"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

ENQUANTO ISSO...

 NOVO DELATOR DA LAVA-JATO VAI PAGAR R$ 40 MILHÕES DE MULTA


Julio Camargo falava em nome da Toyo Setal Empreendimentos, que se dispõe a colaborar com as investigações.

Ele é o terceiro alvo da Lava Jato que firma acordo de delação premiada. Com a delação, Camargo pode obter acentuada redução de pena, até mesmo o perdão judicial. A multa de R$ 40 milhões, no entanto, ele terá que de pagar. Antes, fez a colaboração o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, que citou pelo menos 32 parlamentares como supostos beneficiários do esquema de corrupção e propinas na estatal petrolífera.

O doleiro Youssef está fazendo delação, interrompida porque foi hospitalizado sábado, 25. Julio Camargo temia ser preso a qualquer momento pela Lava Jato, que entrou em sua segunda etapa, agora concentrando fogo nas empreiteiras.

Apavorado, Camargo resolveu contar o que sabe. Seu relato confirma a existência do cartel das construtoras na Petrobrás. O grande conluio já havia sido revelado por Paulo Roberto Costa, mentor do esquema de propinas da estatal. Camargo já confirmou o envolvimento direto de pelo menos duas gigantes da construção.
 
A Toyo Setal, que Camargo representava, realiza atividades de projeto, construção e montagem na modalidade de EPC (Engenharia, Suprimentos e Construções), em unidades industriais, nos segmentos de óleo e gás, petroquímica, química, mineração, infraestrutura, plantas de geração de energia e siderurgia.

A Toyo trabalha também com estaleiros, na fabricação e serviços de construção de módulos para plataformas offshore, incluindo unidades de geração de energia elétrica, de compressão de gás e de processamento de petróleo. A Toyo e Julio Camargo aparecem em uma planilha que a PF apreendeu. O documento indica contribuições de Camargo a partir de março de 2010, provavelmente para a campanha eleitoral daquele ano. 
 
A empresa e ele foram citados pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, em depoimento à Justiça Federal. Costa apontou suposto envolvimento de Duque no esquema. Na campanha eleitoral de 2010, Camargo ficou entre os maiores doadores de pessoa física. Ele doou um total de R$ 1,12 milhão para dez candidatos ao Senado, à Câmara dos Deputados e às Assembleias Legislativas de São Paulo e Mato Grosso do Sul. 
 
O maior beneficiário foi o então candidato a senador do PT do Rio Lindbergh Farias, que ficou com R$ 200 mil. Ele deu ainda R$ 100 mil para as campanhas ao Senado de Marta Suplicy (PT-SP) e R$ 100 mil para Delcídio Amaral (PT-MS). Camargo é o controlador de três companhias (Piemonte, Auguri e Treviso) que recebiam aportes de empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef, alvo da Lava Jato.
 
No fluxograma do dinheiro movimentado por Youssef na GFD Investimentos (um total de R$ 78 milhões) de janeiro de 2009 a dezembro de 2013 a Piemente colocou R$ 8, 5 milhões. A Treviso repassou R$ 4,4 milhões. A suspeita da PF é que esse dinheiro era distribuído com deputados e senadores.

COM A PALAVRA, O ENGENHEIRO RENATO DUQUE
Por meio de sua assessoria de imprensa, Renato Duque disse desconhecer “o conteúdo de qualquer depoimento de Julio Camargo”. O engenheiro assinala que não é acusado de nenhum crime e afirma não saber de crimes na Petrobrás durante sua gestão na Diretoria de Serviços. Ele destacou que “está à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento que se fizer necessário”.
 
A assessoria assinalou que Duque já entrou com ação penal privada contra Costa por crime contra a honra. “Paulo Roberto terá o direito de provar a suposta veracidade das acusações falsas que fez a Duque.”
 
COM A PALAVRA, A DEFESA DO EXECUTIVO JULIO CAMARGO 
A criminalista Beatriz Catta Preta, que representa o executivo Julio Camargo, não se manifestou.
 
Fausto Macedo e Ricardo Brandt
Estadão

COMPARTILHEM !!!

CONVIDEM SEUS AMIGOS - O BRASIL PRECISA DE NÓS! IMPEACHMENT DA DILMA E FECHAMENTO DO PT - SOMOS A OUTRA METADE!!!

VAMOS VESTIDOS DE BRANCO, AZUL,VERDE E AMARELO!!!

Dia 01 de Novembro - Sábado as 14:00
http://www.youtube.com/watch?v=pYDDZ5U-0cE&feature=player_embedded

29 de outubro de 2014
movcc

RENAN DIZ QUE SENADO TAMBÉM VAI DERRUBAR DECRETO DE DILMA

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) disse nesta quarta-feira (29) que os senadores vão derrubar o decreto da presidente Dilma Rousseff que regulamenta o funcionamento dos conselhos populares, a exemplo do que ocorreu na noite desta terça (28) na Câmara. O projeto será analisado pelo Senado.

Renan disse que o assunto é "polêmico" e enfrentará resistência dos senadores a qualquer momento em que for votado.
 
"Já havia um quadro de insatisfação com relação à aprovação dessa matéria. Ela ser derrubada na Câmara não surpreendeu. Da mesma forma que não surpreenderá se ela for, e será, derrubada no Senado Federal", disse Renan.
 
O presidente do Senado também respondeu ao ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência), que classificou a derrubada do decreto como "anacrônica" e disse que o resultado da votação na Câmara foi uma "vitória da vontade conservadora de impor uma derrota política à presidente".
 
"Sinceramente, mais uma vez, o ministro Gilberto Carvalho não está sabendo nem o que está falando", rebateu Renan.

Continue a leitura aqui

FOLHA - PODER
Gabriela Guerreiro
de Brasília

SOMOS CONTRA ETERNAMENTE

 

Agora será a vez de o Senado avaliar a Política Nacional de Participação Social. Na noite do dia 28, o Partido dos Trabalhadores não conseguiu impedir a aprovação na Câmara dos Deputados de um projeto (PDC 1491/14) da oposição que cancela o decreto (Decreto 8.243/14) da Presidente Dilma Rousseff, que regulamenta o sistema. A política prevê a criação de conselhos populares na formulação e fiscalização de políticas públicas. O projeto foi aprovado por integrantes de partidos da própria base de apoio do governo, como o PMDB, e gerou amplo debate entre governo e oposição.  http://goo.gl/DMtuoM
Agora será a vez de o Senado avaliar a Política Nacional de Participação Social. Na noite do dia 28, o Partido dos Trabalhadores não conseguiu impedir a aprovação na Câmara dos Deputados de um projeto (PDC 1491/14) da oposição que cancela o decreto (Decreto 8.243/14) da Presidente Dilma Rousseff, que regulamenta o sistema. A política prevê a criação de conselhos populares na formulação e fiscalização de políticas públicas. O projeto foi aprovado por integrantes de partidos da própria base de apoio do governo, como o PMDB, e gerou amplo debate entre governo e oposição.http://goo.gl/DMtuoM
29 de outubro de 2014
movcc

PANO PARA MANGA

Conselho de Ética da Câmara aprova cassação de Argôlo por envolvimento com doleiro Youssef

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Por treze votos a favor e quatro contra, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou o relatório que pede a cassação do mandato do deputado Luiz Argôlo (SD-BA), acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, por participar da ciranda de corrupção que funcionava na Petrobras.
O relatório que pede a cassação do deputado por quebra de decoro foi aprovado com base na denúncia de que Argôlo recebeu dinheiro ilícito de Youssef.

Um dos autores da representação contra Argôlo no Conselho de Ética, o deputado federal Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara, disse que as provas contidas no parecer de Marcos Rogério (PDT-RR) são “incontestáveis” e comprovam a relação comercial e de tráfico de influência com o doleiro, acusado pelo Ministério Público Federal de ser um dos líderes de esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões.

“É lamentável termos que votar pela cassação de um colega parlamentar, mas as evidências apontadas no relatório são irrefutáveis e pesam contra ele”, afirmou Bueno.

De acordo com o parecer, foram detectados diversos pagamentos efetuados por Alberto Youssef ao deputado Luiz Argôlo em datas bem anteriores ao da suposta avaliação de imóvel em Camaçari. Em depoimento no Conselho de Ética, o parlamentar acusado disse que o dinheiro era produto da venda da propriedade de seu irmão ao doleiro, mas não conseguiu comprovar isso ao colegiado.
Também foram detectadas conversas entre Youssef e Argôlo que apontam tráfico de influência, corrupção e lavagem de dinheiro.

O processo de perda de mandato do parlamentar deverá ser submetido à apreciação do plenário da Câmara dos Deputados. No caso de Argôlo recorrer da decisão do Conselho de Ética, o pedido de cassação de mandato terá de passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ir a votação em plenário.

A verdade como ela é

Um dos responsáveis pela denúncia que embasou a Operação Lava-Jato, por meio do editor, o ucho.info não está a contestar as investigações da Polícia Federal, pelo contrário, mas é preciso salientar que Luiz Argôlo transformou-se, ao lado de André Vargas, o que no popular conhece-se como “boi de piranha”.
A expressão refere-se à rês adoentada que é entregue às piranhas para que o restante da boiada atravesse o rio com tranquilidade. Isso significa que Argôlo está na fila da cassação apenas porque houve vazamento de informações no âmbito da Lava-Jato.

Como já noticiou este site, há dezenas de parlamentares envolvidos no esquema de corrupção conhecido como Petrolão, sendo que alguns retornaram ao Congresso Nacional com reforço no arcabouço de discursos moralistas. O País não pode compactuar com a impunidade no rastro de crimes de corrupção, mas não se pode aceitar a cassação do mandato de um acusado que ainda não foi julgado e eventualmente condenado pela Justiça.

Não se trata de afirmar que Luiz Argôlo é inocente, mas de defender a isonomia no tratamento dispensado aos envolvidos no maior escândalo de corrupção da história nacional. Há no Conselho de Ética um movimento subterrâneo para preservar alguns dos envolvidos, em especial parlamentares do PMDB, PP e PT.

29 de outubro de 2014
ucho.info

SOLTANDO O VERBO

Petrolão: CPMI recebe pedido de convocação de sócios de agência que intermediou propina

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Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) protocolou nesta terça-feira (28) requerimento para ouvir na CPI Mista da Petrobras os empresários Ricardo Marcelo Vilani e Luciana Mantelmacher, sócios da agência de publicidade Muranno Marketing/Brasil. A empresa, segundo depoimento do doleiro Alberto Youssef, teria recebido, a mando do então presidente Luiz Inácio da Silva, R$ 1 milhão para não revelar o esquema do de corrupção conhecido como “Petrolão”. Além da convocação, o documento pede também a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da empresa.
O caso foi revelado na última sexta-feira (24) pela revista “Veja” e esmiuçado com mais detalhes na edição de sábado (25) do jornal “O Estado de S. Paulo”. De acordo com a reportagem, a Polícia Federal identificou dois repasses, num total de R$ 1,7 milhão, à agência Muranno, através da MO Consultoria, empresa do doleiro de Youssef. “O repasse é datado de 22 de dezembro de 2010. Houve ainda outros três depósitos à agência, num total de R$ 509 mil, nos dias 12 e 13 de janeiro de 2011, feitos pela empresa Sanko Sider, também investigada pela (operação da Polícia Federal) Lava Jato”, relata o jornal.
Para o líder do PPS, as informações coincidem com os dados já colhidos pela CPMI da Petrobras. “Realmente existem repasses para a agência e conseguimos rastrear parte das informações que a Polícia Federal já tem em mãos. É necessária a imediata convocação dos donos dessa agência e a quebra de sigilos da empresa. E, numa segunda fase, teremos que ouvir o ex-presidente Lula, já que, segundo o doleiro Alberto Youssef, foi dele que partiu a ordem para o pagamento da propina”, afirmou Rubens Bueno.
No depoimento que prestou à Justiça, o operador do esquema revelou:
“O Lula ligou para o Gabrielli e falou que tinha que resolver essa merda”.
Além de Lula, outro personagem do esquema que precisa se explicar, segundo o deputado, é o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. Atualmente integrando o governo do petista Jaques Wagner, da Bahia, Gabrielli é alvo fácil para desatar o nó que o Palácio do Planalto insiste em manter como forma de impedir que a verdade seja descoberta.
“Ele precisa explicar se orquestrou mesmo o pagamento do ‘cala boca’. Assim como no Mensalão, quando o publicitário Marcos Valério era o elo para o pagamento de propinas para partidos e políticos, a operação Lava-Jato está apontando que outra agência era usada para pagar as mesadas do Petrolão. Precisamos aprofundar a investigação e identificar toda essa teia criminosa”, defendeu Rubens Bueno, lembrando que a presidente Dilma Rousseff e o PT também têm responsabilidade por todo esse esquema já que, segundo o doleiro Youssef, tinham conhecimento de tudo.

Quem conhece sabe

Enquanto Dilma, antes do segundo turno da eleição presidencial, rechaçou a acusação feita por Youssef e prometeu processar o doleiro e todos os veículos de comunicação que abriram espaço para o novo capítulo do escândalo, começando pela revista Veja, Lula disse que está com a consciência tranquila.

Contudo, quem conheceu os bastidores do esquema de corrupção esculpido pelo então deputado federal José Janene (PP-PR), já falecido, sabe que o doleiro falou a verdade. Janene não escondia de ninguém o transito que tinha no Palácio do Planalto, assim como fazia questão usar palavras de baixo calão para referir-se a Lula e cobrar o que lhe fora prometido.

Certa feita, na Câmara dos Deputados, durante discussão acerca do esquema de corrupção que garantia ao governo do PT maioria folgada no Congresso Nacional, José Janene usou o termo “filho da puta” para referir-se a Lula. Sem qualquer constrangimento, com dedo em riste e diante de parlamentares, disse Janene: “Avisa para aquele filho da puta”… O ucho.info não está a questionar a idoneidade da mãe do ex-presidente, Dona Lindu, mas o editor do site presenciou o momento de ira de José Janene, o “Xeique do Mensalão”.

29 de outubro de 2014
ucho.info

SOL QUADRADO

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Mais vivo do que nunca, para o desespero dos petistas, Youssef recebe alta médica e volta à prisão

Internado em no Hospital Santa Cruz, em Curitiba, desde a tarde do último sábado (25), após queda de pressão e perda rápida da consciência, o doleiro Alberto Youssef recebeu alta na manhã desta quarta-feira (29) e foi levado de volta para a carceragem da Polícia Federal (PF), também na capital paranaense.

De acordo com boletim médico, Youssef deixou o local por volta das 8h30. Foi a terceira vez que o doleiro precisou de atendimento médico desde que foi preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF), em março passado. Ainda no sábado, a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, divulgou nota negando as informações de que ele tivesse sido envenenado.

Um dos operadores do esquema de desvio de recursos públicos a partir de uma ciranda de corrupção que funcionava em algumas diretorias da Petrobras, com o conhecimento do Palácio do Planalto, Alberto Youssef é acusado de pagamento de propina a agentes políticos e lavagem de dinheiro. De acordo com as investigações da Polícia Federal, o esquema criminoso movimentou mais de R$ 10 bilhões, mas o ucho.info, que participou das denúncias que levaram à Operação Lava-Jato, acredita que o montante de dinheiro é muito maior do que o anunciado até então.

Por ocasião da divulgação da notícia acerca da internação de Youssef, o governo, através do Ministério da Justiça, informou que o boato sobre a suposta morte do doleiro seria investigado pela Polícia Federal. De acordo com o ministro José Eduardo Martins Cardozo, a investigação ocorreria dentro da lei, detalhe que não merecia destaque, pois tudo o que se espera é que procedimentos investigatórios ocorram dentro dos limites da legalidade.

Cardozo, na verdade, não falou na condição de um agente do Estado brasileiro, mas, sim, como um estafeta de luxo da campanha da presidente Dilma Rousseff, que preocupou-se com o impacto da notícia em sua tentativa de arrancar das urnas o direito de permanecer mais quatro anos no Palácio do Planalto.

A exemplo do que noticiou o ucho.info por ocasião do fato, nenhum boato político pode encontrar abrigo em regimes democráticos, pois trata-se de uma informação carregada de patologias e cujo objetivo único é destruir a reputação de adversários. Assunto que o PT domina com destreza e maestria.

Analisando de maneira isenta o esquema de corrupção desmontado pela Operação Lava-Jato, o melhor que poderia acontecer para o PT e todos os “companheiros” era a morte súbita de Alberto Youssef, que para o bem do Brasil não aconteceu, pelo menos desta vez. O doleiro tem um cipoal de provas comprometedoras, o qual será disponibilizado às autoridades para comprovar os depoimentos decorrentes do acordo de delação premiada.

29 de outubro de 2014
ucho.info

SENADOR ELEITO, RONALDO CAIADO CONVOCA MINISTRO DE MINAS E ENERGIA PARA EXPLICAR VENDA DA CELG

 

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Fala que eu te escuto – Líder da oposição no Congresso Nacional, o deputado federal Ronaldo Caiado conseguiu aprovar nesta quarta-feira (29) requerimento de convocação ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), para que o mesmo deponha na Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural.

O ministro será obrigado a comparecer em até trinta dias após notificação para explicar a venda de 51% das Centrais Elétrica de Goiás (Celg) à Eletrobras às vésperas das eleições. O requerimento também se estende com convites ao presidente da Celg, José Fernando Navarrete Pena.

Ronaldo Caiado argumenta que a negociação foi feita de forma suspeita e que vai comprometer principalmente os setores mais carentes do estado.

“A população goiana não admite que isso continue no subterrâneo como está sendo feita até o momento. Goiás hoje perde a maior empresa do Centro-Oeste brasileiro, vendida 51% de suas ações por um valor irrisório de R$ 59 milhões. Ora, todos nós sabemos que no momento em que for feita a renovação da concessão, em 2015, o valor de mercado passará a R$ 15 bilhões”, explicou o democrata.

Ao defender o requerimento, Caiado lembra que Goiás precisa da Celg para fazer política social e atender às pequenas e médias propriedades rurais que sofrem com prejuízos por conta do mau serviço ofertado.

“Não tenho nada contra empresários, só que nós sabemos muito bem que Goiás precisa da Celg para atender à eletrificação rural para que as pequenas cidades agrárias possam criar pólos e distritos agroindustriais. Vejam o total desrespeito com o produtor de leite, por exemplo. A maior parte deles tem resfriadores onde a produção fica estocada, mas é frequente a queda de energia por até 48h. O médio ou pequeno produtor não tem como arcar com a compra de um conjunto gerador para poder socorrê-lo no momento da perda, o que gera um enorme prejuízo”, alertou.
Venda suspeita

Ronaldo Caiado também defendeu questionamentos sobre o período em que a negociação foi consumada, às vésperas das eleições e a tomada de empréstimo pelo Estado. Ele lembra que a lei proíbe vários tipos de repasses de verbas para esferas públicas, o que torna a venda da companhia suspeita pelo montante transferido.

“Não entendemos como e porque ela aconteceu exatamente em um período onde há o impedimento no repasse de verbas públicas. Por que autorizar vender a maior empresa pública do meu estado? Por que foi feita essa negociata em período eleitoral e por que o governo de Goiás recebeu um empréstimo da Caixa de R$ 1,9 bilhão quebrando uma regra do Conselho Monetário Nacional que limita esse repasse às concessionárias de distribuição elétrica em R$ 900 milhões?”, questionou.

29 de outubro de 2014
ucho.info

ELEIÇÕES SEM A FURIOSA ESQUERDISTA


            Não é nenhuma novidade comparar o cenário político a um teatro, em que cada espécime da troupe representa um papel para o qual foi designado e atua de acordo com o script. Alguns que não gostam de palhaços, animais amestrados e malabaristas identificam esse espetáculo com um circo. Outros preferem a imagem de uma orquestra, com o maestro dando as ordens, o spala sinalizando o tom, os instrumentistas no sobe-desce das suas intervenções, o coro traduzindo sons em palavras.

A sala de concertos prevê todas as condições para evitar protestos e manifestações durante a apresentação, e o respeitável público se limita a caras contrafeitas, grunhidos e movimentos inquietos nas poltronas, quando nota que o espetáculo não convence. Deixa para manifestar no final seu agrado ou desagrado, num plebiscito escrutinado por quota maior ou menor de aplausos.
 
            Mas acho que a atividade política deste nosso Pindorama parece identificar-se mais com uma furiosa. O leitor certamente sabe o que na linguagem informal se conhece como furiosa: aquela simpática bandinha de música, infelizmente em processo de extinção, que já foi a alegria de quase todas as cidades pequenas e grandes. A retreta por ocasião de festas e solenidades era obrigatória.
Entre os instrumentistas havia sempre um vizinho, parente ou conhecido, e o espectador procurava observar como ele se saía, para depois tirar uma “casquinha” ou manifestar sua admiração. O som volumoso da furiosa repercutia ao longe, mexia com todos, ninguém lhe era indiferente.
            Dosadas e distribuídas ao longo das músicas, as intervenções dos diversos instrumentos iam produzindo em conjunto os seus efeitos sonoros e psicológicos. Tristes ou alegres, estridentes ou discretos, agudos ou graves, cada um se manifestando mais intensamente ou menos, ou então se calando, conforme a impressão que a música devia provocar.
O som cristalino do clarim, cantando vitória ou convocando para atos heroicos; o vozeirão profundo e conservador do contrabaixo, opondo-se a aventuras radicais; a vibração difusa do tarol, invasiva e persistente como um boato; flautas e flautins para imprimir alegria juvenil; a voz peremptória e autoritária dos pratos, tentando impor disciplina com base no “pare com isso!”.
Trompa, oboé, bombardino, saxofone, cada um contribuindo para a charanga com sua mensagem própria. E também a pancada monótona e compassada do bumbo, impondo seu ritmo indiscutível. Tudo ordenado para o gran finale, quando cantam vitória em uníssono.
            O diretor do espetáculo escolhe o que é mais adequado às circunstâncias. Ora lança cantilenas de paz e amor, para disfarçar alguma carranca rubicunda; entoa um hino patriótico, quando em litígio com jornalistas ou rebeldes de várias categorias; ataca de Capitão Caçulo, se quer provocar entusiasmo; descola um passo doble – olé! – quando em vantagem numa disputa; solta o Cisne Branco, se precisa pacificar a galera; apela a Saudades de Matão, se o público não gosta do que seus cupinchas estão fazendo; o Peixe Vivo pode servir, quando as críticas vêm dos próprios camaradas.
            Em busca de aplausos do respeitável público, o coreógrafo pode entoar uma discutível melhora dos índices econômicos. Mas a grande maioria não entende de PIB, balança comercial, cotação do dólar, taxa de crescimento, e quer apenas ouvir harmonias bem mais simples: cadê o meu emprego? Onde eu vou vacinar os meus filhos? E a escola que me prometeram? Quem me protege contra ladrões e assassinos?
A coreografia dos meses recentes fugiu dessas preocupações mesquinhas, pois não tinha resultados para mostrar. E como estão sendo os aplausos? Decepcionantes, ao contrário do que faz crer o malabarismo interpretativo do coreógrafo. Jornalistas que não se limitam a copiar o script do coreógrafo classificam a descida da serra, na economia nacional, como indisfarçável e retumbante catástrofe.
            Interessados em arrancar estrondosos aplausos na próxima exibição, os organizadores do espetáculo devem estar contabilizando as estatísticas, lambendo as feridas e procurando ensaiar melhor.
Tarefa difícil, talvez impossível. Como conseguir harmonia onde todos desafinam e chamam os outros de desafinados? Onde instrumentistas querem executar partituras diferentes? E a partitura, se é que ela existe, será aquela que o respeitável público deseja? Não haverá alguns instrumentos atrapalhando o conjunto? Ou serão todos os instrumentos?
            Examinemos o caso do bumbo. Ah, esse pesado marcador de ritmo deveria estar em todo o repertório, porque... bem, porque tem de marcar o ritmo, que inclui Reforma Agrária, ambientalismo radical, justiça social, invasões, igualdade, sustentabilidade – toda a cantilena comunista. Sem falar em greves turbulentas, índios pintados e vestidos a caráter, quilombolas que nem sabem o que é isso.
Vozes altissonantes foram silenciadas, obedientes a um comando, pois tudo indica que o efeito delas é indesejável. No fundo, essa cantilena não agrada ao distinto público. As pessoas ouvem, não gostam e se calam. Mas aguardam o momento adequado para manifestar seu desacordo: a hora das eleições.
            O diretor do espetáculo sabe disso, e resolve o problema de modo muito simples: silencia o bumbo na hora das eleições. Por exemplo, o leitor tem ouvido a música – desculpe: a estridência – do MST nos meses que precedem as eleições? Sumiu, evaporou-se, deu uma de morto. Por quê? Porque o som estridente e ameaçador das suas foices, facões e bandeiras vermelhas seria prejudicial em momento mais adequado a uma lânguida valsinha. Se o Brasil profundo gostasse do bumbo e da estridência, o coreógrafo não precisaria escondê-lo, o maestro não teria de apelar para a valsinha.
            Apesar de toda a cautela em esconder o bumbo, apesar de bem ensaiada a valsinha, o resultado das eleições será decepcionante para o diretor do espetáculo. Aprenderá ele a lição? Não creio. Daqui a pouco, toda a pancadaria do bumbo recomeçará, contrariando as advertências do contrabaixo.
Deixará no respeitável público a sua lembrança, que de novo pesará negativamente nas eleições seguintes. E poderá conduzir a um decepcionante gran finale, ao qual se seguirão palmas ainda mais minguadas, que de fato significam derrota.
 
29 de outubro de 2014
agudas & crônicas
jacinto flecha

CHORA COVEIRO


 Gilberto Carvalho, mais conhecido como coveiro do PT e da democracia

Após o PMDB da Câmara liderar uma rebelião da base aliada e, junto com a oposição, aprovar projeto que suspende os efeitos de decreto da presidente Dilma Rousseff sobre os conselhos populares, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse nesta quarta-feira, 29, que o governo não se abaterá com a derrota, definida por ele como uma "vitória de Pirro", de uma "vontade conservadora de impor uma derrota política" para a presidente.
 
"É uma vitória de Pirro, quando o Congresso, de maneira persistente, insistente, acabou criando um decreto legislativo que derrota o decreto da presidente. Nada mais anacrônico, contra os ventos da história, nada mais do que uma tentativa triste de se colocar contra uma vontade irreversível do povo brasileiro, que é de participação", comentou o ministro, ao discursar na abertura da 42ª Reunião do Conselho das Cidades, em Brasília.
 
"Aqueles que votaram a favor desse decreto legislativo que derruba o decreto de participação social foram exatamente contra uma lógica: o povo brasileiro não aceita uma postura de mero espectador."
Ao todo, o governo federal conta com 35 conselhos, que enfrentam uma série de dificuldades de funcionamento, como falta de transparência, reuniões pouco produtivas e critérios questionáveis na escolha de representantes.
 
Dos atuais conselhos existentes, 14 foram criados durante os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sete na era Fernando Henrique - e nenhum no governo Dilma. Os conselhos da Saúde e da Educação remontam à década de 1930.
 
"Esse decreto mexia tão pouco nas estruturas. (A decisão da Câmara) É uma vitória que não significa nada a não ser a vontade conservadora de impor uma derrota política à presidente, mas uma derrota que não nos abate", disse Carvalho. "O decreto legislativo vai ao Senado, seria muito importante uma forte presença dos senhores e senhoras, para deixar claro do que se trata, não se pode aceitar a tentativa de coibir a participação social", discursou o ministro, dirigindo-se aos conselheiros do Conselho das Cidades.
 
Monitoramento
 
Os conselhos foram idealizados para auxiliar a administração pública federal na formulação e monitoramento de políticas públicas e desempenham, na maioria dos casos, papel consultivo. O decreto de Dilma pretende "fortalecer e articular" esses mecanismos de "atuação conjunta" entre governo federal e a sociedade civil, definindo diretrizes gerais de atuação. 
 
Para críticos, a medida institui um poder paralelo dentro do Estado, usurpando prerrogativas do Congresso. Para defensores, democratiza as decisões públicas. 
 
O texto não altera a composição dos conselhos já existentes nem cria automaticamente mais instâncias. "Nunca falamos em imitar o chavismo porque não nos cabe, não me cabe julgar essa adjetivização, falamos simplesmente em organizar e aprofundar a participação social. Participação social tem de ser um método de governo no nosso País, e disso não abriremos mão", ressaltou Carvalho.
 
(Estadão)
 
29 de outubro de 2014
in coroneLeaks

FÉ CEGA, TESOURA AMOLADA: JACQUES GRUMAN DENUNCIA CENSURA

  



“Os homens sempre voltam”
(personagem Jumento, da peça Os saltimbancos, referindo-se à persistência da repressão)

Em algum momento de 2011, estava lendo uma coletânea de poemas do Millôr Fernandes. Bati os olhos no Canção número 1 para seres estranhos, de 1961. Foi uma pancada, como se alguém tivesse traduzido o que eu sentia naquele instante. Compartilho:

Vou a caminho/E mergulho e volto./É uma noite perene/Entre todas as noites./No ar, nem silêncio./E vamos, vamos, vamos,/Deixando para trás/As pegadas profundas/Destes passos únicos./Só o Ieti me entende/Tão abominável/Em seu gelo eterno./Abominável ele/Abomináveis nós./Eu te amo, Ieti./Te amo, pio bove.

Aflito como o Ieti, o texto foi o empurrão que faltava para começar a colocar no monitor um pouco de quem eu sou e de como estou no mundo. A primeira crônica puxou a segunda, e veio uma enfiada semanal de memórias, invencionices, pensatas mais ou menos pretensiosas, rabugices, gargalhadas, provocações.
Criei personagens fiéis a Manoel de Barros: 90% do que eu falo é invenção, só 10% é mentira. São quase três anos de encontros com pessoas que eu não vejo, mas que sustentam comigo um diálogo silencioso e elegante. Bônus da internet.

CONVITE

Em agosto de 2012, fui convidado pelo portal Carta Maior a publicar as crônicas semanais. Autorizei de imediato a reprodução dos textos, e, desde então, ganhei um espaço na seção Cultura. Sempre me deram total liberdade. Isso, no entanto, acabou semana passada. Fui sutilmente censurado, num gesto que não devo, não posso, não quero, não vou aceitar. Passo a relatar os fatos.

O portal se denomina “da esquerda brasileira e latinoamericana”. Na eleição terminada ontem, reduziu-se esquerda brasileira a PT. Em sua quase totalidade, os artigos construíram uma espécie de braço eleitoral do Partido dos Trabalhadores, reduzindo a pó o espaço que outros segmentos da esquerda deveriam ter se fosse levada a sério uma interlocução democrática com o campo progressista.
Foi neste clima que enviei, no dia 17 de outubro, o texto Você abusou: crônica de um voto. Nele, defendi, sem histeria ou fanatismo, o voto nulo. Um de meus propósitos era quebrar o monopólio da opinião petista no portal, numa perspectiva de esquerda.
Ofereci aos leitores a oportunidade de cotejarem suas opiniões com uma alternativa que não vinha pela direita. O que aconteceu em seguida foi puro Darth Vader, o Lado Escuro da Força.

No primeiro momento, a crônica foi publicada na seção Cultura (embora o texto fosse claramente político e merecesse estar na seção correspondente). Logo após, para meu espanto e horror, foi simplesmente retirada do portal. Isso mesmo: censurada! A leitora Sandra Bastos percebeu a sombra da guilhotina e registrou o estranhamento no dia 19 de outubro. Quando voltou ao ar, a crônica saiu da página de frente e foi exilada para as páginas internas, que têm visibilidade muito menor. Com isso, a repercussão ficou severamente prejudicada, bloqueando minha intenção de inflamar um debate mais do que necessário.

EXCESSO DE MATÉRIAS

Soube que editores do portal alegaram “excesso de matérias” para fazer o que fizeram. Conversa mole. As matérias da seção Cultura da semana passada, por exemplo, incluíam o cinema de Rosselini e as opiniões de Juca Ferreira sobre o cinema brasileiro. Como se vê, temas que poderiam ser perfeitamente postergados, já que estávamos na última semana da campanha eleitoral. Outro detalhe importante.
Minhas crônicas sempre permaneceram na página da frente do portal por uma semana. A primeira vez em que isso não aconteceu foi exatamente quando divergi da maré montante dilmista. Não nasci ontem, não acredito neste tipo de coincidência. Um dos articulistas do Carta Maior escreveu que votar nulo equivalia a um “crime”. Bingo. Lá estava eu rotulado de criminoso, indigno de ocupar um espaço onde estava a convite.

O pensamento autoritário não admite marolas. Quer garantias antecipadas de que não será ameaçado. No fim da década de 70, colaborei com o semanário Movimento, da chamada imprensa nanica. Submetido à censura prévia, muitas de suas matérias eram parcial ou totalmente vetadas. Mesmo não sendo jornalista, fui encarregado de entrevistar o general Pery Constant Bevilacqua. O militar era um legalista de velha cepa, que tinha defendido a posse de Jango depois da renúncia de Jânio e se oposto ao golpe de 64. Defendia, quando o entrevistei, a anistia (foi um dos fundadores do Comitê Brasileiro pela Anistia).

Redigi a matéria e, tal como em outras, assinei com o pseudônimo de Adolfo Marques. Tratava-se de uma homenagem camuflada a um dos meus grandes ídolos: Adolph Marx, vulgo Harpo Marx, o genial artista que lançava toneladas de humor anárquico e mudo nos filmes dos Irmãos Marx. Pois bem. Os censores de Brasília vetaram na íntegra o texto. Experimentei o gosto amargo da impotência nestas situações. Não havia a quem reclamar.

Claro que a atitude arbitrária do Carta Maior não é igual a dos esbirros da ditadura militar. Os editores foram um pouco mais sutis. Limitaram-se a esconder o que era incômodo. Foi uma espécie de veto branco, asséptico, para tentar livrar a cara dos que o cometeram. Incorreram em dois erros. O primeiro foi acreditar que eu relevaria a manobra. Ledo e ivo engano. Não compactuo com a violação de meus princípios.

O segundo foi subestimar a inteligência dos leitores. Mesmo com visibilidade menor, a crônica foi lida e comentada por um número razoável de internautas. Talvez para surpresa dos censores, que imaginam que ler é aderir, a grande maioria manteve suas convicções e me criticou educadamente. A todos eles, aliás, agradeço pela elegância e cumprimento pelo espírito democrático. Tivesse agido corretamente, o Carta Maior teria patrocinado um debate interessante, que sairia da bitola estreita e medíocre que presidiu as eleições recém encerradas.

Solicitei, delicadamente, esclarecimentos formais ao portal. Em resposta, tive o silêncio. Às vezes, ele é necessário. Em outras, no entanto, seu ruído é ensurdecedor. Entendi o recado. Entendi e não aceito. Em questões de liberdade, sou luxemburguista fanático (de Rosa, não de Vanderlei): “A liberdade para os partidários do governo, apenas para os membros do partido, por muitos que sejam, não é liberdade.

A liberdade é sempre a liberdade para o que pensa diferente”. E mais: “Sem livre enfrentamento de opiniões, a vida morre em qualquer instituição pública, torna-se uma vida aparente”. Por tudo isso, não me restou alternativa. Esta foi a minha última crônica que o Carta Maior teve autorização para publicar. Continuarei a escrevê-las semanalmente, remetendo-as apenas para uma lista selecionada de endereços eletrônicos.

29 de outubro de 2014
Jacques Gruman

ENXUGANDO GELO E ENSACANDO FUMAÇA

 


Durou de segunda-feira depois da eleição até ontem, quarta-feira, a ilusão da presidente Dilma de que poderá pautar a reforma política conforme suas concepções e através de um plebiscito junto ao eleitorado.
O Congresso reagiu pelos seus líderes, da situação e da oposição, não admitindo ser ultrapassado pela visão do Executivo.
Mais firme será a resistência quando se iniciar a nova Legislatura, ano que vem, tendo em vista o aumento das bancadas oposicionistas.

A inusitada intervenção da presidente, em sua primeira fala ao país depois de eleita, demonstrou que ela não aprendeu nada, com a vitória apertada. Continua a mesma, absoluta, intransigente e arrogante, imbuída das mesmas distorções sobre só ela ser a dona da verdade.

Por duas vezes, uma no governo Lula, outra na administração Dilma, o Congresso interceptou o sonho da reforma política. Só falta mesmo a presidente reeleita desencavar a proposta da Constituinte Exclusiva, outro absurdo nascido dos devaneios autoritários do PT.

Pelo jeito, união nacional, para Dilma, é a reunião de todos em torno das ideias dela. Mudanças, só as que fluírem do palácio do Planalto. Em matéria de reformas, a postura do novo governo parece aquela do lusitano cidadão que apregoava ser a sua filha livre para casar com quem quisesse, “desde que fosse com o Manoel”.

Sem pretender bater de frente com Dilma, o desgastado Congresso em final de mandato procura compor com panos quentes as afirmações da vencedora, posteriores à eleição. Rejeita o plebiscito mas sugere o referendo, como afirmaram os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Alves.
Depois de fevereiro, o tom das recusas será mais forte. Estará submetida a um moedor de carne cada proposta de reforma vinda do Planalto a respeito das modificações na legislação política e eleitoral.

Até hoje pouca coisa foi admitida por deputados e senadores. Divididos em seus interesses partidários, eles não aceitaram a cláusula de barreira, o voto distrital, a votação em listas partidárias ou sequer a proibição de doações das empresas para as campanhas eleitorais.
Muito menos o fim da reeleição, apesar do carnaval feito em torno da sugestão. De forma alguma admitirão o plebiscito, forma de manifestação popular anterior às decisões parlamentares.
E quanto ao referendo, a posteriori, nem ele subsistirá no caso de uma eventual recusa ao que já tiver sido aprovado na Câmara e no Senado. Estará caracterizado um impasse institucional.
Em suma, fazendo da reforma política o carro-chefe do segundo mandato, Dilma começou enxugando gelo e ensacando fumaça.

A PEDRA DE TOQUE

Na construção de um muro, os mestres de obras dedicam-se a definir a localização da pedra de toque ou do tijolo de sustentação, aquele ponto crucial que fará o trabalho duradouro ou eventual, conforme as instruções dadas aos pedreiros.
Às vésperas do segundo mandato, as informações são de que a presidente Dilma antecipará para dezembro a indicação do novo ministro da Fazenda, precisamente o tijolo de sustentação ou a pedra de toque de seu novo governo.
Fala-se em alguém recrutado nos meios financeiros, mas também se admite um luminar do PT. Henrique Meirelles, Aloysio Mercadante e Antônio Palocci são cogitações, mas é possível que a presidente surpreenda. No fim, o novo ministro terá de . rezar pela cartilha dela.

29 de outubro de 2014
Carlos Chagas

SURGE MAIS UMA TESTEMUNHA DA CORRUPÇÃO NA PETROBRAS

         


Um executivo investigado sob suspeita de ter pago propina para obter contratos na Petrobras decidiu fazer um acordo de delação premiada com os procuradores que atuam na Operação Lava Jato, segundo três pessoas que atuam na investigação ouvidas pela Folha. É Júlio Camargo, executivo da Toyo-Setal, empresa que tem contratos de cerca de R$ 4 bilhões com a estatal.

Ele é o primeiro dos executivos das grandes empresas a assinar um acordo de delação e deve revelar detalhes sobre como funcionava o esquema de divisão de obras da Petrobras entre as empreiteiras. Camargo fechou o acordo na última semana, para tentar obter uma pena menor.

O executivo teria ficado assustado com os detalhes revelados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua delação premiada. A advogada de Camargo, Beatriz Catta Preta, já havia atuado na delação premiada de Costa e é considerada uma especialista nesse tipo de acordo.

ANOTAÇÕES

O nome de Camargo foi citado pelo ex-diretor da Petrobras em um documento apreendido pela Polícia Federal na casa dele, no qual ele enumera o nome de executivos de fornecedores da Petrobras e a disposição de cada um para contribuir para uma campanha política. Após o nome de Camargo, Costa anotou: “Começa [a] ajudar a partir de março”.

A campanha política, segundo a Folha revelou no último dia 11, era a do candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PT, Lindbergh Farias, que acabou derrotado. Aparecem também no documento os nomes de Mendes Junior, Engevix e UTC Constran. As empresas negam que tenham feito contribuições ilegais para as campanhas.

PIADA DO DIA: MANTEGA DIZ QUE POVO APOIA POLÍTICA E ECONÔMICA!

 



Desprezado, demitido e desolado, mas aparentando invulgar empolgação, o ainda ministro Mantega convocou os jornalistas que cobrem o Ministério da Fazenda para fazer declarações sobre o resultado das urnas. Como não tinham mais nada para fazer, numa segunda-feira de ressaca eleitoral, em que rareiam as pautas interessantes, os repórteres foram ouvi-lo.

Estava rouco (“de tanto torcer por Dilma”, justificou, como se fosse íntimo dela, que o despreza e somente o aturava por imposição de Lula). E fez afirmações hilariantes: “Estou feliz com o resultado das eleições, isso mostra que a população está aprovando a política econômica que estamos fazendo”, disse o ministro, como se alguém fosse capaz de apoiar uma política que partiu de um crescimento de 7,5 ao ano e quatro anos depois caiu para crescimento zero. E prosseguiu na sua cômica versão da realidade do país, fazendo planos para o futuro, embora já tenha sido demitido há dois meses e continue apenas interinamente no cargo.

“Nós vamos continuar nos esforçando para aumentar a transparência da execução fiscal. Aliás, isso tem avançado bastante. Portanto, esse é o rumo que está estabelecido”, prosseguiu, elogiando os feitos da política econômica, mas sem se referir às bilionárias maquiagens que têm sido feitas nas contas nacionais para reduzir o déficit fiscal. Até que, de repente, caiu na real:
“Temos grandes desafios pela frente, para podermos adentrar num novo ciclo de expansão da economia brasileira e mundial. Estamos trabalhando com cenários adversos, porque a economia mundial não melhorou como deveria”, citando a crise internacional como um dos entraves para o crescimento da economia brasileira.
AS “METAS” DE MANTEGA
 
Depois passou a se referir às metas dos próximos quatro anos de mandato, até parecia que ele estava confirmado para permanecer no cargo. E como falava a sério, os jornalistas procuravam não rir dele, embora todos saibam que dos 39 ministros do governo Dilma, Mantega é o único que já está demitido por antecedência.

E assim a curiosa entrevista foi se estendendo, não acabava mais a conversa fiada, até que os repórteres enfim perguntaram sobre os possíveis nomes para sucedê-lo no Ministério da Fazenda, e Mantega respondeu assim: “Essa pergunta não tem que ser feita a mim, tem de ser feita à presidenta.” E a entrevista acabou.
Será Mantega sabe de alguma coisa que a gente não sabe?

29 de outubro de 2014
Carlos Newton

DILMA JÁ COMEÇA MAL, DESAGRADANDO O CONGRESSO

 


 
Não foram boas as sinalizações da presidente reeleita, Dilma Rousseff, no seu discurso de vitória, em que sobressai a proposta de uma reforma política plebiscitária, já rejeitada pelo Congresso Nacional quando proposta no auge das manifestações de rua em junho de 2013.
Ali atribuiu-se à falta de resposta imediata ao clamor das ruas por melhor gestão pública, o recurso reforma como panaceia para as mazelas nacionais. Mas sua reinserção no discurso da presidente vitoriosa nas urnas parece desconhecer a ineficiência da proposta para a reversão dos problemas que respondem pelo desgaste de seu governo.

Dilma não mencionou a oposição na sua proposta de diálogo, uma omissão que, em discurso lido, preparado com antecedência, não pode ser debitada a uma falha comum ao improviso dos pronunciamentos feitos no calor das comemorações.

Sua oferta de diálogo pareceu ter como destinatário o eleitor, mesmo finda a campanha, resvalando novamente para a relação direta com a população, que a proposta plebiscitária já traíra no início de sua fala. Disse não ver o país dividido e respaldou a exortação à união na abstrata figura de “uma energia mobilizadora, um bom terreno para a construção e pontes”.

UM MAU COMEÇO

É um mau começo para quem precisa sinalizar a um legislativo que reduziu numericamente a bancada do PT, fortaleceu o PMDB que, por sua vez, sai das eleições dividido em duas alas – a governista e a oposicionista. E que terá um PSDB motivado na oposição , o que não ocorreu em todo o seu primeiro mandato.

Dilma insistiu na crença de que o plebiscito legitimará a reforma política que pretende fazer, abraçando a linha bolivariana do PT que reduz a importância do Congresso Nacional como fórum, este sim, legitimador das mudanças a serem implementadas no país.

A opção por fazer o discurso da vitória em ambiente de militância, transformou o que deveria ser uma peça isenta, em consonância com a proposta de conciliação nacional, em uma comemoração partidária, cuja moldura era formada pelos dirigentes do PT que vocalizam o discurso do “nós contra eles”, que permeou a campanha da candidata vitoriosa.

O palco do pronunciamento teve o desenho de gueto, a denunciar a pressão que o PT tentará exercer sobre o segundo mandato da presidente, sob os aplausos da militância, desprezando a importância do ritual político que simboliza um governo para todos.

A MESMA DILMA DE SEMPRE

Dilma reeleita mostrou-se a mesma Dilma do primeiro mandato, que continua sem pressa na indispensável reconciliação com o mercado, que amanheceu de ressaca com o resultado eleitoral: bolsa em queda de 6%, dólar em alta, a R$ 2,56 e as ações da Petrobras em baixa superior a 14%.

Não houve na campanha, e continua ausente, a informação essencial ao mercado: o que pensa a presidente reeleita , para a economia, em seu segundo mandato. A única menção ao tema foi tão vaga quanta desalentadora, pela sugestão de medidas de varejo: “Promoverei ações localizadas para retomar o ritmo de crescimento e manter a garantia de níveis altos de emprego e salários”.

A corrupção, que seguramente será a principal protagonista do cenário político, mereceu referência breve e genérica: “Terei um compromisso rigoroso com o combate à corrupção, com mudanças na legislação para acabar com a impunidade”
.
CORRRUPÇÃO
 
É surpreendente que a presidente mantenha discurso que associa o combate à corrupção com mais legislação, quando esta já garantiu o avanço das investigações sobre a Petrobrás até o Supremo Tribunal Federal, palco anterior das condenações de dirigentes de seu partido, e de outros da base aliada, sem que fosse preciso uma parágrafo a mais no texto legal.

O descuido com uma cena de vitória mais sintonizada com o momento de divisão eleitoral do país, revela um bastidor conflagrado no PT, que entrou na campanha dividido, inclusive com os dois principais atores do teatro político, o ex-presidente Lula e a presidente reeleita, estremecidos pessoalmente.

O discurso da presidente não contribuiu para a difícil tarefa de dar a um governo reeleito sob forte desgaste político, um clima de novo. Subtraídos os 15 milhões de votos dos beneficiários do bolsa-família obtidos no primeiro turno – e ratificados no segundo -, pode-se dizer que o governo foi politicamente reprovado nas urnas pela maioria da sociedade organizada.

Com o país registrando crescimento abaixo de 1%, sem investimentos, com inflação acima da meta e credibilidade internacional abalada (há expectativa de novos rebaixamentos de crédito), analistas do próprio universo governista temem que a presidente acredite que foi reeleita por seus acertos.

29 de outubro de 2014
João Bosco Rabello
Estadão

NO INQUÉRITO DA PETROBRAS, YOUSSEFF É O HOMEM QUE SABIA DEMAIS

 

A verdade é essa. O inquérito relativo às denúncias sobre os desvios ocorridos na Petrobrás, elevados à categoria de os maiores escândalos na história da administração brasileira terá que prosseguir até o final.
Não só em função da delação, até agora está abrangido o ex-diretor Paulo Roberto Costa, e nela deseja ingressas o doleiro Alberto Youssef, mas sobretudo em decorrência da afirmação feita pela Presidente Dilma logo ao início do debate com o senador Aécio Neves, sexta-feira passada, na Rede Globo de Televisão.

A presidente da República, inclusive, anunciou a intenção de mover processo judicial a revista Veja pela manchete na edição que circulou também sexta-feira, antes do debate, cuja primeira página divulga afirmação atribuída a Youssef. Ao anunciar sua decisão de ir à Justiça, Dilma Rousseff, no sentido de encontrar base para tal gesto, necessita, antes de tudo, dar curso à investigação.
Simples em questão de lógica: somente na sequência da investigação encontrará a prova de que necessita para a ação com a qual se comprometeu diante do país.

O debate, de acordo com dados divulgados, alcançou uma audiência de 30 pontos no seu desenrolar, atingindo assim aproximadamente 60 milhões de pessoas. O confronto, certamente, como é lógico, influiu nas intenções de voto. Mas não é esta a questão.
O aspecto essencial trata-se do compromisso assumido pela chefe do Executivo de ir ao Judiciário em busca, segundo afirmou, da verdade. Ela não pode recuar da posição que assumiu.

CONFIRMAÇÃO

O desenrolar do novo episódio vai depender, em primeiro lugar, da confirmação ou não do doleiro quanto à frase apresentada como dele, de que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma sabiam da trama que explodiu nas páginas da imprensa e nas telas da televisão.
Sob o aspecto mais importante do tema, Alberto Youssef transforma-se de um dos personagens centrais do sinistro enredo, ao mesmo tempo, em testemunha de vital importância na ação anunciada ao país pela presidente da República.
Uma negativa sua quanto à afirmação publicada detonará uma situação absolutamente desconfortável para o que foi publicado. Uma confirmação aprofundará uma crise institucional de que o governo terá de livrar-se quanto a seu envolvimento.

Assim, seja qual for o caminho que o processo seguirá, em ambas as hipóteses, torna-se automaticamente obrigatória a sequência das investigações, com as respectivas comprovações.
Não há como escapar de tal dualidade. Ela torna-se predominante por si mesma. Inclusive porque a afirmação feita por Dilma Rousseff será cobrada como um compromisso público com a lei e com o comportamento ético, não só de um, mas de dois governos.

Será cobrado pela imprensa, pelas emissoras de TV, pelas redes sociais. Aliás por falar em redes sociais, devem elas funcionar dentro dos limites da lei, não espalhando boatos como o que se referia à morte de Youssef. Que, aliás, nesta altura do mistério, ele, na última semana, passou a ser o homem que sabia demais.

29 de outubro de 2014
Pedro do Coutto

POR QUE O SUPREMO NÃO ACEITA QUE HAJA IMPRESSÃO DO VOTO?





Um dos especialistas em urnas eletrônicas, o engenheiro Amilcar Brunazo Filho diz que “o eleitor argentino pode ver e conferir o conteúdo do registro digital do seu voto. O eleitor brasileiro não pode! No Brasil, o voto é secreto até para o próprio eleitor”.

Não é aceitável, portanto, a postura do Supremo, Tribunal Superior Eleitoral e muitos TREs, que têm indeferido pedidos de se demonstrar, perante essas autoridades, a completa vulnerabilidade da urna eletrônica à fraude.

Menos aceitável ainda, que ministros do STF tenham interferido no poder legislativo, seja para impedir a aprovação do voto impresso, seja para cassá-lo, quando leis foram promulgadas para assegurá-lo.

Em 2004, Nelson Jobim, então presidente do STF, fez convocar reunião de líderes da Câmara dos Deputados, na qual os intimidou (todo político tem processos nas altas cortes), para, por voto de liderança, decidirem suprimir da lei a impressão do voto.

LEI DO VOTO IMPRESSO

Chegou a viger, mas quase não chegou a ser aplicada, a Lei do Voto Impresso, de autoria do Senador Requião, e, em 2009, foi promulgada por Lula a lei dos deputados Brizola Neto e Flávio Dino, que teve este destino, selado pelo STF, em 06.11.2013:

“O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade do artigo 5º da Lei 12.034/2009, que cria o voto impresso a partir das eleições de 2014. Na sessão plenária realizada nesta quarta-feira (6), os ministros confirmaram, em definitivo, liminar concedida pela Corte em outubro de 2011, na qual foram suspensos os efeitos do dispositivo questionado pela Procuradoria Geral da República (PGR) na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4543.”

Após o 1º Turno das Eleições de 2014, o que já era mais que suspeito, tornou-se flagrante. Nunca se viram discrepâncias tão grandes entre as pesquisas de boca de urna e os resultados finais.

Em geral, a favor dos candidatos afinados com o sistema de poder comandado pelas oligarquias financeiras mundial e local, e em prejuízo dos políticos com currículo de defesa dos interesses nacionais, como Requião, ou críticos de sustentáculos daquele sistema (Globo), como o mesmo e Garotinho.

A ÚNICA DO MUNDO…

O professor Gustavo Castañon, da Universidade Federal de Juiz de Fora, publicou em “Viomundo”, 11.10.2014, artigo em que define a ‘urna eletrônica brasileira’ como a única do mundo totalmente invulnerável à fiscalização.

Castañon assinala que no primeiro turno o resultado de Aécio foi muito além da margem de erro do Ibope, 1,5% além do previsto, e o de Dilma, aquém, 2,5%. Aécio tinha 99% de chances de ter entre 28% e 32% dos votos. Teve 33,5%.

O outro “erro” foi com os índices de Dilma. Ela teve 0,5% para menos, além da margem de erro. Castañon: “A chance de isso acontecer é bem menor do que 0,005 x 0,005: menor que 0,000025”.
Resumindo Castañon: Resultados virtualmente impossíveis aconteceram em todo o país. A avalanche absurda de 40,4% em Sartori no RS, por exemplo, quando a boca de urna previa 29%.
Esta dava Genro (PT) 35%, Sartori (PMDB) 29%, Amélia (PP) 26%. As urnas deram Sartori 40,4%, Genro 32,5% e Amélia 21,7%. Não existem espaços na linha para os zeros necessários para expressar a probabilidade de isso ter ocorrido por acaso.

OUTROS EXEMPLOS

Olívio Dutra, no RS, perdeu a vaga no Senado, depois de a boca de urna ter indicado sua vitória por 6 pontos percentuais de diferença. No RJ, 8% dos votos parecem ter sido transferidos de Garotinho para Pezão e Crivella. Pezão teve mais 6% e Crivella mais de 2%, acima da margem de erro.

Pergunta, ainda, Castañon: por que será que temos o Congresso eleito mais fisiológico de todos os tempos? E afirma: “O estado das coisas se torna mais chocante com a quantidade de denúncias de fraude abafadas pela imprensa e o fato de o TSE ter terceirizado a operação das urnas nesta eleição de 2014 para empresas privadas”.

Ele conclui: ”Só restam duas possibilidades: ou o Ibope fraudou as pesquisas de boca de urna e arruinou voluntariamente sua reputação, ou o Brasil viveu sua maior e mais escandalosa fraude até hoje. Escolha que teoria da conspiração lhe parece mais racional, porque é só o que tem para hoje”.

(artigo enviado por Henrique Ze)

29 de outubro de 2014
Adriano Benayon
Correio da Cidadania