"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

PROS E SOLIDARIEDADE RECEBERÃO NO MÍNIMO R$ 600 MIL ANTES DE DISPUTAR ELEIÇÃO

 
Novos partidos já nascem com dinheiro no caixa
 

Paulinho espera atrair 30 deputados federais
Foto: O Globo / Ailton de Freitas
Paulinho espera atrair 30 deputados federais O Globo / Ailton de Freitas

A criação de dois novos partidos, o Solidariedade e o Partido Republicano da Ordem Social (PROS), gerou uma janela para o troca-troca entre os 32 partidos brasileiros — e provocou um turbilhão no Congresso. No dia seguinte à aprovação das novas legendas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sem analisar denúncias de fraudes na coleta de assinaturas, o dia no Congresso foi de intensas negociações dos dirigentes para atrair deputados. A expectativa entre líderes dos mais diversos partidos é que entre 25 e 50 deputados — o que representa de 5% a 10% da Câmara — troquem de sigla nos próximos dez dias. O dia 4 de outubro é a data-limite para os que desejam disputar as eleições de 2014 estarem em sua nova casa.
 
O Solidariedade surge forte, apesar de Paulinho declarar quase diariamente que está rompido com a presidente Dilma Rousseff e que, pessoalmente, tem o objetivo de apoiar a oposição nas eleições do próximo ano. Nesta quarta-feira, Paulinho fez uma visita a Aécio, pré-candidato do PSDB à Presidência, para agradecer o apoio dele na criação do partido. O senador tucano evitou, no entanto, falar em alianças.
 
— A minha tendência é ir para a oposição e apoiar Aécio Neves. Mas a minha prioridade agora é filiar deputados federais. Depois, vamos discutir isso. Não sei quem está vindo, então, não posso fechar essa posição agora. O que combinei é que cada estado poderá negociar com quem quiser — disse Paulinho.

— É o primeiro partido que consegue se estruturar sem a bênção do governo e isso deve ser saudado. A pluralidade faz bem à democracia. Alianças serão discutidas no tempo certo — afirmou Aécio.
 
O partido mais prejudicado pelo surgimento das novas siglas deve ser o PDT, de onde vem Paulinho. Pelas contas dos dirigentes do Solidariedade e do PROS, sete dos 26 deputados podem deixar o partido nos próximos dias. A conta ainda pode crescer caso a Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, consiga ser legalizada. Isso porque o deputado José Antônio Reguffe (PDT-DF) — parlamentar proporcionalmente mais bem votado do país nas eleições de 2010 — vem conversando sobre a possibilidade de mudança para a nova legenda. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, passou nesta quarta-feira o dia em reuniões. Indagado sobre a possibilidade de perder 30% de sua bancada federal, foi cético:
 
— Não tenho ainda o número. Mas cuidado, tem mais fofoca do que tudo — afirmou Lupi.
 
Se o Solidariedade pode auxiliar a candidatura do PSDB, o PROS tende a servir de apoio para a redução de danos na candidatura de Dilma Rousseff após a saída do PSB do governo. O governador do Ceará, Cid Gomes, vem sugerindo aos deputados com quem tem ligação para que migrem para o PROS.

Apesar do trabalho de coletar e certificar meio milhão de assinaturas, a criação de partidos é um grande negócio. Caso não tivessem um deputado sequer, as novas legendas receberiam por mês cerca de R$ 50 mil. É o caso do PPL, que sem parlamentar algum, obteve em 2012 R$ 605,7 mil. Esse valor cresce substancialmente à medida que as bancadas engordam. Com 16 deputados, o pequeno PSC recebeu no ano passado R$ 10,8 milhões. Detentor da maior bancada do país, o PT, que tem 88 deputados, obteve, no mesmo período, R$ 52,9 milhões.
 
Além do dinheiro na conta, os novos partidos têm em mãos um trunfo decisivo nas eleições majoritárias: o tempo de televisão na propaganda gratuita de rádio e TV. Na eleição de 2010, cada deputado federal garantiu à campanha presidencial quase três segundos na propaganda eleitoral.
 
Nesta quarta-feira na Câmara, líderes de legendas afetadas insinuavam que parlamentares estariam recebendo ofertas financeiras para migrar para as novas legendas. Nenhum, no entanto, assumia publicamente a denúncia. Indagado sobre as insinuações, Manato (PDT-ES), que está de malas prontas para o Solidariedade, negou que haja dinheiro para os parlamentares, mas admitiu que o novo partido promete repassar verbas para os diretórios estaduais.
 
— Todos os partidos repassam verba para o estadual. É para ajudar a pagar água, luz, aluguel. Não é para mim, é para o partido se manter. Isso é fofoca para denegrir a imagem das pessoas — rebateu Manato.

26 de setembro de 2013
Isabel Braga e Paulo Celso Pereira - O Globo

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