"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A INJUSTA ÁRVORE DE NATAL

Recebi agora, urgente, para somar à postagem anterior. Segundo os boêmios do Botequim do Terguino, nesta semana foram montadas muitas árvores, no Congresso Nacional, primeiro, logo em Câmaras de Deputados e Assembléias Legislativas de todo o País.
Deixa assim, não vamos misturar charges com fotos. Vai aqui, em separado. Eu acrescentaria empreiteiras, a consultoria do gato Palocci, gabinetes de alguns governadores, eikes, itaús, tantos, por aí...
Mas é impossível não observar que os amigos, ao enviarem, declaram que andaram bebendo. Ora, o tadinho do bichano, se tem a mão ligeira é somente para o básico sustento, surripiar uma cabeça de peixe, um resto, uma refeiçãozinha qualquer.
Outra coisa são aqueles elementos que roubam do seu País, das suas crianças (não das deles, que julgam melhores que as nossas), brutais seres que envergonham a raça humana.
De todo modo, miremos. Lindos!


27 de novembro de 2013
salito
in ainda espantado
 
 

O HUMOR DO JOTAPÊ


 
27 de novembro de 2013

O HUMOR DO NANI



27 de novembro de 2013

O HUMOR DO J.BOSCO


 
27 de novembro de 2013

CÂMARA DECIDE CASSAR ZÉ GENOÍNO NA TERÇA-FEIRA

 

Conformado com o laudo que não vê necessidade de pedido de aposentadoria por invalidez, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB) disse que espera que seja instalado na terça o processo que vai encaminhar o pedido de cassação do mandato do deputado federal José Genoino, condenado por corrupção no julgamento do Mensalão.
Avisou o presidente: "Na terça-feira, a Mesa vai se reunir para isso. É o provável se iniciar o processo, mas a Mesa é quem vai decidir. No momento, não haveria condições de aposentar por invalidez, pediram mais 90 dias".
A comissão que tomará decisão é formada por sete deputados - dois são do PT. Se for iniciado, processo será levado à CCJ e depois ao plenário, para passar por votação aberta.
 
27 de novembro de 2013
Políbio Braga

A ESPERTEZA DA GESTÃO AMADORA

Pacto é a arte de ter um discurso e socializar o prejuízo

A modalidade de gestão adotada pela presidente Dilma Rousseff desde junho, quando percebeu que as ruas estavam atentas à ineficiência do serviço público e precisava dar uma meia volta às consequências eleitorais disso, é surrada e não tem dado certo no Brasil ao longo dos tempos. Foi se desgastando, provavelmente porque a ela os governos recorreram em demasia quando se encontravam em impasse e queriam fazer algum barulho para demonstrar ação. E para transferir responsabilidades, claro. São os pactos.

O grupo que for convidado a sentar-se à mesa e assinar o papel deve colocar as barbas de molho. Será o culpado mais adiante se os problemas não forem resolvidos, e geralmente não são. Pactos não têm esse poder, muito menos com a rapidez exigida. São próprios para se ganhar tempo. Mas, nos casos aplicados aqui, até se chegar ao fim a cena já terá sido filmada e produzida com requinte para a propaganda. Os pactos atuais têm sido uma estratégia eficaz do grupo de propaganda eleitoral do governo.
O pacto da responsabilidade fiscal, o último deles, firmado com o conselho político do governo, formado por líderes dos partidos da aliança, é o tipo do pacto para desviar bem desviada uma responsabilidade.

Há meses o público acompanha a curva descendente do equilíbrio fiscal do governo e a discussão, que ecoa na avaliação de investidores sobre a incapacidade de uma gestão amadora recuperar-se, fazer o superávit, arrumar suas contas, parar de gastar de forma perdulária. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S.Paulo apontou que a presidente Dilma Rousseff - ou seja, o Executivo - enviou, só este ano, ao Congresso, na forma de medidas provisórias, gastos com impacto nas contas públicas de R$ 96,3 bilhões neste e nos próximos anos, valor que embute despesas em relação ao previsto e renúncia de arrecadação.

Multiplicam-se e não param de surgir truques e maços de verbas tirados da cartola para cobrir despesas já feitas, como demonstrou recente relatório de avaliação de despesas e receitas relativo ao 5º bimestre, divulgado na última sexta-feira. O jornalista Ribamar Oliveira demonstrou, nesta segunda, no Valor, que o governo vai utilizar os R$ 16,4 bilhões que espera arrecadar com a reabertura do Refis da crise e com os dois novos parcelamentos de débitos que beneficiarão bancos, seguradoras, coligadas e controladas para cobrir o aumento de despesas que estavam subestimadas, além de ampliar outros gastos.

Quando o governo se viu no redemoinho da desconfiança generalizada, quando o timoneiro perdeu a credibilidade, voltou seus olhos para o Congresso e lá viu sua tábua de salvação. Descobriu que há vários projetos que criam despesas, como sempre os há, no Parlamento, alguns propostos pelo próprio Executivo, e ao invés de simplesmente determinar à sua imensa base aliada de parlamentares rejeitá-los, armou a cena da transferência da culpa, o seguro em sua defesa, caso haja o temido rebaixamento das notas de risco do Brasil.


Chamou os partidos a uma reunião de pompa, no Palácio do Planalto, para que assinassem o pacto de responsabilidade fiscal, a mesma que alguns ministros já quiseram flexibilizar. Se o castelo ruir, o culpado da fotografia todos já sabem quem é.

Essa gestão por espasmos reativos está em cartaz desde junho. A saída, diante do susto com a insatisfação ampla, geral e irrestrita do eleitorado, foram os pactos, que disso só têm o nome. A presidente apresentou-se à TV, em programa desenhado para horário eleitoral, e propôs cinco pactos. Com o da semana passada, já somam seis, em seis meses.

No discurso, um amontoado de palavras. No cenário, naquela oportunidade, governadores e prefeitos. Agora, partidos políticos. O primeiro pacto tinha o mesmo nome dado agora ao sexto, firmado semana passada: responsabilidade fiscal.

O segundo foi o pacto da reforma política, com a convocação do plebiscito. Quem podia convocar o plebiscito não estava à mesa, a proposta se perdeu no vazio. Havia o pacto pela saúde, um problema, o principal apontado em pesquisas, que já se deteriorou de forma inqualificável no Brasil e angustia, amargura, irrita e mata o cidadão. Ao pacto mais importante daquele mês, porque diretamente relacionado ao estopim das manifestações, o do transporte público, a presidente chamou de mobilidade e atribuiu uma verba de R$ 50 bilhões. Estados e municípios não tinham como usar, não tinham projeto nem capacidade para gastar, e avisaram que o dinheiro era velho conhecido mas não sacado.

Para a Educação, o pacto era um pedido de aprovação, pelo Congresso, do projeto que destinava 100% dos royalties do petróleo para a área. Esse o Congresso aprovou, mas com 75% para Educação e 25% para a Saúde, e mesmo assim não é de todo petróleo que existe. Novamente, um chapéu alheio, desta vez do próprio Congresso.


Há uma ação, a única visível, que o governo relaciona com sua contribuição no pacto da saúde, o programa Mais Médicos, que emprega médicos cubanos pelo Brasil afora. Programa ainda subjudice, porque eivado de equívocos e adaptações forçadas da lei, mas uma medida concreta que, finalmente, tem a ver com melhoria do serviço público.

Para a campanha eleitoral, não há problema, tudo funciona, há discurso e propaganda. O problema é para a vida real. Ainda ontem, a presidente Dilma avaliou como um sucesso, em entrevista ao El País, todos os seus pactos.

É reconhecido o talento do governo e da sua máquina publicitária para tirar a crise, qualquer uma, de perto de si, transferindo o prejuízo a outros poderes, Estados e municípios também. A técnica de gestão está indo ao paroxismo das soluções de risco, mesmo para o vale tudo das campanhas eleitorais. O problema se agravará se os outros poderes copiarem o modelo. O Congresso já está aprendendo a resolver tudo no discurso: líderes esclarecem que o pacto fiscal é um compromisso só até o fim deste ano. Para o ano eleitoral de 2014 serão outros quinhentos.
 
27 de novembro de 2013
Rosângela Bittar
Valor Econômico
 

OS REAIS PROBLEMAS DA HUMANIDADE

“Odeio quando não consigo andar e digitar no celular ao mesmo tempo”. “Odeio quando o carregador de celular não alcança minha cama”.

Queixas e lamentações desse gênero, tão frequentes na internet, podem parecer até divertidas, e costumam provocar sorrisos de cumplicidade.

As reações mudam dramaticamente quando tais frases são repetidas por cidadãos haitianos em cenários que sublinham a voz da miséria absoluta.

Na campanha Problemas do primeiro mundo não são problemas, a ONG americana Water is Life, que arrecada doações para levar água potável a populações carentes, reuniu no vídeo abaixo moradores da mais trágica das ilhas caribenhas que leem em sequência queixas postadas no Twitter por habitantes de paragens muito mais abastadas.

O resultado mostra a distância que existe entre a garoa e a tempestade (leia abaixo a tradução das frases).



“Odeio quando o carregador de celular não alcança minha cama”
“Odeio quando os bancos de couro não estão aquecidos”
“Quando vou ao banheiro e esqueço meu celular”
“Quando esqueço as roupas na máquina de lavar e elas começam a ficar com cheiro ruim”
“Odeio morar numa casa muito grande e precisar de dois roteadores de internet WiFi”
“Quando meu chiclete de menta faz minha água parecer muito gelada”
“Quando tenho que fazer um cheque para minha empregada, mas esqueço qual é seu sobrenome”
“Quando não consigo andar e digitar no celular ao mesmo tempo”
“Quando deixo o carregador no andar de baixo”
“Odeio quando meus vizinhos colocam senha no WiFi”
“Odeio quando peço meu lanche sem picles e ainda assim eles colocam picles”

27 de novembro de 2013
Veja

"DOIS JOSÉS E UM AMARILDO"

Havia algo de melancólico no braço erguido dos dois Josés, Genoino e Dirceu, ao serem presos por corrupção. E na afirmação: “Sou preso político”.

O punho cerrado é o gesto de resistência de uma geração que lutou contra a ditadura, pegou em armas, foi presa, torturada e assumiu o poder na redemocratização do país.
É também o gesto que não mais encontra destinatário para além de seus pares e de parte da militância do PT.

É, principalmente, o gesto que não ecoa na juventude que se tornou protagonista dos protestos que mudaram o país.
No Brasil que reconheceu Amarildo, o pedreiro, como mártir da democracia, a evocação vinda de José Genoino e de José Dirceu para ocupar esse lugar não encontra ressonância.

Desde as manifestações de junho, os presos políticos são os comuns.
Para um partido tão hábil em esgrimir simbologias, não compreender o Brasil forjado no ano que não terminou é uma tragédia talvez maior do que a prisão por corrupção de duas de suas estrelas históricas.

Mártir político é Amarildo de Souza. Favelado, negro, analfabeto, 43 anos, o ajudante de pedreiro conhecido como “boi” pela sua capacidade de carregar sacas de cimento desapareceu em 14 de julho ao ser levado a uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Amarildo, o homem comum vítima da política de criminalizar, torturar e executar os pobres. Uma política que atravessa a história do Brasil, persiste na redemocratização e se manteve nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma.
Não era o primeiro a desaparecer depois de entrar num posto policial, não foi o último. Mas, pela primeira vez, um homem comum, carregando em si todas as marcas da abissal desigualdade do Brasil, foi reconhecido como um desaparecido político da democracia, lugar destinado a ele pela convulsão das ruas. Esta pode ter sido a maior transformação colocada em curso pelos protestos.

Preso político é Rafael Braga Vieira, 26 anos, catador de latas, morador de rua, negro.
Ele foi preso em 20 de junho, durante uma manifestação na Avenida Presidente Vargas, no Rio. Já tinha sido preso por roubo em duas outras ocasiões e cumprido as penas completas.
Desta vez, está encarcerado, sem julgamento, há cinco meses no presídio de Japeri.
Seu crime: carregar uma garrafa de Pinho Sol e outra de água sanitária. E uma vassoura, mas esta não foi considerada suspeita.
Seu caso foi relatado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) e ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humano

Desaparecido político é Antônio Pereira, 32 anos, auxiliar de serviços gerais, negro.
Sumiu em 26 de maio, em Planaltina, no Distrito Federal. Há suspeita do envolvimento de policiais militares no seu desaparecimento.
Manifestantes marcharam até o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios para protestar pelo seu sumiço. A Comissão de Direitos Humanos do Senado passou a investigar o caso.

Morto político é Douglas Rodrigues, 17 anos, estudante do terceiro ano do ensino médio e atendente de lanchonete. Levou um tiro no peito de um policial numa tarde de domingo, 27 de outubro, quando estava diante de um bar com o irmão de 13 anos, na Vila Medeiros, em São Paulo.
Só teve tempo de dizer uma frase, que se transformou num símbolo contra o genocídio de gerações de jovens negros e pobres das periferias do Brasil.
Douglas fez sua última pergunta, um conjunto de vogais e consoantes onde cabia uma vida inteira, antes de cair morto:
“Por que o senhor atirou em mim?”.

Em protesto pela sua morte a população incendiou ônibus, carros e caminhões e depredou agências bancárias.

Estes – e muitos outros – tornaram-se os presos políticos, os desaparecidos políticos e os mortos políticos da democracia desde que os brasileiros redescobriram as ruas e deslocaram a política para fora dos partidos e das instituições.

Por isso o braço erguido, o punho cerrado, dos dois Josés, Genoino e Dirceu, é tão melancólico. É o gesto que não se completa ao não encontrar o presente. Lula, o PT e a cúpula do governo concentram sua preocupação e seus esforços para reduzir o impacto das prisões de figuras históricas na eleição de 2014, na qual Dilma Rousseff é a favorita para um segundo mandato. Talvez devessem se dedicar mais a escutar as novas simbologias forjadas nos protestos.

Foi justamente Lula, com a enorme força simbólica de ser o primeiro homem comum a chegar ao poder no Brasil, que em 2009 compactuou com a desigualdade histórica e a política arcaica, em uma frase: “Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”.

Ao pronunciá-la, protegeu o político oligarca que há décadas colabora para promover a miséria de milhões de homens, mulheres e crianças comuns no Maranhão, um dos estados mais pobres do país, e mostrou, como na frase famosa do clássico de George Orwell, hoje um clichê, que, quando convém, compartilha da ideia de que existem aqueles que são mais iguais que outros, tão iguais que merecem tratamento diferenciado.

A reivindicação de “preso político” por Genoino e Dirceu aponta para um cálculo que visa à biografia pessoal de cada um e à do próprio PT, assim como à disputa na construção da memória do país e do imaginário imediato. É também um apartar-se, na linguagem, do preso comum, uma impossibilidade de igualar-se a todos os outros detentos, que também declaram-se, em sua maioria, “inocentes”.

Nos dias que antecederam à prisão, José Dirceu, aquele que anunciaria ser um “preso político da democracia por pressão das elites”, descansava num resort de luxo na Bahia que só as elites têm dinheiro para frequentar.

Na primeira semana de prisão, foi citado, como exemplo de maus tratos, que Genoino estava tomando “água da torneira”. Isso num país em que “água da torneira”, mesmo depois de dois mandatos de FHC, dois de Lula e três anos do governo de Dilma Roussef, é sonho distante para muitos, uma realidade que o sertanejo Genoino conhece bem.

Familiares de presos – estes comuns –, condenados sem crime e sem pena a noites de espera e humilhações para conseguir visitar pais, maridos e filhos na prisão da Papuda, em Brasília, revoltarem-se com o que definiram como “privilégio” daqueles que reivindicam o status de “presos políticos”.

Na prisão, a estrela do PT, que simbolizou – e ainda simboliza para muitos – tanta esperança de igualdade, foi reduzida ao sentido original do jargão publicitário: os presos do “mensalão” ganharam na prática e no imaginário da população o status de gente diferenciada.

 Esta é uma perda importante para o patrimônio simbólico construído pelo partido a qual seus líderes parecem estar dando pouco valor.
O espetáculo promovido pelo ministro Joaquim Barbosa, ao levar os presos algemados para Brasília no feriado da Proclamação da República, foi um excesso em um momento histórico que exigia serenidade e contenção.
Deixar presos de regime semiaberto em regime fechado foi um abuso, a que milhares são submetidos por falta de vagas no cotidiano do sistema prisional. A saúde e a vida de José Genoino devem ser protegidas.
Não por conta de sua história, mas porque é dever do Estado proteger todos os presos sob sua tutela.

Defender a proteção da vida em nome da “dignidade da biografia” é uma distorção.
Só colabora para justificar atrocidades cometidas fora e dentro do sistema prisional contra aqueles cuja história é reduzida ao termo encobridor de “bandido”.
Os mesmos que, com frequência escandalosa, são executados sem julgamento num país que não tem pena de morte. Crimes cometidos, por exemplo, por polícias como a Rota, a brutal tropa de elite da PM paulista, há quase duas décadas sob o comando dos sucessivos governos do PSDB.
Mas é preciso lembrar que também faz parte da biografia de Genoino tê-la defendido em 2002, ao se candidatar ao governo de São Paulo, numa frase que obedecia ao pragmatismo eleitoreiro:
“Uma política de direitos humanos não deve impedir a Rota de agir com energia e com força”.

O fato é que Genoino só teve seu direito assegurado por ser um preso privilegiado. Mas a distorção não é a de ele ter recebido assistência, mas a de que todos os outros presos continuem sem ela, a de que é preciso ser um preso “diferenciado” para ter seus direitos básicos garantidos pelo Estado.

As vozes que se ergueram para denunciar os maus tratos a que ele era submetido jamais foram tão fortes para defender os presos comuns que adoecem de tuberculose e Aids no cárcere e morrem sem tratamento.
É um passo atrás no processo civilizatório quando as pessoas gozam com o sofrimento de Genoino, como ficou explícito nos comentários das redes sociais, alguns torcendo até mesmo pela sua morte, como se não fosse de um ser humano que se tratasse.
Mas é preciso escutar também os “bárbaros” para compreender que os mais pobres, sem nenhum problema com a lei, com frequência criminosa não encontram tratamento digno – ou mesmo tratamento algum – no Sistema Único de Saúde (SUS). E que cada vez mais é claro para todos que o dinheiro que se esvai na corrupção é também o que falta na saúde.

Do partido que diz falar em nome do homem comum esperava-se a grandeza de declarar que mártires são todos os outros. E que direitos de todos não podem ser privilégios de um. Ao demonstrar preocupação por Genoino, Dilma Rousseff demonstrou também omissão por todos os outros presos que vivem uma rotina de ilegalidades e desrespeitos aos direitos humanos mais básicos nas prisões do país que o PT governa há mais de uma década e que tem a quarta maior população carcerária do mundo. Sem esquecer que é dos estados o encargo de construir e administrar os presídios, assim como proteger os presos, obrigação em que todos, de diferentes partidos, falham.

A responsabilidade ao perpetuar o que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Cezar Peluso chamou de “masmorras medievais” é compartilhada.
São mais de meio milhão de presos encarcerados em situação tão brutal que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou a dizer que preferiria morrer a cumprir pena.

Assumir-se como preso comum teria sido um gesto simbólico mais forte para quem estreou na vida pública como preso político de uma ditadura, daquela vez sim sem julgamento. Aqueles forjados na luta armada contra um regime de exceção, ao assumirem o poder, lutaram menos do que deveriam pelos presos comuns que continuaram e continuam sendo torturados e mortos nas delegacias, cadeias e prisões do país.

Ainda hoje a tortura dos presos políticos na ditadura, a maioria deles de classe média, recebe muito mais atenção do que a tortura sistemática dos presos comuns que perdura na democracia. Sem esquecer que a maioria dos presos torturados e confinados no sistema carcerário brasileiro é composta por negros e pobres.

É também de classe social que se trata. Não é um acaso que Manoel Fiel Filho, o operário assassinado pela ditadura, tenha muito menos ressonância na democracia do que Vladimir Herzog, o jornalista assassinado pela ditadura, embora a morte de ambos tenha impulsionado o movimento da sociedade pelo fim do regime militar.
Quando Dirceu e Genoino levantam o braço e cerram o punho, declarando-se “presos políticos”, não estão denunciando apenas o que consideram um “julgamento de exceção”, mas colocando-se diante de todos os outros presos como “exceção”. É como dizer: “Eu estou aqui, mas sou melhor do que vocês”.

O espetáculo promovido por Joaquim Barbosa para o que chegou a ser interpretado, com um tanto de exagero, como uma “refundação da República” revelou mais do que estava programado. Mostrou esse lapso, esse corte no tempo, em que o braço erguido, o punho cerrado, se alienou das ruas. Quando as manifestações de junho começaram, a classe média conheceu a truculência da polícia sem perceber que estava diante de seu espelho. Nas quebradas de São Paulo, o poeta Sérgio Vaz ironizou:

 “Aqui na periferia as balas continuam sendo de chumbo. Estamos reivindicando um upgrade para balas de borracha”. E logo as balas de chumbo acertaram dez (nove moradores e um policial), no complexo de favelas da Maré, no Rio, na sequência de um protesto. E então, em 14 de julho, ao desaparecer, Amarildo de Souza apareceu diante do Brasil.

Para a juventude que protestou – e em vários momentos expulsou das ruas os militantes de partidos, incluindo os do PT –, os presos políticos passaram a ser os manifestantes levados para a cadeia pela polícia do Estado democrático. Nesta apropriação simbólica – que se inicia antes, mas se consolida a partir dos protestos –, ao mesmo tempo retoma-se o conceito de preso político da geração de Genoino e Dirceu, forjado nos atos contra a ditadura, mas com um sentido próprio, na medida em que a democracia traz uma nova complexidade para as questões que envolvem o termo.

No mesmo movimento, assume-se o nome e o rosto das vítimas anônimas e despolitizadas da violência racial e de classe e se dá a elas um conteúdo político. Como aconteceu com Amarildo – mas não só.
Vale a pena lembrar que o estopim dos protestos foram 20 centavos – que muitos, em especial a classe média, acharam pouco para tamanha comoção, mas que se tratava da dor de milhões de invisíveis cuja vida é mastigada dia após dia em horas perdidas dentro de ônibus superlotados. Era uma escolha pelo homem comum – incorporando-o em cada um.

É importante perceber ainda que, para uma parte significativa dos manifestantes, os presos políticos são aqueles que a maioria dos partidos, assim como grande parte da imprensa, chamam de “vândalos”. Se os Black Blocs têm vários motivos para cobrir a face, há neste ato também uma escolha pelo anonimato, um fundir-se na multidão. Apoiando ou não suas ações, é preciso reconhecer que escolher se mostrar “sem rosto” é um gesto político de grande significado.

A cara desses movimentos sem líderes anunciados e com causas múltiplas é a da multidão. Mas, a cada momento, a multidão pode assumir a face de um anônimo, para lhe dar coletivamente um nome e uma história. Na hashtag do Twitter, #SomosTodosAmarildo.
Ou somos todos aquele que é torturado, violado, morto. #SomosTodosUm. Esta é uma mudança profunda que os homens que levantaram o braço e cerraram o punho parecem não ter compreendido. Se ela parte dos protestos nas ruas, também os transcende para ocupar outros redutos.

Enquanto a pequena saga de Genoino se desenrolava, na semana passada, Caetano Veloso e Marisa Monte cantavam no Circo Voador, no Rio, para levantar fundos para a família de Amarildo.
A certa altura, a cantora pediu à plateia que vestissem a máscara de Amarildo que haviam recebido na entrada: “Vamos deixar registrado para a posteridade esse momento onde a gente incorpora o Amarildo e graças a isso consegue transformar tantas coisas. É assim que a gente consegue mudar esse país”. A máscara é a possibilidade de ser um e, ao mesmo tempo, todos os outros.

A mudança é um momento agudo de um processo histórico no qual Lula e o PT tiveram, mais do que qualquer outro político e partido, uma contribuição decisiva, no concreto e no simbólico de sua ascensão ao poder.
Apartaram-se, porém, e parecem estar bem menos preocupados do que deveriam com seu divórcio com as ruas. O braço erguido, o punho cerrado, é um capítulo melancólico de um partido que parou de escutar.
Em parte porque acredita conseguir manter o voto dos homens e mulheres comuns que recebem o Bolsa Família e ainda se contentam com o que, se por um lado é enorme, ao reduzir a miséria e a fome, também é pouco para a potência contida numa vida humana.

A tragédia dos dois Josés do PT não é apenas terem sido presos por corrupção, mas a impossibilidade de dizer #SomosTodosOsPresos.

27 de novembro de 2013
Eliane Brum

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE


 
27 de novembro de 2013


OVERDOSE DE ESTRUME NO IBOPE DO RIO DE JANEIRO. O POVO É BURRO DEMAIS, NÃO TEM JEITO!


Crivella em primeiro, Garotinho em segundo, Lindberg em terceiro, Jandira Feghali em quarto e Cesar Maia em quinto, na pesquisa do Ibope para governador do estado, não dá margem a discussão:

Merda atrai merda na razão direta das suas enormes massas localizadas nas cavidades cranianas e, na razão inversa do quadrado da distância entre o centro médio das merdas e uma inteligência mediana - que tende ao infinito.

M = C[m1x m2]/d2

Onde M é o resultado das eleições, também chamada de "a grande merda", “m1” e “m2” são as merdas cerebrais e “d” a distância média entre seus centros e uma inteligência mediana, onde C = 6,67x10-11 m³/kg.s², é a constante universal da cara de pau dos políticos.
 
27 de novembro de 2013

FATOS & VERSÕES NA BLOBONIUS, DISTORCENDO OS FATOS E APLICANDO DUVIDOSAS VERSÕES



Neste final de semana que passou criei coragem, enchi a cara de Dramin, e parti assistir o programa mais chapa branca da TV Tupiniquim, um tal de Fatos & Versões.
Nome mais do que apropriado para um programa que tenta dar as versões "oficiais" para os fatos que são contra o governo.

O nome é bem subjetivo na entrega chapabranquista do infame programa.

Fatos & Versões é "ancorado" pela jornaleira PTralha Cristiana Lobo, que entre outras coisas tem a função vital de babar e puxar o saco da presidANTA Dilmarionett Ducheff.

raramente assisto a tal programa para não ficar ainda mais indignado com as versões que por lá se dão aos fatos, principalmente em se tratando de "alisar" as cagadas governamentistas.

O programa sem si é de um vazio atroz, uma vez que a única função por lá é a de babar e  alavancar o governo vermelho.
Bem, neste final de semana estavam tentando debater as prisões dos vagabundos vermelhos condenados pelos crimes do mensalão, entre idas e vindas chegaram ao assunto do modo de vida no dia a dia da cadeia por parte dos "ilustres" detentos do partido dos trabalhadores.

Em nenhum momento criticaram o fato de transformarem a porta da Papuda em um diretório do pt, e nem criticaram a postura de políticos desfazendo dos familiares dos outros internos quando entram e saem da cadeia a qualquer hora distribuindo as odiosas "carteiradas" não respeitando o direito dos outros e muito menos as regras do jogo.

O que pegou foi quando começaram a destilar a babação cretina em querer endeusar o condenado Zé Dirceu na tentativa de mostrar ao mundo que dentro da cadeia ele virou uma espécie de xerife de cela cagador de regras que determina até os horários dos outros presos, dá ordens e se mostra um líder.... Marcola que se cuide...


A patetice por parte da imprensa em "rotular" positivamente as bobagens que os PTralhas cometem já passou pela "Faxineira","gerentona", "alucinada" e outras babaquices que costumavam dar à PresidANTA quando ela tinha que tomar atitudes desgastantes contra seus parceiros em crimes.
Agora é a vez de tentar mostrar ao mundo que Dirceu mesmo em cana, continua um líder e faz política tão bem que até virou um "xerife" entre os condenados.

A situação chegou a uma bizarrice tão absurda que tanto a "ancora" do "pograma", quanto uma jornaleira magrela e dentuça....Natuza...alguma coisa, a mulher que parece um Sabiá quando fala de tanto que assobia, estavam radiantes comentando o comportamento do condenado...
 
Um ufanismo tão sem sentido que beirou o ridículo, os sorrisos estampados nos rostos das duas jornaleiras eram quase orgásticos...gozavam literalmente...com a cara dos telespectadores que não concordam com o chapabranquismo do programa.

O pior é ver a militontância vermelha gritando contra a Globo alegando que ela é do PIG. Se a Globo fosse realmente do PIG, certamente Cristiana Lobo já estaria na rua há muito tempo.

Jornalistas podem ter suas convicções políticas, mas a função básica da profissão é informar sem "tendenciar", pelo visto, muito mais gente vendeu sua caneta aos poderosos.

Esse "Fatos e Versões" é a maior mostra da ideologia ptralha infiltrada nas redações país à fora.


Essa senhora deveria sentir vergonha em se prestar a um papel tão idiota. E a Globo deve estar levando uma baba em grana pública para manter programas ideológicos partidários na grade de programação.

Fatos & Versões. 
Se você é um cidadão isento e que pensa por conta própria. Não recomendo!!!
 
27 de novembro de 203
omascate

CUBANIZAÇÃO DO BRASIL

PT DE LULA SEGUE CARTILHA TOTALITARISTA DE FIDEL CASTRO


http://www.youtube.com/watch?v=m7dZ20AnX8Q&feature=player_embedded

27 de novembro de 2013

LÁ DO SANATÓRIO (OU SANITÁRIO)

Pensador do Planalto


“As escolas que estão nas periferias das grandes cidades, nas regiões mais pobres do Brasil, não têm o mesmo desempenho que as outras. Os alunos não têm a mesma formação ao longo da vida. Não têm as mesmas opções que as escolas de elite. Isso é sempre um recorte. Por isso a gente questiona um pouco essa política de ranking”.

Aloizio Mercadante, ministro da Educação nas horas vagas, sobre o ranking das dez escolas com melhor desempenho na prova de redação do Enem, que inclui apenas uma representante da rede pública, explicando em dilmês de botequim que rico é diferente de pobre.

27 de novembro de 2013
in Augusto Nunes

BRIGA PELA DINHEIRAMA DA INTERNET DO PT FAZ FRANKLIN MARTINS BOTAR AS UNHAS DE FORA


Ex-ministro Franklin Martins disse que a oposição defende o "regime do apartheid social"
 

Franklin Martins quer a internet do PT. Quer a grana alta que o governo bota na área.
Pimenta nos olhos dele não é refresco. Afinal de contas, Dilma já anunciou que as redes sociais terão verba ampliada em 50%.
 
Martins andava pela África: estrutura de emissoras oficiais, projetos pessoais. Agora voltou com tudo. 
Quer a internet do PT para ele e Lula, que não para de falar nas "redes".
 
Será que Dilma entrega o ouro pros bandidos?
Vejam, abaixo, a sua manifestação em evento do partido do Mensalão:
 
Diante de uma plateia simpatizante do PT, Martins incitou aliados a "fazer barulho" e "tocar fogo na internet" para pressionar o governo a abraçar a causa da regulamentação da mídia eletrônica. Ele criticou Dilma por não ter empunhado a bandeira e acusou a classe política de ter "medo" da imprensa.
 
"Quem tem que liderar isso é o governo federal. Infelizmente, o governo atual não liderou. Eu lamento", disse. "Os políticos têm um medo monumental da imprensa. O grande problema é esse. Nossos políticos se atemorizam."
 
Ex-comentarista das TVs Globo e Bandeirantes, Martins vinculou as manifestações recentes a uma suposta insatisfação com a imprensa. "As manifestações de junho mostraram uma insatisfação brutal com o oligopólio da mídia neste país", afirmou. Para os jornais impressos, ele defendeu a aprovação de uma lei que garanta direito de resposta "rápido e proporcional ao agravo".
 
Os ex-ministros Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia), José Viegas (Defesa) e Samuel Pinheiro Guimarães (Assuntos Estratégicos) também participaram do debate "Perspectivas para o Brasil", no Clube de Engenharia, no Rio.
 
(Folha Poder)
 
27 de novembro de 2013
 

A LUZ QUE SE APAGA E A ESCURIDÃO QUE SE APROXIMA


Confirmam amigos chegados ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa: ele pedirá aposentadoria antes de ser sucedido, em abril do próximo ano, pelo ministro Ricardo Lewandowski, na direção maior do Poder Judiciário.
Motivo: o desmonte do  mensalão,  que começará logo depois da mudança na presidência da mais alta corte nacional de Justiça.
 
Como? Através de manobra já engendrada pelo PT e  pelos advogados dos mensaleiros, com a aquiescência de Lewadowski, que permitirá a REVISÃO dos processos onde foram condenados 25 implicados num dos maiores escândalos da história da República. Estaria tudo coordenado, apenas aguardando a mudança da guarda. 

Apesar de a revisão de processos constituir-se em exceção na vida dos tribunais, pois acontece apenas com o surgimento de fatos novos no histórico das condenações, já estariam em fase de elaboração os recursos de quase todos  os hoje  condenados, a cargo de advogados regiamente remunerados, junto com outros ideologicamente afinados com o poder reinante. 

Nada aconteceria à margem de discussões e  entreveros jurídicos, mas a conspiração atinge a composição atual do Supremo Tribunal Federal. E a futura, também.
O término do mandato de Joaquim Barbosa na presidência da Corte Suprema marcaria a abertura das comportas para a libertação dos criminosos  postos atrás das grades e daqueles  que se encaminham para lá.
 
Joaquim Barbosa não estaria disposto  a assistir tamanha reviravolta, muito menos a ser voto vencido diante dela. Assim,  prepara seu desembarque. Pelo que se ouve, não haverá hipótese de mudar a decisão já tomada, mesmo ignorando-se se aceitará ou não transmudar-se para a política e aceitar algum convite para candidatar-se às eleições de outubro.  
Tem até abril para decidir, apesar das múltiplas sondagens recebidas  de diversos partidos para disputar a presidência da República.

A informação mostra como são efêmeros os caminhos da vida pública.
Até  agora vencedor inconteste na luta contra a corrupção, reconhecido nacionalmente, Joaquim Barbosa pressente a curva no caminho, não propriamente dele, mas dos mesmos de sempre, aqueles que conseguem fazer prevalecer a impunidade sempre que não se trata de punir ladrões de galinha.   

Afinal, alguns meses de  cadeia podem machucar, mas se logo depois forem revogados através de revisões patrocinadas pelas estruturas jurídicas postas a serviço das elites, terão passado como simples pesadelos desfeitos ao  amanhecer. 
Não faltarão vozes para transformar bandidos em heróis.  A reação do ainda presidente do Supremo de  aposentar-se ficará como mais  um protesto da luz   que se apaga contra a escuridão que se aproxima.
 
O IMPERATIVO CATEGÓRICO
 
Enquanto esse horror não se configura, seria bom meditar sobre o sentimento ético.
Pode-se ceder diante do império das circunstâncias, Mas existe entre nós, indivíduos e nações, o imperativo categórico de que falava Kant, o incondicional comando de nossa consciência para agir como se a máxima de nossa ação fosse tornar-se uma lei universal da natureza. 

Há que evitar  o comportamento que, se adotado por todos, tornaria a vida social impossível. Embora possamos adotar a mentira, não  poderemos aceitá-la como alternativa.
Uma decisão da Justiça não é boa porque trás bons resultados, nem mesmo porque é sábia,  mas porque é feita em obediência ao senso do dever e em consonância com o imperativo categórico. Ética não é a doutrina de nos fazer felizes, mas de tornar-nos dignos da felicidade. Qualquer ladrão poderá   triunfar se conseguir roubar o bastante?

27 de novembro de 2013
Carlos Chagas

"O SIGNIFICADO DA DÍVIDA PÚBLICA DE R$ 2 TRILHÕES"

Endividamento dobrou em nove anos, e não vale o argumento de que países desenvolvidos foram pelo mesmo caminho, pois eles têm mais condições de reverter o quadro

 
Na ditadura militar, quando o modelo se lastreava em endividamento externo, o mantra oficial era que “dívida não se paga, rola-se”. O desfecho foi trágico. Com o segundo choque do petróleo, na virada da década de 70 para 80, e a drástica elevação dos juros americanos pelo Fed, o mantra foi dessacralizado, e o Brasil mais uma vez quebrou. Como em outras vezes, aportou no Fundo Monetário e a moeda se desvalorizou, num novo impulso à inflação, que chegou à estratosfera.
 
O Brasil de 2013 é muito diferente. A dívida externa deixou de ser problema, fato inédito na História — com reservas acima de US$ 350 bilhões, o país, ao contrário, é credor externo, inclusive do FMI. Convém prestar atenção aos déficits nas transações correntes do balanço de pagamentos — acima de 3,5% do PIB. Sempre é preciso cuidado no acompanhamento dos números do intercâmbio comercial e financeiro com o mundo, mas o Brasil está longe de entrar em um quadro de emergência neste aspecto.
 
Na dívida pública, o quadro é diferente. Ela atingiu, no mês passado, o recorde de R$ 2,022 trilhões, embora, pela ótica oficial, não haja qualquer risco. Não é bem assim, até porque os gastos em custeio continuam em alta velocidade. Em nove anos, a partir de 2004, segundo ano do primeiro governo Lula, ela dobrou. O grande salto ocorreu em 2009, quando o esforço do governo para criar anteparos contra efeitos internos da crise mundial fez o endividamento público aumentar em R$ 100 bilhões.
 
Era compreensível. Mas a ciranda continuou até chegar-se aos R$ 2 trilhões de outubro. Por trás da cifra está a ideologia “desenvolvimentista” cultivada por muita gente em Brasília e que tem o Estado como locomotiva.

Contidos no primeiro mandato de Lula, os “desenvolvimentistas” souberam usar o pretexto da crise mundial para multiplicar os gastos públicos. Como não há folga no Orçamento, apelou-se à larga para o endividamento. E desta forma foram despejados R$ 300 bilhões só no BNDES, para ele financiar investimentos.
 
A Caixa Econômica e o Banco do Brasil também passaram a receber recursos provenientes de endividamento, e por isso não surpreende que o débito público tenha dobrado em nove anos. Mas assusta. E, pior, o crescimento não veio, porque o governo não soube conquistar a confiança dos investidores e continuou a apostar numa saída pelo consumo das famílias. A presidente Dilma demonstra ter feito autocrítica, mas os efeitos do erro estão postos.
 
Nada que antecipe uma catástrofe. Mas uma dívida de 60% do PIB (ou 68%, segundo o FMI) é o dobro do índice de economias emergentes, equiparadas à brasileira. Não vale argumentar que países desenvolvidos explodiram suas dívidas na luta contra a crise mundial, pois têm mais condições estruturais — e vontade política — para reverter o quadro.
 
Os EUA, por exemplo, já tiveram déficit anual de estrondosos 10% do PIB. Hoje, ele está em 4%. No caso do Brasil, não há grave crise à vista, mas é preciso cuidado.

27 de novembro de 2013
Editorial de O Globo

APROVADO VOTO ABERTO PARA CASSAÇÕES DE MANDATOS E VETOS PRESIDENCIAIS

Em sessão tumultuada, Senado aprova voto aberto para cassações de mandatos e vetos presidenciais
 
  • Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
    Senadores participam de sessão na qual a PEC 43/2013, que prevê o fim do voto secreto em todas as decisões do Legislativo, foi aprovada com alterações nesta terça-feira (26) Senadores participam de sessão na qual a PEC 43/2013, que
  • prevê o fim do voto secreto em todas as decisões do Legislativo, 
  • foi aprovada com alterações nesta terça-feira (26)

Em uma sessão tumultada, o plenário do Senado aprovou com mudanças em segundo turno a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Voto Aberto, que prevê o fim do voto secreto no Legislativo.

Caso Donadon

  • Em 28 de outubro de 2013, em votação secreta, a Câmara manteve o mandato de Natan Donadon (ex-PMDB-RO), condenado pelo Supremo. Com quórum de menos de 410 deputados, 233 votaram a favor de sua cassação, 131 contra e houve 41 abstenções. Para cassá-lo, eram necessários 257 votos, o que representa a metade do total de deputados mais um voto.
  • O deputado foi acusado de participação em desvio de cerca de R$ 8 milhões da Assembleia Legislativa de Rondônia em simulação de contratos de publicidade.
  • O caso Donadon foi o que inspirou a Câmara a votar a PEC do Voto Aberto, projeto que foi ao Senado, que precisa ainda aprová-la em segundo turno.
 
O texto-base da PEC 43/2013, de autoria do ex-deputado Luiz Antônio Fleury (PTB-SP), foi aprovado por 58 votos a favor, quatro votos contra e nenhuma abstenção. A matéria estabelece que serão abertas as votações de cassações de mandatos parlamentares e de vetos presidenciais.

O texto havia sido aprovado em primeiro turno pela Casa no dia 13 deste mês e, antes disso, por unanimidade pela Câmara dos Deputados.
 
A proposta remetida pela Câmara previa também a abertura do voto para indicações de autoridades e eleições das mesas diretoras das duas Casas, mas a maioria dos senadores considerou que isso poderia prejudicar a independência deles em relação ao Executivo.
 
Como os senadores rejeitaram parte do texto da Câmara e aprovaram o restante, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou a intenção de promulgar o trecho que é consensual. Ele disse que vai se reunir com a Mesa Diretora das duas Casas para tratar da parte que foi rejeitada pelos senadores.

Destaques

Chegaram a ser apresentados três requerimentos de destaques, que são pedidos para votação em separado de trechos do texto principal da proposta. O autor dos pedidos foi o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Em uma votação apertada -- 31 a 29--, os senadores rejeitaram um dos requerimentos que pedia a exclusão de casos de vetos presidenciais. Os outros dois foram aprovados pela maioria dos parlamentares.
 
Por 41 votos a 16, o plenário rejeitou a manutenção no texto-base da PEC dos artigos que proibiam o voto secreto nas decisões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e que estendia a proibição às Assembleias Legislativas dos Estados, à Câmara Legislativa do Distrito Federal e às Câmaras Municipais.
 
E por 40 votos favoráveis, 21 contrários e duas abstenções, os senadores decidiram manter as regras atuais para exame de indicações de autoridades, que é em votação secreta.
 
A proposta de pôr fim ao voto secreto ganhou força no Congresso após a sessão em que a Câmara, no final do mês de agosto deste ano, manteve o mandato do deputado Natan Donadon (sem partido-RO), condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 13 anos de prisão por peculato e formação de quadrilha. Na opinião de especialistas, o voto aberto poderia ter evitado esse resultado.

Sessão tumultuada

A votação da PEC que acaba com o voto secreto foi tumultuada desde o início. Assim que a sessão foi aberta, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) apresentou questão de ordem para que fossem retirados os requerimentos de destaque, que poderiam alterar a PEC.
 
"Os cortes [na PEC] são antirregimentais. Eu questiono essa mutilação que querem fazer na proposta", afirmou Rollemberg.
 
O presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) indeferiu a questão, argumentando que a "apreciação dos requerimentos é normal, regimental e constitucional, pois requerimento de destaque é procedimento de votação e não emenda".
 
A discussão em torno da questão durou cerca de uma hora e meia da sessão. Diante do apelo de vários senadores, Rollemberg retirou a questão de pauta.
 
Após isso, a forma de votação dos pedidos de destaque também causou bate-boca no plenário. A votação simbólica de dois dos requerimentos --por meio da manifestação dos líderes e não de forma nominal-- gerou críticas contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
 
O senador Mário Couto (PSDB-PA) criticou a condução da votação. "Isso foi na marra. Em repúdio, a minoria se retira e não vai votar mais", disse. (Com Agências Brasil e Senado)
 
27 de novembro de 2013
UOL

CÂMARA ADIA, PELA SEGUNDA VEZ, ABERTURA DE PROCESSO PARA CASSAR GENOÍNO

Deputados tentam ganhar tempo para acelerar a aposentadoria por invalidez do petista; Câmara aguarda um parecer paralelo de médicos ainda nesta semana

 
José Genoino se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo
José Genoino se entrega na sede da Polícia Federal,
em São Paulo (Ivan Pacheco)

A Câmara dos Deputados adiou pela segunda vez a reunião para determinar a abertura do processo de perda de mandato do deputado licenciado José Genoino (PT-SP), que cumpre pena pela condenação no julgamento do mensalão.

A reunião do comando da Casa estava agendada para esta quinta-feira, mas foi remarcada para a próxima terça.
A manobra tem por objetivo acelerar a concessão da aposentadoria por invalidez do petista antes do início do processo de cassação.
Nesta semana, assim que Genoino deixou o hospital e seguiu para a prisão domiciliar provisória na casa de sua filha, a Câmara enviou uma junta médica para avaliar seu estado de saúde e produzir um parecer paralelo ao que foi requisitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
 
Inicialmente, o exame seria feito apenas em janeiro, prazo estipulado pelos próprios médicos que atendem os deputados. Mas, mesmo sem autorização do STF, os deputados anteciparam a visita.
O laudo dos exames deve ser divulgado ainda nesta semana e não será confrontado com o parecer produzido por outra junta médica, a pedido do Supremo – que concluiu que o quadro de Genoino “não é grave” e não requer tratamento domiciliar.
 
Oficialmente, o argumento dos deputados para empurrar a reunião da Mesa Diretora para a próxima semana é que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), quer a presença de todos os integrantes da cúpula, o que não seria possível no encontro desta quinta.
 
Na semana passada, aliados de Genoino já haviam postergado a decisão alegando que a documentação enviada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Casa sobre a prisão do parlamentar era inconsistente. Os problemas de saúde de Genoino também foram ressaltados.
 
Na manhã desta quarta, antes de ser confirmado o adiamento do processo contra o mensaleiro, Alves negou qualquer tipo de manobra: “Não adianta qualquer tipo de manobra. Nem sei se há essa manobra, mas em algum momento vai ter essa decisão [abertura do processo de cassação]”.


 
 
Simone Vasconcelos e Kátia Rabelo (de chapéu claro) andam no 19 do Batalhão da Polícia Militar do DF, que é parte do complexo do presídio da Papuda
Simone Vasconcelos e Kátia Rabelo (de chapéu claro) andam no 19 do Batalhão da Polícia Militar do DF, que é parte do complexo do presídio da Papuda - Daniel Vorley/Frame/Folhapress
 
27 de novembro de 2013
Marcela Mattos, Veja