Os combatentes da organização sunita extremista Estado Islâmico (EI) divulgaram um vídeo em que se declaram prontos a desencadear a guerra contra os EUA. O filme, chamado “Flash of War”, se considera “um aviso claro” a Washington.
“A guerra está no início e os mujahedin estão ansiosos de lutar contra os soldados dos EUA”, diz a legenda do filme de 52 minutos. A imprensa qualifica o vídeo como “declaração da guerra contra os EUA”. Claro que tal desafio é muito dúbio e controverso. O Estado Islâmico não tem recursos materiais e humanos para medir forças com o maior país industrializado do mundo.
Todavia, os EUA não podem hoje usar ao máximo o seu potencial militar. Apesar de o ministro da Defesa, general Chuck Hagel, e de o chefe dos Estados Maiores das Forças Armadas, general Martin Dempsey, terem admitido a realização de operações militares terrestres, travar uma nova guerra no outro extremo do planeta seria um negócio dispendioso e arriscado para os EUA.
Por outro lado, seria insensato não atender aos desafios lançados pelos fundamentalistas islâmicos. É por isso que a Casa Branca procura lidar com o Estado Islâmico recorrendo à força externa. Além disso, o problema do EI se agudizou por culpa dos EUA.
COALIZÃO ANTITERRORISTA
Na recente conferência internacional de Paris, Washington se apressou a formar uma coalizão antiterrorista que já integra mais de 40 países. Os mais resistentes e fortes nessa luta têm sido o Irã e a Síria que, curiosamente, não se fizeram representar naquele fórum. Cooperar com estes dois Estados significa reconhecer os erros cometidos pelos EUA e alterar de forma radical o vetor da política externa. Washington parece não estar preparado para tal cenário, comenta o diretor do Centro de Pesquisas Político-Sociais, Vladimir Evseev:
“Os EUA não querem dialogar. Alguns de seus “amigos”, por exemplo, o Qatar, constituem a base financeira do Estado Islâmico. Não imagino como se pode lutar contra terroristas quando parceiros dos EUA os estão ajudando!”
É verdade que os EUA sempre se enganam na escolha de aliados. Desta feita, em vez de contar com apoio de Bashar Assad, se prontificam a atacar as posições do EI no território sírio sem consentimento de Damasco. Washington até vai ameaçando com golpes contra os sírios se eles vierem impedi-los na sua nova cruzada. Claro que tal menosprezo pela soberania de outro país vem abalando a realização do projeto antiterrorista em geral.
Infelizmente, a atual política externa de Obama converte os aliados dos EUA em seus inimigos, fazendo os adversários ainda mais intransigentes. Ora, nesse sentido, Washington precisa de apoio da Rússia em nível do CS da ONU.
E A RÚSSIA?
Simultaneamente, a Casa Branca procura encostar a Rússia à parede, isolando-a no palco internacional, impondo sanções antirrussas à UE, ameaçando com a instalação de novas bases militares no leste da Europa e se solidarizando com o “partido da guerra” na Ucrânia.
Moscou fica perplexa perante tal postura estranha. Segundo anunciou o chefe da comissão parlamentar de assuntos internacionais, Alexei Pushkov, aos EUA “compete fazer uma opção certa e definir bem a sua política em relação à Rússia.
Afinal de contas, os americanos têm de decidir o que representa a Rússia para eles – um país que eles, contrariando o bom senso, procuram transformar em ‘pária’ou um Estado com o qual se deve cooperar para controlar os complicados processos que ocorrem em várias regiões do mundo.”
Uma opção semelhante tem que ser feita em relação aos outros países que não desejam a confrontação, preferindo conduzir uma política soberana. Tendo respeito aos outros, os EUA poderão contar com a compreensão e o início de processos sinérgicos. Tais são os principais fatores de qualquer projeto internacional eficiente. A operação militar contra o EI não é exceção.