"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

A CARA DO ELEITOR 6

A CARA DO ELEITOR 5

A CARA DO ELEITOR 4

A CARA DO ELEITOR 3

A CARA DO ELEITOR 2



A CARA DO ELEITOR 1

EU


Ando de saco cheio da Razão. E a Razão provavelmente cheia de mim, pois tento acioná-la para entender um mundo incompreensível. 
Qual é essa de um sujeito, no caso eu, ficar dizendo o que acha certo ou errado na paisagem? O cronista, ou colunista, ou comentarista, se empoleira num pódio de opiniões e fica deitando regras.

Afinal de contas, quem sou eu? Fico escrevendo nos jornais, tentando ser relevante, tentando salvar alguma coisa que nem sei o que é?

Mas, no duro, quem é esse cara chamado “eu”? A palavra já me inquieta. O que é o “eu”? O que é essa vozinha que soa de dentro de um organismo para entender o mundo? Quem são esses corpos falantes e opinativos que o tempo atual está transformando em inúteis? Quem fala debaixo dessas duas letrinhas: o Eu? O eu está sem orgulho, sentindo-se inútil. Refletir, para quê? Sem esperança não há filosofia. O único consolo que resta ao “eu” é a acumulação de charmes e ilusões. 

Seria o eu burguês, ou eu Miami. Ou, então, o “eu” como uma espécie de prêmio para quem furar o muro do anonimato. 
Quando aparecer na “Caras”, o “eu” passa a existir. Cada vez mais uma solitária defesa narcísica e, ao mesmo tempo, cada vez menos relevante em meio a massa infinita de “eus”.

O Oriente islâmico já resolveu esse dilema acabando com a ideia absurda de haver “eus”. Eles vivem em uma era pré-psíquica, aquém do eu. Justo ao contrário, querem ser formigas sem diferenças, todas unidas sem medo da morte, sem nada a preservar para si. A absoluta falta de um “eu” explica o homem-bomba, o sujeito que se detona para defender a cabeça coletiva sem pensamentos, sob um céu que lhes premia pelo martírio e pela submissão. Aliás, islã quer dizer “submissão”.

Ali, não há “eus” – só ninguém. Se matam há mais de 1.400 anos para ver quem é mais submisso a Alá. Nada mais delicioso do que a obediência cega. Não há outro; só um grande Eu, em que se agarram bilhões de seres sem desejo ou projeto. 
Seu único projeto é não serem indivíduos. Querem ser um só, sem nenhum desejo de produzir progresso ou futuro. 
Tudo que fazemos aqui tem o alvo da finalidade, do progresso. 
O islã não quer isso. Quer o imóvel, a verdade incontestável. Os fanáticos do islã não querem construir nada. Já chegaram lá. Não há futuro para eles. Já vivem na eternidade.

Aqui, no círculo dos privilegiados, também oscilamos entre a fome de ser especiais e o desejo de ser uma formiga perdida e conduzida por um comandante qualquer. Essa é a base do populismo, hoje em alta.

E, no meio, entre o indivíduo e a massa, respira a liberdade como um bicho sem dono – a liberdade, esta coisa que nos provoca tanta angústia. Que liberdade? Para sermos o quê? 

Que liberdade é essa se a marcha da vida é conduzida pelas “coisas”, pelas leis econômicas e técnicas que estimulam e massacram nossa ilusão de sermos únicos. O homem-bomba matou o Eu. O homens-bomba acabaram com a ideia de vitória, de solução, de esperança. Querem acabar com o indivíduo.

Agora, de uma forma repugnante, a verdade do mundo atual apareceu. Estão irrompendo todas as misérias do planeta, na África, no Oriente Médio, nas periferias da desgraça das cidades, longe do circuito dos países bacanas. Agora a sujeira está voltando em nossas caras, acabando com a sensação de que fomos salvos, excluídos da exclusão.

A grande descoberta dos terroristas do Estado Islâmico foi a mídia. Estão testando nossos sentimentos – nós, que nos pensamos civilizados.

Eles tiveram uma ideia sinistramente genial: em vez de matarem 5.000 desconhecidos em Nova York, eles escolheram o indivíduo, “eu”, o morto antes de morrer, o solitário no vídeo para a degola ou o fogo. 
Eles atacam nosso individualismo, pois todo mundo se identifica com o pobre-diabo diante da morte. Hiroshima nos leva a dizer: “que horror!” – e dormimos em paz. Essas cenas do EI nos fazem pensar: “Já imaginou eu nessa situação?”. Só choramos por nós mesmos.

Agora os terroristas não são mais reativos; são inventivos. Não são mais “consequência” de nada; são a vanguarda de uma nova forma de morte, são a invenção da estupidez fanática da “sharia”, de séculos de ignorância e atraso. 

Osama (esse filho de família milionária, o único eu daquele momento) em minutos mudou nosso futuro e nossa história, que os liberais babacas achavam que tinha chegado a um fim. Como falar em democracia com muçulmanos analfabetos, que desde o século VIII batem a cabeça nas pedras para extirpar qualquer resquício de liberdade, repetindo mantras do Alcorão, enquanto, do outro lado, os monstros-caretas republicanos repetem mantras da bíblia fundamentalista? O mundo atual é comandado pela estupidez, pela desinformação, mesmo informadíssimo pela internet.

Por essas e outras, o eu está cada vez mais ridículo. O “eu” virou um privilégio para poucos.
Está difícil entender os recentes acontecimentos à luz de nosso antigo humanismo, que não esclarece mais nada e nos leva a um beco sem saída. Enquanto as formigas agem, os indivíduos choram passivos.

O pensamento humanista está lamentoso, tristinho, queixoso de tanto absurdo, tanto na guerra internacional como no tráfico, por exemplo. 
Estamos desiludidos de uma grande ilusão. De que adiantam o lamento, o escândalo? Como falar em compaixão ou afeto a propósito de um menino de 13 anos que decepa a cabeça de um colega com um machado? Ou dos decapitados em fila?

O “eu” dos intelectuais está sendo humilhado. Há um grande desânimo de pensar, de escrever, de análises sobre algo morto.

Não queríamos ver nossa miséria, que hoje apareceu armada. E agora é tarde demais. Acabou o sonho de um futuro harmônico, seja socialista ou liberal. E eu, afinal de contas, de onde escrevo isso? Para quê? Quem me lê e quem vai mudar? Como? Ninguém sabe. O século XXI vai ser uma bosta mesmo.

Por isso, só me resta a letra de Cole Porter: “O que devo tomar? Champanhe ou cianureto?”.


25 de agosto de 2015
Arnaldo Jabor

A INEVITÁVEL GUERRA NA AMÉRICA DO SUL

Passada a vontade de fazer brincadeiras com as loucuras ditas por Evo Morales a respeito de "invadir o Brasil", torna-se necessário levar a sério algumas coisas que começam a acontecer na América do Sul. 

O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro e a louca que governa a Argentina, Cristina Kirchner, somaram suas vozes àquela de Morales: falam em "defender Dilma" de armas em punho e oferecem seus exércitos para fazê-lo (se assim for necessário)

Tais afirmações são graves, não tem graça alguma e devem, de fato, ser levadas EXTREMAMENTE A SÉRIO pelas Forças Armadas do Brasil.
Em 2013, o Exército Brasileiro era considerado o segundo maior da América Latina (perdendo apenas para a Colômbia).

Apesar disso, são deploráveis as condições de treinamento e manutenção da tropa com frequentes medidas de redução de contingente e meio-expediente nos quartéis. 

A FAB (Força Aérea Brasileira) é uma das mais sucateadas do mundo e voa, ainda, com F5 - um avião da época da Guerra do Vietnam. 
Sobre a Marinha, pouco resta dizer que seja melhor.

Mais de uma vez escrevi que é inevitável a saída do PT do Poder. Se isso vai acontecer através de impeachment, renúncia ou intervenção militar, não interessa: interessa o papel, que mais de uma vez eu reforcei, da Desobediência Civil.

Os brasileiros precisam tomar as ruas do país. Precisam sair numa manifestação (como a de sete de setembro) e não ter mais horário para voltar para casa. 

É necessário PERMANECER nas ruas. Aos que dizem que vão levar "falta no trabalho" respondo que não precisam se preocupar: em breve não vai mais haver trabalho algum para faltar.

Voltando a situação geopolítica (tema que deu origem a este texto) saliento que os Estados Unidos sabem da união da esquerda na América Latina em defesa do PT e levam, eles também, extremamente a sério a hipótese de uma guerra continental.

Tudo isto está acontecendo em frente aos nossos olhos, está passando despercebido ou, quando percebido, não é levado a sério.

Uma guerra na América do Sul em defesa do Regime Petista configura-se, cada vez mais, como inevitável.



25 de agosto de 2015
Milton Pires

VENTOS NADA FAVORÁVEIS

As fortíssimas turbulências que atingem o mercado de ações chinês podem ajudar a empurrar mais rápido para baixo a economia da China e, com isso, tornar mais lenta a recuperação econômica global, sobretudo no lado dos países emergentes, Brasil incluído. Para tentar entender onde essa história pode acabar, contudo, é preciso separar o que ocorre nos pregões das bolsas chinesas com o que se passa na economia real. Embora sejam ambos movimentos de correção de excessos, cada um obedece a uma dinâmica própria.

Nas bolsas, há o estouro de uma bolha de ativos, alimentada pelo excesso de liquidez financeira. Na economia, opera uma pressão para baixo, provocada pelo excesso de capacidade instalada, em relação à demanda existente. Combinados, os dois eventos em marcha confirmam antigas suspeitas de que a corda da segunda maior economia do mundo, responsável por suavizar o crash de 2008, pela explosão de demanda por commodities, estava esticando demais.
A China, locomotiva que puxou o trem da economia mundial, no período recente mais crítico de contração global, agora resfolega. 

Apesar do todo o mistério e as consequentes incertezas que envolvem as informações econômicas chinesas, o caso do mercado de ações parece replicar roteiros clássicos. Estimulados por uma política monetária frouxa, de juros baixos, que assegurava farta liquidez aos mercados, os investidores recorreram a financiamentos para aplicar em ações de empresas cotadas em bolsa, na expectativa de saldar as obrigações contratadas com parte do retorno prometido pelos papéis. Faltou, porém, 
combinar com a demanda e a frustração dos lucros desencadeou uma onda de venda de ativos. 

No ano, até maio, a bolsa chinesa atraiu mais de 30 milhões de novos investidores, registrou alta de 60% no ano e dobrou seus ganhos nos 12 meses encerrados em maio, descolando-se dos fundamentos da economia. A volta do parafuso foi tão acelerada e profunda quanto o movimento inicial no sentido inverso. Com o recuo desta segunda-feira, o maior para um único pregão desde 2007, o índice composto da Bolsa de Xangai voltou ao nível de janeiro.

Esse movimento de ajuste no mercado financeiro é compatível com a perda de ritmo da economia chinesa. Desde o pico de 2010, a desaceleração é evidente. O crescimento recuou de 10,5%, naquele ano, a 7,4%, em 2014, e a tendência é furar para baixo a linha dos 7%, apesar dos esforços do governo chinês para evitar que isso ocorra. 
De janeiro a julho deste ano, exportações e importações recuaram mais de 8,5% e as imensas reservas cambiais chinesas encolheram de US$ 3,99 trilhões para US$ 3,65 trilhões. Num sinal de fraqueza da demanda, o índice de preços ao produtor, em queda há 42 meses, registrou em julho contração recorde de 5,4%. Tudo considerado, a desvalorização do yuan, que soma 5%, tem espaço para chegar a 10%.

As reações dos mercados às hesitações da economia chinesa mostram o que estará em jogo se o estado de desaceleração, como previsto, se tornar permanente na China. Em primeiro lugar, as cotações de commodities tendem a recuar ainda mais, trazendo dificuldades adicionais à obtenção de divisas pelos países exportadores – as receitas de exportação encolherão tanto pela redução da quantidade vendida quanto pelos preços em queda ou pelo pior dos mundos de queda em ambos. 

Depois, é fácil prever um acirramento da competição no comércio internacional, com um movimento generalizado de desvalorização de moedas frente o dólar, ainda que o Federal Reserve decida adiar o início da normalização da política de juros, nos EUA.

Para a economia brasileira, os ventos que agora sopram da China não são nada favoráveis. As tendências de desvalorização do real ante o dólar e da alta do CDS Brasil – uma tradução do aumento da percepção de risco da economia brasileira –, que vieram na sequência da derrubada da bolsa chinesa, são um indicativo de que as dificuldades do reequilíbrio da economia ficaram ainda maiores
.

25 de agosto de 2015
José Paulo Kupfer

NO COLO DE QUEM DILMA VI ACORDAR AMANHÃ?

Há dez dias o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, negou liminar (decisão provisória) para a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso, que tentava anular a votação da Câmara dos Deputados das contas dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Itamar Franco.

Assim Luís Roberto Barroso fixou que as contas do governo devem ser analisadas pelo Congresso Nacional, em sessão conjunta de deputados e senadores. Segundo o ministro, a apreciação das contas não pode ocorrer separadamente, na Câmara dos Deputados ou no Senado.
Eis o que relatou Barroso:

“Decorre do sistema constitucional a conclusão de que o julgamento das contas do Presidente da República deve ser feito pelo Congresso Nacional em sessão conjunta de ambas as Casas, e não em sessões separadas. Essa compreensão, longe de invadir matéria interna corporis do Parlamento, constitui fixação do devido processo legislativo em um de seus aspectos constitucionais mais importantes – a definição do órgão competente para o julgamento das contas anuais do Presidente da República –, matéria sensível ao equilíbrio entre os Poderes e da qual o Supremo Tribunal Federal, como guardião da Constituição não pode se demitir.”

Ou seja: Dilma está, agora, nas mãos de Barroso e nas mãos de Renan.
Não bastasse isso: nesta segunda-feira vazou uma frase de Michel Temer: “"Eu acho que o meu problema foi ter sido honesto demais. Ensaiei aquela fala, porque sabia da sua importância e não queria errar. Meu objetivo era fazer um chamamento pela unidade do país…o Brasil precisava de alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos".

Óbvio: no PT, lê-se que o PMDB deu uma pernada de anã em Dilma para que ela caísse…no colo do PMDB!

Nesta segunda-feira presidentes de diretórios estaduais do PMDB preparam uma carta aberta a Temer pedindo que ele abandone imediatamente a articulação política do governo Dilma Rousseff. Os pemedebistas também querem deixar a base do governo.

Sabem o que vai acontecer? Aquilo que o pessoal da CUT (a parcela letrada) gostava de le rem Rosa Luxemburgo, quando esta previs o suposto fim do capitalism: revolução estrutural, ou seja: colapso, entropia, o fim, o armagedon, o diabo.

Sobre Renan e Cunha, tenho em ambos aquilo a que definiu bem o poeta E. E. Cummings, “Um político é uma bunda sobre a qual todo mundo sentou, menos ser humano. (in CUMMINGS, E. E. 1x1. New York: Harcourt-Brace, Jovanovich, 1944).

Sobre Temer: é um homem honrado.
Temer é o que sobrou daquele PMDB clássico: a porosidade social, a capilaridade política.
O PMDB comandava, via Temer, o que sempre soube fazer de melhor: a relação com prefeituras. É um dote velho dos pemedebistas.

Lembrem-se que Quércia foi quem inventou as frentes municipalistas. Elas fizeram do partido o mais forte do Brasil (Luiz Fernando de Souza, o Pezão, o mais novo arauto do municipalismo, vem de uma terra carioca de ninguém, obscuro município de Piraí).

O PMDB aprendeu a resistir a ditadura e a gerenciar o poder depois que ela acabou. Irrigou a democracia dominando nos bairros, nos rincões.
Lembre-se: o PMDB saiu das eleições de 2014 como o maior partido do país em Estados administrados. Dispõe também do maior número de municípios e de parlamentares no Congresso Nacional; emplacou sete governadores, a maior quantidade entre as nove legendas que elegeram governantes no ano passado. Em 2012, lembre-se também, o PMDB fez o maior número de prefeitos (1.019 ao todo).

Essa estrutura o PT perdeu. Dilma ping pong vai de mão em mão. No colo de quem Dilma vai acordar amanhã?

25 de agosto de 2015
Claudio Tognolli

CAROÇO NO ANGU

Na última sexta-feira, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Gilmar Mendes fez questionamentos muito pertinentes a respeito da campanha que reelegeu a presidente Dilma Rousseff. Diante de tantas e tão substanciais denúncias de que essa campanha recebeu recursos ilícitos, oriundos do esquema de corrupção que predou a Petrobrás e envolveu as principais empreiteiras do País, Gilmar encaminhou despacho à Procuradoria-Geral da República solicitando que essas suspeitas sejam devidamente investigadas.

Não se trata, como querem fazer ver os petistas, de condenar previamente os responsáveis pela campanha do partido nem tampouco a presidente da República, sobre cuja honestidade, ao menos até agora, não pairam dúvidas. Trata-se simplesmente de esclarecer as crescentes desconfianças sobre como o PT financiou a reeleição de Dilma.

Os petistas, é claro, argumentam que o TSE já aprovou as contas da campanha e afirmam que qualquer tentativa de revê-las configura “golpe”. É assim que eles se referem às ações movidas pela coligação do candidato derrotado Aécio Neves (PSDB) na Justiça Eleitoral para impugnar o mandato de Dilma e de seu vice, Michel Temer.

Essa aprovação do TSE, no entanto, se deu antes que fatos apurados no âmbito da Operação Lava Jato, relativos à campanha de Dilma, se tornassem de conhecimento público. “Se muitos de nós soubéssemos o que sabemos agora, nem teríamos acompanhado o relator que aprovou as contas com ressalvas”, disse o ministro Luiz Fux no último dia 13, na sessão do TSE que retomou a votação sobre a reabertura de uma das ações dos tucanos contra Dilma, arquivada no início do ano porque, segundo se concluiu na época, faltavam provas.

No novo debate no tribunal, Mendes lembrou que a Justiça eleitoral “não pode ficar indiferente” às revelações recentes. “A obrigação do TSE é evitar a continuidade desse projeto, por meio do qual ladrões de sindicato transformaram o País num sindicato de ladrões”, disse o ministro. E ele acrescentou: “Os fatos são de gravidade tamanha que fingir que eles inexistem é um desrespeito à comunidade jurídica. Falar isso e voltar para casa faz com que nós nos sintamos com vergonha de olharmos no espelho”. A sessão foi suspensa por um pedido de vista feito por Fux e não tem data para ser retomada, mas ficou evidente que a situação mudou – e requer ampla investigação.

Pouco mais de uma semana depois, Mendes enviou despacho à Procuradoria-Geral, indicando haver, em sua opinião, “potencial relevância criminal” na campanha petista. As suspeitas são múltiplas: o partido teria usado dinheiro da Petrobrás; teria financiado, de forma irregular, sites dedicados a fazer propaganda do governo e a denegrir a imagem dos opositores; teria fraudado a prestação de contas da campanha; e teria mascarado, na forma de doações legais, o pagamento de propinas.

As contas da campanha de Dilma foram aprovadas em dezembro de 2014 com ressalvas, mas por unanimidade – todos os ministros do TSE acompanharam o voto do relator, que era o próprio Mendes. A esse respeito, o ministro diz, em seu novo despacho, que somente agora vieram a público “os relatos de utilização de doação de campanha como subterfúgio para pagamento de propina”, razão pela qual é preciso aprofundar as investigações.

É bom enfatizar que as diversas suspeitas sobre o financiamento da campanha de Dilma não foram inventadas pela oposição; elas são fruto de delações de alguns dos principais operadores do petrolão, feitas formalmente à Justiça. Se nada devem, os petistas deveriam ser os maiores interessados no pleno esclarecimento dessas denúncias.

Mas não. Eles preferem manifestar indignação e vincular as acusações a interesses subterrâneos de “golpistas”, desqualificando qualquer investigação. E tentam confundir a opinião pública dizendo que todos os partidos receberam doações das empreiteiras suspeitas de participar do petrolão – embora, como se sabe, só o PT, o PP e o PMDB tivessem “operadores” na estatal. Agindo assim, os petistas, Dilma inclusive, muito contribuem para aumentar a desconfiança de que, como se diz no popular, debaixo desse angu tem caroço.



25 de agosto de 2015
Estadão

COLLOR NO SENADO DENUNCIA ARBITRARIEDADES DA EQUIPE DE JANOT



Collor exibiu vídeo e citou processos contra Janot no TCU
O senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL) subiu nesta segunda-feira (24) à tribuna do Senado e criticou a atuação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na condução das investigações contra políticos na Lava Jato.
O discurso desta segunda-feira foi a primeira declaração pública de Collor após a apresentação da denúncia contra ele. O ex-presidente da República chamou Janot de “figura tosca” e o acusou de “arbitrariedade” na denúncia.
Collor voltou a reclamar por não ter sido ouvido pelos investigadores antes de a denúncia ter sido apresentada ao STF. Ele também chamou o procurador-geral da República de “sujeitinho à toa” e de “fascista da pior extração”.
“Há meses venho denunciando o perfil dessa figura tosca de Janot. A começar pelos sucessivos vazamentos de informação que correm em segredo de Justiça. (…) Até hoje, sequer fui ouvido para esclarecer mentiras e embustes politicamente arquitetados pelo senhor Janot. Meu depoimento foi marcado e por duas vezes desmarcado, na véspera dos mesmos”, disse Collor. “Não poderia deixar de trazer essa incoerência e arbitrariedade do procurador-geral da República. (…) Depois de tanto arbítrio, onde foi parar o direito de ampla defesa? Onde foi parar o contraditório? E a presunção de inocência?”, completou.
Esta não é a primeira vez que Collor utiliza a tribuna do Senado para realizar uma crítica a Janot. No último discurso, o senador xingou o procurador-geral.
VÍDEO DA INVASÃO
Collor transmitiu no plenário um vídeo que mostra o momento em que autoridades dizem cumprir mandado de busca e apreensão em seu apartamento funcional.
Durante a Operação Politeia, deflagrada em julho na Lava Jato, a Polícia Federal, autorizada pelo STF, cumpriu mandados de busca e apreensão nos imóveis de Collor. O senador classificou a medida como “invasiva e arbitrária”. Segundo ele, as autoridades se recusaram a mostrar o mandado de busca e trancaram a porta do apartamento depois de arrombarem.
Após criticar a ação da PF e da PGR, Collor disparou: se assim agem em relação a um representante da população, nas dependências do Senado da República, imaginem o que não fizeram nas minhas outras residências a mando do senhor Janot?”.
DENÚNCIAS CONTRA JANOT
O senador lembrou que apresentou à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), com cópia para todos os senadores, informações que não constavam do processo de indicação de Janot, entre elas, denúncias contra o procurador-geral por improbidade administrativa, abuso de poder e indução, autopromoção e desperdício de dinheiro público. A CCJ sabatina Janot na próxima quarta-feira (26).
Também foram destacadas por Collor duas ações de fiscalização e controle contra Janot, que tramitam no Tribunal de Contas da União (TCU), sobre a contratação sem licitação de empresa de publicidade e o aluguel milionário de uma mansão no Lago Sul em Brasília.

25 de agosto de 2015
Deu na Jovem Pan

YOUSSEF AVISA QUE OUTRO DELATOR VAI ENTREGAR PALOCCI E DILMA


O doleiro Alberto Youssef durante acareação na CPI da Petrobras, na Câmara dos Deputados
Youssef disse que não tem por que proteger Lula
Em acareação com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef negou nesta terça-feira (25/8) que esteja protegendo em sua delação premiada o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Não estou protegendo Lula, não o conheço, não tenho por que protegê-lo”, declarou.
Youssef disse hoje que não se lembrava de ter citado na delação premiada o ex-presidente no episódio envolvendo a agência de publicidade Muranno Marketing Brasil. À Justiça Federal, o doleiro afirmou que Lula teria dado uma ordem em 2010 ao então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, para que ele resolvesse uma pendência com a agência de publicidade suspeita de integrar o esquema de corrupção na Petrobras.
Sobre o episódio, Costa disse à CPI que foi chamado por Gabrielli para resolver um problema da Muranno e que acionou Youssef para buscar uma solução. Costa afirmou que desconhecia ser um pedido de Lula.
VEM UMA BOMBA AÍ…
Um dos destaques da acareação até o momento foi quando Youssef disse desconhecer o ex-ministro Antônio Palocci, mas afirmou que um outro delator ainda vai esclarecer o suposto pedido feito pelo petista por recursos provenientes de propina para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010.
“Vou me reservar ao silêncio porque existe uma investigação nesse assunto do Palocci e logo vai ser revelado”, respondeu. Costa reiterou que o repasse foi feito.

YOUSSEF REPETE QUE DILMA E LULA SABIAM DA CORRUPÇÃO NA PETROBRAS



CPI da Petrobras tem acareação do doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa
Costa e Youssef são acareados na CPI da Petrobras
















O doleiro Alberto Youssef afirma acreditar que a presidente Dilma Rousseff tinha conhecimento do suposto esquema de desvios na Petrobras. A declaração foi dada por Youssef em acareação realizada nesta terça-feira (25) na CPI da Petrobras entre ele e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Ao responder a pergunta do deputado André Moura (PSC-SE), Costa e Youssef fizeram afirmações diferentes. Citando o período em que a presidente Dilma esteve à frente do conselho administrativo da Petrobras, Moura questionou se seria razoável que a chefe do grupo de administração da estatal não soubesse do esquema.
“No meu entendimento, quando Paulo Roberto Costa, nas discussões e brigas do partido, pedia sinal do Palácio do Planalto,.. ela tinha conhecimento”, afirma Youssef.
Costa foi mais evasivo. “Nunca conversei com ela especificamente sobre esse tema. Mas não posso afirmar uma coisa que não tenho conhecimento”, afirmou o ex-executivo da Petrobras.
É ISSO, DISSE YOUSSEF
Questionado pelo mesmo deputado se quando Costa pedia sinalização para poder colocar em prática o suposto esquema na Petrobras seria porque ele tinha sinalização do Palácio do Planalto, seja na figura do ex-presidente Lula, seja de Dilma, o doleiro reforçou sua resposta. “É isso”, disse Youssef.

O doleiro e Costa entraram em contradição ao responder sobre supostos repasses para os senadores Valdir Raupp (PMDB-RO), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), e a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB). Costa confirmou que todos receberam pagamentos de valores supostamente desviados da Petrobras.
“Valdir Raupp estava numa tabela, foi pago um valor a ele. A parte da senador Gleisi, existe uma conta aqui de quem pediu, quem não pediu, mas o valor foi efetuado, o Alberto mandou pagar para ela. Em relação à Roseana, foi pago também, foi confirmado que foi pago. E o senador Lindbergh a mesma coisa”, alegou Costa.
Youssef contestou a informação dada por Costa quanto ao suposto pagamento feito a Roseana e Lindbergh. “Quanto a questão Roseane e Lindbergh. Não efetuei nenhum pagamento a essas pessoas. Não foi através de mim, foi o Paulo Roberto que fez esses pagamentos. Acredito que ele esteja equivocado. Quanto a questão Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, eu fiz o pagamento, eu efetuei o pagamento a pedido do Paulo Roberto. Quanto a questão do Valdir Raupp foi também um pedido do Paulo Roberto para que eu fizesse esse pagamento”, afirmou Youssef.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nada de novo. O doleiro Yousseff sempre afirmou que Dilma e Lula tinham conhecimento da corrupção na Petrobras, que era um esquema que vinha de cima. Agora, Youssef apenas confirmou o que já havia dito, reforçando a necessidade de impeachment. (C.N.)

25 de agosto de 2015
Marcel Frota
iG Brasília

CRISE DA CHINA LEVA EQUIPE ECONÔMICA AO DESESPERO





A crise detonada pela China, que arrasou os mercados na segunda-feira, mostrou que o que está ruim no Brasil poder ficar pior. Técnicos confiáveis do governo já admitem que a esperada desaceleração da economia mundial agravará a recessão do país, com a queda do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano se aproximando dos 3% e o desemprego caminhando mais rapidamente para os 10%. O quadro desastroso se completará com a alta da inadimplência, movimento que tenderá a ficar mais forte a partir de setembro.
Tanto no Banco Central quanto no Ministério da Fazenda, o clima ontem foi de apreensão. Auxiliares de Alexandre Tombini e de Joaquim Levy lamentavam o fato de o Brasil estar tão frágil num momento em que o mundo caminha para tempos turbulentos.
Para eles, mesmo que o consenso não seja de um tombo espetacular da China, o fato de a segunda economia do planeta estar rateando já será suficiente para ampliar a onda de desconfiança que provoca estragos nas economias emergentes.
BRASIL SEM RUMO
Como bem definiu um dos técnicos do governo, além de não fazer o dever de casa na economia, o Brasil irradia para os investidores a imagem de um país sem rumo. A cada dia, a presidente Dilma Rousseff destrói o pouco que lhe resta. Agora, acabou de abrir mão de Michel Temer da articulação política. O vice-presidente, de alguma forma, vinha dando sobrevida à petista ao manter o PMDB minimamente unido para garantir a governabilidade.
Na avaliação dos investidores, se, com Temer segurando as rédeas dos peemedebistas, já estava difícil para o governo aprovar, no Congresso, medidas que pudessem garantir o cumprimento das metas fiscais deste ano e de 2016, tornou-se quase impossível isso acontecer sem o compromisso de apoio de uma parcela importante do partido. É por isso que os analistas atribuem a maior parte do desastre brasileiro aos problemas internos — todos, ressalte-se, oriundos do Palácio do Planalto.
LEVY DE SAÍDA?
A capacidade do governo de criar ruídos é tamanha, que, não bastasse abrir mão da articulação política de Temer, o Palácio estimulou ruídos sobre uma possível saída de Levy do Ministério da Fazenda. A boataria foi tão forte que implodiu os sinais de recuperação que a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) esboçou no meio do dia. O ministro teve que passar pelo vexame de dizer que está firme no cargo, quando todos sabem que ele está cada vez mais isolado e colecionando uma série de derrotas em projetos considerados vitais para a arrumação das contas públicas.
“Não há dúvidas de que os problemas enfrentados pela China provocam turbulências e podem ter consequências para a economia. Mas a fragilidade do Brasil se deve a problemas criados no país. A economia está mal e a crise política aumenta a vulnerabilidade”, afirma Evandro Buccini, economista-chefe da Rio Bravo Investimentos. “Infelizmente, o Brasil não fez o dever de casa para sair do grupo dos piores. E isso se torna um problema maior quando o mundo não vai bem”, acrescenta.
25 de agosto de 2015
Vicente Nunes
Correio Braziliense


TSE RETOMA HOJE O PROCESSO DE CASSAÇÃO DE DILMA E TEMER



Fux sinalizou que vai votar a favor
O plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) volta a julgar nesta terça-feira uma das quatro ações na Corte que pedem a cassação do mandato da presidente Dilma Rousseff e de seu vice, Michel Temer. Protocolada em janeiro pela Coligação Muda Brasil, cujo candidato era o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a ação foi retomada há cerca de dez dias e suspensa na sequência após um pedido de vista do ministro Luiz Fux.
Na sessão de hoje, os ministros voltam a discutir se um dos processos de investigação da campanha eleitoral da petista deve prosseguir na Corte. Inicialmente, o caso foi arquivado pela ministra Maria Thereza de Assis Moura. Para ela, a ação de impugnação de mandato proposta pelos tucanos se baseia em “ilações e acusações genéricas”. No último dia 13, contudo, os ministros Gilmar Mendes e João Otávio de Noronha votaram a favor da continuidade do processo.
ABUSO DE PODER
O PSDB acusa a chapa Dilma-Temer de usar estruturas públicas para promover a campanha, aponta abuso de poder econômico ao listar gastos acima do limite previsto e afirma que propinas oriundas do esquema de corrupção na Petrobras podem ter sido misturadas às doações oficiais.
No voto pela abertura da investigação, o ministro Gilmar Mendes afirmou que é preciso esclarecer se houve lavagem de dinheiro por meio de doação eleitoral.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – São sete ministros. Dois votaram a favor de prosseguir o processo – Gilmar Mendes, do Supremo, e João Otávio Noronha, do STJ e corregedor do TSE. Hoje, vota Luiz Fux, do Supremo, que deve acompanhar os outros dois. O placar fica 3 a 1, faltando três votos. Se apenas um dos três ministros restantes se manifestar a favor, o processo da cassação de Dilma e Temer vai prosseguir, acredite, se quiser.(C.N.)
25 de agosto de 2015
Deu em O Tempo