"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

VAMOS COMEÇAR UMA REVOLUÇÃO NESSA BAGUNÇA

OS MAIORES LADRÕES QUE O PLANETA TERRA JÁ PARIU!

JOESLEY COMPLEMENTARÁ A DELAÇÃO QUE SUA MULHER TENTOU CONTESTAR

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Joesley diz que sua mulher não assistiu à conversa
Controlador da J&F e delator, Joesley Batista fará um anexo complementar sobre o jantar realizado com o governador do Rio Grande do Norte, Robson Faria (PSD), e o filho dele, o deputado Fábio Faria (PSD-RN), em que teria tratado de suposta propina relacionada às campanhas de ambos em 2014.
Segundo envolvidos nas investigações, o empresário confirmará que, na ocasião, eles trataram de pagamento de propina, mas deixará claro que isso aconteceu longe das esposas.
MULHER DE JOESLEY – A complementação será feita depois que veio a público um áudio gravado pela mulher de Joesley, a apresentadora Ticiana Villas Boas, negando que o assunto tenha sido discutido no evento.
“É… aquele jantar, imagina só, não tem nada a ver… do que falaram, foi um jantar normal, eu não vi nada de dinheiro, de nada que beirasse ser ilícito”, disse Ticiana em áudio enviado à Patrícia Abravanel, mulher do Fábio Faria que, segundo Saud, estava presente.
Até este momento, o suposto pagamento de propina ao governador e a seu filho só foi abordado nos depoimentos de Ricardo Saud, ex-diretor de J&F que atuava como lobista da empresa no Congresso.
Em seu acordo, o executivo falou que Robson e Fábio Faria foram beneficiários de dinheiro ilícito e, em troca, prometeram favorecer a empresa em negócios no Rio Grande do Norte.
ODEBRECHT – O ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht entrou com um recurso Tribunal Regional da 4ª Região questionando sua condenação no caso Petrobras. Antes de fechar acordo de delação, ele foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 19 anos de prisão.
Odebrecht quer incluir sua delação nesta ação penal. Acredita que isso permitiria reduzir a pena dada por Moro. Juristas, no entanto, acham que essa iniciativa da defesa do empresário pode prejudicar a própria delação premiada.

14 de agosto de 2017
Deu em O Tempo

O REENCONTRO COM WALDIR PIRES E A PERDA DE CARLOS ARAUJO

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O velório de Araújo foi no saguão da Assembléia gaúcha
Nestes tempos de mediocridade triunfante, carência de vocações públicas, foi uma festa na casa do advogado Carlos Sodré, em Salvador, o reencontro com velhos amigos como Waldir Pires, Virgildásio Sena, Roberto Santos, Joacy Goes, Hélio Duque, João Carlos Teixeira Gomes (o poeta Joca), outros, relembrando uma parte da história política brasileira.
Por exemplo, aos 91 anos, Waldir lúcido e ativo na defesa da democracia, nos ensina: “A política é a única forma de produzir mudanças na sociedade. O governo democrático não é o governo da vontade pessoal do governante. Não há falta de inteligência nos dias atuais. Há falta de caráter. A civilização não pode ser a corrupção e o caos, a ansiedade e a opressão. A dignidade humana, os direitos existenciais, os valores da liberdade, devem ser o balizamento na sociedade democrática. É o ser humano a medida e o fim da sociedade.”
CARLOS ARAÚJO – E lá se foi um grande gaúcho e grande brasileiro, o advogado e ex-deputado do PDT Carlos Araújo. Valente e exemplar na luta armada contra a ditadura militar, no movimento estudantil e nas disputas partidárias, na organização do PDT, sempre com liderança, patriotismo e desprendimento.

14 de agosto de 2017
Sebastião Nery

ODEBRECHT ENFIM ENTREGA À LAVA JATO "UM GRANDE VOLUME" DE DOCUMENTOS

Fachada da sede da Odebrecht em SP (Foto: Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo)
Empresa escondia provas envolvendo políticos
Os procuradores que integram a força-tarefa da Operação Lava jato, em Curitiba, confirmaram nesta sexta-feira (11) que receberam um grande volume de documentos que integram os acordos de leniência e de delação de executivos ligados à Odebrecht. Segundo os procuradores, os dados foram enviados para análise técnica, dentro do próprio Ministério Público Federal (MPF). Segundo os procuradores, com o acordo de leniência, a Odebrecht tem a obrigação de fornecer documentos que tragam elementos probatórios, que corroborem os fatos criminosos que os executivos da empresa revelaram em depoimentos.
O MPF não detalhou quais tipos de documentos estão no pacote recebido pela força-tarefa. Segundo a procuradoria, eles esperam que haja extratos de contas offshore usadas pela empresa, para pagamentos ilícitos no exterior, além de planilhas explicativas, que devem ser usados em outras investigações do MPF.
DELAÇÃO E LENIÊNCIA – A delação de 77 executivos ligados à Odebrecht foi homologada em janeiro deste ano, pela ministra Cármem Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal. Plantonista do STF no recesso do Judiciário, ela usou a prerrogativa de presidente para homologar as delações dos dirigentes e ex-dirigentes da empreiteira.
A ministra tomou a decisão para não atrasar o andamento das investigações da Lava Jato, na medida em que o relator do caso no tribunal, ministro Teori Zavascki, morreu em um acidente aéreo no litoral do Rio de Janeiro.
Já o acordo de leniência, que é uma espécie de delação feita pela empresa, foi homologado pelo juiz Sérgio Moro, em maio deste ano. Nele, a empresa se comprometeu, em acordo feito com o Ministério Público brasileiro, em dezembro do ano passado, a revelar e cessar fatos ilícitos praticados na Petrobras e em outras esferas de poder, envolvendo agentes políticos de governos federal, estaduais, municipais e estrangeiros.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Como ocorre em todas as demais delações, os réus da Odebrecht também tentam liberar o mínimo de documentos, mas a força-tarefa está marcando em cima e a empreiteira pode ser chamada para fazer recall, como ocorreu com a Andrade Gutierrez. (C.N.)


14 de agosto de 2017
Deu no G1

UM SACO SEM FUNDO PARA FINANCIAR AS CAMPANHAS ELEITORAIS

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Charge do Junião (junião.com.br)
A questão do financiamento das campanhas eleitorais brasileiras voltou ao centro do debate político com a criação do tal Fundo Especial de Financiamento da Democracia (FFD) de R$ 3,6 bilhões aprovado por uma Comissão Especial e já rejeitado por parte dos deputados, inclusive o presidente da Câmara Rodrigo Maia. O mais grave é o que poucas pessoas notaram: esse Fundo Democrático não substitui o Fundo Partidário, que é distribuído pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anualmente aos partidos que participaram das eleições para a Câmara.
Na sua mais recente versão, estava em R$ 800 milhões, o que dá por cada voto válido 12,00 que, com o contingenciamento, está valendo R$ 9,50. Há propostas para que o Fundo Democrático, que será dado a cada eleição, seja composto com as emendas dos deputados e senadores, para não aumentar o gasto público.
HÁ PROBLEMAS – O que pode parecer uma boa ideia tem problemas, no entanto. Metade das emendas parlamentares, que agora são impositivas, tem que ser dedicada à saúde, e o restante para obras e outros investimentos. Esse dinheiro para saúde e obras públicas seria transferido para pagar as campanhas eleitorais, o que não é uma solução.
O financiamento privado de campanhas eleitorais por empresas, proibido pelo Supremo Tribunal Federal, terá que ser rediscutido, assim como o barateamento das eleições de maneira geral. Nesse caso, ganha força o voto distrital, mesmo que seja o misto, com metade das vagas preenchidas pelo voto proporcional.
O ministro do Supremo Luis Roberto Barroso, que foi o relator do processo que proibiu o financiamento de campanhas eleitorais por empresas, esclareceu sua posição em diversos pronunciamentos públicos.   “Eu votei a favor da inconstitucionalidade porque a lei não previa nenhum tipo de limite às doações, mas a questão em si de se empresas devem poder doar ou não é política e deve ser decidida pelo Congresso”, afirmou, durante uma palestra em São Paulo.
LIMITES E RESTRIÇÕES – O ministro Barroso disse que o financiamento por empresas precisaria ter limites mais rígidos para não se tornar um fator de desequilíbrio nas eleições, e teria que ter restrições, como a mesma empresa não poder financiar os candidatos de todos os partidos.
Já o sistema chamado de “distritão”, que foi aprovado pela Comissão Especial e será votado em plenário da Câmara, é criticado, entre outras coisas, por favorecer os candidatos mais conhecidos do eleitorado, e encarecer as campanhas. O deputado Miro Teixeira, autor da emenda do distritão, chama a atenção para o fato de que o voto majoritário já é usado para Presidente da República, Senador, Prefeito, e nunca se alegou que esse sistema encarece a eleição ou favorece os candidatos mais conhecidos.
Geraldo Tadeu Monteiro, cientista político e professor da Uerj, é um dos muitos críticos do sistema. Ele diz que as pesquisas vêm mostrando que os eleitores estão muito mais dispostos a votar branco ou nulo nas próximas eleições. Na última pesquisa Datafolha, as taxas de brancos e nulos oscilavam entre 16% e 31% a depender do cenário. Considerando que as últimas eleições presidenciais, o percentual de votos brancos e nulos (no primeiro turno) foi de 8,56% (3,11% brancos + 5,45% nulos), isso representa, no mínimo, quase o dobro da taxa de 2014.
POUCA ALTERAÇÃO – Monteiro revela que simulação que realizou em 2015, quando começou a discussão sobre o distritão, mostra que apenas 9% ou 45 vagas de deputados federais mudariam de lugar. O resultado indica, segundo Geraldo Tadeu Monteiro, que o sistema proporcional de lista aberta elege, em 91% dos casos, os mais votados; e que a adoção do distritão vai favorecer os atuais ocupantes de cargos proporcionais, pois 91% deles teriam sido eleitos com o distritão em 2014.
Nesses casos, o argumento serve também para aprovar o distritão, pois tem os mesmos efeitos do voto proporcional e ainda favorece uma renovação. Outro aspecto relevante que o cientista político ressalta é a perda de votos de eleitores que terão votado em candidatos que não se elegeram, que, pelos cálculos, seria de 36%.
Essa alegação, muito usada pelos críticos do sistema, é combatida pelos defensores do distritão como Miro Teixeira com um argumento pragmático: os votos não são perdidos pelos partidos, pois renderão R$ 9,50 cada na distribuição do Fundo Partidário.
HÁ VANTAGENS – Os candidatos que não se elegem sempre existirão, em qualquer tipo de sistema eleitoral. Mas não se elegerão mais candidatos de pouquíssimos votos, como os que vão na rabeira de puxadores de votos como Tiririca.
Segundo as contas de Geraldo Tadeu Monteiro, a adoção do distritão tiraria da Câmara nada menos que 6 partidos: PSDC, PEN, PTC, PTdo B, PRTB, PSL.
Esse pode ser um argumento a favor do distritão.

14 de agosto de 2017
Merval Pereira
O Globo

POLÍTICA DA INFORMAÇÃO GOVERNAMENTAL EXIGE QUALIDADE E CONTEÚDO CONCRETO

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Temer adota tática errada para ganhar prestígio
Exatamente como está no título. A comunicação pública de um governo depende de uma atividade jornalística de bom nível e não de anúncios comerciais ou propaganda disfarçada de marketing, de caráter fechado e que não reflete qualquer interesse coletivo da população. Ou pelo menos de uma parcela expressiva da sociedade brasileira. Publicidade convencional funciona em matéria comercial, mas não ajuda a mudar a imagem de uma administração, qualquer que ela seja.
Digo isso a propósito de matéria de Andreza Matais e Marcelo de Moraes, publicada na edição de sábado de O Estado de São Paulo. Em sua coluna na página 4, revelam que o presidente Michel Temer vai mudar a estratégia de comunicação até agora colocada em prática pelo governo, no sentido de recuperar a popularidade perdida e cada vez mais desejada pelo Planalto e cada vez mais rejeitada pela planície. Planície, no caso, é a população brasileira, que na recente pesquisa do Ibope confirmou a existência de um índice de 70% de repúdio ao Executivo contra um índice de aprovação de apenas 5%.
EXEMPLO DE JK – Para citar Noel Rosa, jornalismo não se aprende no colégio, comunicação também não. A comunicação, em sua essência, é uma troca de perspectivas e expectativas que possam ser convergentes nas ações de um governo.
O presidente Juscelino Kubitschek, por exemplo, saiu consagrado de seu mandato e no desenrolar dos anos dourados – de janeiro de 56 a janeiro de 61 – conseguiu entusiasmar o povo do Brasil. Pela primeira vez, o debate econômico ganhava as ruas voando entre esperanças. Esperanças que se confirmaram no avanço da renda salarial. O salário mínimo por exemplo, seria hoje equivalente a 1.700 reais, praticamente o dobro do valor de hoje.
O índice de desemprego ficou na escala de 5%. Atualmente ele é de 13,5% A população sentiu-se numa fila que andava pra frente. Justamente ao contrário de hoje quando o povo tem a sensação de estar sofrendo, não somente a estagnação, mas principalmente um retrocesso horrível.
SEM CONTEÚDO – Por que o presidente Michel Temer deseja mudar a sua política de comunicação? É claro que o motivo é que a estratégia colocada em prática não vem dando certo: ao contrário, está afundando na falta de conteúdo concreto a ser oferecido a todas as classes sociais.
Todas as classes, não: a dos banqueiros e a dos executivos de grandes empresas não têm por que reclamar.  Os juros da CELIC estão em 9,25% a/a para uma inflação nos doze últimos meses, segundo o IBGE, de 2,7%. E os salários? Agora mesmo, há poucos dias o governo anunciou que pretende adiar para 2019 o reajuste dos servidores públicos federais, que assim não terão seus vencimentos corrigidos nem na fração de 4,5pontos percentuais registrada em 2016 e não compensada até hoje e pelo visto nem compensada até o final de 2018.
Fazendo-se um cálculo da taxa de 4,5% mais a de 2,7 pontos chegamos a conclusão que o índice inflacionário acumulado alcança mais de 7,2%, em juros sobre juros. Um retrocesso, pois a fila, em vez de avançar, está andando para trás. As perdas salariais atingem também os trabalhadores e trabalhadoras regidos pela CLT. Como é possível que estejam satisfeitos e identifiquem no governo qualquer imagem positiva.
FALTAM AÇÕES POSITIVAS – Imagem positiva só se atinge com ações também positivas que vão ao encontro de toda a sociedade. E através de textos jornalísticos e não de mensagens comerciais ou imagens do presidente da República no meio de uma plantação de algodão, como aconteceu neste final de semana. A imagem de qualquer um na sua esfera de trabalho depende de seu comportamento produtivo e integrador.
Exatamente ao contrário do que faz o governo Michel Temer. Não há publicidade capaz de mudar uma realidade. A população tem plena consciência dessa verdade. Tanto assim que não dá a menor importância aos anúncios publicitários que buscam mudar o panorama real.
Informação positiva é a que vai ao encontro do interesse coletivo. Os anúncios isolados de nada adiantam.

14 de agosto de 2017
Pedro do Coutto

O HUMOR DO DUKE...

Charge O Tempo 13/08/2017

14 de agosto de 2017

REFORMA POLÍTICA CAMINHA PARA SE TRANSFORMAR NUMA FRAUDE MONUMENTAL

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Reproduzido de Charges-do-Flavio (Facebook)
Chega a ser tedioso falar em necessidade de reforma política, uma questão que se arrasta há décadas no Congresso para discutir alterações nas regras eleitorais e partidárias. A opinião pública esperava que os parlamentares procurassem aperfeiçoar as leis atuais, para aprimorar os ritos democráticos e garantir oportunidades iguais aos candidatos e partidos. Mas era ilusão à toa, diria Johnny Alf. Como ensinou o teólogo, filósofo e astrônomo italiano Giordano Bruno (1548-1600), “é ingenuidade pedir que as regras do poder sejam mudadas por quem está no poder”.
NADA MUDOU – Quase 500 anos depois, nada mudou e a realística conclusão de Giordano Bruno continua a prevalecer na política brasileira.
Em 2015, por exemplo, já com o país em gravíssima crise econômica, foi uma estupidez a então presidente Dilma Rousseff ter sancionado o Orçamento de 2015 sem vetar a proposta que triplicou os recursos destinados ao Fundo Partidário.
Em seu projeto original, o governo destinava R$ 289,5 milhões para o Fundo Partidário, mas o valor foi elevado para R$ 867,5 milhões pelo relator Romero Jucá (PMDB-RR) e Dilma aceitou, sem que aparecesse um assessor para repetir o analista norte-americano James Carville e lhe dizer: “É a economiaestúpida!”.
E agora, apenas dois anos, depois surge a criação do Fundo Especial de Financiamento da Democracia, para destinar mais R$ 3,6 bilhões para os partidos em 2018, elevando o repasse para R$ 4,47 bilhões.
GRANDES NEGÓCIOS – Confirma-se, assim, que no Brasil há três tipos de negócios que raramente dão errado – organizar um sindicato, fundar uma igreja pentecostal ou criar um partido político. A diferença é que a igreja pode não atrair fiéis e ser deficitária, enquanto o partido não corre este risco, porque tem faturamento garantido, é igual ao sindicato, que não tem como dar errado, porque o governo já anunciou que ressuscitará algum clone da contribuição sindical obrigatória que acaba de ser extinta.
No plano político, uma das maiores distorções é a propaganda no rádio e TV, que nada tem de gratuita, porque é compensada com régio desconto no Imposto de Renda das emissoras. E a divisão do horário sempre foi feita para beneficiar os grandes partidos, que transformaram a campanha eleitoral numa disputa de marqueteiros, com programas sofisticados e caríssimos, que sufocam os candidatos e partidos de menor poder aquisitivo.
Sem cair no exagero ditatorial da antiga Lei Falcão (foto 3X4, nome, legenda e número), a democracia exige que o horário gratuito seja dividido igualmente entre os candidatos – dependendo do cargo, é claro, com presidente, governador e prefeito ganhando espaço maior do que parlamentares. E cada candidato deveria usar esse tempo simplesmente informando suas plataformas eleitorais, sem efeitos especiais, reportagens e tudo o mais. Mas isso jamais ocorrerá. Os políticos brasileiros não demonstram o menor interesse em democratizar a política.
OUTRA FRAUDE – O distritão também é outra fraude eleitoral. Segundo o colunista Bernardo Mello Franco, da Folha, o sistema foi implantado no Japão, mas acabou abolido. Hoje, só vigora em dois países, ambos inexpressivos democraticamente – Afeganistão e Jordânia. Sabe-se que foi adotado também nas Ilhas Vanuatu, na Oceania, e nas Ilhas Pitcairn, na Polinésia, mas esses micro-arquipélagos nem podem ser considerados como países propriamente ditos, pois Vanatu tem somente 60 mil habitantes e Pitcairn, apenas 56 moradores, mesmo assim quer ser considerado um país, é possível uma maluquice dessas?
Por tudo isso, é deprimente ver os políticos se arvorando ao direito de receber quase R$ 5 bilhões de recursos desviados do erário, que já está exaurido de tanta exploração de quem é eleito para representar o povo.
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P.S. – Detalhe: A lei brasileira define que qualquer dinheiro subtraído indevidamente ao cidadão constitui crime de enriquecimento ilícito, embora poucos políticos tenham essa consciência cívica. Não estão nem aí(C.N.)

14 de agosto de 2017
Carlos Newton

RECESSÃO ECONÔMICA EXIGE CONTINUIDADE DAS POLÍTICAS SOCIAIS TIPO BOLSA FAMÍLIA


Charge do Felipe Coutinho (Arquivo Google)
Uma das principais mazelas da atual política econômica tem sido o empobrecimento de diversos segmentos sociais da população brasileira nos últimos três anos à medida que avança a recessão. Nesse período, a renda per capita da sociedade, em seu conjunto, diminuiu em mais de 10%. Simultaneamente, alguns grupos sociais e muitas famílias vivenciaram um rápido processo de empobrecimento, com diferentes trajetórias.
Em primeiro lugar, é preciso destacar que a pobreza admite uma escala que vai da situação de pobreza relativa até a situação de miséria.
POBREZA E MISÉRIA – No caso de pobreza menos intensa, considera-se que uma família ou um grupo social possa dispor de renda e de capital no nível de atendimento de suas necessidades básicas. Noutro extremo, estão os miseráveis e os despossuídos, que vivem numa situação de pobreza absoluta e de extrema vulnerabilidade social.
A recessão econômica gera a metamorfose do empobrecimento, conforme as perdas e os danos das famílias e dos grupos sociais que venham a ocorrer em termos de capital financeiro (poupança, aplicações financeiras, ações etc.) e não financeiro (casa própria, terra etc.) ou em termos de nível de renda real (salários, juros, lucros, aluguéis). Algumas das trajetórias dessa metamorfose podem ser observadas com frequência maior nesses anos de recessão econômica. Vejamos dois exemplos.
CLASSE MÉDIA – Na trajetória de empobrecimento de famílias e grupos sociais da classe média (funcionários públicos, profissionais liberais, microempresários etc.), a perda inicial pode dar-se pelo desemprego, pelo apelo ao subemprego, pela fragilidade financeira ou pela perda de poder aquisitivo.
A trajetória, nesse caso, tem observado, frequentemente, o seguinte passo a passo: após a primeira queda de renda real, busca-se recompor o padrão de vida por meio da monetização dos ativos financeiros e não financeiros. Esgotada essa alternativa ao longo dos meses, o efeito cremalheira ou a resiliência do padrão de consumo já conquistado induz a diferentes formas de endividamento, o que pode ser fatal no momento seguinte.
Um novo passo ocorre quando se abre mão do padrão de consumo, migrando do plano de saúde particular para o sistema público de atendimento à saúde, do aluguel em residências localizadas em bairros de classe média para moradias em áreas periféricas etc. Nesse passo a passo, acumula-se o desalento, perde-se a autoestima, aumentam o estresse e a tensão emocional.
CLASSE MÉDIA BAIXA – Um segundo caso refere-se a grupos sociais e famílias pertencentes aos chamados “segmentos D e E” da sociedade (em geral, trabalhadores de mão de obra não qualificada ou semiqualificada).
Quando caem para situação de pobreza absoluta, com carência de recursos financeiros e de capital para atender as necessidades básicas de suas famílias diante do desemprego aberto, caminham, então, para a situação dos sem-teto, dos andarilhos, dos socialmente marginalizados e vulneráveis.
Quanto mais a recessão aprofunda-se, com risco de se tornar uma depressão econômica, mais podem-se observar casos dessa pobreza andarilha e sem-teto a mendigar nos grandes centros urbanos das áreas economicamente empobrecidas do país.
POLÍTICAS SOCIAIS – Emerge, então, a importância da preservação das políticas sociais compensatórias num contexto em que as portas de saída estão cerradas para os novos pobres. Trata-se dos benefícios sociais continuados para idosos e pessoas com deficiência física (Loas), do programa Bolsa Família, da Previdência.
É um processo de redistribuição ou transferência de pouco dos que têm muito que acaba representando muito para os que têm pouco.

14 de agosto de 2017
(Paulo Haddad foi ministro do Planejamento e da Fazenda no governo Itamar Franco)

VEM AÍ A DELAÇÃO DE LÉO PINHEIRO, QUE SE RELACIONAVA COM MINISTROS DOS TRIBUNAIS

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Pinheiro conseguiu se tornar “amigo” de ministros 
A colaboração premiada da construtora OAS, que tinha sido negociada como uma megadelação com mais de 50 envolvidos, foi desidratada e agora cerca de 20 pessoas, entre acionistas e executivos, devem assinar o compromisso para confessar delitos da empreiteira. Os outros 30 funcionários da companhia que participavam das tratativas agora serão incluídos como testemunhas ou lenientes, que são pessoas que prestam informações no processo, mas não respondem judicialmente por um crime.
A decisão de enxugar a delação da OAS foi tomada porque a força-tarefa da Lava Jato quer fechar a colaboração da empreiteira antes da saída de Rodrigo Janot do cargo de Procurador-Geral da República, em 17 de setembro.
FALTAM PROCURADORES – Segundo pessoas envolvidas na negociação do acordo, a Procuradoria não teria número de procuradores suficiente para dar conta do volume de trabalho em tão pouco tempo. Não está descartado que o número de delatores diminua ainda mais, de acordo com um dos envolvidos.
No início das reuniões, a Procuradoria determinou que a OAS juntasse tudo o que havia sobre pagamento de propina. Em fevereiro do ano passado, começou um garimpo na empresa para juntar histórias de corrupção.
Agora a Procuradoria resolveu descartar histórias que eles julgaram menos importantes e se concentrar nos casos de maior repercussão. Com essa mudança, dezenas de funcionários que ocupavam cargos intermediários na hierarquia da empresa, como gerentes de obras, deixaram de ser candidatos a delação e agora dão suporte em episódios contados pelos futuros delatores.
ANDAMENTO – Há três semanas, executivos da OAS foram até a Procuradoria-Geral da República para confirmar à força-tarefa o teor dos documentos fornecidos pelos advogados da empresa. Eles assinaram, na ocasião, uma ata formalizando a reunião.
Os últimos relatos de corrupção da empreiteira foram entregues para a Lava Jato há mais de dois meses. Os próximos passos são a definição das penas dos colaboradores e depois a assinatura e homologação do acordo.
O principal candidato a delator é o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, que fazia o contato da empreiteira o poder. Parte dele as principais histórias envolvendo políticos, como o ex-presidente Lula e os senadores tucanos José Serra e Aécio Neves.
OS HERDEIROS – Os herdeiros do grupo empresarial, César Mata Pires Filho e Antonio Carlos Mata Pires, também estarão entre os colaboradores. Filho deverá delatar governadores e Antonio Carlos vai falar sobre a relação da empresa com a Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal.
Também entregaram relatos e estão na lista de possíveis delatores os ex-diretores financeiros Alexandre Tourinho e Sérgio Pinheiro e o diretor de relações institucionais do grupo Roberto Zardi.
Agenor Franklin Medeiros, que já depôs como testemunha no processo contra Lula sobre o tríplex do Guarujá, e Paulo Gordilho, responsável pela reforma do apartamento no litoral, também negociam colaboração.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A delação de Léo Pinheiro é da maior importância, não apenas em função de sua intimidade com políticos influentes dos mais diversos partidos, mas também pelo seu relacionamento com ministros dos tribunais superiores, inclusive do Supremo(C.N.)


14 de agosto de 2017
Wálter Nunes e Flávio Ferreira
Folha