"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 21 de março de 2014

A BARBEIRAGEM

A operação de comunicação do Planalto no caso Petrobras foi um desastre. Anteontem, reunida com seu conselho de sábios, a presidente Dilma decidiu jogar no colo da estatal o negócio da refinaria de Pasadena. Sua versão ficou frágil ao não coincidir com a da empresa. Num dia, Dilma ataca relatório “técnica e juridicamente falho”. Noutro, seus líderes no Congresso defendem o negócio.

A crise saiu maior do Palácio
Diante do fracasso da operação para colocar a presidente na condição de vítima, o ministro Aloizio Mercadante montou um pronto-socorro. Na noite de quarta-feira, ele pediu dados da Petrobras e acionou os líderes do governo. Ontem o senador Eduardo Braga (PMDB) e o deputado Arlindo Chinaglia (PT) saíram em defesa da compra da refinaria de Pasadena. E inundaram seus discursos com dólares lá e cá. O relatório “falho” perdeu peso. O líder do PT, Vicentinho, proclamou: “Com o crescimento da produção americana, as margens de lucro do refino de óleo leve retornaram aos níveis de 2005 e 2006, justificando a continuidade da refinaria de Pasadena no portfólio de ativos da Petrobras.”



“Está muito ruim. Uma confusão dos diabos. O processo eleitoral está atiçando o debate sobre a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras”
Um ministro palaciano
Sobre a bateção de cabeça entre o governo e a Petrobras

O encanador
O chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, está procurando ministros que participam de reuniões no Planalto e mandando que eles fechem a boca. A presidente Dilma anda reclamando que há muitos vazamentos de discussões internas.

Agora vai
A atitude mais agressiva do candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, agradou ao DEM. Mas o ex-líder Ronaldo Caiado disse que é preciso mais: “O Aécio está light demais, ainda está água com açúcar”. Seu presidente, senador José Agripino (RN), reuniu a Executiva, quando foi fixada meta de eleger 40 deputados nas eleições de outubro.

As voltas que o mundo dá
Os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Alves, ambos do PMDB, vão ter que matar no peito, na próxima semana, e não colocar em votação projeto de resolução que fura a fila para a criação da CPI da Petrobras.

Direito à vida
Por recomendação do Comitê pela Eliminação da Discriminação contra as Mulheres da ONU, as Secretarias das Mulheres e de Direitos Humanos promovem ato de reparação financeira à família de Alyne Teixeira, na terça-feira. Alyne, moradora de Belford Roxo, morreu em 2002 vítima de atendimento precário na rede de saúde do Rio.

O conciliador
O vice Michel Temer promoveu reuniões do líder do PMDB, Eduardo Cunha, com os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Guido Mantega (Fazenda). Um grande acordo para votar o Marco Civil da Internet e a MP 627 foi costurado.

A questão de fundo
A direção do PT está convencida que a crise na relação com o PMDB tem uma única razão. O principal aliado dos petistas no governo não quer o ex-presidente Lula nem a presidente Dilma subindo nos palanques estaduais nas eleições.

O GOVERNADOR Camilo Capiberibe (PSB) terá o apoio do PT e do PSOL à sua reeleição. Cada candidato ao Planalto terá de montar seu palanque no Amapá.

 
21 de março de 2014
Ilimar Franco, O Globo

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