalo do CARTELÃO da Siemens e da indiscutível participação de Alckmin, este continua favorito. Tanto que não se decide entre Serra e Aécio, acha melhor esperar. E a Siemens continua “cartelizando” tudo e monopolizando concorrências. E falando em ÉTICA.
O adversário mais assustador deve vir do PT, perdão, de Lula. Este não será de modo algum, indicará um “poste”, tem tudo para ser o ministro Padilha, que conhece tão pouco São Paulo, que se perde a partir do Aeroporto de Congonhas. Mercadante acha e diz, “é a minha vez”. A sua vez “chegou” duas vezes, desperdiçadas.
MAIS MÉDICOS, MENOS HOSPITAIS
Eleitoralmente, o ministério da Saúde não faturou nada com essa farsa de contratar médicos sem hospitais. Dona Dilma, que só pensa (?) na reeleição, já colocou tudo na sua conta eleitoral. Não sobrou nada para Padilha.
Em São Paulo, toda e qualquer decisão ou escolha tem que ter o aprovo de Lula. Aliás, pensando bem, não apenas em São Paulo. E Mercadante, que já desperdiçou duas oportunidades, não terá a terceira chance. Aliás, o senador Dornelles, em cinco linhas, deu formidável conselho a Mercandante, conselho que ele não considerou.
O 5 DE ABRIL DE EDUARDO CAMPOS
Até agora, essa data só era citada para Joaquim Barbosa, seria (ou será?) uma reviravolta-renovolução. Mas agora é o governador de Pernambuco que está dependendo e dependente desse dia.
Por dois motivos. O primeiro, inexorável e satisfatório: nasce seu quinto filho, pode ser até nesse dias, tudo o que precisava fazer já fez.
O outro motivo de ansiedade pela data é a desincompatibilização. Ainda não fez tudo o que podia, mas está tentando. Para ser presidenciável, terá que deixar o governo. Deu um pulo positivo, decidiu que “todos deveriam deixar os cargos, mesmo não sendo “federais”.
Não houve uma só desistência ou resistência. Até o ministro da Integração Nacional, que pretendia suceder o atual governador, logo comunicou a Lula que sairia. Mas não desistiu de ser governador. Campos concorda. Como ele diz que vai sair, assume o vice. Que por causa disso nem quis conversar. Como garantir o sucessor?
O QUE BELTRAME FARÁ DA VIDA?
Assim que cabralzinho lançou Pezão à sua sucessão (antes do 6 de junho), convidou publicamente o secretário Beltrame para vice. Não disse que sim ou não, retardou a resposta, até que refugou o convite.
Não se filiou a partido, não é candidato a nada. Convidado para permanecer na Secretaria por vários candidatos, declarou: “Só continuo secretário se Pezão for eleito”. O impossível acontece, Beltrame, só que raramente.
E, se eleitos, Lindbergh ou Garotinho insistirem em mantê-lo na Segurança? Pense bem: não convidam você pelos seus “belos olhos”, mas pelo que você realizou. Atrás deles está o povo, pelo menos no sistema político-eleitoral-partidário usado aqui.
MILLÔR FERNANDES E O SUPERMERCADO
Em 1963, antes do golpe, fui preso e julgado pelo Supremo, por ter publicado uma circular sigilosa e confidencial, assinada pelo ministro da Guerra. E o Millôr, textual: “Não defendo o Helio por ser meu irmão. Mas um jornalista que não publica uma circular sigilosa e confidencial, é melhor que abra um supermercado”.
DIRIGENTES DA SUPERVIA, PRESOS A VAGÕES DE TRENS E DE ÔNIBUS, QUASE 60 ANOS DE “EXISTÊNCIA”
No momento em que se movimenta a campanha “ruas sem carros”, é preciso examinar o comportamento desses concessionários de trens e ônibus. A última vez que renovaram os vagões foi em 1954. O que fizeram com os lucros, nesses 59 anos de exploração.
Em todas as capitais do mundo existe excesso de carros, mas os coletivos funcionam de verdade. Em São Paulo, pesquisa conclui: “63% dos paulistas dizem que deixariam os carros nas garagens, se pudessem usar coletivos”.
E não ouviram trabalhadores, que desperdiçam no mínimo uma hora e meia para ir ao trabalho, e outra hora e meia para voltar, isso se esses coletivos não ficarem enguiçados no meio do caminho.
No título desta nota usei a palavra PRESOS, para esses exploradores. Nada mais adequado como palavra e ação, se alguém fiscalizasse o transporte. E a poderosa dona das ruas, a Fetranspor.
26 de setembro de 2013
Hélio Fernandes