No PT, Aldemir Bendine era da cota pessoal de Dilma
A possibilidade de o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine aderir a uma delação premiada, repetindo os passos de colegas presos na Operação Lava Jato, tem preocupado o PT, principalmente em relação a possíveis revelações envolvendo Lula, Dilma Rousseff, Guido Mantega e a Sete Brasil, empresa que tinha contratos com a Petrobras para a construção de navios-sonda.
Embora tenha sido avalizada por Lula, a escolha de Bendine para presidir a Petrobras em 2015 foi uma decisão solitária de Dilma. Avessa a vazamentos para a imprensa, a petista antecipou para poucas pessoas a escolha, que seria anunciada em uma sexta-feira, 6 de fevereiro.
FOI SURPRESA – Reunidos em Belo Horizonte para a festa de 35 anos do PT, dirigentes do partido foram pegos de surpresa no dia com a nomeação de Bendine.
Até ministros do PT que participavam do evento apostavam, ainda naquela manhã, no nome de Luciano Coutinho (ex-BNDES), para a vaga de Graça Foster.
Mas Dilma já havia decidido. Bendine, que presidiu o Banco do Brasil, foi indicado por ser de estrita confiança da então presidente.
BLINDAR O PLANALTO – Além da missão de recuperar a imagem da Petrobras, Bendine recebeu de Dilma tarefa de blindar minimamente o Planalto de uma CPI sobre a empresa no Congresso. Bendine chamara a atenção de Dilma naquele período, entre outros fatores, por ter liderado uma operação com bancos privados para salvar a Sete Brasil.
Para evitar que a empresa quebrasse, Dilma pediu a ele que destravasse empréstimos. Atualmente, a Sete Brasil está em recuperação judicial, após diversas denúncias de irregularidades envolvendo a empresa virem à tona com a Lava Jato.
Segundo o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, dinheiro de propina da Sete Brasil teria abastecido contas de Lula, do PT e do ex-ministro José Dirceu.
DELAÇÃO DE DUQUE – Duque tenta um acordo de delação premiada com os investigadores. Ele também relatou em depoimento ao juiz Sergio Moro sua relação com o ex-presidente Lula.
Assim como Duque, Bendine pode contar detalhes sobre suas idas ao Instituto Lula. Bendine também tinha uma relação de confiança com o ex-ministro Guido Mantega, com quem conviveu durante a gestão petista. Quando foi indicado para a Petrobras, o ex-ministro era o presidente do conselho de Administração da empresa.
A votação não foi unânime: três dos dez conselheiros votaram contra Bendine. Houve muito bate-boca na reunião, e Mantega foi acusado de criar um mal-estar ao impor a vontade da União sobre interesses da Petrobras.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A repórter Andréia Sadi contatou o advogado Pierpaolo Bottini, que defende Bendine, e ele disse que seu cliente não cogita de fazer delação premida. É sempre assim. Não cogitam e acabam fazendo. Vamos aguardar. (C.N.)
02 de agosto de 2017
Andréia Sadi
G1 Brasília