"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

SOMOS TODOS ESCRITORES

Através do artigo de Antônio Goulart, Literatura Enganosa?, publicado na Zero Hora de 08/02, fiquei sabendo de uma opinião que o escritor norte-americano Ben Greenman tem alardeado: a de que a literatura de ficção não deveria se basear em fatos reais, sob pena de estar enganando o leitor. Segundo ele, ficção é uma prosa que trata sobre eventos e pessoas imaginárias, e fim de papo. Greenman resolveu processar escritores e editoras que não cumprem essa definição básica.

Só pode ser brincadeira. Em tudo – e em todos – há uma porcentagem de invenção. Inventamos não só o nosso amor, mas inclusive a nossa dor. Somos seres perplexos tentando encontrar nosso lugar no universo e procurando viver de um jeito civilizado e sensato, o que exige alguma elaboração intelectual. Usar apenas o instinto nos conduziria à selvageria. Temos que nos narrar – para os outros e para nós mesmos – a fim de sermos compreendidos. Quando eu conto algo que aconteceu comigo para uma amiga, estou criando uma história, é a minha versão daquele fato, é a maneira que encontrei de expressar o que vivi. Tivesse acontecido a mesmíssima coisa com outra pessoa, seria contada de forma e intensidade diferentes.

Somos todos escritores, só que uns escrevem e outros não, já dizia José Saramago.

Assim como pessoas reais podem experimentar emoções fantasiosas, o inverso se dá na literatura: tudo o que parece inventado flerta com a verdade. É ingenuidade acreditar que um personagem de romance possa ser totalmente fictício, sem considerar a bagagem psicológica de quem o criou, sem levar em conta a pulsão interna que estimulou o escritor a dedicar-se dias, meses ou até anos àquele projeto. Ele não está escrevendo sobre ele mesmo em sentido literal, seus personagens não são autobiográficos por definição, mas é claro que quem escreve se revela de alguma forma, velada ou nem tanto.

“Madame Bovary sou eu”, dizia Flaubert. Então não era ficção? Ora.

Em defesa de Ben Greenman, reconheço que os livros andam bastante umbilicais, reflexo de um mundo voltado para o próprio ego. Nenhum crime nisso. Dramas intimistas possuem o mesmo valor artístico das aventuras de suspense, das sagas épicas, das ficções científicas, independentemente de serem inspirados por algo que aconteceu. O leitor não deve se preocupar com essa ligação, e sim entregar-se ao livro sem dar a mínima para o escritor.

O que interessa é se o livro é bom ou ruim. O conteúdo fala por si. O escritor é apenas um ser obscuro que dá entrevistas para divulgar seu ofício, mas sua vida privada não importa nada. O que importa é o resultado de suas fantasias, sejam elas totalmente inventadas ou inventadas mais ou menos ou descaradamente inspiradas no que ele pensa que foi real.

ME ENGANA QUE EU GOSTO


DE URUBU A POMBO-CORREIO


ALMOÇO COM CELULAR


O Gustavo já desligou e nós temos muito papo pela frente, muita coisa pra botar em dia. Gustavo, não fica preocupado com esse negócio do teu celular deixar de atender chamadas. Eu mudo a tua operadora agora, tenho um grande pistolão na minha, ele manda fazer tudo por você. Eu tenho o número dele aqui, agora é só me dar aí o teu CPF, que eu faço uma ligação para ele e acabaram teus problemas para conversar. É rápido, eu tenho o número direto dele. Alô!
 
23 de fevereiro de 2014
João Ubaldo Ribeiro, O Globo

O HUMOR DO DUKE

Charge O Tempo 22/02

23 de fevereiro de 2014

VERDADES QUE NÃO PODEM SER DEFINITIVAS

 



Algumas “teses” passam por verdades. Como não estou de acordo com algumas delas, permito-me fazer correções a essas “verdades inquestionáveis”.

1) Este é o pior Congresso de todos tempos. Não, não é: este é apenas um Congresso “normal”, que reflete as realidades políticas brasileiras, e os “tempos” ainda não acabaram. Teremos Congressos ainda piores do que este, pela simples razão de que o Brasil se encontra em plena construção de sua “democracia de massas”.
Inevitável, assim, que as antigas representações elitistas sejam podadas em favor de novos representantes das classes populares e de setores organizados: sindicatos, igrejas, movimentos sociais, grupos de interesse setorial, etc.
O sistema político é uma importante modalidade de ascensão social, atraindo arrivistas e oportunistas que têm no Congresso um excelente vetor de “negócios” de todo gênero.

2) A carga tributária brasileira já bateu no teto, impossível subir mais. Outro ledo engano. Não há limite teórico para a carga tributária, embora possa haver limites práticos, dada a conhecida relação entre taxação e receitas.
Quem disse que a carga tributária não pode aumentar mais não conhece a sanha arrecadatória da nossa máquina fiscal, uma das mais eficientes do mundo. As despesas contratadas pelo Estado têm de ser financiadas de alguma forma e o governo vem criando novas fontes de gastos por meio dos programas sociais.
Ou seja, continuaremos pagando cada vez mais para o Estado cobrir essas “obrigações”, que, diga-se de passagem, são demandadas pela própria sociedade. O povo brasileiro adora o Estado, implora que o Estado venha em seu socorro com programinhas sociais ou com alguma nova prestação especial.

3) A corrupção atingiu limites nunca vistos, não é mais possível continuar assim. Difícil saber, pois não dispomos de um “corruptômetro” para medir avanços e recuos da corrupção. Quantos “por cento” do produto interno bruto (PIB) são intermediados de maneira heterodoxa? Difícil saber, não é mesmo? Não temos base de comparação, histórica ou atual. O certo é que a corrupção tende a aumentar quando fluxos de receitas e de pagamentos transitam pelos canais oficiais, uma vez que transações puramente privadas são vigiadas pelas partes, cada uma cuidando do seu rico dinheirinho.

O dinheiro da “viúva” é um pouco de todo mundo: existem milhares de programas “essenciais” para o bem-estar público, objeto de planejamento, discussão congressual, alocação, empenho, licitação, leilão, concorrência, doação, etc.

É evidente que num sistema assim alguns dos muitos intermediadores encontrarão alguma maneira de desviar o dinheiro “público” para seu próprio usufruto. Quanto maior proporção do PIB brasileiro passar pelos canais públicos, maiores serão as oportunidades de corrupção. A corrupção só diminuirá quando menores volumes de recursos passarem pelos canais oficiais. Elementar, não é mesmo?

4) A qualidade da educação já atingiu patamares mínimos, tem de melhorar. Os otimistas incuráveis acham que a escola pública já piorou o que tinha de piorar e que daqui para a frente o movimento será no sentido de sua melhoria.
Eu acho que ainda não atingimos o fundo do poço,
independentemente do volume de recursos que se jogue no sistema atual. Existe uma incultura generalizada na sociedade, detectável nos canais públicos de televisão e nas universidades de modo geral, sem mencionar as “saúvas freireanas” do Ministério da Educação (MEC).

Resultado paralelo de nossa “democracia de massas” e de um descaso generalizado com a escola pública, mais e mais pessoas ignorantes ascendem a posições de mando, com o que continuam contribuindo para a deterioração ainda maior do ensino, público ou privado.

Uma ignorância enciclopédica atinge os mais variados campos do saber humano; como não existe muita autocrítica, ela continua impunemente produzindo efeitos deletérios sobre o nosso sistema de ensino. Acreditem, não há nenhum risco de melhoria da educação brasileira no futuro previsível.

5) O Brasil está condenado a ser grande e importante, é o país do futuro. Essas tiradas patrioteiras nunca me comoveram, pela simples razão de que tamanho não é documento. A China sempre foi enorme, gigantesca, e decaiu continuamente durante três ou mais séculos, antes de começar a reerguer-se, penosamente, nas duas últimas décadas do século 20.
Ela está longe, ainda, de ser um exemplo de prosperidade para o seu povo, mesmo que possa já ser uma potência militar e venha a ser, brevemente, uma potência tecnológica, também. A Rússia sempre foi um gigante de pés de barro, seja no antigo regime czarista, seja durante os anos de socialismo senil, até se esboroar na decadência política e no capitalismo mafioso, do qual o país ainda não se recuperou.

GRANDE E POBRE

O Brasil sempre foi grande, e pobre, não absolutamente, mas educacionalmente paupérrimo, miserabilíssimo no plano cultural. Somos hoje um país totalmente industrializado – repito, totalmente – e uma potência no agronegócio, mas não deixamos de ser pobres, educacionalmente falando. Ainda estamos no século 18 em matéria de ensino, quando não de cultura.

Bem sei que dispomos, atualmente, de um sistema de produção científica que se situa entre os 20 melhores do mundo, mas isso “atinge”, se tanto, uma mínima parcela da população, uma superestrutura extremamente fina em termos sociais.

O que vale, em última instância, não é poder econômico absoluto, mas o poder relativo e, sobretudo, bem-estar e prosperidade para a população, qualidade de vida, e nisso estamos muito aquém do desejável. O Brasil continuará sendo um gigante de pés de barro enquanto não resolver problemas básicos no interior de suas fronteiras. Para mim, ele continua pequeno…

23 de fevereiro de 2014
Paulo Roberto de Almeida
O Estado de S. Paulo
(Artigo enviado por Mário Assis)

DILMA É MINHA ANTA



Durante a estada em Roma, onde foi assistir a nomeação oficial de Dom Orani como cardeal, Dilma agora fica hospedada na embaixada brasileira, o Palácio Pamphili.

Uma pena, porque há um ano, a passagem do Poste por lá foi inesquecível, quando, apenas com hospedagem, o governo federal gastou 125,99 mil euros, ou o equivalente à R$ 324 mil, com ela, quatro ministros, assessores mais próximos e seguranças hospedando-se em 29 quartos do hotel Westin Excelsior, na Via Veneto, um dos endereços mais sofisticados de Roma, e mais outros 22 quartos no hotel Parco dei Principi para o resto da equipe. Ah, e com direito a mais 64,6 mil euros gastos só com o aluguel de carros.


 
Mas não adianta porque nem assim o Poste passa despercebido. Ao estar com o Papa, argentino, além de dar a ele uma camisa da seleção brasileira- até aí nada demais - também presenteou Chico com uma bola, só que da Nike, quando o patrocinador e fabricante das bolas da Copa é a Adidas...

Diga-se de passagem, nunca se viu uma assessoria presidencial tão incompetente.

OS COMPANHEIROS QUE DILMA CONVOCA PARA BUSCAR SOLUÇÕES SÃO MAIS ASSUSTADORES QUE O PIOR DOS PROBLEMAS QUE AFLIGEM O BRASIL


mantega-belchior

O raquitismo crônico condenou o pibinho a nunca ser pibão na vida? A inflação real insiste em desmoralizar os índices maquiados pela contabilidade criativa? A gastança pública engordou de novo?
A balança comercial voltou a pender para o lado dos gringos? Dilma Rousseff comanda uma reunião com Guido Mantega, Miriam Belchior e Aloizio Mercadante.  O ministro da Fazenda erra todas as previsões há três anos. A ministra do Planejamento não acerta sequer o nome da chefe, que agora chama de “presidenta Lula”. O chefe da Casa Civil está concentrado na campanha para assumir o Ministério de Tudo.

Reuniao com secretarios estaduais de participacao social. Presenca dos ministros Ideli Salvati e Gilberto Carvalho e do secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, Rogério Solttilli.

A base alugada quer aumentar as cifras dos contratos de aluguel? O PMDB reivindica mais ministérios? O PT anda murmurando que Lula é que deveria ser candidato? Partidos governistas flertam com Aécio Neves e contemplam Eduardo Campos com o coração em descompasso?
Dilma pede conselhos a Lula antes de outra reunião com Ideli Salvatti, um berreiro à procura de uma ideia, Gilberto Carvalho, o ex-coroinha que virou sacristão de missa negra, e, naturalmente, Aloizio Mercadante.

lula-amorim-garcia

O governo do companheiro Nicolás Maduro desandou? Falta até papel higiênico na Venezuela? Estudantes que protestam contra a prisão de líderes oposicionistas são assassinados por milícias bolivarianas? Evo Morales exige a deportação do senador Roger Pinto Molina?
O Mercosul lembra um fim de feira no sertão? Dilma convoca uma reunião com Marco Aurélio Garcia, algum representante do Itamaraty amestrado por Celso Amorim e, claro, Aloizio Mercadante.

cardozo e mercadante

O assassinato de um cinegrafista inaugura a nova etapa da insurreição dos selvagens sem causa nem cérebro? O MST mobiliza camponeses que não distinguem um boi de uma anta para o cerco ao Palácio do Planalto?
O PCC aciona militantes em liberdade para mostrar que os presos governam as ruas? Bandidos são linchados por carrascos fantasiados de justiceiros? Os chefões das cadeias do Maranhão ressuscitam a morte por esquartejamento? Dilma convoca uma reunião com José Eduardo Cardozo, Gilberto Carvalho e, como não?, Aloizio Mercadante.

O Brasil protagonizou outro fiasco em alguma olimpíada estudantil? O índice de analfabetismo voltou a crescer e agora já são mais de 15 milhões os brasileiros que não sabem ler? O país agora forma doutores que não conseguem escrever um cartão de Natal?
Como ainda não decorou o nome e o ramal do ministro da Educação, José Henrique Paim, Dilma convoca uma reunião com Aloizio Mercadante e os dois trocam ideias por telefone com Fernando Haddad.

Outro cubano desertou do Mais Médicos para livrar-se ao mesmo tempo da ilha-presídio  do trabalho escravo? A filas do SUS bate o recorde mundial de extensão? Multidões exigem nas ruas a construção de hospitais padrão Fifa?
Como ainda não decorou o ramal de Arthur Chioro, e vive chamando de “Choiro” o novo ministro da Saúde, Dilma convoca uma reunião com Alexandre Padilha e, sempre ele, Aloizio Mercadante. Os três concluem que devem consultar meia dúzia de jalecos do Sírio Libanês.

A arena da de Curitiba não ficou pronta? O estádio de Brasília, que já é o mais caro do mundo, vai cruzar a fronteiora dos dois bilhões de reais? As obras de mobilidade urbana continuam imóveis nos palanques?
Dilma convoca uma reunião com Aldo Rabello e o inevitável Aloizio Mercadante. Os três concordam: é bom que o ministro do Esporte prepare o traseiro para mais um retumbante pontapé do cartola Jerôme Walcke.

O tsunami turístico que chegaria com a Copa pode virar marolinha porque os gringos têm amor à vida e ao patrimônio? Ninguém mais acredita que o brasileiro é tão cordial com os forasteiros? Dilma convoca uma reunião com João Santana,  Marta Suplicy e Aloizioi Mercadante.
O marqueteiro do reino informa que encomendou 900 comerciais de TV para popularizar o bordão “A Copa das Copas”. A ex-ministra do Turismo, agora fantasiada de ministra da Cultura, propõe que se acrescente uma sugestão à estrangeirada: “Relaxe e goze”.

O transporte aéreo está a beira do colapso? Os pousos e decolagens nos 800 aeroportos em cidades do interior só ocorrem na cabeça da presidente? Nem os puxadinhos estarão funcionando no apito inicial? Dilma está prestes a convocar uma reunião com o ministro da Aviação Civil (e Aloizio Mercadante) quando ouve o nome do convocado.

Antes do encontro, ela quer saber quem é esse Wellington Moreira Franco, que não conhece nem de vista. O buraco na agenda é preenchido por uma conversa com Maria do Rosário, que quer contar à chefe quem será a vítima da próxima exumação.

Imagine o que se passa nessas reuniões. Pense nas propostas que ficam só entre eles. A equipe federal seria goleada pelo lanterninha da da série D do campeonato nacional. Os companheiros que ajudam Dilma a encontrar soluções são mais assustadores do que o pior dos muitos problemas que afligem o Brasil.
Oremos.

23 de fevereiro de 2014
Augusto Nunes, Veja

"LA SOLUCIÓN ES EL CAMBIO POLÍTICO EN VENEZUELA" : MARIA CORINA

O DESABAFO DE ÊNIO MAINARDI


     REPOSTANDO PARA LEITURA DOS DISTRAÍDOS... OU DESAVISADOS.
Mainardi é um publicitário e escritor brasileiro, pai do também escritor e colunista Diogo Mainardi (do Programa Manhattan Connection - GNT) 
 
Você tem câncer. Igual a mim. Os médicos dizem que estamos curados, que a químio funcionou... Mas nós dois sabemos que quem tem câncer é para sempre. 

 Nenhum exame pode garantir nada. A doença, depois de instalada, fica dentro de nós, só esperando uma chance para ressurgir. É assim o câncer.

 O PT também, para mim, é um câncer definitivo. O Lula, você, o PT... todos com câncer. O Brasil está canceroso. Cada político corrupto é um canceroso do PT, do PMDB, do PSDB ou dos outros 37 partidecos que mamam na Pátria Gentil, corrompidos pelas barganhas de tempo na TV, do fundo partidário, das negociatas que eles perpetram, ávidos. Essa gente ruim acaba com nosso futuro, nossas esperanças. E os malditos sindicalistas. Os aparelhados. Os empreiteiros. Vocês não vão desaparecer nunca, sabemos disso. Não tem quimio, não tem veneno de rato que acabe com a raça de vocês. São como baratas sobreviventes mesmo depois de uma explosão nuclear. 
 
 O Stalin era do PT, o Hitler, também petista. O Chávez. Mussolini. Nero queimando Roma. Uma linhagem infinita de descendentes de Caim. Ninguém sabe como um petista aparece. No caso da doença câncer, propriamente dita, tem o fator stress. E os alimentos com pesticida, a genética. E a própria falta de fé na humanidade. Fé em Deus, na justiça divina. No caso de vocês, petistas, tudo leva ao câncer. A ganância pelo poder, a corrupção, a necessidade de compensar suas fragilidades espirituais, morais e éticas com o exercício da força bruta, do oportunismo que só busca vantagem para si próprio.. Vocês são do Mal. E, portanto, eternos.

   De vez em quando penduram um Mussolini pelo pescoço, enforcado numa praça pública. Ou matam um Pol-Pot a pauladas. Um parco consolo.  Você tem a caneta - mas não a cabeça. É uma serva do PT, qualquer dia o Lula vai te mandar lavar uma privada do Planalto, sem luvas. Ou te mandar trancar o processo de enriquecimento duvidoso - dele e de seu filho. De outro lado, não dá para esperar que você melhore seu QI. 

   Se eu fosse psiquiatra eu te diagnosticaria como sendo uma psicótica que costuma atravessar os limites da sanidade mental dez vezes ao dia. Então só nos resta lutar duramente contra você e contra todos os petistas do mundo, seja os da bandeira vermelha ou não. Talvez tenhamos até que usar um fuzil automático AR-15, igualzinho àquele com que você se deixou fotografar nos tempos da guerrilha.
O consolo é que se câncer não pode ser extinguido - pode ser controlado, reduzido a quase nada. Aqui no Brasil, duvido que seja pelo voto.
Outra hipótese é que o(a) canceroso(a) possa morrer logo ! Doença existe é para isso ! 

                                    Ácido como sempre fui!!  
                           Ênio Mainardi
 
                                27 de fevereiro de 2014

META SÃO TOMÉ



O governo fez ontem mais uma investida para convencer os agentes econômicos de que leva a gestão das contas públicas do país a sério. Há dúvidas sobre quanto tempo as boas intenções, que rendem muita saliva, mas teimam em não sair do papel, vão durar. A última tentativa, há menos de um mês em Davos, não resistiu a um jantar clandestino em Lisboa.

O anúncio de ontem era esperado por analistas de mercado como o “dia D” para a economia brasileira neste início de ano. Se viesse um compromisso chocho ou pouco crível com a austeridade fiscal em 2014, o risco era de as expectativas degringolarem e a perspectiva para os títulos brasileiros ser rebaixada. Talvez isso não aconteça, por enquanto.

Já com dois meses do ano transcorridos, o governo Dilma se comprometeu a alcançar superávit fiscal de 1,9% do PIB até dezembro. É muito? É pouco? Melhor analisar em retrospectiva. É tanto quanto foi realizado no ano passado, quando a meta começou em 3,1% e foi caindo, caindo até fechar em 1,9%. É, ainda, menos que os 2% registrados no recessivo ano de 2009. É, por fim, a menor economia desde 1998. Que sacrifício fiscal é este, afinal?

Trata-se também de uma espécie de meta São Tomé. É ver para crer, mês após mês. Quem entende de contas públicas de antemão já não crê. A maioria dos analistas diz que dificilmente o governo petista economizará mais que 1,5% do PIB neste ano, como aferiu o Valor Econômico. Para começar, muitas variáveis com as quais a equipe econômica conta para atingir a meta não batem.

Primeiro, pela nova previsão de crescimento da economia – que impacta todas as demais variáveis, em especial o comportamento das receitas. Os 2,5% anunciados ontem são mais realistas que os 3,8% da estimativa anterior, mas quase uma miragem quando cotejados com o 1,8% colhido pelo Banco Central junto a analistas na semana passada. Mas há quem espere bem menos para a expansão do PIB brasileiro neste ano.

Além disso, quase um terço do corte anunciado ontem é reestimativa para baixo de despesas obrigatórias, analisa O Estado de S. Paulo. Se são obrigatórias, como cortá-las? Daí virão R$ 13,5 bilhões dos R$ 44 bilhões previstos, incluindo a estimativa de um rombo na Previdência R$ 10 bilhões menor do que o registrado no ano passado. Será possível? Como?

“Isso é como cortar vento, pois é uma redução da previsão da despesa que consta da lei orçamentária. Por definição, o governo terá que pagar as despesas obrigatórias que forem efetivamente registradas. Nos anos anteriores, as despesas obrigatórias terminaram maiores do que o previsto no primeiro decreto de contingenciamento”, resume Ribamar Oliveira no Valor. Não é preciso dizer muito mais a este respeito.

Além de São Tomé, a nova meta fiscal do governo Dilma também deverá render benção a São Pedro. Nos cálculos apresentados ontem, a equipe econômica petista não prevê aportar mais que R$ 9 bilhões para cobrir desequilíbrios no setor elétrico em razão de subsídios, renegociação forçada de contratos e uso mais intenso de usinas térmicas por causa da falta de chuvas. É rezar para crer. Especialistas dizem que a conta não sai por menos que o dobro disso.

As previsões para o comportamento das receitas também são exageradamente otimistas. O governo projeta 20,9% do PIB, mais que os 20,6% de 2013, quando a arrecadação foi inflada por ocorrências atípicas, como o leilão de Libra. O pessoal de Brasília parece ignorar que não é todo ano que se vende metade das reservas estimadas de petróleo de um país...

Entretanto, segundo o Valor, o ministro da Fazenda diz que tem “trunfos” na manga para garantir o objetivo fiscal neste ano. Entre eles está a taxação de empresas distribuidoras de cosméticos, estendendo prática que hoje é feita só nas fábricas. E também mudanças das regras de concessão do seguro-desemprego e do abono salarial, que ele já prometera antes. São, em suma, coisas cosméticas – literalmente – ou requentadas.

A tesoura de Dilma entrou firme mesmo foi nas emendas parlamentares. Serão R$ 13,3 bilhões a menos, que atingem diretamente a área social – pelo menos metade delas iria para a saúde. Ou seja, o corte também terá o condão de azedar ainda mais o clima na já conflagrada base de apoio à presidente no Congresso. Do PAC, que ano passado não executou nem um terço do previsto, foram retirados R$ 7 bilhões. Aí é tesourada em puro vento.

O ajuste será capaz, no máximo, de evitar uma deterioração mais grotesca dos indicadores de solvência do país, mantendo estável a relação dívida/PIB. Representa, também, o reconhecimento oficial do fracasso das políticas anticíclicas e de que a política fiscal vigente não ajudava em nada o controle da inflação – que o governo estima em 5,3% neste ano, o que seria a taxa mais baixa alcançada na atual gestão. 
Há aspectos positivos, porém. Até bem pouco tempo atrás, o governo Dilma acreditava piamente que era possível empurrar a periclitante situação fiscal do país com a barriga até que as eleições passassem e – na suposição de reeleição da petista – só então fosse tomada alguma medida mais drástica. Imagine a debacle em que o país não estaria se esta atitude irresponsável tivesse prevalecido. Ficamos com o menos pior.
 
23 de fevereiro de 2014
Instituto Teotônio Vilela
 

AMIGOS...


A foto comprova que a amizade entre Lula e Pizzolato vem de longa data. Pizzolato - um petralhinha de 2° escalão - desviou recursos do Banco do Brasil para alimentar o Mensalão.
Natural que, sendo quem é, conseguisse desviar pra ele mesmo um dinheirinho suficiente para fugir para a Itália e, de passagem pela Espanha, comprar 3 imóveis de bom padrão num balneário de classe média alta.
Coisa pouca. Isso é o que se sabe por enquanto.
O que tem a ver isso com o fato dele ser amigo de longa data do Lula?
Nada, claro. O Lula até diz que o mensalão não existiu.
 
23 de fevereiro de 2014
in blog do beto

A OPOSIÇÃO E O CONSERVADORISMO DE DENISE ABREU

 

A pré-candidatura de Denise Abreu para a Presidência da República é uma manifestação de oposição ao governo federal, cuja base está estabelecida desde 2003. O caso da ex-diretora da Anac é mais um caso que pode ser enquadrado como assassinato de reputações. Trata-se de uma pré-candidata que conhece a agenda do governo petista e, por isso, é uma grande pedra no sapato para o governo Dilma Rousseff. 
Especula-se que Everaldo Pereira, do PSC, e Ronaldo Caiado, do DEM, possam ser candidatos à presidência. No entanto, o partido do pastor está com a imagem manchada devido ao deputado Marco Feliciano e dificilmente ganharia força. Ronaldo Caiado, deputado que mais se opõe ao governo Dilma, defensor dos direitos de propriedade e do agronégocio, que é o grande responsável pelo crescimento econômico do país na última década, não definiu qual cargo deseja disputar e encontraria dificuldades para lançar candidatura própria. 
 
Por outro lado, Denise Abreu é capaz de debater com Dilma Rousseff e realmente se opor à sua forma de governo. Sua oposição não se limitaria apenas em âmbito administrativo, mas no âmbito das ideias. Em entrevista para o músico e escritor Lobão, Denise se declarou defensora das “coisas permanentes” – expressão utilizada pela literato T.S. Eliot e pelo filósofo político Russell Kirk para designar tudo aquilo que merece ser preservado e passado para as próximas gerações -, demonstrando ser uma candidata conservadora. Os discursos liberal e conservador são praticamente nulos na política nacional. Ultimamente, apenas alguns deputados do antigo PFL – que mudou o nome para Democratas em 2007 para não ser identificado como partido liberal, demonstrando como esse nome se tornou obscuro em nossa nação “progressista” – discursaram em defesa do livre mercado no Congresso Nacional. 
O conservadorismo é, em tese, defendido por alguns membros do PSC e do PP. Porém, nota-se mais uma manifestação de “reacionarismo” que a postura reativa e prudente do conservador que encontramos mundo afora – principalmente no Reino Unido e nos Estados Unidos – por parte desses congressistas. Jair Bolsonaro é mais um defensor do controle de natalidade, do voto obrigatório e da reestatização de empresas que um defensor das “coisas permanentes” e da economia de mercado. 
Tendo em vista a situação em que a direita brasileira se encontra, totalmente obscurecido pelo meio acadêmico e pela grande mídia, qualquer candidato que defenda valores conservadores ou liberais é satisfatório. Nos Estados Unidos, até a década de 1950, os grupos que compõe o atual movimento conservador, representado majoritariamente pelo Partido Republicano, eram dispersos. Após a publicação de “The Conservative Mind”, por Russell Kirk, em 1953 e a criação da revista National Review, por William F. Buckley Jr., em 1955, facções adeptas às mais divergentes ideias se uniram com uma única finalidade: vencer o comunismo, uma doutrina armada. 
 
Dizer-se de direita é visto com péssimos olhos. Na era do relativismo moral, o bullying esquerdista nunca foi tão poderoso. Deste modo, poucos evitam tal rótulo. Às vezes, aceita-se o rótulo de liberal, posto que a palavra é ligada a liberdade, e todos esquerdistas gostam de “liberdade” – para realizar abortos, claro. Pois liberdade para portar armas de fogo e proteger sua família, educar os filhos, comer e beber o que deseja e se expressar sem censuras politicamente corretas é coisa de “extremista”. 
 
Porém, a partir do momento que você começa a defender a liberdade econômica, é visto com maus olhos. Ou você “abre sua mente” para as ideias do lado oposto, ou você é rotulado de neoliberal explorador dos fracos e oprimidos, ainda que demonstre como a economia de mercado reduziu a pobreza ao redor do mundo. Não importa se o Chile está em sétimo lugar no índice de liberdade econômica da Heritage Foundation e o Brasil em centésimo décimo quarto, sendo aquele país mais próspero que o nosso. Mostrar a verdade não basta. Afinal, verdade é um “conceito burguês”. 
 
Dizer-se conservador então? “Mas que palavra obscena! Lave essa língua, pois isso que você disse é muito feio.” A carga das palavras sempre foi enorme, e devemos tomar cuidado ao utilizá-las. No entanto, a censura politicamente correta tornou uma palavra que é utilizada normalmente em vários países do Ocidente em um palavrão. 
A grande incógnita é o partido da pré-candidata Denise: o PEN, Partido Ecológico Nacional, não seria um partido de esquerda? Já não há o PV? Não são as mesmas ideias? Conforme a própria Denise, em entrevista para Lobão, o partido visa defender a sustentabilidade do ser humano. É lugar-comum relacionar o conservadorismo e a direita com a negligência e a devastação ambiental. Afinal, foi através dessa bandeira que Al Gore lançou “Uma Verdade Inconveniente” – que já está sendo contestado, com fatos, há bastante tempo. 
O filósofo, escritor e jornalista Roger Scruton resume as características do atual movimento ambientalista: “Há uma classe de vítimas (as gerações futuras), uma vanguarda iluminada que luta por elas (os guerreiros ecológicos), burgueses poderosos que os exploram (os capitalistas) e oportunidades infindáveis de expressar ressentimento contra o sucesso, a riqueza e o Ocidente”. 
Porém, para Scruton, os ambientalistas deviam se opor mais ao socialismo que ao capitalismo: os projetos estatais dos países socialistas eram os que mais desrespeitavam o meio ambiente. Tais projetos foram uma característica marcante do Leste Europeu. O motivo é simples: o que o Estado determina é imposto de cima para baixo. 
 
O ambientalismo autêntico deveria defender o contrato entre os mortos, os vivos, e os que ainda não nasceram – a responsabilidade para com as gerações futuras. Tal parceria certamente é uma ideia conservadora, e pode muito bem ser defendida por conservadores e por defensores da economia de mercado. 
Grande parte dos problemas ambientais são causados pelo apoio estatal a projetos antiecológicos de planejamento urbano, que estimulam a poluição , o emprego de combustíveis fósseis e tornam as cidades esteticamente desagradáveis. Não se pode culpar o mercado por estímulos e decretos dados pelo Estado: o estímulo à compra de automóveis por parte do Estado, a iluminação pública com seu grande gasto de energia, e até mesmo conjuntos habitacionais construídos pelo governo podem ter consequências ambientais graves, se não forem avaliados da maneira adequada. Quem administra e empreende tais ações é o Estado. 
 
O pensamento conservador é um aliado natural da defesa do meio ambiente. Ter ciência de que o Estado é a parceria entre aqueles que já nos deixaram, vivem e ainda estão por nascer; da importância do princípio da prudência na administração pública; e de como é fundamental adequar as políticas públicas às circunstâncias materiais de cada região é fundamental para que políticas pró-meio ambiente sejam adotadas. 
 
Além disso, o meio ambiente e a estética urbana merecem lugares bem acima de dicotomias impostas por ideólogos de frases feitas e de agressividade intelectual sem freio. A técnica de “dividir para conquistar” deve ser rejeitada por qualquer pessoa civilizada. 
 
Portanto, Denise Abreu é uma candidata conservadora, pois é defensora de ideias conservasionistas, e se opõe verdadeiramente às ideias do governo atual. Religiosos, militares, caminhoneiros, produtores rurais, profissionais liberais, entre outros grupos menosprezados pelo atual governo devem ver essa candidatura com bons olhos. Ainda que as chances de vencer as eleições sejam pequenas, é um grande início para pôr fim no projeto de poder petista. 

23 de fevereiro de 2014
Eric Carro
Extraído do blog O Bunker da Cultura
http://revistaliberius.com/

"AVANÇO PARA O PASSADO"

 

Imaginem por um curto instante o estado de choque em que ficariam o comitê central do PT, seus milhares de militantes e sua agressiva (e cada vez mais cara) máquina de propaganda, se esta revista, para dar um exemplo de entendimento bem fácil, publicasse um texto no qual o povo brasileiro fosse chamado de “essa gente”. Mais: que “essa gente” está cometendo uma enorme “ingratidão” ao protestar contra o governo, depois de todos os presentes que tem ganhado das nossas mais altas autoridades.

O mundo viria abaixo ─ eis aí, diria a esquerda nacional, a prova definitiva da sordidez sem limites da “grande mídia” brasileira.
Mas, graças ao bom Deus, quem disse isso não foi VEJA, e sim o secretário-geral (com nível de ministro) Gilberto Carvalho, descrito como homem de importância praticamente sobrenatural dentro e fora do Palácio do Planalto. Será que foi mesmo ele? Sim, está provado que foi, numa viagem recente a Porto Alegre. “Fizemos tanto por essa gente”, queixou-se Carvalho, “e agora eles se levantam contra nós.” Essa gente? Eles? Ingratidão? É um concentrado de insultos à população que parece ter saído diretamente da linguagem utilizada no Brasil antes da abolição da escravatura.

Está tudo errado nessa declaração, a começar pelo sujeito da frase. “Fizemos”? Quem “fizemos”? É como se o ministro e seus companheiros estivessem tirando dinheiro do próprio bolso para dar aos pobres; mas quem banca tudo é o povo, a cada tostão que tem de pagar em impostos quando compra um palito de fósforo que seja.
Ao mesmo tempo, está tudo certo, certíssimo: a frase do companheiro é provavelmente a tomografia mais fiel já feita até hoje dos verdadeiros sentimentos que os donos atuais do Brasil têm em relação à sociedade brasileira. 
O secretário, simplesmente, disse em público aquilo em que ele e os companheiros acreditam em particular. Foi uma espécie de hora da verdade ─ por distração, ou sabe-se lá por quê, Carvalho esqueceu a regra-base de seu partido, que manda os chefes não falarem como pensam e, mais do que tudo, não agirem como falam.

“Essa gente” a que se refere o companheiro Carvalho, exatamente como os barões do café falavam no Brasil do atraso, é a mesma de sempre: o povão da fila do ônibus ou da sala de espera do SUS, essa grande massa sem rosto ou nome, ignorante, preguiçosa, inepta, desinformada, capaz de ler não mais do que três palavras juntas na telinha do celular, sem noção de seus direitos, só utilizável para o trabalho braçal e ainda por cima ingrata.

Quando um dos mais notáveis lordes do almirantado petista fala como falou sobre a nossa “gente”, aparece à vista de todos o real projeto das forças que estão no governo: reinar sobre uma opinião pública obediente, inconsciente e boçal, que tem de agradecer quando recebe um pouco daquilo a que tem direito. 
O que querem é manter o Brasil exatamente como está e sempre esteve, mas com a astúcia de fingirem que estão mudando tudo.

O governo do ex-presidente Lula, de Dilma Rousseff e do PT é uma das mais bem-sucedidas farsas jamais levadas ao público na história política brasileira. Por conta de progressos ocorridos nos níveis de bem-estar, os mesmos que dezenas de outros países alcançaram nos últimos anos (ou até menos do que muitos deles conseguiram), Lula e seu entorno, com endosso de gente séria pelo mundo afora, garantem que sua missão de fazer uma revolução social no Brasil foi um espetáculo ─ o tipo da operação concluída com sucesso, como dizem as vozes que desbloqueiam cartões de crédito pelo telefone. Mas não mudou nada no modo como o país é governado, nem como o poder é distribuído, nem como o bolo é fatiado; não houve nenhuma “mudança estrutural”, que é a maneira de os economistas dizerem que foi trocada a pintura do carro, mas não se mexeu em nada no motor.

De concreto, mesmo, é o compromisso do governo petista de manter intacto o Brasil do passado ─ injusto, desigual, atrasado, onde o importante não é ser cidadão brasileiro, e sim depender de quem está no governo.
Lula e seu auditório tinham prometido acabar com esse Brasil obsoleto e colocar em seu lugar uma nação pronta para o século XXI. Onze anos após eles chegarem à Presidência da República, o Brasil, na sua essência, está idêntico ao que receberam em janeiro de 2003 ─ e seus melhores aliados são justamente os chefes políticos que equivalem, hoje, aos senhores de engenho de ontem. Com certeza não houve revolução nenhuma em todo esse período. Como estava, ficou.

O Brasil seria um país bem melhor se Carvalho fosse uma exceção ─ um “ponto fora da curva”, como se diz hoje. Infelizmente, não é assim. Na verdade, o secretário-geral da Presidência é a própria curva ─ um espelho que reflete sem piedade a vida como ela é no ano 11 da Era Lulista.
Mais que isso, reflete o exemplo de conduta que o homem recebe de quem está acima, e quem está acima dele é a presidente da República.
Essa última viagem de Dilma à Suíça e a Cuba, por exemplo, é um perfeito improviso do falso esquerdismo do governo, que tenta ocultar, com palavrório, notas oficiais de sintaxe primitiva e a pura e simples mentira, os hábitos de sultão que seus barões adotam na realidade do cotidiano: falam de um jeito, vivem de outro.

O que poderia comprovar melhor seu desprezo pelo cidadão comum do que a mentira que a presidente obrigou seu ministro do Exterior a dizer em público, para esconder os motivos de uma escala “não programada” que fez em Portugal ─ e, ainda por cima, uma mentira incompetente, incapaz de resistir a 24 horas de investigação? A atitude oficial é: “Inventem aí uma coisa qualquer para dizer ao público”.

Para piorar, Dilma hospedou-se num hotel onde a diária da principal suíte passa dos 8 000 euros, soma de meter medo em qualquer campeão das nossas elites mais vorazes. Pode uma coisa dessas? Não pode. Não é uma questão legal; é uma questão de compostura, só isso.
A governante número 1 de um país com as misérias do Brasil simplesmente não tem o direito moral de gastar 8 000 euros do Tesouro Nacional para pagar uma noite de sono.

O conserto ficou pior que o defeito quando Dilma decidiu esclarecer uma conta de cerca de 300 reais que pagou em seu jantar em Lisboa. “Paguei com o meu dinheiro”, disse ela. “Se o dinheiro é meu, eu como onde quiser. Estou pagando.”
Há linguajar que reproduza tão bem o vocabulário truculento da elite brasileira, nos seus piores momentos de onipotência, grosseria e mania de grandeza?
Nada de admirar, no fundo, quando se sabe que a presidente aluga um caminhão só para levar suas roupas em viagens internacionais ─ ou acha comum requisitar hospedagem para 45 assessores, como nesse último passeio.
É um dos vícios públicos brasileiros que mais agradam ao PT ─ a ideia de “aproveitar” até o bagaço tudo o que o ”governo está pagando”.

O fato é que existe hoje, nas massas que habitam a máquina estatal, uma imensa distância separando a pregação revolucionária que fazem no palanque das ações que praticam na vida diária. Para manter a pose de “esquerda”, e ao contrário do que ensina o dito popular, o cidadão come presunto Pata Negra, mas arrota mortadela da venda. Quer falar como socialista e, ao mesmo tempo, viver como burguês; não pode dar certo. Há um preço mínimo a pagar para sustentar uma imagem, e esse preço exige que se enfrente um pouco de desconforto para segurar a onda de herói popular. Fidel Castro, por exemplo, hospedou-se num pulgueiro do Harlem em sua primeira visita a Nova York ─ não no Excelsior de Roma ou no Ritz Four Seasons de Lisboa, como fez sua companheira Dilma. Demagogia? Fidel achou que não; parece que sabia o que estava fazendo.

Os fatos, essa coisa irritante, oferecem muitos outros exemplos da obra de falsificação construída por Lula, Dilma e pelo PT para convencer a plateia de que a “direita”, os “ricos” e os que querem a volta do pelourinho e da chibata são os únicos brasileiros que discordam do governo. É o contrário: estes todos, no mundo das realidades, estão casados com o PT e o PT está casado com eles. Basta olhar um pouco. Não há um único trabalhador no ministério do Partido dos Trabalhadores; em onze anos de governo, e num país com 200 milhões de habitantes, não conseguiram encontrar nenhum até agora, um só que fosse. Ao longo desses anos todos, não foi eliminado no Brasil nem um privilégio sequer, essa praga que mantém nossa vida pública amarrada no século XIX.

Não foi cortado um único dos 20 000 a 25 000 cargos públicos para os quais a presidente, seus ministros, os burocratas mais lustrosos e os donos do poder podem nomear quem bem entenderem. A propriedade privada continua sendo sagrada para quem conta com amizades “lá em cima” ─ sobretudo depois que tantos companheiros passaram a desfrutar dos seus aspectos mais agradáveis.
Usineiros continuam, como acontece há séculos, recebendo dinheiro do contribuinte para resolver seus problemas ─ só neste ano de 2014, levarão perto de 400 milhões de reais para casa.
Os “rentistas”, maldição-mor na linguagem da moda entre os economistas de esquerda, nunca viveram tão bem com as suas rendas.
Empresários amigos, e amigos dos amigos, continuam desfrutando o caixa do BNDES, a juros inferiores a 1% ao ano, como sempre desfrutaram durante os governos a serviço da “alta burguesia”.

Tem sido especialmente simpático com frigoríficos, gente da celulose, capitães da “indústria nacional” e empreendedores da modalidade Eike Batista, a quem conseguiu emprestar 200 milhões de reais para reformar um hotel no Rio de Janeiro; Eike não reformou um único mictório, a carcaça do hotel já foi vendida e o BNDES, naturalmente, ainda não recebeu um centavo de volta.
As empreiteiras de obras públicas vivem uma nova época de ouro, tão rentável como viviam nos governos de “direita”. Uma delas, a Odebrecht, despacha direto com Lula na construção de um incompreensível estádio para o Corinthians, e construiu para Cuba, com dinheiro do povo brasileiro cedido por Dilma, um porto avaliado em quase 1 bilhão de dólares.

O FGTS virou uma festa para milionários. Não há dinheiro que pertença de forma mais clara e direta ao trabalhador ─ na verdade, existe uma lista, nome por nome, de quem é proprietário das somas ali depositadas e quanto, exatamente, cada um tem na sua conta. 
O Partido dos Trabalhadores, porém, permite que o governo gaste como bem entender o dinheiro do trabalhador: inventou um “Fundo de Investimento” para o FGTS investir os recursos que recebe todo mês através da folha salarial das empresas, e já tinha, segundo revelação recente da revista EXAME, quase 30 bilhões de reais em carteira no fim de 2013.
Três quartos dessa montanha de dinheiro estão aplicados ─ onde mais poderia ser? ─ em títulos de dívidas e ações de empresas privadas, muitas de capital fechado. Se algo der errado com elas, as garantias que o FGTS terá serão os papéis de companhias quebradas.
 
Belo investimento para o trabalhador brasileiro, não? Só mesmo um governo dos trabalhadores cuidaria tão bem dos seus interesses financeiros. Na maior parte esse dinheiro está espalhado pela finíssima flor da elite que o PT fala todos os dias em exterminar: a incansável Odebrecht, a Friboi, construtores de sondas para a Petrobras, empreiteiras de obras, construção naval e por aí afora.

Deu para entender? O melhor da história é como se decide quem vai receber o dinheiro do fundo. Um conselho de doze membros é quem realmente manda ─ e ali o governo tem seis representantes, mais três que vêm dessas entidades chapa-branca como Confederação Nacional da Indústria etc. E não há ninguém para falar pelo trabalhador? Sim, um só ─ um cartola da CUT. Se no lugar dele se sentasse o marajá de Baroda, os trabalhadores brasileiros estariam mais bem representados.

É difícil levar adiante essa vigarice de “governo do povo” quando se considera, além de tudo o que já foi dito, que a presidente da República, como se cogita com certa angústia no Palácio do Planalto, está ameaçada de não poder ir a nenhum jogo da Copa do Mundo, para não levar uma vaia de 24 quilates.
Que “governo popular” é esse? O companheiro Carvalho está achando que é uma tremenda injustiça. Mas o que se vai fazer? “Essa gente” é mesmo uma dor de cabeça.

23 de fevereiro de 2014
J. R. Guzzo, Veja

http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com/2014/02/avanco-para-o-passado_23.html