Em visita ao Abrigo Cristo Redentor, em Bonsucesso, Zona Norte do Rio, na manhã deste domingo, o candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) prometeu que, se eleito, ampliará os benefícios pagos aos aposentados, complementando a renda destes com valor adicional para a compra de medicamentos. A proposta faz parte do programa Digna Idade e faz parte de uma série de projetos para prestar assistência aos idosos que pretende adotar se vencer a corrida pela Presidência. A proposta é inspirada em projeto com o mesmo nome que Aécio implantou em outubro de 2003 quando era governador de Minas Gerais.
— Além do aumento real do salário mínimo, que continuará a ser praticado no nosso governo, haverá um aumento especial para os aposentados. Ele levará em consideração, além do reajuste já acertado, um aumento dos medicamentos. Isso é absolutamente essencial para que os idosos possam viver com o mínimo de dignidade — disse o candidato.
Outra promessa feita pelo tucano é rever os valores do Benefício da Prestação Continuada (BPC), que teriam reajuste superior ao salário mínimo para os idosos. Previsto na Constituição Federal e regulamentado em 1993 pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), o BPC garante o pagamento de um salário mínimo para maiores de 65 anos que comprovem não ter meios de garantir o próprio sustento por si próprio ou sua família.
Além disso, a renda mensal familiar per capta deve ser inferior a 25% do salário mínimo vigente. Segundo o site do Ministério do Desenvolvimento Social, 1,7 milhão de idosos recebia o auxílio em 2012. O BPC também é pago a pessoas com deficiência de qualquer idade, com problemas físicos e mentais duradouros conforme as mesmas regras para os idosos.
— O Brasil vem envelhecendo e não se preparou para cuidar dos seus idosos. Temos poucos abrigos. Vamos ampliá-los. O programa Digna Idade que estamos lançando tem duas vertentes. A primeira: ampliar o número de cuidadores. Apoio e ampliação das unidades que atendem idosos que foram abandonados nos hospitais ou pelas famílias. É uma sinalização clara de que os idosos terão um tratamento diferenciado, condizente com a contribuição que deram ao Brasil ao longo da sua vida — disse Aécio Neves.
Os detalhes do programa, segundo o presidenciável, ainda serão definidos por sua equipe econômica. Ao explicar de onde viriam os recursos, Aécio partiu para o ataque ao governo da presidente Dilma Rousseff, ao qual acusou de gastar recursos públicos de forma irresponsável:
— O conjunto de medicamentos nós vamos focar naqueles que os idosos usam de forma mais contínua. É algo que ainda está sendo avaliado. Mas pelas nossas estimativas não é expressivo. Os recursos virão de um estado que tem uma política fiscal austera. Que não desperdiça, que não aumenta os gastos de forma irresponsável e avassaladora como esse governo aumentou ao longo dos últimos anos. Nós tivemos apenas nos quatro primeiros meses de 2014, os aumentos dos gastos correntes quase que o dobro das receitas. Nosso governo vai estabelecer prioridades. Pode ser feito sem retirar o essencial. Precisamos ter um orçamento que apresente prioridades. Muitos recursos aprovados para Saúde e Segurança, por exemplo, não são usados — disse Aécio.
O candidato prosseguiu: — O que onera o Tesouro são os mais de R$ 30 bilhões transferidos para empresas de transmissão de energia por absoluto e absurdo equívocos do governo nessa área. No momento em que reorganizarmos o governo, enxugarmos a máquina pública, cortar pela metade o número de ministérios e estabelecer prioridades claras vai ter dinheiro para o que precisa — disse.
PROGRAMAS SOCIAIS SERÃO MANTIDOS
Ao comentar porque fez questão de destacar, no programa eleitoral exibido na noite de sábado, que foi gravado numa comunidade ribeirinha do Amazonas, que manterá o Bolsa Família se for eleito, Aécio acusou o PT de espalhar rumores de que acabaria com o projeto. O candidato classificou essa prática como sendo “terrorismo”:
— Na verdade há um terrorismo disseminado Brasil afora, obviamente pelo PT, pelos filiados e seus simpatizantes. Na ausência de propostas a apresentar ao Brasil, fazem terrorismo. Não é de hoje, vem de outras eleições que se o PSDB vencer, os programas de transferência de renda serão interrompidos. Isso não é verdade. É uma irresponsabilidade. No nosso governo o Bolsa Família não apenas vai ser mantido como vamos fazer outras intervenções adequadas no cadastro do benefício. Isso para que os dependentes do programa possam ser beneficiados por outras ações, como buscar melhorar suas residências, um saneamento adequado. E vamos investir de forma ativa na qualificação dessas famílias para que elas, se quiseram, possam buscar espaço no mercado de trabalho — acrescentou o candidato.
Sobre o crescimento da candidatura de Marina Silva (PSB) que substitui Eduardo Campos, Aécio afirmou que se vê no segundo turno. — Sou candidato para apresentar um projeto diferente do que está aí. De uma visão diferente do que está aí. Nada mudou. Temos uma proposta do Brasil que não mudou. Não sou candidato para botar retrato na parede ou defender uma tese apenas. Sou candidato para transformações. Mudanças em algo palpável. Para melhorar a vida do cidadão desesperançado Brasil afora. A eleição será decidida pelo eleitor. Não será decidida antecipadamente. Meu sentimento é que estaremos no segundo turno e venceremos as eleições.
O abrigo é uma instalação federal, mas administrada pelo governo do estado desde 2008. Aécio percorreu o instituto e, ao lado de internos, sambou ao som de um trio formado por funcionários da instituição. Ele também cantou “Amizade sincera”, de Renato Teixeira. Um dos músicos contou que a roda de samba foi mobilizada especialmente para a visita do candidato. — Geralmente, nós tocamos para os idosos apenas nas manhãs de sexta-feira — contou um dos integrantes do trio.
No governo do Estado, a instituição é ligada à Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos. Durante boa parte da gestão do ex-governador Sérgio Cabral, a pasta foi dirigida pelo PT. Nós últimos meses, o comando da secretaria ficou com o deputado estadual Pedro Fernandes (Solidariedade), que deixou o cargo em abril para tentar ser reeleito para a Alerj. Neste domingo, Pedro Fernandes acompanhou a visita de Aécio. A vereadora Rosa Fernandes (Solidariedade), mãe do deputado, também acompanhou a visita.
(O Globo)