"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 11 de janeiro de 2015

OS 39 MINISTÉRIOS

 

Dilma ministerio 2
 
 
Estive dando uma espiada na lista dos 39 integrantes do obeso ministério de dona Dilma. Encontrei lá algumas curiosidades.
 
Temos dois ministérios encarregados de zelar pela agricultura: o Ministério da Agricultura e o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Falta, no entanto, um Ministério da Pecuária – uma das maiores fontes de renda do País. Original, não é?
O Ministério da Educação, o Ministério da Cultura e o Ministério da Saúde coexistem. Nos tempos em que nosso país era menos desvairado, uma pasta cuidava sozinha dos três assuntos.
 
Há um curioso Ministério de Assuntos Estratégicos. Sua denominação soa incômoda e até ofensiva para com os outros ministérios. É como se os outros, não sendo estratégicos, fossem de secundária importância. Quais seriam esses «assuntos estratégicos» que não são da conta de outras pastas? Relações bolivarianas? Contabilidade paralela? Conchavos com “base aliada”?
 
Dois ministérios parecem disputar a mesma área: o das Comunicações e o da Comunicação Social. A denominação deixa claro que um deles é voltado para o social. E o outro que faz?
 
Temos o Ministério das Cidades, mas não o Ministério do Campo. Fica aqui a sugestão para o quadragésimo. Mais de cem anos atrás, Eça de Queirós já distinguia as cidades e as serras.
 
Sempre imaginei que Justiça fosse conceito abrangente. Aos olhos dos teóricos do Planalto, não é. Nossa justiça é magrinha. Diversas áreas foram amputadas do Ministério da Justiça para constituir ministérios separados: Ministério da Igualdade Racial, Ministério de Direitos Humanos, Ministério de Políticas para as Mulheres. Privada de cuidar de direitos humanos, o que é que sobra na pauta da Justiça? Será o direito dos animais?
 
Dilma ministerio 1
 
Temos um peculiar Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Fome não se combate com ministério, mas com escola e formação profissional. E essas são atribuições de outros ministérios. Esse da fome, portanto, há de ser o que distribui a bolsa família.
 
O Ministério dos Transportes sofre pesada concorrência do Ministério da Aviação Civil. A coexistência dos dois deixa a impressão de que avião civil não é meio de transporte. Fica aqui registrada a sugestão de dois novos ministérios: o da Viação Civil (para cuidar dos ônibus) e o do Desenvolvimento Ferroviário (para promover implantação de ferrovias).
 
Fico a me perguntar para que serve o Ministério da Integração Nacional. Se o Brasil está-se desintegrando, não será um ministério a mais que vai estancar a dissolução do País. Política boa e bem-intencionada não precisa de ministério exclusivo. Quem garante – ou devia garantir – a integração do País é o chefe do Executivo. No caso, nossa presidente.
 
by Ademir Vigilato da Paixão, desenhista paranaense
by Ademir Vigilato da Paixão, desenhista paranaense
 
Dá pena saber que há um Ministro dos Portos. Faria mais sentido mandá-lo para Cuba, para gerir o ultramoderno Puerto de Mariel, presente do povo brasileiro aos empreiteiros amigos. Nosso portos estão sucateados. A verba destinada à manutenção do ministério seria mais bem empregada na recuperação de nossos terminais.
 
Para encerrar – e para não cansar demais o distinto leitor – informo que, velando pelo comércio e pela indústria, temos dois ministérios. Por um lado, o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Por outro, o da Micro e Pequena Empresa. Assim, indústria, microempresa, pequena empresa e comércio exterior estão cobertos. E grandes empresas de comércio interno como é que ficam? Soltas no organigrama?
«C‘est du grand n‘importe quoi» – é uma salada de asneiras, como dizem por aqui.
 
11 de janeiro de 2015
José Horta Manzano

PETROBRAS CRIA SPES PARA BURLAR O TCU. PRIVATIZA A AÇÃO PARA ESTATIZAR A CORRUPÇÃO

 
 
( O Globo, hoje) A Petrobras criou uma rede de empresas para executar obras de grande porte sem se submeter a fiscalização mais rigorosa de órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU). As chamadas sociedades de propósito específico (SPEs) são um instrumento legal, existente para captação de recursos no mercado por meio de empresas independentes da companhia. Auditoria do TCU, porém, alerta que o modelo adotado pela estatal pode criar precedentes e resultar numa “expansão descontrolada”. 
 
Demonstrações contábeis a partir de 2005 mostram que a Petrobras já constituiu 24 SPEs, com investimentos de pelo menos US$ 21,9 bilhões, ou R$ 59 bilhões — muitos deles para obras como gasodutos, plataformas, refinarias e transporte de óleo. Auditoria sigilosa apontou que em uma das SPEs, para construir a rede de gasodutos Gasene, há indícios de superfaturamento de até 1.800%, como revelou O GLOBO. 
 
Ao lançar mão de uma empresa privada a estatal se vê livre do escrutínio a que é submetido o restante do governo federal. Nos debates sobre a fiscalização dos gastos públicos, a Petrobras costuma argumentar que os seus negócios têm caráter privado e, por isso, não devem ser submetidos ao crivo de órgãos como o TCU e a Controladoria-Geral da União (CGU). 
 
A Petrobras só começou a informar detalhes contábeis das SPEs em 2005, depois que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o mercado de capitais, editou uma norma com essa determinação para empresas SAs. Parte desses projetos da estatal foi estruturada no fim da década de 90 e no início dos anos 2000, nos governos de Fernando Henrique Cardoso. A prática prosseguiu nas gestões de Lula e Dilma Rousseff. Cinco SPEs permanecem independentes da estrutura formal da estatal e ainda não foram incorporadas a subsidiárias. 
 
Investigações recentes em parte desses negócios, porém, mostram o total controle por parte da Petrobras e o emprego de recursos públicos nas obras. É o caso da rede de gasodutos Gasene, entre Rio de Janeiro e Bahia, construída a partir da constituição de uma SPE e incorporada por uma subsidiária da estatal — a Transportadora Associada de Gás (TAG) — em janeiro de 2012. O BNDES confirmou ao GLOBO que é a TAG quem paga o financiamento feito para a construção do gasoduto. Os recursos empregados são da ordem de R$ 4,5 bilhões. 
 
A ofensiva da Petrobras sobre o TCU, no caso do Gasene, consistiu em reforçar o caráter privado do negócio. No curso da auditoria que mostrou uma série de irregularidades no empreendimento, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli afirmou que “os recursos alocados para o investimento são exclusivamente privados, não havendo qualquer participação de recursos da Petrobras.” 
 
O ex-presidente da empresa contratada para fazer o gasoduto, que já admitiu ter sido apenas um “preposto” na função, usou um argumento na mesma direção: “A transportadora não tem de se submeter aos regramentos legais da administração pública, por se tratar de entidade de direito privado”, afirmou, ao ser cobrado sobre a falta de informações sobre os preços usados nas obras.
Ele também argumentou ao TCU, em relação à cobrança de explicações sobre um superfaturamento superior a 1.800% em determinados trechos da obra, que não havia a obrigação de apresentar as justificativas previstas na Lei Orçamentária de 2008. Todos os argumentos, até agora, foram rejeitados pela equipe técnica do tribunal. 
 
No documento da Petrobras que subsidiou a decisão de se criar a SPE dos gasodutos, os gerentes de três áreas da estatal argumentam que o modelo é o mais apropriado “em razão das restrições de orçamento de investimentos” e devido às “metas de resultado primário”. A empresa criada tem por objetivo captar recursos para a obra, mas tem todas as garantias da Petrobras para o investimento, inclusive a obrigação de a estatal quitar empréstimos tomados em caso de insucesso no projeto.
 
RECURSO CONTRA FISCALIZAÇÃO
 
Há poucos dias, a Petrobras também recorreu contra a determinação do TCU para que envie documentos básicos sobre a construção do Gasene. O tribunal deu 30 dias, contados a partir de 9 de dezembro, para que a presidente Graça Foster entregasse um detalhamento de cada serviço no trecho entre Cacimbas (ES) e Catu (BA), onde foi detectado o superfaturamento, e a identificação de todos os responsáveis por aprovar as propostas de preços. A estatal contestou, no recurso, o envio da auditoria para a força-tarefa da Operação Lava-Jato no Paraná. Os papéis já estão em poder da Polícia Federal.
 
A construção de outro gasoduto, o Urucu-Coari-Manaus, no Amazonas, seguiu um modelo muito parecido, com a constituição de uma SPE para investimentos de US$ 1,4 bilhão. O TCU apontou diversas irregularidades nas obras, como dispensas ilegais de licitação, pagamentos adiantados sem a execução dos serviços e falta de detalhamento dos preços. Também faltava autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para que a SPE constituída construísse o gasoduto. A autorização havia sido concedida à TAG, subsidiária da Petrobras. Mais uma vez, a defesa recorreu à falta de vínculo entre estatal e empresa privada criada.
 
No TCU, diversos acórdãos já trataram de obras públicas tocadas por SPEs de estatais. O entendimento prevalecente até agora é de que o tribunal tem atribuição para investigar SPEs ligadas a empresas públicas. Em entrevista ao GLOBO, o novo ministro-chefe da CGU, Valdir Simão, afirmou não ter opinião consolidada a respeito da fiscalização das SPEs: —

Não sei se a gente tem algo aqui na CGU sobre isso. Também não tenho convicção de que SPEs afastam nossa atuação. Na empresa, na SPE, de fato, você pode ter um afastamento. Mas ainda não tenho como emitir opinião sobre isso. O GLOBO enviou perguntas à Petrobras sobre a estruturação das SPEs e as estratégias para evitar a fiscalização de órgãos de controle. Não houve resposta até a conclusão desta edição.

11 de janeiro de 2015
in coroneLeaks

EM ANDAMENTO O PERDÃO DOS CORRUPTOS... PARA QUE NO BRASIL NÃO PARE A CORRUPÇÃO...

Quando é que o "governo paralelo" da Oposição vai dizer ao país qual a solução para impedir que empreiteiras corruptas sejam perdoadas pelo atual governo "para que o Brasil não pare"?

 
É assustador o silêncio da Oposição diante da escalada promovida pelo governo contra o Ministério Público Federal, contra a Polícia Federal e contra a Justiça Federal para que seja promovido um acordo de ocasião com empreiteiras corruptas, para que elas sejam minimamente prejudicadas, voltando a funcionar normalmente após o pagamento de uma multa.

Isso é uma imoralidade! O secretário executivo da Controladoria Geral da União (CGU) teve o desplante de afirmar ao O Globo de hoje que efetivamente pressionou a Força Tarefa da Operação Lava Jato para que o consórcio do crime fizesse um acordo coletivo com a Justiça, pagando uma multa para poder continuar apto a realizar obras públicas. 

— O processo punitivo leva à declaração de inidoneidade. E a experiência que tivemos com a Delta e a Gautama (construtoras punidas em escândalos anteriores) é que a declaração de inidoneidade provoca uma grande possibilidade de fechar a empresa —disse o secretário executivo da CGU, Carlos Higino. Higino sugeriu a fixação de multas às empreiteiras como punição máxima em âmbito administrativo. Com isso, as empresas teriam que devolver aos cofres públicos uma quantia em dinheiro, mas se livrariam da punição mais drástica: a declaração de inidoneidade.

Ainda bem que o MPF entendeu que não seria possível limitar as punições a multas às empresas que até o momento não aceitaram colaborar com as investigações. Por enquanto, a maioria das construtoras apenas aceita reconhecer parte das acusações e pagar uma indenização. Elas não querem acabar com o esquema criminoso. Elas não querem revelar o nome dos políticos envolvidos. Elas querem continuar operando da mesma forma criminosa.

De outro lado, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, veio hoje ao Estadão defender a mesma imoralidade: um acordo de leniência com as empreiteiras para minimizar o impacto da Operação Lava Jato na economia. Segundo ele, o instrumento evitaria que as empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras, muitos delas com diretores ainda presos,  sejam proibidas de firmar contratos com o poder público. 

Leiam, abaixo, trecho da entrevista de Luiz Adams, um dos cotados para ocupar vaga no STF, dada hoje ao Estadão:

Em termos jurídicos, o que pode ser feito para recuperar a imagem da Petrobrás? 

As respostas a Petrobras está dando. A empresa criou uma gerência de risco, iniciou um processo de auditagem interna com dois escritórios, está fazendo um processo de depuração muito grande. Uma das soluções que está ao alcance das outras empresas envolvidas é buscar os acordos de leniência com a administração. Do ponto de vista da administração, atendidos os requisitos da lei, não há por que não haver esse acordo. 


Quais são os requisitos?

Reconhecimento do ilícito, ações de colaboração com as investigações, comprometimento com eventual necessidade de ressarcimento e regras de compliance que a empresa adote para evitar situações futuras. 


O acordo de leniência é visto como uma saída para que não se deixe de contratar com as empreiteiras envolvidas?

É uma alternativa que a lei oferece às empresas. Atendidos esses quatro requisitos, a administração tem a tendência de acatar um acordo e isso reduz penas, afasta a inidoneidade e permite que a empresa possa continuar (contratando com o Poder Público). Qual é a lógica disso? Você não vai levar ao limite de uma empresa fechar por causa de um funcionário, de dois funcionários ou mesmo de alguém que praticou um desvio. As empresas têm um conjunto de empregados, cadeias produtivas que devem ser preservadas. De novo: é uma iniciativa da empresa. 

Vejam o número de absurdos proferidos por esta autoridade da República em meia dúzia de linhas. Que respostas a Petrobras está dando? Não demitiu a diretoria, apesar das inúmeras provas de acobertamento. Esta diretoria de compliance é chapa branca. É nomeada pelas raposas da Petrobras. A empresa de auditoria internacional continua sem assinar o balanço da empresa.As empresas não estão fechando por causa de um ou dois funcionários. Os donos estão presos! Os diretores estão presos! Os gerentes estão presos. São estruturas inteiras dedicadas à corrupção.

Mas onde está a Oposição? Onde está o "governo paralelo"? Onde estão os especialistas do PSDB, DEM, PSB para proporem uma solução para estas empresas? Devem ter seus bens confiscados e leiloadas para interessados que as comprem? Devem repassar as carteiras de obras públicas e os investimentos que possuem em sociedade com o governo para empresas internacionais? O que deve ser feito? O que a Oposição faria se fosse governo, pois esta é a essência de um "governo paralelo".

Chega de ver partidos com fundações para, em vez de abrigar técnicos, ficar pagando esqueletos familiares de políticos aposentados. Queremos ver o dinheiro público dos fundos partidários empregando gente que pense o Brasil e não a manutenção das suas boquinhas e tetinhas. Os 51 milhões de eleitores continuam fazendo Oposição para uma Oposição que até agora não se manifestou com soluções diante da grave crise nacional, nem mesmo diante deste deprimente espetáculo de tentativa de salvação do esquema de corrupção que tomou conta da Petrobras.

REVELAÇÕES DE MARTA SOBRE O PT MUDARAM RESULTADO DA ELEIÇÃO, DIZ RONALDO CAIADO

 
(Estadão) A entrevista da senadora Marta Suplicy (PT-SP) ao Estado sobre problemas internos do PT poderia mudar o rumo da eleição presidencial, se tivesse sido concedida durante a campanha, na avaliação do deputado federal e senador eleito pelo DEM, Ronaldo Caiado. "Se ela fosse dada antes das eleições, teria dado uma grande contribuição para o País. Teria força para mudar rumo das eleições", avaliou.
 
As declarações, de acordo com o parlamentar, são contundentes, de quem está na intimidade do partido. "Nós políticos sabíamos desse grau de desgaste dentro do PT e da cizânia interna, mas, quando falávamos isso, diziam que nós éramos da oposição", afirmou. Por isso, de acordo com Caiado, essa tomografia feita pela senadora sobre o PT seria mais útil alguns meses atrás. "A crítica que faço é a de que, se existe da senadora uma preocupação com o País, isso tudo seria trazido à tona antes das eleições", disse. 
 
Os movimentos internos do PT e a postura inflexível de muitos de seus mais importantes componentes descritos por Marta eram fatos de conhecimento dos atores de Brasília, de acordo com o senador eleito, ainda que não se soubesse com profundidade os detalhes. "Nós sabíamos desse grau de dificuldade, da intolerância da Dilma (presidente Dilma Rousseff) em debater política, do temperamento dela, do (ministro Aloizio) Mercadante, da intempestividade e agressividade de Ideli Salvatti, da tentativa de Lula de vir para o processo e ser cortado", enumerou. 
Para o parlamentar, a desestruturação recente do PT é óbvia. "O partido passa por um processo autofágico, ele está se destruindo. A corrupção com a vaidade tomaram proporções inimagináveis e esses dois fatores são determinantes no colapso do PT", avaliou. Em entrevista ao jornal, Marta sinalizou que pode sair do partido e avaliou que ele chegou a uma encruzilhada: "Ou o PT muda, ou acaba". Articuladora assumida do "Volta, Lula" em 2014, ela julga que o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, é "inimigo do Lula" e "candidatíssimo" a presidente em 2018.
 
11 de janeiro de 2015
jn coroneLeaks

PT CHORA ENTREVISTA DE MARTA SUPLICY


 
(Estadão) A entrevista da senadora Marta Suplicy (PT) ao jornal O Estado de S.Paulo, na qual ela critica a presidente Dilma Rousseff e abre fogo contra o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e contra o presidente do PT, Rui Falcão, gerou "indignação" e um profundo mal estar entre parlamentares e dirigentes do partido. Para petistas ouvidos pelo Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, Marta demonstra "mágoa", ignora espaços conquistados dentro da legenda e demonstra estar pavimentando sua saída do PT com o objetivo de disputar a prefeitura de São Paulo em 2016.
"É uma entrevista muito ruim para o partido. Essas vaidades, colocando os interesses pessoais acima do partido, prejudicam muito. A militância vê isso com muito maus olhos", resumiu o vice-presidente do PT, Alberto Cantalice. "Eu lamento. A Marta teve todas as portas abertas no PT e sempre galgou os cargos que ela almejou. Ela não deveria ficar chutando dessa forma. Não deveria jogar para cima tudo o que o partido lhe proporcionou", acrescentou o deputado federal Vicente Cândido (SP).
Em entrevista publicada neste domingo, 11, a senadora e ex-ministra da Cultura chama Mercadante de "inimigo do Lula" e "candidatíssimo" a presidente em 2018. Sobre Falcão, alega que ele "traiu o partido e o projeto do PT". Marta tampouco poupa a gestão Dilma e argumenta que "não se engendraram as ações necessárias quando se percebeu o fracasso da política econômica liderada por ela". "Em 2013, esse fracasso era mais do que evidente", disse Marta.
 
O deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) avalia que Marta carrega uma "mágoa" por ter sido preterida nas escolhas do partido nas últimas eleições para o governo de São Paulo e para a prefeitura da capital. "Na política, não se pode ter ranço ou raiva. Ela está procurando um pretexto para se separar (do PT)", afirmou.
 
O deputado Vicente Cândido (SP), por sua vez, disse que Marta tem responsabilidade pelos vícios do PT apontados por ela na entrevista e deveria atuar para resolvê-los internamente. "Qualquer outro partido que ela for não será melhor do que o PT na inserção social. O PT é isso por responsabilidade de todos e também dela. Principalmente de quem teve cargo de destaque, como foi o caso dela". 
Cândido também criticou o relato feito por Marta sobre o movimento que pregou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lugar de Dilma. Marta foi a principal articuladora do "Volta, Lula" e, na entrevista, sugere que o ex-presidente incentivou em alguns momentos o prosseguimento das conversas. "A Marta tem o cálculo errado. Muita gente queria o Lula de volta, mas isso dependia de um gesto da Dilma. Duvido que, se a Marta estivesse no lugar da Dilma, ela faria esse gesto, de retirar o time de campo", afirmou o deputado.

PARA UMA ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA

Reproduzimos nesta última edição do Arca Reaça de 2014 um dos melhores artigos de Olavo de Carvalho. É de julho de 2003 e foi publicado originalmente no jornal “O Globo”.

Para uma antropologia filosófica

A condição humana mais geral e permanente, a estrutura fixa por trás de toda variação local e histórica, pode-se resumir em seis interrogações básicas, articuladas em três eixos de polaridades, cujas tentativas de resposta, estas sim temporais e variáveis, dão as coordenadas da orientação do homem na existência. 
O primeiro eixo é “origem-fim”. Ninguém jamais soube onde e quando o conjunto da realidade começou nem como ou quando vai terminar. Pode-se arriscar uma teoria da eternidade do mundo, um mito cosmogônico ou a imagem do “big bang”, uma teologia da criação ou um atomismo materialista, cada qual com sua respectiva explicação do fim. Nenhuma delas jamais obteve aceitação universal. O que não se pode é ignorar a questão, pois dela depende o nosso senso de orientação no tempo, a possibilidade de conceber projetos e dar forma narrativa às nossas experiências. 
O segundo eixo é “natureza-sociedade”. Todo homem vive entre dois campos da realidade, um anterior e independente da ação humana, o outro criado por ela. A diferença e a articulação desses campos aparecem no contraste entre o geometrismo da taba circular e o matagal informe, na oposição de Lévi-Strauss entre o cru e o cozido, no instinto de buscar a proteção do grupo contra os animais e as intempéries ou, inversamente, no sonho rousseauniano de encontrar na natureza um abrigo contra os males do convívio social.  
A natureza pode aparecer como um pesadelo temível ou como seio materno acolhedor. A sociedade pode ser lar ou prisão, fraternidade ou guerra. Pode-se fazer da natureza uma espécie de ordem social, como na antiga cosmobiologia, ou naturalizar a sociedade, como na antropologia evolucionista. Mas essas tentativas só revelam a impossibilidade, seja de explicar um dos termos pelo seu contrário, seja de articulá-los numa equação definitiva, seja de compreender um deles sem referência ao outro. 
O terceiro eixo é “imanência-transcendência”. Cada ser humano sabe que ele próprio existe, que tem um “mundo” interior de experiências, recordações, desejos, temores. Mas sabe também que esse poço é sem fundo, que ninguém pode compreender-se ou ignorar-se totalmente, que cada alma encontra dentro de si algo de estranho e atemorizante, que cada um se conhece e se desconhece quase tanto quanto aos demais. Buscamos na nossa intimidade o abrigo contra a maldade alheia, assim como buscamos no outro, no amigo, na esposa, a proteção contra nossos fantasmas interiores. Cada um de nós é próximo e estranho a si mesmo.  
Por outro lado, para além de tudo o que se pode conhecer da realidade, para além de toda experiência alcançável, cada homem e cada cultura pressente um fator “x”, que, desde acima ou desde o fundo do fluxo dos acontecimentos, faz com que as coisas sejam o que são e não de outro modo. “Por que existe o ser e não antes o nada?”: assim formulava Schelling a interrogação suprema. Podemos tentar respondê-la pela concepção de um absoluto metafísico, de uma divindade ordenadora ou de uma fantástica auto-regulação de coincidências.  
Podemos até expulsá-la da discussão pública, deixando-a à mercê do arbítrio privado, com a abjeta covardia intelectual do agnosticismo moderno. Mas mesmo então sabemos que não escapamos dela. Entre a imanência e a transcendência, várias articulações são possíveis, mas nenhuma satisfatória. Podemos conceber o transcendente à imagem do nosso ser íntimo, como divindade bondosa que nos compreende e nos ama — mas isso fará ressaltar ainda mais o que a vida tem de estranheza fria e hostilidade demoníaca. Podemos imaginá-lo com os traços impessoais e mecânicos de uma fórmula matemática — mas isso não nos impedirá de amaldiçoar ou bendizer o destino, subentendendo nele uma intencionalidade humana quando nos oprime ou nos reconforta. 
Cada um dos pólos é uma interrogação, um misto de ignorância e conhecimento, um foco de tensões espirituais. Cada um articula-se com seu oposto, num mútuo esclarecimento — ou multiplicação — de tensões. E no ponto de interseção dos três eixos, como no das três direções do espaço, fixado na estrutura da realidade como Cristo na cruz, está o ser humano. 
Crenças, cosmovisões, doutrinas, diferem sobretudo pela hierarquia que estabelecem entre os seis fatores por meio de assimilações e reduções. Muitas culturas arcaicas privilegiavam o fator “origem”, explicando sociedade e natureza por um mito cosmogônico, ignorando a transcendência e a imanência. A escolástica medieval remeteu-se à transcendência, sonhando poder deduzir dela uma ordem intelectual completa e definitiva.  
A modernidade absorveu tudo na oposição natureza-sociedade, esperando não menos utopicamente reduzir os mistérios da transcendência e da imanência, da origem e do fim, a questões de partículas subatômicas, código genético e análise lingüística. Preparou assim o advento das ideologias totalitárias que fizeram da sociedade a razão última da origem e do fim, colocando entre parênteses a natureza, sufocando a imanência e vedando o acesso à transcendência.  
Cada um desses arranjos, mesmo o mais limitador, é legítimo e funcional a título provisório, como experimento de sondagem numa certa direção que os interesses de um momento enfatizaram. Torna-se alienante e opressivo quando se cristaliza numa proibição de olhar para além da articulação admitida. Só a abertura da alma para a simultaneidade dos seis pólos, com suas luzes e trevas, dá acesso à experiência realista da condição humana e, portanto, à possibilidade da sabedoria. Todas as explicações que, para enfatizar uma articulação em particular, negam ou suprimem a estrutura do conjunto, são falsas ou estéreis. 
Filosofias como o marxismo, o positivismo, o pragmatismo, a escola analítica, o nietzscheanismo, o freudismo, o desconstrucionismo, — todas aquelas, enfim, que ocupam o espaço inteiro do ensino acadêmico neste país — são doenças espirituais, obsessões que nos encerram hipnoticamente no fascínio de uma resposta ao mesmo tempo que apagam o quadro de referências que dá sentido à pergunta. 
Olavo-de-Carvalho

11 de janeiro de 2015 

O ATENTADO NA FRANÇA

 Artigos - Cultura 

Os esquerdistas são os facilitadores do avanço islamita no Ocidente.
Como o tempo agora é de radicalização e há mortos e feridos nas calçadas das grandes cidades, não é mais possível ignorar os perigos.

Guardadas as devidas proporções, em face dos números dos mortos, o atentando ocorrido ontem em Paris é da mesma natureza do que aquele que derrubou as Torres Gêmeas. É a prova de que o terrorismo islâmico continua ativo em toda parte. Mesmo nos EUA tivemos alguns episódios de franco-atiradores mortais. A novidade é que o fato ocorreu na França, país que tem demonstrado grande simpatia pelos militantes da causa islâmica em várias oportunidades. Em 1995, a mesma Paris já tinha sido objeto de um atentado a uma estação de metrô, que deixou muitos mortos, mas parece que tudo se apagou da memória. Fiquei indignado com a morosidade registrada pela polícia francesa para reagir. As imagens do policial assassinado friamente parecem revelar que ele nem portava arma de defesa pessoal. Presa fácil, galinha morta.
 
O que move os celerados? Um ódio doentio ao Ocidente, ao seu modo de vida, à sua liberdade, ao cristianismo. Essa gente é semelhante aos nazistas: o que importa é matar e não se importam em se matar. Ao fim e ao cabo, de suas ações brotam sempre cadáveres, seus e/ou dos outros. É a própria cultura da morte que estamos vendo. Não penso haver islamitas do bem; eles se camuflam e, quando a ocasião aparece, transformam-se em guerreiros de Alá. Basta ver como tratam suas mulheres e as punem se vacilarem no uso do véu, para dizer o mínimo.
 
Um dos pontos de ódio mais relevantes dos islamitas ao Ocidente diz respeito à liberdade que as mulheres conquistaram aqui. De fato, a igualdade entre ambos os sexos é uma realidade, algo intolerável para a mentalidade tribal que os islamitas carregam em si. Para eles, mulher é apenas objeto de sexo e procriação e nada mais, não lhes permitem o exercício da liberdade e da criatividade. São as mulheres as grandes perdedoras na eventualidade de uma sociedade islâmica se estabelecer na Europa, continente no qual isso pode ocorrer com brevidade histórica.
 
O Islã é ainda mais iracundo com Israel, um símbolo da superioridade moral, política e tecnológica do Ocidente que vive como um enclave em meio ao magma populacional islâmico. O ódio aos judeus é apenas uma variante para o ódio ao Ocidente.
 
O drama é que as políticas públicas de defesa do Ocidente supõem que os seguidores do Islã são gente normal e que pensa como a gente, valoriza as coisas como as valorizamos. O mesmo se pensava dos nazistas, antes que chegassem ao poder. Esse é o mais terrível engano. Nenhuma sociedade islâmica, talvez que a possível exceção da Turquia, tolera as liberdades com a conhecemos, de opinião, de imprensa, política. Mesmo a Turquia vive sob ataque dos radicais. Há uma mentalidade monárquica dominante, cujo poder deve emanar do clero muçulmano. Vimos isso de forma lapidar na Irã depois de Khomeini. Imediatamente após tomar o poder, as mulheres tiveram restrições impostas e tudo que era Ocidental foi abolido. Foi um retrocesso civilizacional inequívoco.
 
Os partidos de esquerdas costumam apoiar a causa dos islamitas e a França, toda vida, tem sido esquerdista. Há algo de irônico nisso. A rigor, os esquerdistas são os facilitadores do avanço islamita no Ocidente. Como o tempo agora é de radicalização e há mortos e feridos nas calçadas das grandes cidades, não é mais possível ignorar os perigos. A esquerda usa isso para hipertrofiar o controle policial sobre os cidadãos, quando o certo seria mudar tudo, a começar pela política de desarmamento civil, infame, que reduz a população a alvo fácil dos facínoras, que nunca estão desarmados.
 
Pior é que a visão dos governantes ocidentais está pautada por um suposto laicismo, que baniu a força religiosa do cristianismo do dia a dia do Estado. Esse mundo supostamente laico, ateu, não tem força moral para barrar o avanço do Islã, cuja população se multiplica a velocidade muito maior do que a do Ocidente. É um problema dramático e lento, mas que projeta uma catástrofe populacional em poucos anos. A ocupação do Islã na Europa está usando as portas das maternidades.
 
O que esperar? Mais do mesmo. A cada atentado bem sucedido, um espasmo e um espanto, uma reação estupefata diante da catástrofe. Vimos as multidões marchando sobre Paris, como se os dois meliantes matadores de civis indefesos pudessem se impressionar com isso, como se os futuros meliantes fossem recuar. A multidão estúpida não tem força alguma diante de uma vontade férrea, que só pode ser enfrentada se a atitude do poder de Estado for modificada. Estamos longe disso, todavia. O renascer das instituições inspiradas no cristianismo é o único antídoto contra a barbárie islâmica.
 
11 de janeiro de 2015
Nivaldo Cordeiro

A EXPANSÃO DAS FRONTEIRAS DO TERROR MONOPOLIZOU AS PRIMEIRAS PÁGINAS

Nas edições desta quinta-feira, 8 de janeiro, jornais do mundo inteiro resumiram na primeira página o assombro e a repulsa decorrentes do ataque de terroristas islâmicos ao jornal francês Charlie Hebdo.

Confira a  amostra que se segue:

FRANÇA
Liberation-size-598

LaCroix-size-598 LActu-size-598
 Lavenir-size-598 L-echo-size-598
 Lequipe-size-598


ESTADOS UNIDOS
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REINO UNIDO
TheIndependent-size-598

ALEMANHA
Berlingske-size-598

BRASIL

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11 de janeiro de 2015
VEJA

O OCIDENTE ACUADO

Artigos - Cultura


Esses radicais já provaram que não aceitam nenhum tipo de diálogo, nenhuma argumentação, humor ou crítica. Ser civilizado não significa abrir mão do poder de fogo na hora da luta,
e sim lutar com honra
.
 
Diversos países europeus vêm, já há alguns anos, assumindo uma postura totalmente equivocada no tocante à imigração de refugiados muçulmanos para seus territórios. Parece que os líderes da Inglaterra, França, Espanha e Suécia, entre outros, não conseguiram enxergar a diferença brutal que existe entre acolher um refugiado em sua casa e passar a escritura da casa para o refugiado.

O continente que foi palco da grande maioria das guerras que já aconteceram no mundo, o berço da filosofia, da arte e do conhecimento científico que construíram a civilização ocidental, uma terra onde estão enterrados dezenas de milhões de soldados que lutaram pelas liberdades que tanto valorizamos, está de joelhos diante do avanço do islamismo.
O episódio de hoje, em Paris, onde terroristas muçulmanos invadiram a sede do jornal Charlie Hebdo, matando 12 pessoas e ferindo 11, é mais um dos resultados que os governos da Europa vêm colhendo com sua política covarde.
Os terroristas, radicais que queriam vingar as piadas feitas com sua fé, não tiveram nenhuma misericórdia com os jornalistas que ali estavam, e cometeram essa chacina com a mesma tranquilidade com que eu ou você matamos um pernilongo que tenta nos picar.
Aliás, para os radicais islâmicos, nós não passamos disso: somos seres descartáveis, sem valor algum, somente por não professarmos a mesma fé.

A mídia mundial, que parece sofrer de um embotamento nunca visto antes, insiste que estamos diante de uma minoria ínfima, pois a grande maioria dos muçulmanos são pessoas de bem e pacíficas. Mas a coisa não é bem assim. Os serviços de inteligência de Israel, EUA, Inglaterra e Rússia estimam que entre 15% e 25% dos muçulmanos são radicais, ou seja, acreditam que sua fé é a única salvação para o mundo e que o modo de vida ocidental deve ser exterminado para que o islã possa reinar soberano.
Isso significa algo entre 180 e 300 milhões de pessoas dedicadas a destruir o que nós chamamos de casa, o mundo e a cultura ocidental. Como disse, com brilhantismo, Brigitte Gabriel, neste vídeo disponível com legendas no Youtube, são esses radicais que fazem a diferença, e não os 75% a 85% de muçulmanos pacíficos. Os pacíficos não detêm os radicais, não impedem seus ataques, não pegam em armas para combatê-los; sua única contribuição é permanecerem quietos, muitas vezes mudos diante de tragédias como essa.

Do outro lado vemos a civilização ocidental acuada. Na Europa, onde pouquíssimos países permitem o porte de arma aos cidadãos de bem, as chances de que alguém esteja armado durante uma agressão como a de hoje são mínimas. Além disso, a postura que tem sido adotada, a de “somos civilizados e resolvemos as coisas civilizadamente, não com violência” é um tanto ridícula diante do tamanho da ameaça. Não parece, de forma alguma, que estamos vendo os mesmos países que enfrentaram a loucura do nazismo. Há apenas 70 anos os soldados aliados deram suas vidas em batalhas sangrentas para que a liberdade fosse preservada, e a loucura e a matança tivessem um fim. O que está acontecendo é um desrespeito ao sacrifício de tantos; é covarde e vergonhoso.

Já passou da hora dos países europeus imporem limites aos que acolhem como cidadãos. Imigrantes são convidados, e eu sei bem disso, pois sou um deles. Vivo fora da minha pátria, e procuro respeitar os costumes e as leis de onde estou. Mas não é isso que acontece hoje nesses países que citei. Na Inglaterra, por exemplo, bairros inteiros de Londres e de outras grandes cidades são completamente dominados pelos muçulmanos, que impõem sua própria lei, a sharia, criando zonas onde o Estado não tem mais poder.

Em algumas cidades da Suécia os policiais não entram em alguns bairros muçulmanos, com medo de enfrentar os radicais. A França segue pelo mesmo caminho. Em Israel, onde há dois meses uma sinagoga foi atacada, a resposta do ministro de Segurança, Izthak Aharonovich, foi imediata: facilitar o porte de armas aos cidadãos. Esta é a única maneira de colocar medo nos radicais agressores, pois um cidadão armado não é como um policial, que anda fardado e com a arma exposta; um cidadão de bem armado é sempre uma preocupação para um terrorista, a última coisa que ele quer encontrar pela frente. Policiais são fáceis de se evitar – nenhum atentado terrorista é impedido pela presença de policiais, pois os terroristas esperam que a polícia saia do local, ou escolhem um local longe da presença de forças de segurança. Um cidadão carregando uma arma escondida é impossível de ser evitado.

Como diz o nome de uma canção da banda Metallica, “Fight fire with fire” – combatamos fogo com fogo. Esses radicais já provaram que não aceitam nenhum tipo de diálogo, nenhuma argumentação, humor ou crítica. Ser civilizado não significa abrir mão do poder de fogo na hora da luta, e sim lutar com honra. Não precisamos decapitar pessoas e nem assassinar inocentes para combater os radicais; mas também não podemos achar que o faremos com canetas e conversas. É hora de mostrar e usar a força.

11 de janeiro de 2015
Flavio Quintela
, escritor e tradutor de obras sobre política e filosofia, é autor do livro “Mentiram (e muito) para mim”.

VALENTINA: "NÃO GOSTO DE TODAS AS CHARGES DO CHARLIE. GOSTO DO FATO DE ELAS EXISTIREM".

 

Terrorista bom não é terrorista morto pela razão bastante de não haver terrorista bom. Terrorismo não é resposta a nada pelo fato definitivo de não haver interlocução possível com ele. Ainda que Dilma Rousseff queira dialogar com terroristas, eles não a veem como interlocutora: ela é mulher (bicho tratado como coisa sem vontades, necessidades ou inteligência nos territórios mentais deles), é esquerdista, ateia ou devota de conveniência de nossa senhora de forma geral e é a favor do aborto e do casamento gay.

O antiamericanismo protuberante, o antissemitismo insinuante e a insistência em apoiar o lado criminoso nas pendengas internacionais poderiam credenciá-la ao diálogo se os terroristas, quaisquer deles, buscassem-no. De saída, não reconhecem interlocutores nem entre as diversas facções da insanidade. Na mesma trilha obscura da presidente, são asquerosos os comentários na imprensa meio esquerdista e inteiramente idiota, de cretinoides da intelectualidade, nas redes sociais e até mesmo por aqui “compreendendo que os terroristas cobrem o que os ocidentais fizeram”.

Claro que não se referem à penicilina, ao cinema, ao chocolate ou à internet. E insistem na vigarice de que não se faça o que ninguém está fazendo: não generalizar, a tal da islamofobia e etc. Aproveitam para generalizar as monstruosidades do cristianismo na santa inquisição, fazendo de todos os cristãos seres torpes e ignorantes, sem esquecer de sugerir que todos os cristãos somos pedófilos porque alguns clérigos o são.

Essa gente que renega o iluminismo pelo qual o cristianismo passou, ébria de relativismos obscuros e multiculturalismo ralo e simpatizante do outroladismo onde só há trevas por todos os lados, precisa descobrir que, quando as pessoas são assassinadas, elas morrem e, quando elas morrem, elas ficam mortas e, então, a réplica é inviabilizada por óbvio. Eis aí: o terrorismo não pode ser interpretado como resposta porque ele silencia tudo em volta.

Na comovente conversa entre J.R.Guzzo e Joice Hasselmann na sexta-feira, talvez a melhor até agora da excelente TVeja, o jornalista, lúcido e humano, lamentou a execução do policial ferido quando pedia ajuda. Guzzo afirmou desolado que os terroristas abriram mão de serem seres humanos e teceu um paralelo perfeito entre o nazismo e tal selvageria.

Acrescento que quando se abre mão da própria humanidade confisca-se a humanidade alheia, anula-se a alteridade, caça-se o direito ao outro de simplesmente existir. Exatamente o que os nazistas fizeram com suas vítimas depois de esvaziarem o sentido de humanidade em si mesmos. Naquela conversa, Guzzo também elogiou a nota da presidente. Discordo. Não vale um tostão furado a nota de um governo que financia blogs que atacam a imprensa independente, que deixa para eles o trabalho sujo e inconveniente de atacar o que ela só defende para forjar um álibi.

Repudiou a lista de Cantalice, o assassinato de Santiago Andrade, a asfixia da imprensa na Argentina e na Venezuela? Não, mas colocou no ministério das comunicações o paladino do controle social da mídia. Dilma é uma charge sem graça de si mesma. Não gosto de todas as charges do Charlie, do que gosto mesmo, do que todos que somos alvo dos terroristas islâmicos – a civilização – gostamos é o fato de elas existirem.

Não gostar e expressá-lo pacífica ainda que enfaticamente ou recorrer à justiça fazem parte do equilíbrio com a perfeição possível ensejado na democracia. Isso é diálogo, mediado por leis que regulam direitos e deveres. Os terroristas não suportam essa e as demais qualidades da civilização. Entre elas, a de rirmos do mundo, com o sublime e o grotesco dele. Os fanáticos de Alá são grotescos e é sublime rir deles também.

11 de janeiro de 2015
Valentina de Botas, in Augusto Nunes, Veja

"ISLAMOFOBIA" UMA OVA!

Por que o Ocidente ainda tem de pedir desculpas ao Islã? Ou: Vagabundos morais flertam com o terror.


Volto ao trabalho na segunda, mas antecipo um texto que, dado o que leio por aí, me parece necessário. O terrorismo islâmico sequestrou boa parcela da consciência do Ocidente. Antes que se impusesse por intermédio da brutalidade e da barbárie, seus agentes voluntários e involuntários fizeram com que duvidássemos dos nossos próprios valores. Antes que matassem nossas crianças, nossos soldados, nossos jornalistas, nossos chargistas, nossos humoristas, atacaram, com a colaboração dos pusilânimes do lado de cá, os nossos valores. “Nossos, de quem, cara-pálida?”, perguntará um dos cretinos relativistas do Complexo Pucusp. Os do Ocidente cristão e democrático.
 
Mesmo gozando de merecidas férias, comprometido principalmente com o nascer e o pôr do sol, acompanhei o que se noticiou no Brasil e no mundo sobre o ataque covarde ao jornal francês “Charlie Hebdo”, que deixou 12 mortos na França.
Na nossa imprensa e em toda parte, com raras exceções, a primeira preocupação, ora vejam!!!, era não estimular a “islamofobia”, uma mentira inventada pela máquina de propaganda dos centros culturais de difusão do Islã no Ocidente. Nota à margem: a “fobia” (se querem dar esse nome) religiosa que mais mata hoje é a “cristofobia”. Todo ano, mais ou menos 100 mil cristãos são assassinados mundo afora por causa de sua religião. E não se ouve a respeito um pio a Orientes e Ocidentes.
 
Uma curiosidade intelectual me persegue há tempos: por que cabe ao Ocidente cristão combater a suposta “islamofobia”? Por que as próprias entidades islâmicas também não se encarregam no assunto? Sim, muitas lideranças mundo afora repudiaram o ataque ao jornal francês, mas sugerindo, com raras exceções, nas entrelinhas, que se tratava de uma resposta injusta e desproporcional a uma ofensa que de fato teria sido desferida contra o Islã e o Profeta. E então chegamos ao cerne na questão.
 
Sou católico. As bobagens e ignorâncias que se dizem contra a minha religião — e já faz tempo que o ateísmo deixou de ser um ninho de sábios —, com alguma frequência, me ofendem. E daí? Há muito tempo, de reforma em reforma, o catolicismo entendeu que não é nem pode ser estado. A religião que nasceu do Amor e que evoluiu, sim, para uma organização de caráter paramilitar, voltou ao seu leito, certamente não tão pura e tão leve como nos primeiros tempos, maculada por virtudes e vícios demasiadamente humanos, mas comprometida com a tolerância, com a caridade, com a pluralidade, buscando a conversão pela fé.
 
Não é assim porque eu quero, mas porque é: o islamismo nasce para a guerra. Surge e se impõe como organização militar. Faz, em certa medida, trajetória contrária à do catolicismo ao se encontrar, por um tempo ao menos, com a ciência, mas retornando, pela vontade de seus líderes, ao leito original. Sim, de fato, ao pé da letra, há palavras de paz e de guerra, de amor e de ódio, de perdão e de vingança tanto no Islã como na Bíblia. De fato, também no cristianismo, há celerados que fazem uma leitura literalista dos textos sagrados. E daí? Isso só nos afasta da questão central.
 
Em que país do mundo o cristianismo, ainda que por intermédio de seitas, se impõe pela violência e pelo terror? Em que parte da terra a Bíblia é usada como pretexto para matar, para massacrar, para… governar? É curioso que diante de atos bárbaros como o que se viu na França, a primeira inclinação da imprensa ocidental também seja demonstrar que o Islã é pacífico. Desculpem-me a pergunta feita assim, a seco: ele é “pacífico” onde exatamente?
 
Em que país islâmico, árabe ou não, os adeptos dessa fé entendem que os assuntos de Alá não devem se misturar com os negócios de estado? À minha moda, sou também um fundamentalista: um fundamentalista da democracia. Por essa razão, sempre que me exibem a Turquia como exemplo de um país majoritariamente islâmico e democrático, dou de ombros: não pode ser democrático um regime em que a imprensa sofre perseguição de caráter religioso — ainda que venha disfarçada de motivação política, não menos odiosa, é claro!
 
Cabe às autoridades islâmicas, das mais variadas correntes, fazer um trabalho de combate à “islamofobia”. E a fobia será tanto menor quanto menos o mundo for aterrorizado por fanáticos. Ora, não é segredo para ninguém que o extremismo islâmico chegou ao Ocidente por intermédio de “escolas” e “centros de estudo” que fazem um eficiente trabalho de doutrinação, que hoje já não se restringe a filhos de imigrantes. A pregação se mistura à delinquência juvenil, atraída — o que é uma piada macabra — pela “pureza” de uma doutrina que não admite dúvidas, ambiguidades e incertezas.
Ainda voltarei, é evidente, muitas vezes a esse assunto, mas as imposturas vão se acumulando.
 
Há, sim, indignação com o ocorrido, mas não deixa de ser curioso que a imprensa ocidental tenha convocado os chargistas a uma espécie de reação. Sim, é muito justo que estes se sintam especialmente tocados, mas vamos com calma! O que se viu no “Chalie Hebdo” não foi um ataque ao direito de fazer desenhos, mas ao direito de ter uma opinião distinta de um primado religioso que, atenção!, une todas as correntes do Islã.
 
É claro que um crente dessa religião tem todo o direito de se ofender quando alguém desenha a imagem do “Profeta” — assim como me ofendo quando alguém sugere que Maria não passava de uma vadia, que inventou a história de um anjo para disfarçar uma corneada no marido. Ocorre que eu não mato ninguém por isso! Ocorre que não existem líderes da minha religião que excitam o ódio por isso. Se um delinquente islâmico queima uma Bíblia, ninguém explode uma bomba numa estação de trem.
 
E vimos, sim, a reação dos chargistas, mas, como todos percebemos, quase ninguém se atreveu a desenhar a imagem do “Profeta” — afinal de contas, como sabemos, isso é proibido, não é? Que o seja em terras islâmicas, isso é lá problema deles, mas por que há de ser também naquelas que não foram dominadas pelos exércitos de Maomé ou de onde eles foram expulsos?
 
Tony Barber, editor para a Europa do “Financial Times”, preferiu, acreditem, atacar o jornal francês. Escreveu horas depois do atentado: “Isso [a crítica] não é para desculpar os assassinos, que têm de ser pegos e punidos, ou para sugerir que a liberdade de expressão não deva se estender à sátira religiosa. Trata-se apenas de constatar que algum bom senso seria útil a publicações como ‘Charlie Hebdo’ ou ‘Jyllands-Posten’ da Dinamarca, que se propõem a ser um instrumento da liberdade quando provocam os muçulmanos, mas que estão, na verdade, sendo apenas estúpidos”.
 
Barber é um vagabundo moral, um delinquente, e essa delinquência se estende, lamento, ao comando do “Financial Times”, que permitiu que tal barbaridade fosse publicada. Alguém poderia perguntar neste ponto: “Mas onde fica, Reinaldo, o seu compromisso com a liberdade de expressão se acha que o texto de Barber deveria ser banido do FT?”. Respondo: a nossa tradição, que fez o melhor do que somos, não culpa as vítimas, meus caros. Barber usa a liberdade de expressão para atacar os fundamentos da… liberdade de expressão.
 
Todas as religiões podem ser praticadas livremente nas democracias ocidentais porque todas podem ser igualmente criticadas, inclusive pelos estúpidos. Mas como explicar isso a um estúpido como Barber, um terrorista que já está entre nós?
 
11 de janeiro de 2015
Reinaldo Azevedo

JE SUIS CHARLIE: TARSO, BOFF, TÚLIO MILMAN E VOLTAIRE

          Saiba o que existe de pior na raça humana.

 
Se todos somos Charlie, todos apedrejamos mesquitas na quinta-feira. Todos colocamos a bomba no restaurante árabe da França. Todos berramos slogans islamofóbicos na Europa mal cicatrizada do nazismo.
Nós somos diferentes. Eles também
Jornalista Túlio Milmann, Zero Hora.
CLIQUE AQUI para ler tudo.

Ao contrário do jornalista Túlio Milman, Zero Hora, o ex-governador Tarso Genro e o renegado frei Leonardo Boff (leia nota abaixo) cavalgam a rancorosa posição ideológica de comprometimento com o que existe de pior na raça humana, que é o alinhamento com o ideário marxista, baseado no qual algumas décadas de terror ditatorial subjugaram e assassinaram milhões de seres humanos, como aconteceu na URSS e ainda acontece em Cuba, Coréia do Norte, Vietname e China.
 
. Por isto é possível entender por que razão esse tipo de exemplar atrasado da raça humana, seja capaz de embaralhar o movimento universal de repúdio ao ataque terrorista às liberdades, tentando confundi-lo com apoio explícito ao conteúdo do que expressa a revista francesa Charlie Hebdo.
 
. Tarso e Boff fazem isto por falsidade ideológica, a mesma que justifica a roubalheira do Petrolão e o governo corrupto de Dilma Roussef e do PT, já que roubar, matar, torturar, mentir, corromper, tudo isto se justifica se os fins forem os faróis de todos estes atos abomináveis. Aqui não existe preocupação com escrúpulos. É a elegia do terror e da morte. Não é por outra razão que o ex-deputado João Luiz Vargas compara Tarso ao general Astray. 
 
. O caso do jornalista Túlio Milmann é diferente, porque ao defender a mesma tese, ele faz isto por covardia moral ou porque não entendeu que a consigna Je suis Charlie não significa apoio ao que a revista expressa, mas representa o apoio e o respeito ao contraditório, à liberdade de expressão, ao direito que tem qualquer democrata republicano de defender o que bem entender – de falar e escrever o que bem entender, gostemos ou não.
É isto que garante a própria liberdade de cada um.
 
O que foi profanado em Paris, foi o verdadeiro espírito da república e do estado democrático de direito, expresso por Voltaire nesta frase que não pode ser esquecida:
 
"Não concordo com o que dizes mas defenderei até à morte o teu direito de o dizeres".
 
11 de janeiro de 2015
Políbio Braga

4 comentários:

DK disse...
Será que eu poderia proclamar minha fé em Cristo, o Salvador, em alguma praça no Iraque, no Irã, em algum lugar em que se professa o Islã? Ou mesmo em um lugar fechado, em uma sala de uma casa, e continuar vivo?
Eu entendo, creio e pratico que eles devem poder fazer isso no lugar onde moro, sem restrições; só não compreendo por que o mundo "laico" não defende o meu direito de propagar minha fé onde eles vivem.
Não escrevo isso para mudar o mundo, mas não posso calar minha voz em meio a esse barulho todo.
Se alguém pode ser homossexual e ficar em paz, sem ser incomodado, porque não posso ser cristão?
Anônimo disse...
Se deixarem os muçulmanos tomarem conta da Europa vai haver limpeza étnica contra os não muçulmanos.

Esta religião não aceita outras crenças e matar infiéis não é crime.
É a religião da morte.

Acreditem quem quiser aonde há muçulmanos a genocídios, chacinas e todos os tipos de crueldade contra os humanos.

Eles não aceitam nada além do fanatismo islamico.
Anônimo disse...
O tarso e bofe já eram,nem deviam ser mais notícias.
Anônimo disse...
Políbio, concordo plenamente com você. Mas eu não sou concorde com o Charlie e com esta toda emoção. Uma coisa é a liberdade de expressão e outra é a liberdade da imprensa. Ache que esta havendo confusão. Aqui se eu criticar a imprensa, mon Dieu, vou ser execrado tipo o Bolsonaro. Se eu criticar um chargista, pior vou ser execrado. Semana passado mataram 7 alunos e um professor de uma escola judaica na França e não houve sequer manchete, a midia francesa escondeu nas páginas secundárias. tem um escritor frances. amigo do Juremir que se escafedeu, Houellebecq foi capa da última edição de Charlie Hebdo com seu livro sobre a possível islamização da França até 2022. A troca com terror é impossível. Só resta ao Ocidente eliminá-lo pela força...escreveu e afirmou que a Europa vai se tornar islamita. Morreram como bons soldados, não se acovardaram, coisa que aqui não temos, nem chargistas nem jornalistas com tal coragem.
Joel Robinson

"O PT É UM ESTADO ISLÂMICO TUPINIQUIM", DIZ O HISTORIADOR MARCO ANTONIO VILLA

CAPACITANDO PARA A REVOLUÇÃO

Artigos - Educação

app
 
Dentre as palavras da moda no meio educacional, duas merecem destaque: formação e capacitação. É um tal de forma para lá e capacita para cá sem fim. Quem olha de fora pensa que tudo coopera para o bem da Nação e para um sistema de ensino - público ou privado - de excelência. Porém, é preciso ter cautela e tentar olhar para o que acontece por trás do cenário róseo vendido, mormente para a educação pública.
Formar e capacitar em quê? Para quê? A princípio tais verbos são neutros, não sendo, portanto, lícito extrair daí, de antemão, um juízo de valor laudatório ou depreciativo. De qualquer forma, quando se pensa em tais verbos no âmbito da educação, é quase natural se pressupor que são empregados para fortalecer e melhorar a atuação profissional dos educadores, com vistas a obter melhores pedagogos, professores de português, história, geografia, matemática, etc., mas será que tal pressuposição é correta, será que é isso que acontece na prática?
Com a proximidade do Ano Novo, decidi fazer uma faxina na minha papelada, organizar meus livros e meus armários. Eis que de repente, no meio da bagunça, encontrei um jornalzinho de dezembro de 2012, publicado pela APP-Sindicato - "Sindicato dos(as)Trabalhadores(as) em Educação Pública do Estado do PR".  No jornal li que desde o XI Congresso da APP-Sindicato, conforme a própria entidade sugere, tem se procurado resgatar na seara sindical o estudo sobre pensadores revolucionários, tais como Lênin e Rosa Luxemburgo. Nada que cause espécie, haja vista que a maioria dos sindicatos, ao invés de se dedicarem pura e simplesmente à defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores colocam-se a serviço de um projeto revolucionário de largo alcance. Assim, seria inócuo gastar tinta para dizer a obviedade de que sindicalistas são doutrinados e doutrinam-se mutuamente para promover delírios totalitários. O que aqui se pretende destacar é o fato de tais estudos terem sido inseridos na pauta da formação, a ser dada por meio de cursos, cursos de formação, não só para sindicalistas, mas para todos os que trabalham com educação.
Os cursos de formação e atualização de professores não são nenhuma novidade (v.g. a finada Universidade do Professor, que funcionava em Faxinal do Céu, Pinhão-PR). O que chama a atenção é o que neles tem sido ministrado desde, pelo menos, 2010.
Em 2010, em 2011 e em 2012 a APP-Sindicato realizou cursos de formação[1], que evidenciam uma clara tentativa de politizar a educação, tornando-a um instrumento a serviço da revolução socialista.  
Conforme é possível ler no jornalzinho (cf. foto), ao longo de 2012, a Secretaria de Formação Política Sindical da APP procurou reiterar "a base teórica que orienta as lutas da entidade e buscou aprofundar a reflexão ao retomar o estudo dos principais intelectuais e líderes revolucionários articulado no XI Congresso da APP-Sindicato".
Para tanto, criou-se um curso de Formação (com "F" maiúsculo mesmo) voltado para análise teórico-metodológica de Vladimir Lênin e da ideia de revolução permanente; em suma: capacitação para ser leninista e ou trotksista ("e ou", pois sob a égide do doublethinking tudo vale).  Tais temas, vale dizer, fizeram parte do Curso I, ou seja, havia outros módulos dentro do Curso de Formação de 2012:  Curso II - Educação Sindical; Curso III - Formação em Gênero, Etnia e Diversidade Sexual; Curso IV - Formação Sindical para a Juventude; e Curso V - Cinema Militante[2]. A formação revolucionária, como se vê, é ampla.
Olhando atentamente para os temas abordados nos cursos, é possível perceber que há, de 2010 a 2012, um crescente aprofundamento no discurso ideológico empregado.
Esses cursos de formação fazem parte da Escola de Formação da APP e foram e provavelmente continuarão sendo conduzidos por meio de uma parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), parceria essa que, por si só, indica que os cursos transcendem a esfera sindical e são projetados para atingir todas as pessoas que se dedicam ao ensino. Não são cursos para a formação de sindicalistas.
Doravante, quando alguém lhe disser que está fazendo ou irá fazer um curso de formação promovido pela APP-Sindicato/UFPR você já sabe que o indivíduo está sendo ou será treinado não para educar melhor as próximas gerações, preparando-as para a vida profissional, para a pesquisa, para a liberdade e para a responsabilidade, mas sim que está sendo ou será treinado para fazer da sala de aula um palanque, do quadro-negro um panfleto e, dos filhos do Pátria, soldadinhos da revolução continental.
E ainda há quem diga que não há doutrinação esquerdista nas escolas...
11 de janeiro de 2015
Saulo de Tarso Manriquez
 
Notas:
[1] O materiais dos cursos podem ser visualizados a partir dos seguintes hiperlinks:

 a) 2010 - Curso de Formação: Eixo I - Caderno 1 - Escola e Desigualdade Social;Curso de Formação: Eixo I - Caderno 2 - Capitalismo, Estado e Desigualdade: Impactos na Política Educacional; Curso de Formação: Eixo I - Caderno 3 - A Desigualdade Educacional por Dentro da Escola;
b) 2011 -  Curso de Formação: Eixo II - Caderno 1 - As concepções teóricas, ideológicas e pedagógicas da sociedade e da escola e seus impactos na gestão do Estado; Curso de Formação: Eixo II - Caderno 2 - A Formação do/a Dirigente e a Gestão Democrática - As elaborações e concepções teóricas e pedagógicas para a sociedade e escola no campo da tradição Marxista; Curso de Formação: Eixo II - Caderno 3 - O Modernismo e o Pós Modernismo no contexto do mundo do trabalho e da educação;

c) 2012
- Curso de Formação: Eixo II - Formação Sindical - Caderno 1 - Como funciona a sociedade capitalista | Processo de Consciência da Classe Trabalhadora.
 
[2] A agenda do curso de 2012 pode ser visualizada aqui:
 
 
Saulo de Tarso Manriquez é mestre em Direito pela PUC-PR.