"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

AFIRMA A DATAFOLHA?? NÃO SE PODE NEGAR A ENORME CAPACIDADE IMAGINATIVA DE CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS....

SEM LULA NA DISPUTA, GANHAM FORÇA MARINA, CIRO E BARBOSA, AFIRMA DATAFOLHA

Resultado de imagem para bolsonaro,ciro, marina e barbosa
Ilustração reproduzida do Imprensa Livre
A prisão diminuiu o apoio do eleitorado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aumentou a desconfiança sobre a viabilidade de sua candidatura presidencial e manteve indefinida a disputa pelo seu espólio eleitoral, de acordo com o Datafolha. Pesquisa nacional realizada pelo instituto na semana passada aponta o líder petista com 31% das intenções de voto no cenário mais favorável entre nove pesquisados. No fim de janeiro, quando o levantamento anterior do Datafolha foi concluído, Lula tinha até 37% das preferências. O PT diz manter a intenção de registrar a candidatura de Lula, preso no sábado (7) para cumprir pena por corrupção e lavagem de dinheiro.
Apesar do veto imposto pela Lei da Ficha Limpa à candidatura, a legislação permite que ele peça registro mesmo preso. Cabe à Justiça Eleitoral analisar o pedido.
SEM LULA – A nova pesquisa foi feita entre quarta (11) e sexta-feira (13). Foram realizadas 4.194 entrevistas em 227 municípios. Como os cenários pesquisados são diferentes dos analisados em janeiro, a comparação direta entre os dois levantamentos não é possível.
Nos cenários com Lula fora do páreo, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) e a ex-senadora Marina Silva (Rede) aparecem empatados na liderança. Ele tem 17% das intenções de voto, e ela oscila entre 15% e 16%. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) alcança 9% em todos os cenários sem Lula, empatado com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que varia de 7% a 8%, e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que entrou no PSB, mas ainda não se lançou candidato. Barbosa oscila entre 9 e 10%.
PT EM BAIXA – Marina, Ciro e Alckmin concorreram em eleições presidenciais anteriores e são bem conhecidos pelos eleitores. Barbosa nunca disputou uma eleição, mas ganhou notoriedade pela forma como conduziu o julgamento do mensalão no STF, em 2012.
Menos conhecidos do eleitorado, os dois nomes cotados no PT para substituir Lula se ele desistir da candidatura têm desempenho fraco. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad aparece com 2% e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner tem 1%. Os dois candidatos de esquerda que ficaram ao lado de Lula nas horas que antecederam sua prisão têm resultados parecidos. Manuela D’Ávila (PC do B) atinge no máximo 2% e Guilherme Boulos (PSOL) chega a 1%.
O presidente Michel Temer (MDB), que acena com a possibilidade de concorrer à reeleição, alcança 2% das intenções de voto. O ex-ministro Henrique Meirelles, que entrou no MDB e também tem aspirações presidenciais, não passa de 1%.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Nada novo no front. Os eleitores ainda acham que Lula pode ser candidato e o próprio PT estimula esta crença. Os verdadeiros candidatos são Bolsonaro, Marina, Ciro, Alckmin e Barbosa, porque Alckmin não decola. Resta saber quem irá para o segundo turno. Se estivéssemos no Reino Unido, as casas de apostas estariam fervilhando. (C.N.)


16 de abril de 2018
Ricardo Balthazar
Folha

NA TERRA DO REALISMO FANTÁSTICO, PRESIDENTE CORRUPTO CONDENA A CORRUPÇÃO

Resultado de imagem para temer + cupula das americas
Temer demonstra ser um mestre do ilusionismo
A América Latina é a terra do realismo fantástico. Nos últimos dias, os chefes de Estado do continente se reuniram para debater medidas de combate à corrupção. O Brasil foi representado por Michel Temer, alvo de duas denúncias e dois inquéritos criminais.
Ontem o presidente dissertou sobre o tema da cúpula. “Não se pode tolerar a corrupção. A corrupção destrói tecidos sociais, compromete a gestão pública e privada, tira recursos valiosos da educação, da saúde, da segurança”, disse, em tom professoral. “O combate à corrupção é imperativo da democracia”, prosseguiu.
ENALTECE O GOVERNO – Antes do discurso, um repórter quis saber se ele se sentia constrangido com o assunto. “Muito pelo contrário”, respondeu Temer, com um sorriso. “É um tema que enaltece o governo brasileiro, porque no Brasil as instituições funcionam com toda a regularidade”, acrescentou.
Na segunda-feira, a Justiça aceitou denúncia contra nove acusados de integrar o “quadrilhão” do PMDB. Estão na lista o ex-deputado Eduardo Cunha, que articulou o impeachment e instalou o amigo na Presidência, e os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Alves.
Também viraram réus Rodrigo Rocha Loures, o deputado da mala, e dois suspeitos de recolher propina para o chefe: o advogado José Yunes e o coronel João Baptista Lima. A Procuradoria pediu a prisão de todo o grupo e descreveu Temer como “líder da organização criminosa”.
E OS MINISTROS? – Na terça, o presidente deu posse a 11 ministros. Um foi denunciado por corrupção, outro responde a ação por furto de energia, o terceiro foi condenado por improbidade e o quarto foi preso em flagrante por porte ilegal de arma.
 “Não vamos nos incomodar com críticas”, disse Temer, na quinta-feira. “Não vamos nos incomodar com aqueles que querem dizer: ‘Não, não pode etc., isso, aquilo’. Nós vamos em frente. Enquanto as pessoas protestam, a caravana do governo vai trabalhando”, desdenhou.
E as ações da Eletrobrás desabaram desde que Moreira Franco assumiu o Ministério de Minas e Energia. Com a desvalorização da estatal, a União perdeu R$ 2,6 bilhões em uma semana, segundo a “Folha de S.Paulo”. É o foro privilegiado mais caro do mundo.

16 de abril de 2018
Bernardo Mello Franco
O Globo

EM APENAS 4 ANOS, A LAVA JATO JÁ CONDENOU 160 ENVOLVIDOS EM CORRUPÇÃO

Resultado de imagem para lava jato charges
Charge do Alpino (Yahho Brasil)
Ter uma Justiça que funcione e puna o criminoso independentemente do poder ou da conta bancária ainda desperta suspiros. É um anseio nacional. Estamos nos acostumando à ideia de que, em apenas quatro anos, a Operação Lava-Jato condenou 160 pessoas entre os principais políticos e empresários do país. No Superior Tribunal de Justiça, há nove governadores investigados e três denunciados.
Autoridades que desafiaram o Judiciário foram obrigadas a deixar os extravagantes palácios em que sempre viveram e trabalharam para dividir celas nas penitenciárias brasileiras.
LULA, O EXEMPLO – Há 10 anos, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era o homem mais poderoso da República. Acabou sendo preso na semana passada, após seis ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitarem o pedido de habeas corpus da defesa.
Lula foi condenado a 12 anos e um mês pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP). Ainda pairam contra ele mais oito inquéritos e processos. Poucos brasileiros acreditavam que isso pudesse acontecer.
CUNHA E OUTROS – Considerado até então um ótimo articulador político, o deputado cassado Eduardo Cunha (MDB) teve poder suficiente para colocar em xeque a atuação do mais alto cargo eletivo do país.
O ex-senador Luiz Estevão conseguiu fazer com que um processo contra ele se arrastasse durante muitos anos. Paulo Maluf (PP) fez a mesma coisa.
Geddel Vieira Lima (MDB) foi condecorado 11 vezes com medalhas importantes — como a Ordem do Mérito Naval em Grau de Grande Oficial, recebida em 2007. Nenhum deles escapou da Justiça quando seus crimes foram revelados.
TODOS SÃO IGUAIS? – “É um fato que as coisas estão aí acontecendo, mas ainda há desigualdade nesse meio. Falar que a lei chegou aos políticos é um fato, mas dizer que vale para todos ainda é precipitado”, diz o cientista político Glauco Peres da Silva, professor da Universidade de São Paulo (USP). Ele acredita que a punição não chega com a mesma rapidez a todos os casos.
“Esse discurso precisa ser mais bem entendido. Temos o foro privilegiado, a articulação política, os movimentos sociais… Mecanismos que deixam impune quem sabe usá-los”, ressalva.
Glauco explica que a grande evolução neste cenário é a possibilidade de acabar com o “você sabe com quem está falando?”. “Hoje não tem mais essa, a polícia investiga, e a Justiça prende quem comete crimes. Chegou aos políticos. É verdade e é simples de entender, mas ainda não chegou a todos”, observa.
MUITA COISA MUDOU – Símbolo de um tempo em que a Justiça, além de lenta, era seletiva, o deputado federal afastado Paulo Maluf (PP) foi preso aos 86 anos, velho e debilitado, por crimes cometidos há décadas. A trajetória do ex-governador de São Paulo sempre foi marcada por seguidas denúncias de corrupção, peculato e até lavagem de dinheiro. Seu nome figura, há muitos anos, na lista vermelha da Interpol.
“Concordei com a prisão, mesmo ponderando que o assunto é de uma sensibilidade enorme. Um senhor de idade não deixa de ser culpado dos crimes que cometeu quando era jovem. Agora, as pessoas vão ter medo”, afirmou a psicóloga Juliana Cardoso Gebrim, palestrante e professora aposentada da Universidade Federal de Goiás (UFG).
PEQUENOS PRAZERES – Em alguns casos, prender não é o suficiente. Personalidades como o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) ainda conseguem burlar o sistema. O carioca deu um “jeitinho” e descolou uma sala de cinema na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, onde foi improvisado um motel.
Cabral também conseguiu complementar a dieta com camarão, bolinho de bacalhau, queijos importados e iogurte. “Pequenos prazeres”, disse ele à Polícia Federal durante o inquérito que apurava as regalias, que demoraram a acabar.
O CASO DE ARGELLO – O que reascende a esperança de que todos podem ser iguais perante a lei são casos como o do ex-senador Gim Argello (PTB) que, recentemente, teve um pedido de redução de pena negado pela Justiça por não ter alcançado nota suficiente no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Formado em Direito, o empresário não conseguiu a nota mínima na prova escrita nem na redação. Como todo mundo, poderá tentar de novo. Mas só recebe a recompensa se trabalhar duro e estudar.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A Lava Jato já é uma marca na História Contemporânea. Tornou um fenômeno exemplar que se espalhou para outros países. Mostra que é possível fazer justiça, apesar das leis que ainda privilegiam os criminosos que podem contratar advogados de renome. Os brasileiros precisam reconhecer o trabalho desta nova geração da Polícia Federal, do Ministério Público e da Receita. Eles estão limpando e renovando este país.(C.N.) 
 


16 de abril de 2018
Bernardo Bittar
Correio Braziliense

SEM LULA CANDIDATO, OS VOTOS NULOS E EM BRANCO "LIDERAM" ESTA SUCESSÃO"

Resultado de imagem para pesquisa eleitoral charges
Charge do César (Arquivo Google)
Sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os votos nulos e em branco ‘ganhariam a eleição’, de acordo com a pesquisa Datafolha, a primeira após a prisão do petista, divulgada neste domingo. Nos seis cenários do levantamento sem o ex-presidente, a porcentagem de votos brancos e nulos varia entre 23% e 24%, o que é maior do que a intenção de voto no candidato em primeiro lugar. No cenário com Lula, os votos brancos e nulos variam de 13% a 14%. Entre os eleitores de Lula, um terço prefere votar em branco ou anular o voto, em vez de escolher outro nome, segundo a pesquisa.
Os dois nomes cotados para substituir Lula como candidato do PT — o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner — não atingem mais de 2% das intenções de voto na pesquisa. Os dois pré-candidatos de esquerda que ficaram ao lado de Lula antes da prisão — Manuela D’ Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (Psol) também não vão além dos petistas na pesquisa.
HERDEIROS – A pré-candidata da Rede, Marina Silva, herdaria o maior percentual de votos de Lula (20%), em uma eleição sem o líder petista, seguida de Ciro Gomes, do PDT (15%). O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) ganharia 5% dos votos de Lula, Geraldo Alckmin (PSDB) 5%, Joaquim Barbosa (5%), Ávaro Dias (Podemos) 3%.
Apenas 3% dos eleitores de Lula disseram que votariam em Fernando Haddad (PT) e em Manuela D’ Ávila (PCdoB).
Segundo o mesmo levantamento, porém, dois de cada três eleitores do ex-presidente dizem que votariam em um candidato indicado por ele. Votariam em outros 7%, em branco ou nulo, 32%. Não souberam responder 3%.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
 Não há novidade alguma. Desde a primeira pesquisa os números permanecem estáveis. Somente a ausência de Lula traz alguma modificação, mas inexpressiva em relação aos outros candidatosVamos voltar ao assunto(C.N.)


16 de abril de 2018
Deu em O Globo

"IMAGINÁVAMOS UMA QUEDA DE BOLSONARO NA PESQUISA", DIZ PRESIDENTE DO PDT

Resultado de imagem para carlos lupi
Lupi comemorou os 9% obtidos por Ciro Gomes
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse estar satisfeito com o desempenho de Ciro Gomes, pré-candidato da legenda, na mais recente pesquisa Datafolha sobre a eleição presidencial 2018, publicada neste domingo.
No cenário em que Lula não participaria da disputa, Ciro Gomes conta com 9% das intenções de voto, empatado com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e com o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. “O resultado está bom. Está dentro do que a gente havia previsto. Agora é avançar”, resumiu.
INDEFINIÇÃO – Lupi observa que, numa eleição pulverizada, onde vários partidos apresentam candidatos, já era esperado que, num primeiro momento, o cenário ficasse um pouco indefinido. O presidente do PDT disse acreditar que, se Lula não estiver na disputa, boa parte dos votos do líder petista pode migrar para o candidato da sua legenda. Sobretudo no Nordeste.
O presidente do PDT, no entanto, não escondeu sua preocupação com a persistência da intenção de votos de Bolsonaro. Ele afirmou que, num primeiro momento, acreditava que o maior adversário de Ciro (num cenário sem Lula) seria o ex-governador Alckmin.
“Imaginávamos que haveria uma queda de Bolsonaro”, disse. “Mas hoje eu não sei. Ele está conseguindo se manter. Seu eleitorado acredita que a solução da violência é a pena de morte É algo muito preocupante.”
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Quem pensou que Bolsonaro fosse um cavalo paraguaio, se enganou de forma absoluta. É um candidato sólido, mas seu sucesso vai depender das coligações que conseguir fechar. (C.N.)


16 de abril de 2018
Deu em O Tempo
(Agência Estado)

MORAES DESCOLA DE TEMER E REFORÇA A BANCADA CONFIÁVEL DO SUPREMO

Imagem relacionada
Moares se torna cada vez mais respeitado
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal e professor livre-docente da USP e do Mackenzie, publicou neste domingo um artigo na Folha de S. Paulo que explica o mau humor do presidente Michel Temer em relação a ele. Apesar da enorme gratidão por ter sido nomeado ministro da Justiça e depois alçado ao Supremo Tribunal Federal, Moraes vem votando contra os interesses de Temer, por não coincidirem com os interesses da Nação. Neste pequeno artigo, que resume uma grande defesa de tese, Moraes mostra por que as condenações em segundo grau devem ser respeitadas, assinalando que a possibilidade de execução provisória de pena fez evoluir o combate à corrupção.
###
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E EFETIVIDADE JUDICIAL
Alexandre de Moraes
A Declaração francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) consagrou a presunção de inocência, que condiciona toda condenação à existência de um mínimo necessário de provas produzidas por meio de processo legal, devendo o Estado comprovar a culpabilidade do réu, que é presumido inocente.
No Brasil, a presunção de inocência foi consagrada no art. 5º, LVII, da Constituição Federal, ao estabelecer que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Essa condicionante “trânsito em julgado”, porém, deve ser interpretada com prudência e razoabilidade, guardando coerência lógica com as exigências da própria presunção de inocência e se integrando com os demais princípios e regras constitucionais.
ÔNUS DA PROVA – A presunção de inocência é respeitada quando o ônus da prova pertencer à acusação, sem que se possa exigir da defesa a produção de provas referentes a fatos negativos; quando a colheita de provas for realizada perante o órgão judicial competente, mediante o devido processo legal, contraditório e ampla defesa; e quando houver absoluta independência funcional do juízo natural na valoração livre das provas, em 1ª e 2ª instâncias.
Em respeito à presunção de inocência, o sistema organizatório-funcional da Justiça penal estabelecido pela Constituição garantiu cognição plena aos juízes e tribunais de 2º grau, ou seja, a competência para analisar o conjunto probatório e decidir o mérito das ações, afastando a não culpabilidade do réu e lhe impondo sanções, mediante decisão escrita e fundamentada.
RESPEITO E EXECUÇÃO – As condenações proferidas pelos tribunais de 2º grau devem ser respeitadas e executadas, sendo inadmissível o congelamento de sua efetividade. As competências recursais do STJ e STF não têm efeito suspensivo e são restritas, não permitindo a realização de novas análises probatórias, uma vez que essa possibilidade foi constitucionalmente atribuída às instâncias ordinárias do Judiciário.
A exigência de trânsito em julgado representaria ostensiva subversão à lógica do sistema, com a transformação dos tribunais de 2º grau em meros órgãos de passagem, com grave comprometimento à efetividade da tutela judicial.
Esse sempre foi o tradicional e majoritário posicionamento do STF e prevaleceu em 75% do período de vigência da CF, tendo sido adotado por 71% de seus ministros que atuaram nesse período (três se aposentaram antes de se posicionar).
EXECUÇÃO DA PENA – Desde promulgada a CF, em 5 de outubro de 1988, a possibilidade de execução provisória de pena após condenação em 2º grau foi majoritária por 22 anos e 6 meses. Da mesma maneira, dos 34 ministros que atuaram na Corte nesse período, 9 se posicionaram contrariamente.
Haverá o respeito à presunção de inocência sempre que o juízo de culpabilidade do acusado tiver sido firmado com absoluta imparcialidade, a partir da valoração de provas licitamente obtidas mediante o devido processo legal, contraditório e ampla defesa em dupla instância; e a condenação criminal tiver sido imposta, em decisão colegiada, escrita e devidamente motivada, com o consequente esgotamento legal de possibilidade recursal de cognição plena e de integral análise fática, probatória e jurídica.
COMBATE À CORRUPÇÃO – A possibilidade de execução provisória de pena após condenação em 2º grau jamais teve impacto negativo significativo no sistema penitenciário, mas, principalmente nos últimos anos, gerou grande evolução no efetivo combate à corrupção, cuja imprescindibilidade de fortalecimento reafirma o sempre atual ensinamento do maior orador do Senado Romano, Cícero:
“Fazem muito mal à República os políticos corruptos, pois não apenas se impregnam de vícios eles mesmos, mas os infundem na sociedade, e não apenas prejudicam por se corromperem, mas também porque a corrompem, e são mais nocivos pelo exemplo do que pelo crime.’
O texto constitucional garante o respeito à presunção de inocência, o combate à corrupção e a plena efetividade judicial.

16 de abril de 2018
Carlos Newton

ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO INCOMODA E PROVOCA REAÇÕES

Resultado de imagem para GILMAR MENDES CHARGES charges
Charge do Kacio (kacio.art.com)
 O fortalecimento do Ministério Público nos últimos anos, gerado pela Constituição de 1988, que já provocara controvérsias em situações pontuais como a atuação dos procuradores Luiz Francisco Fernandes de Souza durante o governo Fernando Henrique, considerado um petista disposto a encontrar crimes no governo tucano, e José Roberto Figueiredo Santoro, ligado ao senador José Serra e tido como um tucano de carteirinha, vem ganhando destaque a partir de uma ação mais estruturada do órgão, explicitada de maneira  vigorosa a partir do processo do mensalão.
Há um grupo de ministros no Supremo, capitaneados pelo ministro Gilmar Mendes, que se incomoda com esse empoderamento e vê nele o germe de um estado policial. O choque prossegue com a visão do Direito que vem sendo adotada por outros colegas seus, que se permitem interpretar a Constituição, às vezes para alargar seu alcance.
MENSALÃO – O ex-presidente do Supremo, Ayres Brito, acha que o ponto de inflexão foi o julgamento do mensalão, que ele presidiu. A partir dali teria sido aberto um caminho para concretizar a máxima de que todos são iguais perante a lei.
O ex-presidente do Supremo tem uma visão otimista do futuro do país, garantindo que é possível encontrar-se no texto constitucional a solução para todos os problemas que afligem nossa democracia. Um exemplo de como a interpretação da Constituição pode levar a soluções criativas foi a proibição do nepotismo. O ideal é que houvesse uma lei que proibisse a nomeação de parentes até o terceiro grau para cargo em comissão nos Três Poderes.
Na falta da lei, o ministro Ayres Brito interpretou a Constituição para dizer que os princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade, que estão na Constituição, impedem o nepotismo.   É uma visão que utiliza um pouco mais os princípios constitucionais para produzir os resultados que a sociedade demanda.
HÁ CONTROVÉRSIAS – Os que são contrários a essa visão consideram que os procuradores de Curitiba e o Juiz Sérgio Moro estão se excedendo, precisam ser contidos, e o lugar ideal para contê-los é o Supremo Tribunal Federal. E que a interpretação constitucional leva a soluções ilegítimas e transformam o Supremo em legislador, papel que é do Congresso.
Alegam eles que os direitos individuais dos cidadãos dependem da manutenção dessas proteções jurídicas que hoje estariam sendo ultrapassadas pela ação da Operação Lava Jato em seus diversos aspectos. Há outra disputa mais política, que não tem a ver com partidos, mas com um aliança tácita de grupos sociais.
Quando a Operação Lava Jato começou a atingir indiscriminadamente todos os partidos, houve uma reação dos políticos do centro-direita como PSDB, MDB, PP, e outros partidos menores que começaram a tentar se resguardar de possíveis penalizações. E ministros do Supremo como Gilmar Mendes viram nesse avanço da Lava Jato uma criminalização da política.
VISÕES OPOSTAS – Esse embate de visões opostas, num momento em que o país vive situação anômala que tanto pode levá-lo a uma refundação como a uma crise ainda mais profunda, faz com que queiram mudar a maneira de investigar da Lava Jato, como o Juiz Sérgio Moro interpreta a Constituição, como os procuradores de Curitiba perseguem agressivamente os que cometeram crimes de corrupção.
O ministro Gilmar Mendes chegou a se exaltar na semana passada dizendo que ninguém poderia lhe dar lições de combate à corrupção. Mas suas atitudes garantistas, além da explícita amizade com o presidente Michel Temer e com caciques políticos, o tornaram um dos ministros preferidos do PT, no momento em que os interesses confluem.
Essa preferência existe à sua revelia, diga-se de passagem. Recentemente ele criticou o PT, dizendo que o partido está sendo vítima de sua própria obra, ao ter feito, entre outras coisas, más indicações para o Supremo.
CRÍTICAS AOS MINISTROS – “Foram péssimas indicações para o Supremo. Pessoas que não tinham formação, não tinham pedigree. Privilegiou-se a escolha de pessoas ligadas aos movimentos LGBT, ao MST, de causas, de grupo afro, sem respeitar a institucionalização do País”.
Referências que podem ser vistas como indiretas em direção aos ministros Edson Fachin, acusado de ser ligado a movimentos sociais, especialmente ao MST; ao ministro Luis Roberto Barroso, que aprovou como advogado as uniões homoafetivas e o aborto de anencéfalos, e a Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo hoje pré-candidato do PSB à presidência da República. 

16 de abril de 2018
Merval Pereira
O Globo