"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 24 de janeiro de 2015

ATENÇÃO! A DUPLA QUER SALVAR O PLANETA COM DROGAS.

O programa de índio de Dilma no país da cocaína e o cinismo de Marco Aurélio Garcia sobre o tráfico

 A presidente Dilma Rousseff trocou a reunião anual do World Economic Forum na cidade de Davos, nos Alpes suíços, pela terceira posse consecutiva do companheiro bolivariano Evo Morales, que chamou o capitalismo de “filosofia de morte”, disse que “não existe o primeiro mundo, nem o segundo, nem o terceiro, nem o quarto”, e que só o “povo originário, o povo milenário poderá salvar o planeta Terra e acabar com o imperialismo e o capitalismo”.
Enquanto o ministro figurante da Fazenda, Joaquim Levy, debate a “filosofia da morte” em Davos, Dilma marca presença no quinto mundo de Morales, onde a cúpula da Assembleia Plurinacional exibiu em junho do ano passado um novo relógio com os ponteiros girando para a esquerda, em sentido anti-horário, o que implicou a inversão da ordem dos números. Isto para “mudar os polos, de modo que o Sul esteja ao Norte, e o Norte, ao Sul”, como explicou o deputado Marcelo Elío, um dos bolivarianos da turma do presidente.

Morales é aquele que em 2006, como lembrou Ricardo Setti, mandou tropas do Exército ocupar instalações da Petrobras, depois “nacionalizadas” na marra, recebendo em troca afagos de “compreensão” do então presidente Lula, que, lembro eu, posaria com um colar de coca ao lado dele em 2009. O boliviano orgulha-se de ser um incentivador das plantações da matéria-prima de mais da metade da cocaína e do crack consumidos no Brasil, alegando que as folhas servem para produzir chás e remédios tradicionais; mas apenas um terço da coca plantada em seu país atende a essa demanda inofensiva, segundo estimativa das Nações Unidas. O restante abastece o narcotráfico e contribui para corroer a vida de milhões de brasileiros e de suas famílias.
O Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína no mundo e, muito provavelmente, o maior consumidor de produtos que têm a cocaína como base, como o crack, segundo o relatório de setembro do ano passado do Departamento de Estado dos Estados Unidos sobre as estratégias internacionais de controle de narcóticos. A principal rota da droga que sai da Bolívia de Morales, da Colômbia e do Peru com destino à Europa, passando pelo oeste da África, é o Brasil.
Em junho de 2012, VEJA teve acesso a relatórios produzidos por uma unidade de inteligência da polícia boliviana que revelavam uma conexão direta entre o homem de confiança de Morales, o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, e um traficante brasileiro que atualmente cumpre pena na penitenciária federal de segurança máxima em Catanduvas, no Paraná. Em janeiro de 2013, uma reportagem do SBT mostrou também como o trânsito e o tráfico são livres em áreas de fronteira dos dois países. Morales está no poder desde 2006. O PT de Dilma, desde 2002.
Mesmo assim, o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio “Top Top” Garcia, disse nesta quinta-feira que “nós temos também com a Bolívia uma cooperação muito grande na questão da repressão ao narcotráfico”. Pois é. Só se for “na questão” de não reprimi-lo, coisa em que Garcia é veterano. Em março de 2008, o então assessor especial do presidente Lula declarou ao jornal Le Figaro:
“Eu lhes lembro que o Brasil tem uma posição neutra sobre as Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia]: nós não as qualificamos nem de grupo terrorista nem de força beligerante. Acusá-las de terrorismo não serve pra nada quando a gente quer negociar.”
Era verdade, afinal o PT “negociava” com as Farc a conquista do poder na América Latina em assembleias secretas do Foro de São Paulo, como confessaram Hugo Chávez e o então número 2 do grupo narcotraficante, Raúl Reyes – aquele em cujo computador foram encontrado e-mails com menção a Garcia, segundo a revista colombiana Cambio. Em pelo menos duas dessas assembleias, Lula reconheceu o trabalho de seu assessor:
“Em função da existência do Foro de São Paulo, o companheiro Marco Aurélio [Garcia] tem exercido uma função extraordinária nesse trabalho de consolidação daquilo que começamos em 1990″, disse o ex-presidente em 2 de julho de 2005, nos 15 anos do Foro. “Não posso desmerecer o trabalho do companheiro Marco Aurélio Garcia, que hoje está no governo, não está aqui, mas que participou de quase todas as reuniões do Foro de São Paulo”, acrescentou Lula em 2011, na 17ª reunião do Foro. Ambas estão registradas em vídeo.
O programa de índio de Dilma na Bolívia foi apenas mais uma celebração petista do narcotráfico. No relógio dessa gente de quinto mundo, os ponteiros estão sempre girando para a esquerda. Aqui
 
24 de janeiro de 2915
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Felipe Moura Brasil - Veja Online

ALÇA DE MIRA

Petrolão: empreiteiro rompe o silêncio e mostra que a Lava-Jato chegou ao Palácio do Planalto

gerson_almada_01Quando afirmou, em matéria do dia 29 de agosto de 2014, que a Operação Lava-Jato em breve subiria a rampa do Palácio do Planalto, o UCHO.INFO o fez com base em informações do editor, um dos denunciantes do esquema de corrupção que foi gestado pelo finado José Janene, à época deputado federal pelo PP do Paraná e um dos caciques do esquema criminoso que sangrou os cofres da Petrobras na esteira de superfaturamento de contratos e pagamento de propinas.
O outro denunciante foi o empresário Hermes Magnus.

Preso em 14 de novembro de 21 durante a Operação Juízo Final, sétima etapa da Lava-Jato, o vice-presidente da construtora Engevix, Gerson de Mello Almada, decidiu soltar o verbo na tentativa de provar sua falsa inocência.

Em documento de 85 páginas, o advogado de Almada, ao rebater as denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal, acusa o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, de promover “achaques em nome de partido, ou em nome de governo”.

De acordo com a petição produzida pelo renomado advogado Antonio Sérgio de Moraes Pitombo, os diretores da Petrobras que operavam o esquema de corrupção “foram cooptados para o objetivo ilegítimo de poder político”.

O empreiteiro afirma também, por meio de seu defensor, que Paulo Roberto Costa “e demais brokers [operadores] do projeto político de manutenção dos partidos na base do governo colocou os empresários, todos, na mesma situação, não por vontade, não por intenção, mas por contingência dos fatos. Quem detinha contratos vigentes com a Petrobras sofreu o achaque, este sim, a força criadora do elemento coletivo”.

Se o conteúdo do documento carreado ao processo que tramita na Justiça Federal é verdadeiro não se sabe, mas o achacado que aceita passivamente a ofensiva criminosa, sem comunicar o fato às autoridades, é tão culpado quanto o achacador. De tal modo, Gerson Almada pode ter dado um tiro no pé ao tentar vender a ideia de que foi vítima do carrossel de corrupção que girava na estatal.

Mais adiante, no documento, Pitombo destaca que “[Almada] compõe, tão só, o grupo de pessoas que pecaram por não resistirem à pressão realizada pelos porta-vozes de quem usou a Petrobras para obter vantagens indevidas para si e para outros bem mais importantes na República Federativa do Brasil”. Em outras palavras, o advogado reconheceu que seu cliente fez pagamentos ilegais para os operadores do esquema que funcionava em algumas diretorias da petroleira nacional.

A tese que escora o documento é o da leniência, que fracassou em várias tentativas de negociação com as autoridades que integram a força-tarefa da Operação Lava-Jato. Mesmo que rebuscado e capaz de comover os incautos, o documento não convence quem conhece os bastidores do poder.

Depois de mais de dois meses atrás das grades por ter participado do maior escândalo de corrupção da história brasileira, Gerson Almada está a duvidar da perspicácia do juiz federal Sérgio Fernando Moro e dos procuradores da República que trabalham no caso.

Contudo, apesar dos rodopios redacionais que emolduram o documento, há na petição em questão dois detalhes importantes e que confirmam um fato que teve espaço contumaz em várias matérias do UCHO.INFO: os alarifes que giravam a roda criminosa da fortuna na Petrobras agiam com o consentimento explícito do Palácio do Planalto. Isso significa dizer que Luiz Inácio da Silva, o agora lobista Lula, e Dilma Vana Rousseff sempre souberam da roubalheira que ocorria na estatal.

Entre os trechos da petição que merecem destaque, o mais incisivo é o que segue: “Vale registrar alguns fatos notórios, outros emergentes dos próprios autos do inquérito policial, que desapareceram da acusação: faz mais de doze anos que um partido político passou a ocupar o poder no Brasil. No plano de manutenção desse partido [PT] no governo, tornou-se necessário compor com políticos de outros partidos, o que significou distribuir cargos na Administração Pública, em especial, em empresas públicas e em sociedades de economia mista.” Traduzindo, o PT planejou perpetuar-se no poder a qualquer custo.
 
O trecho do documento que confirma a afirmação do UCHO.INFO sobre a conivência do governo do PT é o que acusa Paulo Roberto Costa de exigir dos empreiteiros o pagamento de propinas em troca da manutenção dos contratos com a Petrobras.

“Sabidamente [Costa] passou a exigir percentuais de todos os empresários que atendiam a companhia. Leia-se, exigir. O que ele fazia era ameaçar, um a um, aos empresários, com o poder econômico da Petrobras. Prometia causar prejuízos no curso de contratos. Dizia que levaria à falência quem contrastasse seu poder, sinônimo da simbiose do poder econômico da mega empresa com o poder político do governo.”

A coragem que faltou ao executivo Gerson de Mello Almada sobrou aos que denunciaram o esquema criminoso que passou a funcionar depois do escândalo do Mensalão do PT, como forma de manter o abastecimento financeiro da chamada base aliada. Depois de uma década de bandalheira ininterrupta, período em que os cofres da Petrobras foram acintosamente saqueados, querer destilar inocência é excesso de ousadia ou confiança na impunidade.

24 de janeiro de 2015
ucho.info

CAMINHO CERTO

Caiado quer cópia do depoimento de ex-presidente da Portugal Telecom sobre propina negociada por Lula

ronaldo_caiado_18Líder da Oposição no Congresso Nacional, o senador eleito Ronaldo Caiado (Democratas-GO) afirmou que pedirá o conteúdo do depoimento dado por Miguel Horta e Costa, ex-presidente da Portugal Telecom, investigado em seu país pelo pagamento de 2,6 milhões de euros em propina ao Partido dos Trabalhadores, mediante negociação com o então presidente Lula.

O depoimento foi feito no dia 9 de janeiro no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em Portugal, onde Horta e Costa é investigado por “corrupção no comércio internacional”.

No Brasil, a Polícia Federal abriu um inquérito mantido em sigilo e chegou a pedir às autoridades portuguesas cópia do depoimento, que já teria sido entregue, de acordo com reportagem do jornal “O Globo” desta sexta-feira (23). Caso não tenha acesso ao material aqui no País, Caiado desde já defende a criação de uma comissão externa no Senado para acompanhar as investigações no país lusitano.

“Vamos agir em duas frentes: primeiro vou solicitar ao procurador Rodrigo Janot o envio de informações sobre o depoimento do ex-executivo da Portugal Telecom. Se ele não teve acesso ao processo que corre em Portugal, então nós vamos propor a criação de uma comissão externa do Senado para ir lá acompanhar o processo. Precisamos fechar o cerco que não se concluiu com a investigação do Mensalão”, explicou o democrata.

Caiado refere-se a uma afirmação feita por Marcos Valério em 2012, de que a Portugal Telecom financiou o PT durante o governo Lula em troca de facilidades na compra da Telemig. O dinheiro, de acordo com o publicitário mensaleiro, teria sido negociado diretamente entre Lula, à época no comando do País, e o então presidente da empresa portuguesa, durante encontro no Palácio do Planalto.

“Assim como o Petrolão só começou a ser desvendado após o Ministério Público holandês investigar propinas pagas à Petrobras, este caso da Portugal Telecom pode nos trazer informações cruciais que levem ao grande operador dos esquemas de propina, roubo ao dinheiro público e financiamento ilegal de campanhas milionárias do PT”, afirmou o senador.
Caixa 2
Ainda de acordo com Marcos Valério, a transferência do dinheiro seria feita por uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau (China) para a conta de publicitários que prestavam serviços às campanhas do PT. Valério citou uma viagem realizada por ele e seu ex-advogado Rogério Tolentino a Portugal, em 2005, como prova da existência do acordo.
Leitores souberam antes
Há pelo menos uma década o UCHO.INFO afirma que o esquema de corrupção montado pelo governo petista ultrapassou todas as fronteiras do que foi revelado na CPI dos Correios, que investigou o malfadado Mensalão do PT. As conexões criminosas eram tantas, que com faro jornalístico e dedicação espartana foi possível descobrir a ligação do Mensalão do PT com outros escândalos de corrupção protagonizados pelo partido ou por pessoas ligadas a alguns próceres da legenda.

Quando, no final de 2014, após a recente corrida presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) comparou o PT a uma organização criminosa, não o fez de forma atabalhoada e à sombra do ranço da derrota. Quem conhece os bastidores da política nacional sabe como opera o partido que insiste em permanecer no poder a qualquer custo.

Ainda em 2005, o UCHO.INFO chamou a atenção para o fato de o caixa do Mensalão do PT ter recebido dinheiro sujo de diversas fontes, começando por empresas de telefonia que tinham suas contas publicitárias administradas pelas agências de Marcos Valério. Vale lembrar que o ex-petista Silvio Pereira, o “Silvinho Land Rover”, flagrado no Mensalão do PT, disse que o objetivo do partido era alcancar a marca de R$ 1 bilhão em dinheiro público desviado e cobrança de propinas.

A epopeia bandoleira estreou sobre duas estacas criminosas: o esquema de corrupção que funcionou durante anos na cidade de Santo André – que culminou com o brutal assassinato de Celso Daniel – e o desvio de recursos da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo, a conturbada Bancoop, que já foi presidida por Ricardo Berzoini, atual ministro da Secretaria de Relações Institucionais, e por João Vaccari Neto, tesoureiro do PT e investigado na Operação Lava-Jato, que recentemente deixou o Conselho da binacional hidrelétrica de Itaipu.
Ameaças, propostas e sequestro

O fato de o UCHO.INFO ter avançado nas investigações do Mensalão do PT, descobrindo as muitas ligações entre vários crimes, rendeu ao editor do site não apenas processo judiciais, mas ameaças de morte e o sequestro de um familiar.

Quando a CPMI dos Correios aprovou a convocação de um conhecido banqueiro oportunista, cujo nome não podemos citar por ordem arbitrária da Justiça do Rio de Janeiro, a mãe do editor foi sequestrada em São Paulo, permanecendo em poder dos marginais durante mais de oito horas. Após libertá-la, os criminosos enviaram à casa do jornalista os pertences de sua genitora.

Por ter se recusado, meses antes, a fazer um dossiê contra o tucano José Serra, o editor do UCHO.INFO passou a sofrer ameaças, assim como seus filhos. A oferta final foi de US$ 500 mil, mas diante da negativa os políticos marginais começaram a agir.

Sem saber que seu telefone estava grampeado, o editor teve gravado uma conversa em que alertava cinco amigos sobre a oferta criminosa. Foi suficiente que um petista de nome Donizeti fosse ao gabinete de um alto integrante do Judiciário para avisar que o editor seria morto, cedo ou tarde. A ordem, segundo o estafeta, teria partido do Palácio do Planalto, cujos inquilinos de então começavam a se incomodar com o nosso jornalismo investigativo.

24 de janeiro de 2015
ucho.info

PAPO FURADO

José Dirceu divulga nota para tentar escapar das garras da Lava-Jato, mas desculpa não convence

jose_dirceu_40Ninguém sabe, ninguém viu. Esse é o mote que embala os desgovernos do PT e seus camaradas desde a chegada de Lula ao Palácio do Planalto, e janeiro de 2003.

Condenado no escândalo do Mensalão do PT, o cassado José Dirceu de Oliveira e Silva, ex-chefe da Casa Civil, também aderiu ao lema rasteiro, depois que a Polícia Federal flagrou-o nas entranhas da Operação Lava-Jato.

De acordo com as autoridades que varrem os escaninhos do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história brasileira, Dirceu e sua empresa de consultoria, a JDA, receberam dinheiro de algumas das empreiteiras que integravam o esquema criminoso que saqueou os cofres da Petrobras.

Nesta sexta-feira (23), o site do mensaleiro condenado publicou nota em que afirma que os serviços prestados pela empresa de consultoria às empreiteiras UTC, OAS e Galvão Engenharia não tem qualquer relação com a Operação Lava-Jato. Ou seja, José Dirceu imitou o chefão Lula e tenta convencer a opinião pública que jamais soube do Petrolão.

Considerando que o Brasil ainda é uma democracia, onde sobrevive o direito à livre manifestação de pensamento, Dirceu, o Pedro Caroço, pode dizer o que quiser, inclusive mentir. Até mesmo se fazer de inocente. Desde que não queira que a massa pensante da população caia em mais uma esparrela com a chancela estelar do PT.

Na nota à imprensa, José Dirceu destaca que está “à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos à Justiça” e que os contratos da JDA com as empreiteiras tinham como objeto a “atuação em mercados externos, sobretudo na América Latina e Europa”. Isso significa que definitivamente o Brasil transformou-se no paraíso do faz de conta.

De acordo com a decisão judicial que determinou as quebras de sigilo, a JDA recebeu, entre 2009 e 2013, R$ 3.761.000,00 das empreiteiras Galvão Engenharia, OAS e UTC Engenharia. As três empresas tiveram executivos presos em 14 de dezembro, quando foi a Polícia Federal deflagrou a Operação Juízo Final, sétima fase da Lava-Jato.

A estratégia de camuflar o pagamento de propina com notas fiscais e contratos supostamente idôneos é antiga e sua eficácia é questionada. Afinal, os serviços de inteligência do Estado avançaram muito mais do que a suposta esperteza dos malandros profissionais que se escondem à sombra de ideologias e partidos políticos.

Essa manobra é a mesma que alguns advogados dos empreiteiros presos pela PF tentaram adotar para, no rastro do desespero, tentar provar à Justiça a inocência de seus clientes. Acontece que as autoridades que participam das investigações da Lava-Jato são muito mais atentas e rápidas do imaginam os malandros oficiais.

A alegação que consta da nota de José Dirceu tem uma lógica jurídica, pois o petista sabe que eventual nova condenação, no vácuo de um escândalo de corrupção sem precedentes, por certo dificultará o futuro de quem já deveria ter aprendido com a primeira lição.

Na manhã do dia 2 de dezembro de 2005 (sexta-feira), horas após perder o mandato de deputado federal na esteira do Mensalão do PT, José Dirceu ocupou o Plenário 13 (o número não poderia ser outro) do setor de Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados.

Naquele dia, diante de dezenas de jornalistas e um amontoado de “companheiros” de legenda e de esquerdismo chicaneiro, o chefe dos mensaleiros afirmou, sem titubear, que na segunda-feira (5 de dezembro de 2005) retomaria o ofício de advogado porque as contas e despesas de suas filhas rosnavam à sua porta. Desde então, Dirceu jamais retomou o contato com as filigranas jurídicas, exceto quando foi obrigado (sic) a rascunhar esses contratos que ora estão na mira da Lava-Jato.

Quem conheceu os bastidores do Mensalão do PT sabe como agiu José Dirceu, apesar de suas insistentes negativas, no esquema de compra de apoio político no Congresso Nacional. Quem conheceu as entranhas do o esquema de corrupção que culminou com a Operação Lava-Jato conhece cada um dos partícipes do esquema criminoso.

Por isso o UCHO.INFO, que denunciou o esquema no começo de 2009, sempre afirmou que, cedo ou tarde, a Lava-Jato haveria de subir a rampa do Palácio do Planalto, com direito a retroagir na linha do tempo. Nesse movimento em direção ao passado recente, o mensaleiro José Dirceu é mais um peixe graúdo no mar de lama em que se transformou o Brasil. Na mira da tarrafa dos investigadores estão Luiz Inácio da Silva, o lobista Lula, e Dilma Vana Rousseff, a presidente reeleita.
Confira abaixo a nota publicada no site do deputado cassado e mensaleiro condenado:
“23 JANEIRO 2015
NOTA À IMPRENSA
A respeito da reportagem veiculada pelo Jornal Nacional nesta quinta-feira (22), a JDA esclarece que prestou consultoria às empresas UTC, OAS e Galvão Engenharia, conforme contratos, para atuação em mercados externos, sobretudo na América Latina e Europa.
A relação comercial com as empresas não guarda qualquer relação com contratos na Petrobras sob investigação na Operação Lava Jato. O ex-ministro José Dirceu está à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos à Justiça.”

24 de janeiro de 2015
ucho.info

A SINA ARGENTINA


Para onde ela irá induzir os argentinos?
                                                     Para onde ela irá induzir os argentinos?

Cristina Kirchner é uma figura tão desoladora, tão atabalhoada e tão frenética que ela é capaz de levar os argentinos à loucura, quem sabe ao suicídio induzido. Agora, a presidente diz estar convencida de que o promotor Alberto Nisman não cometeu suicídio no domingo, um dia antes de falar no Congresso sobre suas denúncias de que o governo acobertou o suposto papel do Irã no atentado de 1994 no centro comunitário judaico, AMIA, em Buenos Aires, que deixou 85 mortes, em troca de benefícios comerciais.

Cristina, a frenética, fora ágil para desenrolar a versão do suicídio horas depois da morte de Nisman. A nova versão oficialesca não altera o empenho para assassinar a reputação do promotor. Agora, o essencial é uma investigação transparente e isenta, o que é uma perspectiva turva no Rio da Prata. De acordo com uma recente pesquisa da firma Latinobarómetro, apenas 1/3 dos argentinos têm confiança na polícia e no sistema judicial.

O cinismo aumenta ainda mais quando estão envolvidos poderes políticos e econômicos. Segundo a pesquisa Ipsos, 70% dos argentina acreditam que Nisman tenha sido assassinado e 82% que suas denúncias eram confiáveis.

O governo Kirchner faz o que pode para aparelhar  o sistema judicial, selecionando gente de fidelidade canina para cargos de juízes e promotores. Um dos lances para manchar a reputação póstuma de Alberto Nisman é apregoar que dois oficiais do serviço de inteligência demitidos em dezembro plantaram informações nas investigações do promotor, que há dez anos empreendia um trabalho infatigável, ironicamente por escolha do falecido ex-presidente Néstor Kirchner, marido de Cristina.

Caso a verdade sobre a morte de Nisman e as investigações sobre o papel iraniano no terror em Buenos Aires irrompa, será um teste crucial para as já frágeis instituições argentinas. S ão dia de intensa, passional e indignada mobilização popular, a temporada eleitoral esquenta e o governo Kirchner é capaz das piores tramóias mafiosas para acobertar a verdade. São dias de incredulidade e de ansiedade sobre o futuro da Argentina.

O escândalo Nisman é mais um golpe devastador na credibilidade interna e externa do governo Kirchner (exceto na conexão Teerã-Caracas). Como diz um texto do jornal espanhol El País, o caso AMIA é um estigma para a Argentina. São 20 anos sem respostas oficiais e sem responsabilidades, apenas subterfúrgios, acordos venais com o estado terrorista do Irã e acobertamentos.
Sobre alguns países, fala-se que tiveram décadas perdidas. Sobre a Argentina é uma história perdida. Que se ganhe alguma coisa desta tragédia, desta farsa, deste escândalo. Yo Soy Nisman!

24 de janeiro de 2015
Caio Blinder

OS COMPADRES

 

Mas, afinal, o que o Petrolão tem a ver com a Smartmatic? O cheiro. Desde o ano passado venho espalhando em meus desagravos pendurados neste ilustre condomínio digital que há uma estranha e oportuna divisão de tarefas – e pesos e medidas – que, se de um lado “prende a arrebenta” o cartel dos construtores “capitalistas” do país, por outro blinda a corja política esquerdossaura de sempre, uma vez que até o momento não sabemos sequer os nomes dos ilustres vigaristas envolvidos em toda essa falcatrua.

Note-se tembém que, enquanto essa primeira quadrilha é julgada em primeira instância por um juíz casca grossa e correto, a “banda dos corrompidos” será julgada por aquele tribunal supremo que não vê uma quadrilha onde já há um exército. Duvido muito que a “punição exemplar” conferida aos capitalistas de turno seja a mesma reservada a estes socialistas em botão que fazem parte dessa confraria dos vagabundos com crachá, mandato e prontuário. Os 40 anos de prisão do carequinha – não o palhaço, mas quase – que atuou no Mensalão me faz crer que profissão de risco mesmo é ser babá de político e entregar malas de muamba e de propina para esta corja eleita continuar seus golpes baixos contra a decência.

Prego no deserto. E prego no deserto afunda sem fincar, meus caros amigos. Para quem não teve um insight da cena eleitoral, descrevo aquela salinha fechada onde aquele juíz advogadinho da petralharia se enfurnou, para planejar em parceria com os “técnicos” bolivarianos da Smartmatic um resultado “mais favorável” para a anta de bigode que teremos de engolir por aqui por mais quatro anos. Escolado naquele “ar de marmota” que todo petista vagabundo ostenta quando está mentindo – o que vem acontecendo ao longo destes três mandatos dessa corja picareta –, dá pra enxergar que nem a dona acredita que ganhou mais esta, não fosse a roubalheira covardemente esquecida sob o tapete da justiça eleitoral dos apilantrados.

Do lado de fora da porta, os emissários da “oposição” que não se opõe a nada esperam pacientemente pela galhofa e vigiam os corredores, caso alguém venha dar voz de prisão a mais esse grupo de embusteiros. Pensem bem, meus amigos. Eduardo Campos morreu por conta de uma “desorientação espacial” do piloto do jatinho em que se encontrava, descendo com vontade quando pensava estar subindo. Do mesmo modo, morreram Aécio Neves e Marina Silva, da mesma desorientação espacial que carrega tudo mal e porcamente para o lado esquerdo, onde tudo é mais encostado num barranco e a chance de despencar de lá é maior.

Nenhum golpe eleitoral seria engendrado sem a pusilânime falta de fiscalização por parte das oposições. Neste caldo, quem quer encontrar a verdade e descobrir-se cúmplice das falcatruas? “Não há como vencer o terror sem vencer o politicamente correto que lhe abre caminho” – é a frase magistral cunhada pelo Felipe Moura Brasil aqui mesmo. Pois eu a parafraseio afirmando que não há como vencer essa vigarice epidêmica que tomou o poder sem vencer primeiro a “desorientação espacial” de nossos políticos. Essa mentalidade bronca e relativa, que não vê crime onde já há um estado de putrefação de nossa democracia.

Está na hora desses empreiteiros presos abrirem o bico em uníssono e delatarem a politicanalhada acobertada nesses escândalos. Ou receberam o suficiente para irem presos sozinhos, sem o resto do bando? Se jogarem uma lanterna nesse pântano, vai ser patético ver situação e oposição abraçadinhos, na mesma lama, praticando o kama sutra. São “cumpadres”, esses picaretas. Ninguém me convence do contrário.

24 de janeiro de 2015
VLADY OLIVER

"HORROR, HORROR"

 

Inútil qualquer comentário. Já se comentou tudo o que se tinha de comentar sobre o massacre do Charlie Hebdo. Ao colunista que só agora chega ao assunto resta voltar ao começo. A cocker spaniel Lila andava para lá e para cá, cheirando um, aconchegando-se a outro. Lila habitava a redação do jornal satírico francês.
Tem o pelo claro, como a Lady do desenho animado, e usava uma coleira com a inscrição “Charlie”. Era a manhã fatídica e ia começar a reunião de pauta da publicação. Momento que se contempla depois cheio de espanto é aquele que precede as tragédias. Como é que tudo podia estar tão no seu lugar? Como era possível estarmos tão distraídos, tão seguros, e como podiam as coisas seguir tão inabalavelmente nos trilhos da rotina?
Os jornalistas iam chegando e como quaisquer bons colegas de firma, e não como dos mais malcomportados humoristas da França, desejavam-se feliz ano novo uns aos outros.

Uma palavra para quem não é do ramo sobre a instituição “reunião de pauta”. Claro que há exceções e elas podem ser tensas; também podem ser insossas ou aborrecidas. Mas, em geral, tais reuniões, nas quais se planeja a edição seguinte de uma publicação, são momentos agradáveis, daqueles raros em que está todo mundo junto, não cada um em seu canto, ou mesmo em sua casa, como é cada vez mais comum, e sem a correria e, não raro, a aflição, do momento oposto, na rotina das redações, que é o “fechamento”, caracterizado pela urgência de aprontar tudo nos prazos devidos.
Se já é um momento relax nas redações em geral, mais ainda o será na de um jornal humorístico. Naquela manhã, como sempre, sucediam-se as brincadeiras e jogos de palavras entre a dúzia de jornalistas em torno da mesa. Stéphane Charbonnier, o Charb, o chefe da redação, notório pelas caricaturas de Maomé, garatujava numa folha de papel. Ele desenhava sem parar.

Sempre haverá alguma utilidade em voltar ao começo. Há uma dimensão do horror que só se alcança quando se dispõe dos detalhes – e alguns detalhes do episódio se tornaram disponíveis apenas na semana passada. Nossa narrativa é baseada principalmente no depoimento de dois jornalistas sobreviventes – Sigolène Vinson, prestado ao jornal Le Monde, e Philippe Lançon, ao jornal Libération. Philippe Lançon a certa altura se levantou e pegou seu casaco. Precisava sair. Mas não saiu.
Nesse momento, ouviram-se dois estampidos. Os dois homens de preto haviam começado seu serviço. Ao forçarem passagem redação adentro, mataram o segurança que ficava à porta e feriram o profissional com que primeiro depararam, o webdesigner Simon Fieschi.

Tinham agora diante deles como peças de caça generosamente oferecidas, umas bem junto às outras, para lhes facilitar o trabalho, a redação quase inteira do Charlie Hebdo. Segundo o depoimento de Sigolène Vinson, eles não metralharam suas vítimas; atiraram em um por um. Philippe Lançon foi atingido na maçã direita do rosto. Caiu no chão e se fez de morto, pensando, diria, “que talvez estivesse mesmo morto, ou que logo estaria”. Sigolène Vinson arrastou-se pelo chão e conseguiu esconder-se atrás de uma mureta.
Quando os tiros cessaram, ela ouviu passos que se aproximavam. Um dos homens de preto a localizara. Ele a olhou nos olhos e disse: “Não tenha medo. Nós não matamos mulheres. Eu te poupo e, já que te poupo, você lerá o Corão”.

Na sala de redação os corpos se amontoavam, todos com o rosto no chão, alguns caídos sobre outros. Sigolène vislumbrou entre eles uma mão que se erguia. Era Philippe Lançon, o rosto desfigurado, prensado entre dois corpos que o impediam de mover-se. Sigolène não conseguiu ajudá-lo. Philippe, que embora gravemente ferido está fora de perigo, só seria retirado mais tarde, pelas equipes de socorro.
Carregado de maca, diria ele, “eu sobrevoei meus colegas mortos, Bernard, Tignous, Cabu, Georges (Wolinski), e de repente, meu Deus, eles não riam mais”. De todo o resto, o que ficou para Philippe Lançon, deitado no chão, foram as “pernas negras” dos matadores. Sigolène viu Patrick Pelloux, outro sobrevivente, inclinar-se diante do corpo de Charbonnier, acariciar-lhe a cabeça e dizer: “Mon frère” (Meu irmão). Lila, a cocker spaniel, corria com seus pequenos passos de mesa em mesa. Horror, horror.

24 de janeiro de 2015
Roberto Pompeu de Toledo, VEJA

OS "PETRALHAS" DA ARGENTINA AGORA DIZEM QUE CRISTINA É QUE É VÍTIMA DO PROMOTOR "SUICIDADO"

 

A canalha é igual em toda parte. Então vamos ver. Alberto Nisman, promotor que investigava a ação do governo de Cristina Kirchner para encobrir as pegadas do Irã num atentado terrorista contra uma entidade judaica — 85 mortos —, aparece morto em seu apartamento um dia antes de apresentar ao Congresso as provas que dizia ter. O governo logo se apressou em cravar que fora suicídio, antes mesmo de qualquer perícia. A penca de evidências de que foi assassinado aumenta a cada dia. No Brasil, a canalha faria o quê?
 
Ora, o que está fazendo na Argentina: acusando a existência de uma conspiração contra… Cristina Kirchner! Já vimos esse procedimento por aqui muitas vezes, não? Logo depois do mensalão, cavalgaduras intelectuais e morais como Marilena Chaui lançaram a teoria do “golpe da mídia, da direita e da oposição” contra o PT. Vale dizer: o comando do partido é flagrado em atos explícitos de corrupção, mas a culpa deve ser atribuída a seus adversários. Tentou-se fazer o mesmo com o petrolão: tudo não passaria de uma grande armação dos que quereriam privatizar a Petrobras.
 
Uma nota do Partido Justicialista acusa o suposto monopólio da mídia (sempre ela!), juízes e promotores de tentar organizar um golpe contra… Cristina! Haveria um movimento para desestabilizá-la e para enlameá-la. Entenderam? Aquele que havia se constituído no maior risco à reputação da mandatária leva um tiro na cabeça, mas ela é que passa a ser a vítima. Assim como, no Brasil, o PT se declarou vítima — com Lula à frente da gritaria — do imbróglio do mensalão. Não faz tempo, em recente encontro com dirigentes petistas, o Babalorixá de Banânia recomendou que a companheirada andasse de cabeça erguida. Também o petrolão seria uma construção artificial de adversários.
 
Na Argentina, quem comanda a “reação” é o movimento La Cámpora, uma facção do Partido Justicialista comandado por pistoleiros, a começar do filho da presidente, Máximo Kirchner. O La Cámpora reúne a escória do governismo. É uma espécie de milícia, fartamente financiada com dinheiro oficial, para patrulhar a imprensa, atacar com baixarias inomináveis os adversários do governo, acusar conspirações etc. A pauta número um dos vagabundos é controlar a imprensa. Isso lhes soa familiar? O La Cámpora é a versão argentina dos petralhas.
 
O texto bucéfalo que ataca os adversários de Cristina e defende a presidente teve a delicadeza de lamentar a morte de Nisman só no 10º parágrafo. Essa banda — ou bando — do Partido Justicialista é a expressão argentina de um tipo de patifaria e de delinquência políticas que se espalha América Latina afora: junta em doses iguais banditismo político, populismo safado e esquerdismo ignorante.
 
24 de janeiro de 2015
Por Reinaldo Azevedo

AMIGO ÍNTIMO DE LULA É PEÇA-CHAVE DO PETROLÃO

Surgem indícios do envolvimento profundo do empresário José Carlos Bumlai com o escândalo que sangrou a Petrobras. Ele tinha acesso livre ao Palácio do Planalto na gestão de Lula e até hoje resolve problemas de sua família

SUPERCREDENCIAL - José Carlos Bumlai, amigo íntimo do presidente Lula, estava autorizado a entrar quando quisesse, na hora em que bem entendesse
SUPERCREDENCIAL - José Carlos Bumlai, amigo íntimo do presidente Lula, estava autorizado a entrar quando quisesse, na hora em que bem entendesse      (Cristiano Mariz/VEJA)

Um dos grandes pecuaristas do país, José Carlos Bumlai conta que visualizou em sonho sua aproximação com Luiz Inácio Lula da Silva, quando ele era apenas aspirante à Presidência. Com a ajuda de um amigo comum, Bumlai conheceu o petista e o sonho se realizou.
O pecuarista tornou-se íntimo de Lula.

O sonho embutia uma profecia que ele só confidenciou a poucos: a aproximação renderia excelentes resultados para ambos. Assim foi.
Lula chegou ao Planalto, e Bumlai, bom de negócios, bem-sucedido e rico, tornou-se fiel seguidor do presidente, resolvedor de problemas de toda espécie e, claro, receptador de dividendos que uma ligação tão estreita com o poder sempre proporciona.
No governo, só duas pessoas entravam no gabinete presidencial sem bater na porta. Bumlai era uma delas. A outra, Marisa Letícia, mulher de Lula.

Desde 2005, sabia-se em Brasília que Bumlai também tinha delegação para tratar de interesses que envolvessem a Petrobras. Foi ele, por exemplo, um dos responsáveis por chancelar o nome do hoje notório Nestor Cerveró, um desconhecido funcionário da estatal, para o posto de diretor internacional da empresa. Em sua missão de conjugar interesses públicos e privados, Bumlai tinha seus parceiros diletos, aos quais dedicava atenção especial. Não demorou para que começassem a chegar ao governo queixas de empresários descontentes com “privilégios incompreensíveis” concedidos aos amigos do amigo do presidente.

Uma das reclamações mais frequentes envolvia justamente a Petrobras e uma empreiteira pouco conhecida até então, a UTC, que de repente passou a assinar contratos milionários com a estatal, ao mesmo tempo em que surgia como uma grande doadora de campanhas, principalmente as do PT. Gigantes da construção civil apontavam Bumlai como responsável pelos “privilégios” que a UTC estava recebendo da Petrobras.

Hoje, a escalada dos negócios da UTC é uma peça importante da Operação Lava-Jato, que está desvendando o ultrajante esquema de corrupção montado no coração da estatal para abastecer as contas bancárias de políticos e partidos.

A cada depoimento, a cada busca, a cada prova que se encontra, aos poucos as peças vão se encaixando. A última revelação pode ser a chave do quebra-cabeça. Bumlai, o amigo íntimo do ex-presidente que tinha entrada livre ao Palácio do Planalto, está envolvido até o pescoço no escândalo de corrupção montado na Petrobras durante o governo petista.

24 de janeiro de 2015
Rodrigo Rangel e Adriano Ceolin

REFLEXÕES SOBRE A PENA DE MORTE, A PROPÓSITO DE "CURUMIM"

A PUNIÇÃO DA INDONÉSIA É BÁRBARA E INJUSTA, MAS "CURUMIM" NÃO É POBRE VÍTIMA INOCENTE

Marco Archer, o “Curumim”
 
Evitava tocar no assunto, até por respeito aos familiares e amigos de Marco Archer, condenado em 2004 à pena de morte por ter tentado entrar na Indonésia com mais de 13 quilos de cocaína escondidos em sua asa-delta. “Curumim”, como é conhecido, teria recebido US$ 10 mil para levar a droga do Peru, e o tráfico de drogas é considerado crime gravíssimo no país. Sua execução está prevista para hoje mesmo, daqui a algumas horas.
 
O que penso disso? Que a punição é exagerada, severa demais, até absurda e bárbara. Do ponto de vista conceitual, não abomino a ideia da pena de morte em si. Roberto Campos resumiu bem a coisa:
“Os adversários da penalidade máxima argúem que é sagrado o direito de todos à vida. Exceto, naturalmente, o direito das vítimas à vida. O direito à vida não pode ser incondicional. Só devem merecê-lo os que não tiram a vida dos outros”.
 
Mas do ponto de vista prático, tenho mil receios contra tal punição.
Primeiro, devido ao risco de erro do julgamento, já que se trata de uma pena irreversível. Segundo, pois delega poder demasiado ao estado. Terceiro, pois a prisão perpétua talvez seja uma punição mais adequada a certos tipos, praticantes de crimes hediondos.
 
No caso de “Curumim”, porém, seu crime não parece nem de perto ter a gravidade suficiente para merecer a penalidade máxima. Sim, tráfico de drogas é crime sério, e tratado com muito rigor na Indonésia.
A cocaína pode destruir a vida de muita gente, e conheço casos próximos para saber do que falo. Mas não há coerção envolvida, e o usuário, mal ou bem, procura sua própria destruição. Sem falar de vários que vivem “normalmente” e consomem a droga de forma recreativa. O meio artístico está cheio dessa turma.
 
Portanto, mesmo do ponto de vista teórico, eu só aceitaria a pena de morte para quem deliberadamente tirou ou arruinou com a vida de inocentes. Assassinos e estupradores, por exemplo. Mas não traficantes. Esses podem merecer, em alguns casos, uma segunda chance, como mostra a história transformada em livro (escrito por Guilherme Fiuza) e depois filme de João Guilherme Estrella.
 
Acompanho, então, aqueles que repudiam a punição escolhida e a intransigência do governo da Indonésia.
Para piorar a situação, o GLOBO mostra hoje a hipocrisia da postura do governo, que trata com inclemência o tráfico de drogas, mas pede clemência para uma cidadã que matou na Arábia Saudita e foi condenada à morte também. Qual crime é mais grave: vender cocaína para quem deseja consumi-la ou tirar a vida da patroa?
 
Dito isso, gostaria apenas de acrescentar dois pontos finais.
Primeiro, “Curumim” pode ser digno de pena, por não ter uma segunda chance, mas não pode ser visto como uma pobre vítima inocente. Conhecia os riscos ex ante, sabia que estava praticando um crime gravíssimo para as leis daquele país, e ainda assim resolveu se arriscar.
 
Tivesse passado pela polícia local, teria vendido a droga, prejudicado algumas vidas, e curtido seus US$ 10 mil na “malandragem”. Ou seja, vamos condenar o excesso da punição, mas por favor, não vamos transformar em herói criminosos, prática comum no Brasil do PT.
 
Por fim, uma reflexão aos esquerdistas: nesse momento, uma clareza moral milagrosamente vem à mente a ponto de condenarem o atraso e a barbárie das leis da Indonésia em relação ao tráfico de drogas. Mas logo depois essa clareza se torna flexível, relativista e turva, a ponto de leis mais bárbaras, como a sharia de certos países muçulmanos, serem vistas como “diferenças culturais apenas”. Dois pesos, duas medidas.
 
O mesmo “intelectual” que repudia a pena de morte por tráfico de drogas e sente compaixão por “Curumim” acaba justificando o terrorismo islâmico que ceifou a vida dos chargistas franceses, pois quem somos nós, afinal, para julgarmos a reação de determinadas culturas frente ao insulto religioso e à blasfêmia? Hipocrisia pura e uma postura insustentável, contraditória.
 
Aqueles que, como eu, entendem que a punição ao “Curumim” é absurda e bárbara, deveriam lembrar sempre disso: existem culturas mais atrasadas, que ainda praticam atos claramente em confronto com os direitos humanos universais, que deveriam ser válidos para todos.
Não dá para julgar atrasada a lei que deverá tirar a vida de “Curumim” hoje e, ao mesmo tempo, justificar culturas que cortam o clitóris de pobres meninas ou apedrejam até a morte adúlteras, não é mesmo?
 
24 de janeiro de 2015
Rodrigo Constantino