Um executivo investigado sob suspeita de ter pago propina para obter contratos na Petrobras decidiu fazer um acordo de delação premiada com os procuradores que atuam na Operação Lava Jato, segundo três pessoas que atuam na investigação ouvidas pela Folha. É Júlio Camargo, executivo da Toyo-Setal, empresa que tem contratos de cerca de R$ 4 bilhões com a estatal.
Ele é o primeiro dos executivos das grandes empresas a assinar um acordo de delação e deve revelar detalhes sobre como funcionava o esquema de divisão de obras da Petrobras entre as empreiteiras. Camargo fechou o acordo na última semana, para tentar obter uma pena menor.
O executivo teria ficado assustado com os detalhes revelados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua delação premiada. A advogada de Camargo, Beatriz Catta Preta, já havia atuado na delação premiada de Costa e é considerada uma especialista nesse tipo de acordo.
ANOTAÇÕES
O nome de Camargo foi citado pelo ex-diretor da Petrobras em um documento apreendido pela Polícia Federal na casa dele, no qual ele enumera o nome de executivos de fornecedores da Petrobras e a disposição de cada um para contribuir para uma campanha política. Após o nome de Camargo, Costa anotou: “Começa [a] ajudar a partir de março”.
A campanha política, segundo a Folha revelou no último dia 11, era a do candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PT, Lindbergh Farias, que acabou derrotado. Aparecem também no documento os nomes de Mendes Junior, Engevix e UTC Constran. As empresas negam que tenham feito contribuições ilegais para as campanhas.
29 de outubro de 2014
Mário Cesar Carvalho
Folha
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