Eu te disse! Eu te disse! Eu te disse!
Poucas coisas podem ser mais frustrantes
do que ver aquilo que se sabe com certeza há mais de 30 anos ser finalmente
divulgado como “possibilidade preocupante” e mesmo assim ninguém dar a menor
atenção.
O Victor Z fez as seguintes colocações e a seguinte pergunta no formulário de contato do Pensar Não Dói:
Antes mesmo que fosse formulada, eu já havia respondido esta pergunta inúmeras vezes. Aqui no blog, por exemplo, eu a respondi no dia 29/07/2009, no artigo “Somente os ricos e os paranóicos sobreviverão!“.
Observe este detalhe: o primeiro artigo do blog foi publicado dia 24/06/2009, ou seja, o blog tinha apenas 35 dias de vida quando publiquei o artigo “somente os ricos e os paranóicos sobreviverão”.
Eu cheguei à mesma conclusão da NASA muitos anos antes.
Na verdade, eu cheguei à mesma conclusão da NASA muitos anos antes de criar este blog. Muitos anos antes de existirem redes sociais. Muitos anos antes de existir internet no Brasil. Muitos anos antes da Rio-92.
Eu tenho a mais absoluta convicção de que estamos rumando para um colapso da civilização desde a primeira “Semana Ecológica Alternativa” promovida pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, em 1983.
Os indícios já eram claros naquela época.
Como o tópico acima não rendeu o debate que eu esperava, postei outro:
Existe uma noção de que hoje em dia vivemos na melhor fase de toda a história da humanidade. Eu concordaria com essa afirmação em algum momento da década de 1980, mas de lá para cá eu só vejo avanço na ciência e na tecnologia. A cultura, a política e a economia degeneraram em comparação com os níveis da década de 1980 e na minha opinião a tendência à degeneração está se acelerando.
Esse é o tipo de medida que sempre foi, é e será negada antes, durante e depois de sua execução, sendo ativamente desacreditada como “teoria da conspiração”. Mas é necessário ser muito ingênuo para acreditar que os mesmos caras que submetem milhões de pessoas à escravidão, à fome e a todo tipo de sofrimento não seriam capazes de promover guerras ou epidemias para se manterem seguros e no controle do planeta.
Se você ainda não se deu conta, genocídios não precisam ser promovidos por hordas de assassinos armados que ataquem de súbito uma população e deixem pilhas de cadáveres insepultos apodrecendo nas ruas. Genocídios podem ser promovidos – e freqüentemente o são – por políticas assassinas que matam por desinformação, por descaso, por miséria, por falta de recursos, por falta de atenção, por falta de justiça.
Se você ainda não se deu conta, tudo isso pode ser deliberadamente executado ao mesmo tempo em que os autores do genocídio posam de salvadores do povo, aparentemente divididos em grupos políticos, econômicos e religiosos que “lutam pelo bem do povo” enquanto nos bastidores riem dos otários cujo sangue e cujas esperanças bebem.
Se você lê o Pensar Não Dói com freqüência, você sabe que isso é exatamente o que eu digo que está acontecendo no Brasil e no mundo HOJE. Se a intensidade disso vai aumentar, estabilizar ou diminuir, isso vai depender da avaliação e dos interesses dos donos do mundo. Lembre-se: somos gado, criados para o abate.
Penso que não somente um colapso social mas um colapso climático e civilizatório estão a caminho – e cada vez mais rápido.
Penso que ainda seria possível deter esta tendência se organizássemos uma força-tarefa altamente motivada e incorruptível, que mostrasse ao mundo uma alternativa política inédita, radical e extremamente combativa.
Penso que isso não vai acontecer, porque 99,9% dos seres humanos ou não se encaixa em pelo menos um dos dois requisitos acima, ou não acredita no perigo, ou acha que “alguém deveria fazer alguma coisa a respeito”.
E penso que, como previ muitas vezes, nestas condições é pertinente mas não tem graça dizer
“Eu te disse! Eu te disse! Eu te disse!“.
21 de março de 2014
Arthur Golgo Lucas
O Victor Z fez as seguintes colocações e a seguinte pergunta no formulário de contato do Pensar Não Dói:
Arthur, há algum tempo perguntei sua opinião sobre um colapso financeiro de proporções globais. hoje venho te perguntar algo mais aberto.O Gerson B já tinha apresentado esse link na caixa de comentários de um outro artigo. Quando o Gerson postou o link, eu fiz um comentário muito superficial:
Observando o estado atual das coisas, não só no Brasil, mas no mundo, percebemos que realmente estamos em crise, uma crise profunda de governo(s). Sabemos que, na história antiga, já houveram muitas civilizações que colapsaram, seja por superpopulação, crise de abastecimento, colapso financeiro, etc.
Levando em consideração a vindoura crise da água, as tensões internacionais que poderiam causar conflitos nucleares, a decadência da produção de combustíveis fósseis vs aumento da demanda, economia mundial em recessão, tendendo para uma grande depressão em escala global, insatisfação popular generalizada, entre outros fatores.
Tudo isso que até a NASA vê essa possibilidade como real, como dito neste artigo: http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2014/03/nasa-destaca-possibilidade-de-colapso-da-civilizacao.html
Tendo tudo isto em consideração. Qual seu pensamento sobre a possibilidade de um colapso social nas próximas décadas?
“A humanidade JÁ ESTÁ em colapso. Esses caras não sabem o que está acontecendo na África? Nos bolsões de miséria da Ásia? Não vêem os indícios de africanização da América Latina, com a ascensão generalizada do comunismo no sub-continente, sinal claro de miséria?”Vou aproveitar a pergunta do Victor para responder mais longamente.
Antes mesmo que fosse formulada, eu já havia respondido esta pergunta inúmeras vezes. Aqui no blog, por exemplo, eu a respondi no dia 29/07/2009, no artigo “Somente os ricos e os paranóicos sobreviverão!“.
Observe este detalhe: o primeiro artigo do blog foi publicado dia 24/06/2009, ou seja, o blog tinha apenas 35 dias de vida quando publiquei o artigo “somente os ricos e os paranóicos sobreviverão”.
Eu cheguei à mesma conclusão da NASA muitos anos antes.
Na verdade, eu cheguei à mesma conclusão da NASA muitos anos antes de criar este blog. Muitos anos antes de existirem redes sociais. Muitos anos antes de existir internet no Brasil. Muitos anos antes da Rio-92.
Eu tenho a mais absoluta convicção de que estamos rumando para um colapso da civilização desde a primeira “Semana Ecológica Alternativa” promovida pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, em 1983.
Os indícios já eram claros naquela época.
Superpopulação
Em 1983 já era lugar-comum entre os ecologistas e ambientalistas a informação de que a população humana estava crescendo descontroladamente. O termo amplamente usado na época era Explosão Demográfica. Eu conheço a matemática das plantinhas que cobrem um lago e o impacto de uma população crescente sobre um ambiente finito pelo menos desde aquela semana.Mudança Climática
Em 1983 já era sabido há muito tempo que as emissões de carbono devidas ao consumo de combustíveis fósseis estavam alterando o clima da Terra. O termo usado na época era Efeito Estufa. Depois passou a Aquecimento Global e finalmente Mudança Climática, embora o mais adequado seja Desestabilização Climática desde sempre. Eu conheço o gráfico da variação da concentração do CO2 atmosférico no Observatório de Mauna Loa pelo menos desde aquela semana.Desmatamento
Em 1983 a mata atlântica já praticamente não existia mais e a floresta amazônica já estava sendo desmatada a um nível assustador, as florestas de monções asiáticas já estavam em sério perigo e o corte de lenha na Índia e na África sub-saariana já ameaçava ecossistemas importantes. Eu conheço a importância das florestas para a manutenção do clima e da biodiversidade pelo menos desde aquela semana.Crise Oceânica
Em 1983 os ecologistas e ambientalistas já alertavam para a superexploração dos oceanos, naquela época normalmente chamada de pesca predatória, e seu uso indevido como esgoto e lixeira do planeta, muito antes das notícias sobre a mancha de lixo do Pacífico. Embora eu só tenha aprendido a importância dos oceanos para a manutenção do clima na Terra estudando por conta própria na época em que fiz a faculdade de biologia, eu conheço estatísticas de superexploração da pesca e depleção dos estoques pesqueiros e sua importância para a sustentabilidade dos recursos pesqueiros, bem como a importância dos oceanos para a manutenção do equilíbrio de gases na atmosfera, pelo menos desde aquela semana.Direitos Humanos
Em 1983 ainda não tinha acontecido a completa avacalhação e distorção do Movimento pelos Direitos Humanos que existe hoje. A preocupação na época era com a proteção do indivíduo em relação aos abusos do Estado, não essa palhaçada que se vê hoje de processar humorista porque alguém se sentiu ofendido com uma piada. Eu conheço a Declaração Universal dos Direitos Humanos e sua importância para a manutenção da harmonia social pelo menos desde a quinta série primária, em 1979, em plena ditadura militar – bem antes daquela semana.Inúmeros Alertas
Entre milhares de milhares de alertas de ecologistas e ambientalistas de todo o planeta, eu também publiquei os meus – e foram muitos. Vou trazer dois exemplos de 2008, ambos publicados originalmente no Orkut:
DH à alimentação exige CONTROLE POPULACIONAL
“O direito à alimentação é o direito de ter um acesso regular, permanente e livre tanto diretamente ou por meios de compras financiadas, à alimentação suficiente e adequada tanto quantitativamente como qualitativamente, correspondendo às tradições culturais das pessoas a quem o consumo pertence, e que assegura uma realização física e mental, individual e coletiva, de uma vida digna e livre de medo.”
“A conseqüência do direito à alimentação é a segurança alimentar. Esta é a definição dada no primeiro parágrafo do Plano de Ação da Cúpula de Alimentação Mundial: ‘Segurança alimentar existe quando todas as pessoas, em qualquer momento, têm acesso físico e econômico à alimentação suficiente, segura e nutritiva, que vá de encontro a sua necessidade e preferências alimentares para uma vida saudável e ativa’.”
Fonte: http://www.dhnet.org.br/dados/relatorios/dh/br/relatores_onu/desc_ziegler/i_definicaohistoria.htm
Ora, os demais Direitos Humanos são todos garantistas de direitos abstratos: igual dignidade, presunção de inocência, proteção legal da honra, escolha voluntária do cônjuge, liberdade de opinião, tratamento justo, acesso ao trabalho e à educação, etc. MAS o “Direito à Alimentação” não se enquadra nesta categoria, pois constitui uma garantia material – e garantias materiais podem ser ou não viáveis conforme a realidade material.
“Direito Humano à Alimentação” é uma falácia. Os DH são universais, inalienáveis, indivisíveis e interdependentes. Ora, se são inalienáveis então são diretamente exigíveis: a qualquer momento o indivíduo pode dizer “fui detido ilegalmente – soltem-me, é meu direito”. Isso não é válido para garantias materiais. O indivíduo não pode exigir: “estou faminto ilegalmente – alimentem-me, é meu direito”.
Em todos os casos citados na DUDH é possível exigir os Direitos Humanos do Estado Nacional de que o indivíduo é membro e é possível responsabilizar o Estado Nacional caso viole os Direitos Humanos. Mas no caso do “Direito à Alimentação” pode existir uma limitação material insuperável que elimina a possibilidade de responsabilizar o Estado Nacional, logo o “Direito à Alimentação” não é um Direito Humano, é no máximo uma Pretensão Humana.
O principal limitador à pretensão de direito à alimentação em termos planetários é o próprio crescimento da população humana. Corpos humanos exigem disponibilidade de recursos – energéticos, materiais e espaciais – para poderem se manter vivos. Estes recursos são limitados no planeta, então é óbvio que o número de corpos humanos que podem ser mantidos vivos ao mesmo tempo no planeta é limitado.
Existem duas maneiras de realizar CONTROLE POPULACIONAL:
1) através do CONTROLE DA NATALIDADE;
2) através do CONTROLE DA MORTALIDADE.
Acho impossível escrever isso de modo mais claro: ou fazemos controle de natalidade enquanto podemos, ou seremos controlados à força por algum tipo de controle de mortalidade, seja ele promovido pela natureza ou por alguma nação ou grupo econômico mais forte e capaz de dizimar grandes populações para reservar para si os recursos que precisa para sua própria sobrevivência.
Não existe solidariedade no suicídio. Povos que não controlam sua natalidade são suicidas. O direito à “paternidade responsável” é outra falácia grotesca. Ninguém tem o direito de ter tantos filhos quantos possa e queira criar em um mundo limitado: nestas condições o terceiro filho de cada casal está roubando os recursos necessários para a sobrevivência do segundo filho de outro casal.
Escolham: vocês preferem a limitação dos direitos reprodutivos OU preferem a redução da segurança e da qualidade de vida até atingirmos a capacidade de suporte de Gaia e chacinas genocidas para restaurar o equilíbrio, promovidas por quem tiver poder para isso?Acrescento dois comentários que surgiram e a minha resposta a cada um deles:
1) “Eu tinha lido em algum lugar que a produção mundial de alimentos é mais do que o suficiente para a população mundial.”
Sim, é mesmo. Fato amplamente reconhecido. Por enquanto. Mas e se a população continuar a crescer? Em alguns lugares a capacidade de suporte do meio já foi ultrapassada e a fome matou centenas de milhares a milhões. Populações inteiras já desapareceram da face da terra quando seus campos perderam a fertilidade. O exemplo mais recentemente confirmado no mundo antigo é o do Egito: que fim levou os povos que construíram as pirâmides? Resposta: dizimados pela fome em função de uma reles flutuação ambiental.
Mais do que preocupar-se em não atingir a capacidade de suporte do meio, portanto, uma população – seja em pequena escala ou em escala global – deve se preocupar em não atingir nem sequer uma fração da capacidade de suporte do meio, ou estará sujeita a grandes catástrofes em casos de flutuações ambientais, que são algo que sempre acontece.
Mas há mais um motivo para nos preocuparmos com isso, mesmo muito antes da ocorrência de qualquer grande pressão ambiental restritiva: o imenso retardo de resposta sistêmico da população humana. O termo é técnico mas é de fácil compreensão: qualquer ação de controle populacional levado à cabo através de controle de natalidade demora muito tempo para fazer efeito em populações humanas. O caso da China é emblemático: mesmo com uma política duríssima de filho único, implantada em 1979, a população chinesa ainda não parou de crescer.
Imaginem o que vai acontecer em um ambiente democrático, onde os políticos não querem passar pelo desgaste de implantar medidas impopulares no tempo de seu curto mandato de quatro ou oito anos, com uma cultura judaico-cristã natalista e a ilusão de direito a ter quantos filhos se quiser fortemente enraizada. Com o retardo sistêmico, a população só vai se convencer da necessidade de controle de natalidade quando for tarde demais. É a receita garantida para uma catástrofe.
2) “O controle da natalidade nas favelas ou submoradias virá com o acesso dessas pessoas a uma educaçao de qualidade, na medida em obterem um maior grau de cidadania!”
Não, não virá. Entre diversos outros fatores, pelo simples fato que não há mais tempo para isso. O planeta está dando sinais claros de colapso climático. Não temos mais um século ou dois para resolver as mazelas populacionais em nosso país nem no mundo, temos mais uma década ou duas, isso se tivermos sorte.
Estamos vivendo uma emergência planetária e pouca gente está se dando conta.
Eu sei disso há três décadas, mas somente nos últimos poucos anos tenho percebido uma tímida diminuição do besteirol politicamente correto e algumas declarações mais fortes na imprensa vindo de instâncias com real capacidade de decisão nas mãos. Mas eles estão agindo como se ainda houvesse tempo para debater longamente, quando deveríamos estar trabalhando loucamente para conter o avanço populacional antes que uma guerra ou a natureza façam isso por nós em escala global.Tudo isso e muito mais foi escrito em 27/08/2008, em um tópico do Orkut.
Como o tópico acima não rendeu o debate que eu esperava, postei outro:
Castrações em massa ou guerras de extermínio?
Vamos ver se com esse título mais “delicadinho” o alerta que eu dei noutro tópico não passa despercebido!
Vou direto ao assunto: não existem garantias materiais. O “direito à alimentação” é uma farsa. Dada uma população sempre crescente, em algum momento com 100% de certeza haverá um colapso sistêmico que inviabilizará a produção de alimentos para todos – e então necessariamente muitos morrerão de fome.
Eu escrevi colapso sistêmico e não colapso de abastecimento porque muito provavelmente o sistema climático da Terra entrará em colapso antes de haver um colapso de abastecimento. Já há indícios gravíssimos neste sentido há décadas.
A população humana demora pelo menos quarenta anos para responder a um programa de controle de natalidade, por mais bem implementado que este seja. Isso acontece por causa do retardo de resposta sistêmico, uma variável normalmente ignorada pelos políticos sempre que os resultados de uma política não são esperados dentro do período de seus mandatos.
O problema é que se ultrapassarmos a capacidade de suporte do meio for ultrapassada, nada será capaz de salvar as milhões ou bilhões de vidas que terão que ser rapidamente exterminadas para evitar a redução ainda maior da capacidade de suporte do meio, uma conseqüência comum da superexploração de recursos provocada por uma população faminta e desesperada em sua inútil busca pela sobrevivência.
Temos três opções:
1) Controle de natalidade antes de atingir o período de retardo de resposta sistêmico anterior ao alcance da capacidade de suporte do meio. Obviamente, isso significa restrições aos direitos reprodutivos, mais especificamente a proibição de mais de dois filhos por casal.
2) Castrações forçadas em massa após ultrapassar este período e antes de atingirmos a capacidade de suporte do meio.
Este outro tópico do Orkut foi postado em 03/09/2008 e neste sim o debate pegou fogo, mas eu passei 29 páginas sendo acusado de heresia por afirmar que assinaturas em tratados internacionais não geram garantias materiais.3) Guerras de extermínio após ultrapassada a capacidade de suporte, vencidas obviamente pelo poder bruto e amoral.
O que vocês preferem? Escolham!
Ontem versus Hoje
A situação em todas estas áreas está pior em 2014 do que estava em 2008 e estava pior em 2008 do que estava em 1983: a população humana aumentou e continua aumentando praticamente no planeta inteiro; a exploração de combustíveis fósseis, sua queima e a concentração de carbono na atmosfera aumentou e continua aumentando; o desmatamento aumentou e continua aumentando; a poluição dos oceanos e a superexploração pesqueira aumentou e continua aumentando e as violações dos Direitos Humanos aumentaram e continuam aumentando, apesar dos supostos avanços em algumas áreas, no mínimo porque há muito mais gente tendo seus direitos violados.Existe uma noção de que hoje em dia vivemos na melhor fase de toda a história da humanidade. Eu concordaria com essa afirmação em algum momento da década de 1980, mas de lá para cá eu só vejo avanço na ciência e na tecnologia. A cultura, a política e a economia degeneraram em comparação com os níveis da década de 1980 e na minha opinião a tendência à degeneração está se acelerando.
Amanhã
Segundo a Revista Galileu, que comenta o relatório da NASA:A conclusão do relatório é que, em uma situação que reflita a realidade do mundo hoje, (…), “achamos que será difícil evitar um colapso“. Os cenários possíveis preveem um alto consumo de recursos por parte das elites, o que acaba privando as outras classes sociais desses recursos – e como são as classes sociais abaixo da elite as responsáveis por produzir a riqueza consumida pela elite, sem ela, toda a sociedade entraria em declínio.O que a NASA infelizmente não pode dizer é que existe uma alternativa muito simples, acessível e prática para as elites políticas, econômicas e militares continuarem concentrando recursos, vivendo nababescamente e em segurança: genocídio, conforme eu expliquei isso no artigo ”Somente os ricos e os paranóicos sobreviverão!“, que pedi para você ler logo no início do presente artigo. Nem a NASA, nem qualquer instituição oficial.
Esse é o tipo de medida que sempre foi, é e será negada antes, durante e depois de sua execução, sendo ativamente desacreditada como “teoria da conspiração”. Mas é necessário ser muito ingênuo para acreditar que os mesmos caras que submetem milhões de pessoas à escravidão, à fome e a todo tipo de sofrimento não seriam capazes de promover guerras ou epidemias para se manterem seguros e no controle do planeta.
Se você ainda não se deu conta, genocídios não precisam ser promovidos por hordas de assassinos armados que ataquem de súbito uma população e deixem pilhas de cadáveres insepultos apodrecendo nas ruas. Genocídios podem ser promovidos – e freqüentemente o são – por políticas assassinas que matam por desinformação, por descaso, por miséria, por falta de recursos, por falta de atenção, por falta de justiça.
Se você ainda não se deu conta, tudo isso pode ser deliberadamente executado ao mesmo tempo em que os autores do genocídio posam de salvadores do povo, aparentemente divididos em grupos políticos, econômicos e religiosos que “lutam pelo bem do povo” enquanto nos bastidores riem dos otários cujo sangue e cujas esperanças bebem.
Se você lê o Pensar Não Dói com freqüência, você sabe que isso é exatamente o que eu digo que está acontecendo no Brasil e no mundo HOJE. Se a intensidade disso vai aumentar, estabilizar ou diminuir, isso vai depender da avaliação e dos interesses dos donos do mundo. Lembre-se: somos gado, criados para o abate.
Conclusão
O que eu penso sobre a possibilidade de um colapso social nas próximas décadas?Penso que não somente um colapso social mas um colapso climático e civilizatório estão a caminho – e cada vez mais rápido.
Penso que ainda seria possível deter esta tendência se organizássemos uma força-tarefa altamente motivada e incorruptível, que mostrasse ao mundo uma alternativa política inédita, radical e extremamente combativa.
Penso que isso não vai acontecer, porque 99,9% dos seres humanos ou não se encaixa em pelo menos um dos dois requisitos acima, ou não acredita no perigo, ou acha que “alguém deveria fazer alguma coisa a respeito”.
E penso que, como previ muitas vezes, nestas condições é pertinente mas não tem graça dizer
“Eu te disse! Eu te disse! Eu te disse!“.
21 de março de 2014
Arthur Golgo Lucas