"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

NO COLO DE QUEM DILMA VI ACORDAR AMANHÃ?

Há dez dias o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, negou liminar (decisão provisória) para a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso, que tentava anular a votação da Câmara dos Deputados das contas dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Itamar Franco.

Assim Luís Roberto Barroso fixou que as contas do governo devem ser analisadas pelo Congresso Nacional, em sessão conjunta de deputados e senadores. Segundo o ministro, a apreciação das contas não pode ocorrer separadamente, na Câmara dos Deputados ou no Senado.
Eis o que relatou Barroso:

“Decorre do sistema constitucional a conclusão de que o julgamento das contas do Presidente da República deve ser feito pelo Congresso Nacional em sessão conjunta de ambas as Casas, e não em sessões separadas. Essa compreensão, longe de invadir matéria interna corporis do Parlamento, constitui fixação do devido processo legislativo em um de seus aspectos constitucionais mais importantes – a definição do órgão competente para o julgamento das contas anuais do Presidente da República –, matéria sensível ao equilíbrio entre os Poderes e da qual o Supremo Tribunal Federal, como guardião da Constituição não pode se demitir.”

Ou seja: Dilma está, agora, nas mãos de Barroso e nas mãos de Renan.
Não bastasse isso: nesta segunda-feira vazou uma frase de Michel Temer: “"Eu acho que o meu problema foi ter sido honesto demais. Ensaiei aquela fala, porque sabia da sua importância e não queria errar. Meu objetivo era fazer um chamamento pela unidade do país…o Brasil precisava de alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos".

Óbvio: no PT, lê-se que o PMDB deu uma pernada de anã em Dilma para que ela caísse…no colo do PMDB!

Nesta segunda-feira presidentes de diretórios estaduais do PMDB preparam uma carta aberta a Temer pedindo que ele abandone imediatamente a articulação política do governo Dilma Rousseff. Os pemedebistas também querem deixar a base do governo.

Sabem o que vai acontecer? Aquilo que o pessoal da CUT (a parcela letrada) gostava de le rem Rosa Luxemburgo, quando esta previs o suposto fim do capitalism: revolução estrutural, ou seja: colapso, entropia, o fim, o armagedon, o diabo.

Sobre Renan e Cunha, tenho em ambos aquilo a que definiu bem o poeta E. E. Cummings, “Um político é uma bunda sobre a qual todo mundo sentou, menos ser humano. (in CUMMINGS, E. E. 1x1. New York: Harcourt-Brace, Jovanovich, 1944).

Sobre Temer: é um homem honrado.
Temer é o que sobrou daquele PMDB clássico: a porosidade social, a capilaridade política.
O PMDB comandava, via Temer, o que sempre soube fazer de melhor: a relação com prefeituras. É um dote velho dos pemedebistas.

Lembrem-se que Quércia foi quem inventou as frentes municipalistas. Elas fizeram do partido o mais forte do Brasil (Luiz Fernando de Souza, o Pezão, o mais novo arauto do municipalismo, vem de uma terra carioca de ninguém, obscuro município de Piraí).

O PMDB aprendeu a resistir a ditadura e a gerenciar o poder depois que ela acabou. Irrigou a democracia dominando nos bairros, nos rincões.
Lembre-se: o PMDB saiu das eleições de 2014 como o maior partido do país em Estados administrados. Dispõe também do maior número de municípios e de parlamentares no Congresso Nacional; emplacou sete governadores, a maior quantidade entre as nove legendas que elegeram governantes no ano passado. Em 2012, lembre-se também, o PMDB fez o maior número de prefeitos (1.019 ao todo).

Essa estrutura o PT perdeu. Dilma ping pong vai de mão em mão. No colo de quem Dilma vai acordar amanhã?

25 de agosto de 2015
Claudio Tognolli

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