Está claro que a crise da Petrobras afeta as empreiteiras, os bancos, os fundos de pensão, as seguradoras, os fornecedores da empresa, os investidores internacionais, os investidores locais, a economia brasileira, a imagem do país. Será crise longa. Que fique claro, no entanto, que a Operação Lava-Jato não é a causa da crise, é a chance que o país tem de criar outro ambiente de negócios.
Algumas empreiteiras já estão pedindo recuperação judicial. Nem todas estavam tão frágeis como a Galvão Engenharia e a OAS. Outras poderão seguir esse caminho. Eram dependentes daquele modelo de negócios, como diz o Ministério Público. E é esse modelo de negócios que nos infelicita neste momento. É dele que precisamos nos livrar. Sabendo que tinham garantia de aditivos ou de vencer licitações viciadas, as empresas relaxavam em seus cuidados de análise de risco e planejamento estratégico.
Os bancos emprestaram para essas empreiteiras, para a Petrobras e para fornecedores que serão afetados pela redução dos investimentos na estatal. O BNDES teve reduzido seu lucro em R$ 2,6 bilhões por emprestar para a Petrobras ou por ter ampliado participação em seu capital. Curioso é o banco anunciar um lucro de R$ 8,59 bilhões, deixando de registrar que o custo para o Tesouro do dinheiro subsidiado repassado ao banco no ano passado está estimado em R$ 23 bilhões.
Os fundos de pensão são sócios de vários negócios com empresas que hoje estão suspensas dos negócios com a estatal de petróleo. E foram empurrados pelo governo para se associarem às empreiteiras que hoje estão sendo investigadas. Os fundos das estatais estão em negócios que passam por dificuldades. E eles entraram com grande parte do capital. Perderão patrimônio.
Os investidores institucionais globais que perderam dinheiro com a Petrobras já se mobilizaram e entraram com processos coletivos ou individuais, e isso trará prejuízos à empresa. Os investidores locais podem estar mais expostos ao risco do que imaginam, porque na carteira de muitos produtos financeiros existem derivativos dos ativos que agora podem ter desvalorização.
A corrupção no nível a que chegou na Petrobras produzirá inúmeros efeitos deletérios na economia, e ainda não se pode respirar aliviado. A ata da reunião do Conselho de Administração da Petrobras que aprovou a nova diretoria mostrou que o governo continua tratando a empresa como se fosse o quintal do Palácio do Planalto.
Um dos conselheiros reclamou de que eles estavam recebendo os nomes dos novos diretores escolhidos pelo governo no momento da reunião, e um dos currículos não tinha sequer o registro do sobrenome da pessoa indicada. E que receberam a lista dos diretores antes do nome do novo presidente da empresa, o que mostra um processo completamente improvisado de sucessão.
O conselheiro Sílvio Sinedino Pinheiro, um dos três votos contrários, disse que “a difícil situação porque passa a Petrobras deve-se principalmente às indicações políticas”. Ele é representante dos trabalhadores e está de saída. Mas, na reunião, sugeriu que houvesse respeito à meritocracia na escolha dos dirigentes da empresa. “As indicações por partidos políticos, como a Polícia Federal e a Justiça vêm demonstrando, acabam cobrando um alto preço em corrupção e malfeitos. Assim, os trabalhadores da Petrobras anseiam por mudanças e um bom exemplo foi a recente seleção do novo diretor de governança, que foi escolhido no mercado, com o que não concordamos, mas o foi exclusivamente por capacidade técnica e experiência para a função”.
Outro conselheiro que votou contra, José Monforte, lembrou que pelo estatuto é o Conselho de Administração que escolhe a diretoria. E disse que soube pela imprensa da reunião dos novos diretores com o acionista controlador. Monforte chama de “péssima” a governança da empresa.
A leitura da ata da reunião, com o que disseram os três conselheiros que votaram contra, mostra claramente que o governo ainda não aprendeu como exercer o papel de acionista controlador em empresa de capital aberto com acionistas no Brasil e no exterior. A esperança é que a apuração dos fatos delituosos lá ocorridos ajudem a proteger a Petrobras de erros como os que estão cobrando um preço tão caro da empresa e do país.
Algumas empreiteiras já estão pedindo recuperação judicial. Nem todas estavam tão frágeis como a Galvão Engenharia e a OAS. Outras poderão seguir esse caminho. Eram dependentes daquele modelo de negócios, como diz o Ministério Público. E é esse modelo de negócios que nos infelicita neste momento. É dele que precisamos nos livrar. Sabendo que tinham garantia de aditivos ou de vencer licitações viciadas, as empresas relaxavam em seus cuidados de análise de risco e planejamento estratégico.
Os bancos emprestaram para essas empreiteiras, para a Petrobras e para fornecedores que serão afetados pela redução dos investimentos na estatal. O BNDES teve reduzido seu lucro em R$ 2,6 bilhões por emprestar para a Petrobras ou por ter ampliado participação em seu capital. Curioso é o banco anunciar um lucro de R$ 8,59 bilhões, deixando de registrar que o custo para o Tesouro do dinheiro subsidiado repassado ao banco no ano passado está estimado em R$ 23 bilhões.
Os fundos de pensão são sócios de vários negócios com empresas que hoje estão suspensas dos negócios com a estatal de petróleo. E foram empurrados pelo governo para se associarem às empreiteiras que hoje estão sendo investigadas. Os fundos das estatais estão em negócios que passam por dificuldades. E eles entraram com grande parte do capital. Perderão patrimônio.
Os investidores institucionais globais que perderam dinheiro com a Petrobras já se mobilizaram e entraram com processos coletivos ou individuais, e isso trará prejuízos à empresa. Os investidores locais podem estar mais expostos ao risco do que imaginam, porque na carteira de muitos produtos financeiros existem derivativos dos ativos que agora podem ter desvalorização.
A corrupção no nível a que chegou na Petrobras produzirá inúmeros efeitos deletérios na economia, e ainda não se pode respirar aliviado. A ata da reunião do Conselho de Administração da Petrobras que aprovou a nova diretoria mostrou que o governo continua tratando a empresa como se fosse o quintal do Palácio do Planalto.
Um dos conselheiros reclamou de que eles estavam recebendo os nomes dos novos diretores escolhidos pelo governo no momento da reunião, e um dos currículos não tinha sequer o registro do sobrenome da pessoa indicada. E que receberam a lista dos diretores antes do nome do novo presidente da empresa, o que mostra um processo completamente improvisado de sucessão.
O conselheiro Sílvio Sinedino Pinheiro, um dos três votos contrários, disse que “a difícil situação porque passa a Petrobras deve-se principalmente às indicações políticas”. Ele é representante dos trabalhadores e está de saída. Mas, na reunião, sugeriu que houvesse respeito à meritocracia na escolha dos dirigentes da empresa. “As indicações por partidos políticos, como a Polícia Federal e a Justiça vêm demonstrando, acabam cobrando um alto preço em corrupção e malfeitos. Assim, os trabalhadores da Petrobras anseiam por mudanças e um bom exemplo foi a recente seleção do novo diretor de governança, que foi escolhido no mercado, com o que não concordamos, mas o foi exclusivamente por capacidade técnica e experiência para a função”.
Outro conselheiro que votou contra, José Monforte, lembrou que pelo estatuto é o Conselho de Administração que escolhe a diretoria. E disse que soube pela imprensa da reunião dos novos diretores com o acionista controlador. Monforte chama de “péssima” a governança da empresa.
A leitura da ata da reunião, com o que disseram os três conselheiros que votaram contra, mostra claramente que o governo ainda não aprendeu como exercer o papel de acionista controlador em empresa de capital aberto com acionistas no Brasil e no exterior. A esperança é que a apuração dos fatos delituosos lá ocorridos ajudem a proteger a Petrobras de erros como os que estão cobrando um preço tão caro da empresa e do país.
06 de abril de 2015
Miriam Leitão, Álvaro Gribel