"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 10 de novembro de 2013

CONTRATO SUPERFATURADO DE US$ 825 MILHÕES É O MAIS NOVO ESCÂNDALO DA COMBALIDA PETROBRAS

 

Chame o ladrão! – Se na Petrobras o bode ainda estava no quintal, agora está na sala da presidência.
Pelo menos essa é a conclusão a que se chega ao analisar a denúncia de contrato superfaturado firmado entre a estatal petrolífera e a Construtora Odebrecht.

Em 2010, a Petrobras, à época presidida por José Sergio Gabrielli, contratou a Odebrecht pela bagatela de US$ 825,6 milhões para a prestação de serviços na área de segurança e meio ambiente em dez países.

O contrato previa absurdos como, por exemplo, o aluguel de três máquinas de fotocópias, na Argentina, pelo valor de R$ 7,2 milhões. Outros R$ 3,2 milhões pelo aluguel de um terreno próprio, além de R$ 22 mil de salário mensal de pedreiro contratado nos Estados Unidos.

Ainda valendo, o contrato (nº 6000.0062274.10.2) classificado como PAC SMS, foi fechado pela área Internacional da empresa, mas reduzido quase à metade neste ano, na gestão de Maria das Graças Foster. Dos 8,8 mil itens constantes do documento, a extensa maioria apresentava indícios de irregularidades.
O que não é novidade em se tratando de administração petista na maior empresa brasileira.

De acordo com o site do jornal “O Estado de S. Paulo”, o corte de pelo menos US$ 344 milhões no contrato ocorreu após auditoria interna da Petrobrás, que considerou a o negócio equivocado. Fosse a Petrobras uma empresa privada, esse negócio “da China” seria considerado criminoso e os responsáveis já estariam contemplando o nascer do astro-rei de maneira geometricamente distinta.
 Para que o leitor compreenda os motivos da intensa movimentação de parlamentares no Congresso Nacional, ainda na era Lula, para evitar a criação da CPI da Petrobras, o montante considerado indevido pela própria petroleira é quatro vezes maior do que o volume de recursos desviados durante o Mensalão do PT (R$ 170 milhões), o maior escândalo de corrupção da história nacional. Contudo, é bom frisar que o pelo caixa do Mensalão do PT passou muito mais dinheiro do que o apurado pela Procuradoria-Geral da República.

Em meados de 2006, quando a corrida presidencial ainda estava em seus primeiros capítulos, a horda petista, no afã de garantir a reeleição de Lula, espalhou o boato de que uma vitória do PSDB nas urnas significaria a imediata privatização da Petrobrás. Considerando a grave situação financeira da empresa e os sucessivos escândalos, muitos dos quais abafados, melhor seria a privatização, pois teria entrado dinheiro nos cofres da União.

A sequência de escândalos na Petrobras explica o fiasco que marcou a CPI das Ongs, cujo relator, senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), produziu, a mando do Palácio do Planalto, um relatório que serve para nada. Os patrocínios da empresa a entidades ligadas ao Partido dos Trabalhadores é um escárnio sem precedentes.

10 de novembro de 2013
ucho.info

PÍFIO COMO MINISTRO E AGORA CIDADÃO COMUM, NELSON JOBIM GANHA PASSAPORTE DIPLOMÁTICO

 

Virou moda – Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal e ex-ministro da Defesa, o gaúcho Nelson Jobim recebeu, na quinta-feira (7), passaporte diplomático concedido pelo Ministério de Relações Exteriores.

O documento, que também foi concedido à mulher de Jobim, Adrienne Senna, garante benefícios como acesso a fila de entrada separada e tratamento menos rígido nos portos e aeroportos de países com os quais o Brasil mantém relação diplomática.

O pedido foi enviado pelo presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, em outubro passado, e o chanceler Luiz Alberto Figueiredo atendeu à demanda com base no decreto que estabelece as regras para a concessão do passaporte especial. A legislação prevê a entrega de passaporte diplomático “às pessoas que, embora não relacionadas nos incisos deste artigo, devam portá-lo em função do interesse do país”.

Essa foi a justificativa apresentada para a concessão de passaportes diplomáticos aos filhos e parentes do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, em 2010, sempre lembrando que essas pessoas não são de interesse do país, nem mesmo em sonho.

No caso de Jobim, o passaporte diplomático foi renovado, uma vez que o anterior, concedido quando o gaúcho era ministro de Estado, perdeu a validade. Justificou o Itamaraty que é praxe conceder o documento a ex-ministros.

Vale destacar que Nelson Jobim jamais foi do interesse do País, nem mesmo enquanto estava ministro, que dirá agora que voltou à condição de reles cidadão comum. Considerando que os desgovernos petistas têm batido seguidos recordes de número de ministros de Estado, em breve não será regalia alguma ter o tal passaporte diplomático, pois em feriado ou temporada de férias a fila de autoridades nos aeroportos será maior que a de passageiros comuns.

Com esse novo passaporte, que funciona como varinha mágica nos aeroportos, Jobim perderá menos tempo quando quiser visitar a francesa Dassault, fabricante de caças supersônicos que está extremamente interessada na renovação da frota da Força Aérea Brasileira.

Reza a Constituição Federal que “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”, mas no país em que lambuzar-se no poder é coisa comum alguns são mais iguais que os outros.

10 de novembro de 2013
ucho.info

ABSURDO É ISSO DILMA!

 TCU emitir nota oficial para informar ao país que a Presidente da República é uma relapsa.

(09/11/2013 13:27) Nota de esclarecimento

                
Em face dos comentários tecidos pela Exma. Presidenta da República Dilma Rousseff, e divulgados pela grande imprensa em 7/11, o Tribunal de Contas da União esclarece que cumpre seu papel fiscalizador da aplicação dos recursos públicos federais, definido na Constituição Federal e determinado pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
 
Desse modo, consciente do impacto que as obras têm no crescimento do país, o TCU oferece parecer técnico com a situação das obras públicas executadas com recursos federais e as irregularidades identificadas, cabendo ao Congresso Nacional decidir sobre a paralisação efetiva.
 
Por exemplo, com relação às recomendações do TCU sobre a obra da BR-448/RS, foram encontrados indícios de superfaturamento, na ordem de R$ 90 milhões. Cabe à Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional deliberar sobre a paralisação ou não da referida obra.
 
O Tribunal de Contas da União destaca que atua de forma preventiva, abrindo em todos os casos canais de diálogo com os gestores responsáveis. Sua atuação em 2013 pode gerar economia de R$ 1,2 bilhão, casos todas as correções sejam realizadas.
 
Com relação a sua atuação preventiva, é de se destacar que o TCU convidou gestores do Executivo das três esferas, União, Estados e municípios, para um projeto conjunto de governança, com a duração de três anos, com o objetivo de melhorar a gestão da administração pública. Trata-se de um projeto em parceria com a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e outros 12 países, na busca por melhores práticas para a administração.
 
Auditoria realizada em 360 instituições públicas, a ser levada a Plenário ainda em novembro/2013, evidenciou a falta de governança de pessoal, com graves deficiências na área de planejamento e treinamento. Por essas razões, o TCU entende que melhorar a governança representará um grande avanço para o desenvolvimento do Brasil.
 
Secretaria de Comunicação
Tribunal de Contas da União

TCU INFORMA QUE ROMBO PODE CHEGAR A R$ 700 MILHÕES E DILMA ACHA "ABSURDO" PARAR AS OBRAS SUPERFATURADAS.


 

 
É o PT institucionalizando o "rouba, mas faz".
 
O TCU já economizou quase R$ 500 milhões com obras paralisadas. E informa que as obras que está mandando parar podem elevar este número para R$ 1,2 bilhão. O que significa que estão em jogo R$ 700 milhões, que Dilma Rousseff não quer defender. É o PT instituindo o "rouba, mas faz" do Maluf. Abaixo, matéria do Estadão.
 
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Jorge afirma que o órgão é "cuidadoso" ao recomendar a paralisação de obras e que só toma tal procedimento em "último caso". Ele observou estar na Lei de Responsabilidade Fiscal a atribuição do tribunal de fazer este tipo de fiscalização. O relatório com a recomendação de paralisação de sete obras do governo federal será entregue oficialmente ao Congresso na próxima segunda-feira e será analisado pela Comissão Mista de Orçamento.
 
"Se for olhado com detalhe se poderá ver que o TCU é bastante cuidadoso. A gente sabe do inconveniente que é paralisar obra e só faz isso em último caso", disse o ministro. "O TCU tem essa obrigação (de recomendar a paralisação). Está na Lei de Responsabilidade Fiscal. E isso tem diminuído", complementa.
 
José Jorge ressalta que o parecer do tribunal é feito com base em auditorias técnicas e que a decisão final cabe ao Congresso. Ele observa que nem sempre o Legislativo segue todas as recomendações feitas no relatório.
 
Neste ano, os ministros recomendaram a paralisação de sete obras. Estão na lista trecho da Ferrovia Norte-Sul em Tocantins, a Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol) na Bahia e a pavimentação da rodovia BR-448 no Rio Grande do Sul. O tribunal recomendou ainda a suspensão de repasses federais para outras oito obras, como o metrô de Salvador (BA) e o canal do Sertão, em Alagoas. Segundo o TCU, seu programa de fiscalização já gerou economia de R$ 484 milhões com alterações exigidas e pode chegar a R$ 1,2 bilhão com o cumprimento do que é recomendado no relatório.
 
Líder do DEM na Comissão Mista de Orçamento, o deputado Cláudio Cajado (BA) afirma que é preciso ter cautela antes de se criticar a paralisação de obras. "Se uma obra tem indício de irregularidade grave sua continuidade pode causar tanto ou mais prejuízo ao erário do que sua paralisação", observa. O parlamentar afirma que o tema será analisado com cuidado na comissão e que o ideal é o governo trabalhar para solucionar as irregularidades encontradas pelo TCU. Na visão dele, a crítica feita por Dilma busca "descredenciar" o órgão de controle.
 
10 de novembro de 2013
in coroneLeaks

PT EM CRISE TEM ABSTENÇÃO EM MASSA NAS ELEIÇÕES INTERNAS



 Números extraoficiais aos quais o iG teve acesso indicam um alto nível de abstenção do Processo de Eleições Diretas (PED) do PT. Segundo dados divulgados por correntes que disputam o PED, em Belo Horizonte (MG) apenas 3.200 dos nove mil filiados aptos a votar foram às urnas. O número é inferior ao PED de 2009 quando 4.200 petistas votaram na capital de Minas Gerais.
 
Em Campo Grande, dos 3.900 inscritos, 1.590 votaram. Em Dourados, também no Mato Grosso do Sul, foram às urnas cerca de 700 dos 1.097 aptos a votar.
 
Na região da Grande São Paulo também houve redução no número de participantes em relação a 2009. Em Osasco, berço do candidato favorito à presidência do diretório estadual, Emídio de Souza, compareceram cerca de 1.400 filiados. No PED anterior foram dois mil.
 
No diretório zonal de Guaianazes, um dos maiores da capital paulista, aproximadamente 1200 compareceram neste domingo (10). Em 2009 foram 2.800. Os números preliminares também apontam uma queda de 30% no zonal do bairro dos Pimentas em Guarulhos (SP).

Na sexta-feira (8) a presidente Dilma esteve no local para anunciar o investimento de R$769 milhões em mobilidade urbana para Guarulhos e Osasco, o que gerou uma expectativa que houvesse grande comparecimento no local que é um dos principais redutos petistas na grande São Paulo.
 
Listas de votação
Candidatos das correntes minoritárias também disseram ter recebido muitas reclamações de militantes que deviam estar aptos a votar, mas seus nomes não estavam nas listas de votação. A direção do PT evita fazer um prognóstico sobre o quórum do PED deste ano enquanto não chegarem mais dados.
 
A apuração está sendo feita nos municípios que repassam os números para os diretórios estaduais, que, por sua vez, informam os resultados ao diretório nacional onde está sendo feito a totalização. A expectativa é que um primeiro boletim parcial seja publicado a partir das 21 horas. O resultado final deve sair na segunda-feira.
 
(IG)



PT DÁ CALOTE EM MÉDICOS ESTRANGEIROS EM GOIÂNIA

   

Ouça a denúncia feita na Rádio CBN.
 
E do Blog Goiás 24 horas:
 
O programa Mais Médicos prevê que as prefeituras paguem auxílio-moradia aos profissionais estrangeiros, mas o acordo não está sendo cumprido em Goiânia. Até hoje, a prefeitura de Paulo Garcia (PT) não pagou um centavo para os 24 médicos que estão em atividade na Capital desde setembro. Pior é que, além de levar calote, eles são acusados pelo secretário municipal de Saúde, Fernando Machado, de serem “radicais”. “Eles [os médicos] entraram sabendo das condições e onde iriam trabalhar. O programa não foi feito porque estávamos com sobra de médicos, unidades bonitas e bem arrumadas. Acho que está tendo muito radicalismo”.

PETROBRAS E A INTERNACIONALIZAÇÃO DA CORRUPÇÃO DO PT


http://lh6.ggpht.com/-4EoFZ3y-ld8/TmJ1k-yIGjI/AAAAAAAAAcQ/GMZ9TiU8fvg/s530/PRESLULAOBRA7.jpg
Lula: estádios, palestras, portos, refinarias, contratos, tudo pela Odebrecht. Na foto, o sorrisão de Emílio Odebrecht no estádio do Corinthians.
 
http://www.bahiaalerta.com.br/wp-content/uploads/2013/09/Dilma-e-empres%C3%A1rios-Odebrecht.jpg
Dilma e a diretoria da Odebrecht, em encontro na Bahia.
Graça Foster, Edison Lobão, Dilma Rousseff e bem à direita Marcelo Odebrecht, presidente do grupo, inaugurando mais uma planta da Braskem, sociedade entre a Odebrecht e a Petrobras. Tudo dominado.
 
O contrato firmado em 2010 entre a Petrobrás e o grupo Odebrecht, para prestação de serviços em dez países, incluiu itens com preços inflados que, em alguns casos, ultrapassavam a marca de 1.000%. Auditoria interna da petroleira comparou os preços acordados no contrato com médias de preços em cada país. O resultado mostrou que na Bolívia, por exemplo, os itens estavam entre 9% e 1.654% mais caros; no Chile, entre 14% e 598%; na Argentina o sobrepreço médio foi de 95%.
 
Documentos da petroleira, obtidos com exclusividade pelo Broadcasty serviço em tempo real da Agência Estado, mostram também que no contrato (PAC SMS) houve inclusão indevida de impostos na formação de preços nos Estados Unidos, Chile e Argentina, elevando o valor dos serviços em US$ 15 milhões.
 
Mesmo antes do início dos trabalhos, 60% dos 358 projetos de SMS, sigla referente às áreas de segurança, meio ambiente e saúde foram retirados do acordo. Mas o contrato não protegia a Petrobrás e os valores dos projetos cortados foram incluídos - e parcialmente pagos - sob outra rubrica (mobilização). Sob a descrição genérica de "passivo e gestão", sem o detalhamento do tipo de serviço, aparecem US$ 91 milhões.
 
As instalações onde os serviços seriam feitos incluíram a refinaria de Okinawa (Japão), refinaria de Bahia Blanca (Argentina) e Montevidéo Gás (Uruguai) e refinaria de San Lorenzo, na Argentina, vendida em 2011 para Cristóbal López, empresário com investimentos no ramo de cassinos e fortes vínculos com o governo da presidente Cristina Kirchner.
 
Irregularidades. A lista de irregularidades no contrato da Odebrecht com a Petrobrás começou antes da assinatura do acordo e incluiu o escopo dos serviços, composição de custos e condução da disputa. O processo licitatório já estimava gastar US$ 784 milhões com o projeto, disputado também pelas construtoras Andrade Gutierrez e O AS e vencido pela Odebrecht, por US$ 825 milhões.
 
O relatório dos auditores internos da Petrobrás mostra que, quando foram calculadas as estimativas de preços e assinado o contrato entre a estatal e a Odebrecht, em 26 de outubro de 2010, o detalhamento dos projetos não estava completo.
 
Além de destacar a ausência de um material em inglês, obrigatório diante da presença de companhias estrangeiras no processo licitatório, a auditoria ressalta que uma das empresas convidadas não tinha qualquer experiência em SMS. A auditoria conclui também que mais da metade (52%) da planilha de preços continha, escritos à mão, itens "arbitrados com quantidade 1 ou 2". A planilha foi apresentada "sem fundamentação técnica" e o fato de prever uma ou duas unidades para milhares de itens indicaria um preenchimento aleatório.
 
Três semanas depois da assinatura, em 11 de novembro de 2010, a Petrobrás contratou uma consultoria de Niterói (RJ) comandada por dois engenheiros aposentados da petroleira para de fato fazer o projeto. O contrato (SAP 4600323905) com a consultoria custou R$ 29 milhões e ficou pronto em setembro de 2011. A conclusão dos consultores foi que 80% dos projetos analisados não tinham dados suficientes para sua execução. Foram incluídas "instalações, projetos e serviços desnecessários, obsoletos ou incompatíveis com o propósito contratual", diz o documento da Petrobrás. Os serviços continuam em andamento e têm previsão de entrega em fevereiro de 2014, quando expira o contrato.
 
Outro lado. A Odebrecht disse, em nota, que "nega veementemente qualquer irregularidade nos contratos firmados com a Petrobrás, conquistados legitimamente por meio de concorrências públicas". O diretor do contrato, Marco Duran, disse que o valor contratado foi diretamente afetado pela redução de escopo do contrato decorrente do plano de desinvestimentos da Petrobrás. O diretor acrescentou que cinco dos dez países contemplados foram retirados por este motivo, restando Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e EUA. Duran disse desconhecer os cálculos de sobrepreço citados em documentos da Petrobrás.
 
No caso da Bolívia, o executivo disse que o país já havia sido excluído do acordo quando a Odebrecht começou seus trabalhos. "Nunca fui à Bolívia, não fiz o levantamento dos trabalhos a serem realizados. Logo, não tenho o orçamento." O processo licitatório 001/2010 diz que a Petrobrás previa gastar US$ 675,8 milhões na Bolívia. A Odebrecht ofereceu US$ 1,218 bilhão. A Andrade Gutierrez e a OAS, que perderam a licitação, ofereceram US$ 1,513 bilhão e US$ 1,548 bilhão, respectivamente, segundo documentos obtidos pelo Broadcast. Até julho de 2012, a documentação não aponta desembolsos para Bolívia, Equador, Colômbia e Japão.
 
(Broadcast Estadão)
 
10 de novembro de 2013
in coroneLeaks

LEI (?) DE ACESSO ÀS INFORMAÇÕES EM REPÚBLICA TORPE?

"QUERIDINHO" DA CANALHA/BNDES E "CAMPEÕES" NACIONAIS
 
 
Quando você é famoso, ninguém o conhece. 
Essa frase de Arthur Miller talvez valesse uma reflexão para o bilionário Eike Batista.

A derrocada de seu império foi interpretada, erroneamente, no exterior como o fim do sonho brasileiro. Dilma Rousseff havia elogiado Eike e dito que gostaria de ter no Brasil mais capitalistas como ele. Mas isso não o transforma num símbolo do empresariado nacional, que envolve uma diversidade de estilos e estratégias irredutível a um só homem.

O Rio de Janeiro será o Estado mais atingido por essa depressão pós-euforia. Isso não quer dizer, no entanto, que a trajetória de Eike Batista tenha sido um relâmpago em céu azul. Muito menos que a admiração pelo empresário se tenha reduzido ao governo brasileiro e seus aliados no Rio. Preocupa-me um pouco, embora seja uma experiência humana frequente, tratar alguém como se fosse apenas um fracasso pessoal.

Suas entrevistas eram disputadas e as fotos de sua intimidade, valiosas. 
Políticos o cortejavam, artistas o procuravam em busca de patrocínio, a tal ponto que, diante de um problema aparentemente insolúvel, alguém sempre lembrava: 
quem sabe o Eike não ajuda...

Não o conheço pessoalmente. Conversei inúmeras vezes com seu pai, Eliezer Batista, e tenho dele uma excelente impressão. Sempre que me lançava numa campanha política, procurava-o para trocar algumas ideias sobre estratégia, uma área em que é, com razão, muito respeitado. Eliezer Batista contribuiu para o governo Lula enfatizando a importância da integração física sul-americana, algo que se tomou uma política oficial, apesar das distorções que, no meu entender, se devem apenas ao viés ideológico do PT, não à ideia original.

Mesmo sem conhecer Eike, trabalhei em inúmeros temas ligados a ele. Escrevi sobre o Porto de Açu e afirmei que ele realizava um velho sonho de Minas Gerais: o acesso ao mar.

O Porto de Açu está localizado no litoral do Rio, mas é ligado a Minas por um mineroduto de pouco mais de 500 quilômetros. No passado, um político chamado Nelson Thibau chegou a prometer o acesso ao mar em campanha eleitoral, levando um barco para a Praça Sete, em Belo Horizonte.

Minha visão do Porto de Açu é de uma obra monumental, inclusive com o esforço de recuperar a vegetação da restinga. Voltei lá, desta vez para criticar Eike. O trabalho de retirada de areia do mar, depositada em grande quantidade na região, acabou salgando os mananciais e arruinando alguns pequenos lavradores. Pus no ar o comovente depoimento de um plantador de abacaxis destruído pela deterioração de suas terras. 

Pouco se falou do impacto do Porto de Açu nas lagoas de água doce e nas terras dos pobres lavradores.
Acompanhei o projeto do Hotel Glória e a tentativa de reforma da Marina da Glória, sempre com uma visão crítica. Não sentia na imprensa e no mundo político, com exceção do PSOL, grande empenho em avaliar as mudanças que desagradavam aos usuários da marina.

Vivendo, como vivo, na margem da Lagoa Rodrigo de Freitas, monitorei a ajuda que Eike deu à despoluição, ponderando que era necessário um trabalho mais sério de renovação das águas. Em outras palavras, considerava a ajuda superficial, embora bem-vinda.

Eike foi sempre muito ligado ao governador Sérgio Cabral. 
Emprestou o avião para que Cabral fosse à Bahia e reiterou sua grande amizade pelo parceiro. Tudo isso contribuiu para demarcar a distância entre o meu olhar e o bilionário que construía seu império.

Como em todo grande momento, ainda que de inferno astral, Eike terá de reavaliar sua visão das pessoas. Muitos que o bajulavam devem estar rindo de suas dificuldades empresariais.
Nada disso, porém, quer dizer que Eike não seja responsável: 
Mas quando vejo reportagens enfatizando seu casamento com Luma de Oliveira, custa-me a compreender como isso possa ser um prenúncio de fracasso empresarial. Os erros não passam, neste caso, por mulheres bonitas, mas por um excesso de otimismo que não contaminou o governo porque o governo já é contaminado, por definição, com futuros gloriosos.

Unidos, Eike e o governo construíram uma fábula que custou ao empresário parte de sua fortuna. Mas custou também as economias de pequenos investidores e os esforços dos contribuintes, presentes, involuntariamente, nessa fanfarra por meio de recursos do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Um dos problemas da derrota é a solidão. 
Poucos querem realmente conhecer e alguns querem, de fato, esconder as inúmeras relações de Eike. Isso não é bom para o que resta da autoestima nacional.
O BNDES garante que foi um acidente histórico e que o País não perderá nem 20 centavos com essa história. Acontece que o banco financia os amigos do governo e se recusa a dizer a quem e como financia, alegando sigilo bancário. 
A partir da derrocada de Eike e das chamadas campeãs nacionais, é necessário saber exatamente como o BNDES investiu dinheiro, quanto perdeu, se perdeu, quanto ganhou, se ganhou.

Falta curiosidade aos nossos parlamentares. 
Existe na imprensa, mas o banco resiste a ela. Somente com uma investigação séria e oficial seria possível desvendar essa monumental bolsa dos ricos, muitas vezes superior à Bolsa Família, mas, ao contrário desta, protegida pelo segredo.

De que adiantou aprovar, como aprovamos, uma lei de acesso às informações, se estão bloqueadas as que nos levam aos bilhões jogados fora? 

O governo quer dispor do dinheiro de acordo com sua política, o que é razoável para quem se elegeu. Mas fazê-lo sob o manto do sigilo toma-se algo muito perigoso. Se a derrocada de Eike e dos chamados campeões nacionais não nos trouxer de volta o dinheiro perdido, que nos dê ao menos a transparência prometida e sempre negada nas questões essenciais.
Fernando Gabeira
Ninguém mais conhece Eike 
10 de novembro de 2013

OS INDICADORES DA DISCÓRDIA. INFLAÇÃO QUASE DOBRA E SE ESPALHA NA ECONOMIA

BRASIL REAL ! SEM O MARQUETINGUE CANALHA, EIS O brasil maravilha DOS EMBUSTEIROS
 
 
Depois de um curto período de trégua, a inflação retomou o fôlego e está disseminada pela economia. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 67,7% de todos os produtos e serviços pesquisados pelo órgão apontaram aumentos em outubro. Foi a maior taxa de difusão desde março, quando 69% dos itens apontaram alta.

Diante disso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o mês passado com alta de 0,57%, quase o dobro do 0,35% de setembro. Não à toa, 53,7% dos entrevistados pela pesquisa CNT/MDA, divulgada ontem, disseram estar muito preocupados com a força da inflação e temem seu descontrole.

Apesar desses números, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, classificou o IPCA de outubro como um “bom resultado”, pois veio abaixo das expectativas do mercado — a média das estimativas apontava para elevação de 0,60%. “Foi um IPCA normal para esta época do ano, quando começa a ter aumento (no preço) de alimentos e produtos que estão na entressafra, como carnes”, afirmou Mantega.

O governo comemorou com mais ênfase, porém, o fato de a inflação acumulada em 12 meses ter caído pelo quarto mês consecutivo, de 5,86% para 5,84%.
No entender da equipe econômica, ainda é possível que a carestia neste ano fique abaixo da registrada no ano passado, de 5,84%.

Conforme a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, os alimentos voltaram a pesar na mesa dos brasileiros. No geral, esses produtos saíram de uma alta de 0,14% em setembro para 1,03% no mês passado, respondendo, com as bebidas, por 44% de toda a inflação de outubro.
O grande vilão foi o tomate, com alta de 18,65%. O fruto havia se tornado o símbolo da inflação do governo Dilma Rousseff, mas, nos últimos meses, com a produção maior, os preços haviam cedido.

Também as carnes e as massas engoliram parte do orçamento das famílias impactadas pelo dólar. Com a estiagem, o gado e os frangos são alimentados com ração de milho e soja, cujos preços são dolarizados. As massas e os pães levam trigo em sua composição. Quase a metade do cereal consumida no país é importada.

Espanto geral

Na avaliação do economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, com a disseminação dos reajustes pela economia, o represamento dos preços administrados (gasolina e passagens de ônibus, por exemplo), que subiram apenas 1% nos últimos 12 meses, e a resistência dos serviços, o Banco Central terá muito trabalho para derrubar o IPCA e levá-lo ao centro da meta, de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A maior parte dos analistas acredita que a taxa básica de juros (Selic) subirá mais 0,5 ponto percentual no fim deste mês, de 9,50% para 10%. Mas começa a ganhar corpo a aposta de uma ação mais agressiva da autoridade monetária, com elevação de 0,75 ponto.

Pelas contas de Leal, mesmo que os alimentos sejam excluídos do índice de difusão calculado pelo IBGE, mais de 60% dos produtos e serviços tiveram reajustes em outubro. Ou seja, a carestia está espalhada e resistente, como já ressaltou o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton.

A zona de conforto do BC, em relação a esse indicador, é de um patamar ligeiramente acima de 50%. Por causa da disseminação dos aumentos e de elevações de preços já programadas, como a do fumo, a Consultoria LCA acredita que o IPCA de novembro será de ao menos 0,7%.

A aposentada Maria da Penha Loureiro, 66 anos, disse estar estarrecida com os atuais nível de inflação. “Infelizmente, a alta de preços não se restringe aos alimentos. Tudo está caro demais. Gasto, mensalmente, cerca de R$ 1,2 mil em compras no supermercado. Cada vez compro menos”, afirmou. A servidora pública Ana Cristina Cavalcante, 53, também não escondeu o seu espanto, sobretudo diante da nova alta do tomate.

“Por semana, estava comprando um saco com até 15 tomates. Agora, levo apenas três ou quatro para a casa”, ressaltou. Para o comerciante Roberto Santos, 50, está inviável abastecer a família de 10 pessoas com carne. “Um mês atrás, gastava R$ 300 e comíamos carne três vezes na semana. Agora, desembolso R$ 500 e, mesmo assim, há semanas que só temos carne dois dias. E não adianta substituir o boi pelo frango. Tudo subiu”, emendou.


Vestuário
Para a economista Adriana Molinari, da Consultoria Tendências, os consumidores devem preparar o bolso, pois não haverá trégua no custo de vida tão cedo. “Não podemos esquecer que haverá aumento na gasolina”, disse. A expectativa é de alta de 7% nas refinarias e de 4,3% nas bombas.
“Isso dá um impacto de 0,17 ponto percentual no IPCA”, estimou. Segundo o diretor de

Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, os brasileiros sentirão, nos próximos meses, o repasse da alta do dólar para os preços. Ontem, a moeda norte-americana superou os R$ 2,30. “Esperamos que o IPCA de novembro acelere para 0,68%, encerrando o ano com inflação acumulada de 5,90%”, afirmou.

Além dos alimentos e das bebidas, os consumidores sentiram a disparada dos preços de itens de vestuário, com reajuste médio de 1,13% em outubro. Que o diga a aposentada Rachel Ungierowicz, 65. Há duas semanas, ela comprou uma blusa por R$ 180, valor que, dois meses antes, bancava duas peças e ainda sobrava. Na tentativa de gastar o menos possível, a vendedora Tainara Ferreira, 19, recorre às feiras “Em vez de comprar uma blusa de R$ 80 em um shopping, pago R$ 25 nas bancas”, afirmou.


» Acima do teto

Em três da 11 capitais pesquisadas pelo IBGE, a inflação acumulada em 12 meses está acima do teto de 6,50% definido pelo Conselho Monetário Nacional: Recife, com 6,81%; Fortaleza, com 6,64%; e Belém, com 6,54%. Isso, no entender dos especialistas, só confirma a força da carestia que atormenta os consumidores. Em Brasília, a alta do IPCA está em 5,90%, acima da média nacional de 5,84%.
 
Correio Braziliense
10 de novembro de 2013

NAS ASAS DO SAMU


 
 
Ideli Salvatti tem tudo para ser personagem menor em qualquer trama política que se preze. Mas, num governo com tão poucos atributos como o de Dilma Rousseff, ela ganhou uma das principais salas do Palácio do Planalto. Como produz quase nada como ministra de Relações Institucionais, tornou-se agora símbolo-mor de como os petistas abusam da máquina do Estado em proveito próprio. É a síntese de um governo em campanha.

Ideli é radicada em Santa Catarina e pretende conquistar novo mandato de senadora nas eleições do ano que vem. Por isso, dedica parte preciosa do seu tempo a fazer campanha política. O problema é quando faz isso usando equipamentos públicos que deveriam estar salvando vidas: em pelo menos três ocasiões neste ano, ela voou em helicópteros do Samu - o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - catarinense.

O caso foi descoberto no início de outubro pelo Correio Braziliense. Na ocasião, a assessoria da ministra disse que as aeronaves do Samu, utilizadas pela Polícia Rodoviária Federal, também servem para "transporte de autoridades" em "agendas oficiais". Será difícil agora explicar por que o helicóptero estava levando Ideli para passear enquanto vítimas de acidentes de trânsito nas estradas catarinenses poderiam estar sendo socorridas e salvas.

Segundo investigação do Ministério Público, divulgada hoje pelo Correio, nas três datas em que Ideli voou nas asas do Samu foram registrados 52 acidentes com 73 feridos e dois mortos nas rodovias de Santa Catarina. É possível que alguns dos casos demandassem a presença do helicóptero. Mas, nas três ocasiões, a ministra de Relações Institucionais ocupava a aeronave com frenética agenda eleitoral, metendo-se em cerimônias que nada têm a ver com sua área.

Ideli voou nas asas do Samu para lançar editais de obras viárias em 25 de janeiro, para encontrar-se com prefeitos em 25 de março e para reunir-se com empresários em 24 de agosto. Em suma: a ministra usou um equipamento público para turbinar sua agenda de campanha. Será ela a única que faz isso no governo de Dilma? Claro que não.

A Esplanada está coalhada de gente que só pensa nas eleições de 2014. Muitos ministros deixarão seus cargos, possivelmente, até o fim deste ano para lançarem-se sem amarras na luta por novos mandatos. Até aí nada demais. A questão é que a estrutura do governo federal já vem sendo flagrantemente utilizada nos últimos meses para campanhas. Brasília caminha em ritmo de eleição.

Os exemplos se sucedem. 
Ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, por exemplo, dedica vários dias de seus expedientes para entregar retroescavadeiras e motoniveladoras em Minas, onde pretende disputar o governo. Quem deveria estar cuidando disso é o Ministério de Desenvolvimento Agrário, responsável pela distribuição do maquinário. Será que Pimentel se confundiu?

A cada nova leva de médicos estrangeiros que desembarcam nos rincões do país, os ministros-candidatos de Dilma entram em êxtase. Rumam para seus estados de origem, suas "bases eleitorais", para aparecer nas fotos recepcionando os enviados pelo Mais Médicos, seguindo estratégia traçada por Brasília, como mostrou O Globo recentemente. Não importa se deveriam estar cuidando de assuntos que não têm nada a ver com a saúde dos brasileiros. O que conta é fazer campanha.

Os auxiliares da presidente agem com toda esta desenvoltura porque o exemplo vem de cima. Dilma dedica dias e dias de seu mandato a voar pelo Brasil fazendo campanha, a pretexto de estar entregando alguma coisa, ainda que seja meia dúzia de diplomas ou um par de chaves de caminhões. Até meados de outubro, a presidente passara 51 dias do ano em deslocamentos pelo país - média de um dia por semana, segundo a Folha de S.Paulo.

A presidente acha "um absurdo" quando afirmam que o que ela está fazendo é pré-campanha, como disse em entrevista ao grupo RBS, publicada hoje pela Zero Hora e pelo Diário Catarinense. 

Mas não há meias-palavras para descrever o que se passa hoje nos gabinetes de Brasília, a começar pelo mais importante deles, situado no terceiro andar do Palácio do Planalto:
 não existe mais governo - se é que um dia chegou a existir; existe é um bando de gente em plena campanha eleitoral.

ITV
10 de novembro de 2013

"SOB O IMPÉRIO DA RETÓRICA ELEITORAL"

Em debate recente, por ocasião do lançamento do excelente livro de André Lara Resende Os Limites do Possível, procurei sugerir que havia uma certa unidade relacionando os vários ensaios ali reunidos. E que, no meu entender, essa unidade era proveniente de cinco eixos básicos.
 
Primeiro a visão, que raríssimas vezes na História foi tão importante, de uma perspectiva que vá além da conjuntura. Tanto no mundo como no Brasil de hoje, "nunca a conjuntura foi tão pouco conjuntural".
 
Segundo, que as relações entre economia e política, que nunca deixaram de existir, mas foram subestimadas no longo período de euforia pré-crise, voltaram a assumir novas e intensas interações, no Brasil e no mundo.
 
Terceiro, que as discussões relevantes sobre a teoria e a prática da política macroeconômica em economias abertas haviam voltado a tornar-se interessantes intelectualmente - no mundo como no Brasil.
 
Quarto, que processos de mudança em democracias envolvem um informado debate público. A experiência mostra que esse debate permite que pessoas e grupos formem (ou mudem) sua opinião ao longo do processo - bem como evidencia que em sociedades complexas aumentam os problemas que requerem a contribuição expressiva de competências técnicas para sua solução.
 
Quinto e último, que o aprender com experiências passadas, nossas e de outros, depende da existência de arcabouços conceituais minimamente coerentes que permitam aos participantes do debate situar e estruturar a discussão sobre lições a serem aprendidas e sobre velhos e novos - sempre mais tentadores - erros a serem evitados.
 
Por que esta longa introdução? Talvez porque tenho a impressão de que vivemos hoje sob os efeitos deletérios - sobre os cinco pontos acima - do excessivamente prematuro lançamento da campanha pela reeleição do atual governo, com quase dois anos de antecipação.
 
Vivemos desde então sob o império do efêmero, com um governo utilizando as instrumentalidades do poder e sua competente e onipresente máquina de marquetagem política, totalmente focados no caminho até outubro de 2014 - como se não houvesse um amanhã após essa data ou apenas algo a ser considerado depois da (esperada) vitória nas urnas.
 
Há consequências preocupantes do império de uma excessivamente prolongada retórica eleitoral que, em vez de permitir, como seria desejável, um aumento da qualidade do debate ou, pelo menos, uma compreensão mais adequada por parte do eleitorado sobre a natureza dos desafios a enfrentar, leve, ao contrário, a uma excessiva simplificação do debate e à lamentável rotulagem que procura desqualificar a priori argumentos de interlocutores, atribuindo-lhes filiações a supostas correntes de pensamento (de nomes tidos como pejorativos) e que, portanto, não mereceriam atenção, por equivocados ou movidos por inconfessáveis propósitos - políticos ou não.
 
O ex-ministro Delfim Netto, influente conselheiro de nossa presidente, notou que a "lamentável" antecipação da campanha eleitoral "introduziu um viés político na análise que dificulta o acordo sobre o que se deva fazer para recuperar um crescimento mais robusto sem pressionar a taxa da inflação".
 
Vale lembrar, apenas para ilustrar, dois exemplos de diálogo e entendimento. Um que foi realizado com relativo sucesso, outro que foi tentado, não funcionou à época, mas que terá de ser considerado, de novo, em 2015.
 
Primeiro exemplo: em 2002, o então presidente Fernando Henrique Cardoso tomou o cuidado de deixar claro aos seus ministros que as "instrumentalidades" do poder não seriam utilizadas com propósitos eleitorais e que eles não deveriam envolver-se pessoalmente em abertas campanhas políticas no exercício do cargo. E instruiu a todos os seus ministros que procurassem manter o diálogo possível com os chefes de equipes dos principais candidatos, em suas respectivas áreas.
 
A transição civilizada que tivemos de FHC para Lula (2002/2003), pelo menos na área econômica, em muito se deveu a essa orientação presidencial e à presença de um interlocutor pragmático, Antônio Palocci, capaz de ouvir com atenção e rapidamente entender por que a taxa de câmbio real/dólar foi de 2,3 a 4 entre abril e outubro de 2002 e o "risco Brasil" chegou a quase 25% no mesmo período. E foi capaz de formar uma equipe que sabia o que deveria ser feito na ocasião. Até hoje tenho dúvidas se muitos dos seus chegaram a compreender o que eram as expressões de receios sobre o que poderia ser a condução da política macroeconômica pós-2003. Os sinais emitidos ainda em 2014 para 2015 e adiante também serão muito importantes.
 
O segundo exemplo é ainda mais relevante. Em fins de 2005, os ministros Palocci e Paulo Bernardo tentaram convencer o Palácio do Planalto de que seria importante pensar numa política de médio e longo prazos (e sua implementação adequada) que procurasse não cortar despesas primárias do governo, como se disse à época, mas limitar a sua velocidade de crescimento, que vinha sendo superior às taxas de crescimento da economia. Como, em geral, até hoje.
 
A proposta, como é sabido, contou - e conta - com o apoio de vários ex-ministros da Fazenda, como Maílson da Nóbrega, Delfim Netto e este que ora escreve, mas não foi aceita pelo Planalto, sob o argumento de que gasto era vida e a proposta seria rudimentar.
 
Pois bem, a uma variante qualquer dessa proposta o poder incumbente que resultará das urnas de 2014 terá de voltar a partir de 2015. Talvez isso não possa ser dito em campanha porque, dada a nossa História, dificilmente esse mandato seria dado pelas urnas. Mas os que pretendem chegar à Presidência - ou nela permanecer - deveriam saber que não haverá como deixar de enfrentar esse desafio a partir de 2015.
 
Afinal, fatos não deixam de existir porque são ignorados em campanha eleitoral.

10 de novembro de 2013
Pedro Malan, O Estado de São Paulo

RAPINAGEM NA ERA LULA TORNOU-SE ROTINEIRA. BRASILEIRO PREFERE SER CÍNICO A PASSAR POR BOBO

Falta algo no escândalo de São Paulo: corruptor


Ilustração: Alan E.Cober
Ilustração: Alan E.Cober

Em condições normais, a descoberta de um novo caso de corrupção deveria ser celebrada como uma vitória dos mecanismos de controle sobre a bandidagem. Muita gente gosta de cultivar a ideia de que a explosão de um escândalo é a sociedade informando aos seus malfeitores que a moleza acabou. No Brasil, porém, a rapinagem tornou-se tão rotineira que o desespero acaba prevalecendo sobre a esperança. Calejado, o brasileiro prefere ser cínico a passar por bobo.
 
São Paulo devolveu a corrupção às rodas de conversa. Impossível ficar alheio. Quem liga a tevê, navega na web ou abre o jornal fica devendo a si mesmo um gesto de reprovação. Nem que seja uma boca de nojo. A aversão seria maior se as pessoas percebessem que há um quê de anormal dentro da anormalidade. Falta alguma coisa no noticiário e nas declarações das autoridades: o corruptor.
 
Dos nove fiscais suspeitos de corrupção o país já sabe quase tudo. Os hábitos espalhafatosos, o linguajar vadio, o apreço por todo o fausto que o dinheiro alheio pode comprar, a ex-namorada de língua solta, isso e aquilo. Já desceram à fogueira também uma tróica de políticos.
 
Há o ex-prefeito Kassab, citado de ponta-cabeça num grampo. Há o secretário Tatto, cuja mulher é sócia de um fiscal enrolado. Há o secretário Donato, apresentado noutra escuta como beneficiário de R$ 200 mil provenientes do bando. E quanto aos corruptores? Ganha uma fita com os melhores momentos dos grampos quem souber recitar um par de logomarcas.
 
Por ora, os investigadores estimam que a máfia cravou os dentes em 650 empreendimentos imobiliários. Surgiram na apuração os nomes de pelo menos 15 incorporadoras. Frequentam o lado blindado do escândalo. Apenas uma, a canadense Brookfield, admitiu ter repassado R$ 4 milhões à quadrilha. Apresentou-se como “vítima”. Beleza. Só falta explicar por que declarou, há cinco meses, quando veio à luz um embrião do escândalo, que não se envolvia em “atos ilícitos”.
 
Nenhuma revelação parece abalar no Brasil o prestígio das eminências empresariais. Só de raro em raro, por obra do acaso, uma razão social desce à sarjeta. Ainda assim, cuida-se para que o melado não escorra além do conveniente.
 
Vindos da Suíça, pedidos de diligências contra a Alstom e sua clientela bicuda são esquecidos nas gavetas da Procuradoria da República. Em petição anedótica, a alemã Siemens é acionada por formar cartel consigo mesma.
 
Na época do Collorgate, a Polícia Federal esquadrinhou as relações financeiras da EPC, firma de “consultoria” aberta por PC Farias. A lista de clientes do operador das arcas de Fernando Collor era eloquente: Odebrecht, Cetenco, Votorantim, Cimento Portland Itaú, Tratex, etc.. Chegaram a figurar no polo passivo de meia dúzia de processos. Não há notícia de condenação.
 
A plutocracia costuma se queixar do ‘Custo Brasil’. Tem toda razão. O diabo é que não aparece uma entidade empresarial capaz de reclamar do ‘Custo Pilhagem’.

10 de novembro de 2013
Josias de Souza - UOL

AS RAZÕES PELAS QUAIS ESCOA PELO RALO A CREDIBILIDADE DA POLÍTICA ECONÔMICA

Confiram algumas razões pelas quais escoa pelo ralo a credibilidade da política econômica do governo


Segundo Arno Agustin, apesar de o governo estar gastando mais do que pode e deve - e de maneira errada -, o superávit será honrado (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / ABr)
Segundo o secretário do Tesouro, Arno Agustin, apesar de o governo estar gastando mais do que pode e deve – e de maneira errada -, o superávit será honrado. Os números, porém, induzem a perguntar: COMO? (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / ABr)


O RALO DA CREDIBILIDADE – 1

Quem tem acompanhado com atenção as análises de especialistas não comprometidos com o oficialismo – ditos dentro do governo como “pessimistas” – não se surpreendeu com a deterioração das contas públicas e as dificuldades que Brasília vai ter de cumprir a meta de superávit primário deste ano (qualquer que seja ela) e com as desculpas da Secretaria do Tesouro Nacional para o rombo de mais de 10 bilhões de reais somente nas contas federais em setembro.
 
A verdade, sem voleios no trapézio, do secretário Arno Agustin é que o governo vem gastando mais do que pode e deve – e gastando errado.
 
Os números oficiais não mentem: até o mês passado a arrecadação federal cresceu 8%, os gastos subiram 13% e os investimentos foram 2,9% menores.
 
O ralo da credibilidade – 2
 
Em que pese os números da na nota anterior, Agustin voltou a afirmar que o superávit será honrado.
 
Qual?
 
3,1% do PIB?
 
2,3%?
 
Com desconto dos gastos no PAC?
 
Com mais receitas extraordinárias?
 
Com o governo federal não cumprindo a parte dos Estados e municípios?
 
O ministro da Fazenda Guido Mantega, fazendo cara de surpreendido logo depois do resultado de setembro, afirmou que o governo vai rever as regras do seguro-desemprego e talvez a do abono salarial, duas despesas que subiram além do razoável nos últimos anos.
 
O rombo no seguro-desemprego causa especial estranheza porque o Brasil há muitos anos não vive uma situação tão boa na área do trabalho. Mantega atirou no que foi possível para apagar o incêndio e dar uma satisfação aos agentes econômicos. É história sem futuro.
 
Há tempos o governo analisa mudanças no seguro-desemprego, já fez até uma pequena alteração, mas não leva o projeto para frente porque encontra resistências nas centrais sindicais – e em parte do PT.
 
O próprio ministro disse que ainda vai conversar com os sindicalistas antes de apresentar as propostas de alteração.
 
Impossível imaginar que o governo vá meter a mão numa cumbuca dessas em plena temporada eleitoral, quando nem a gasolina a Petrobras consegue aumentar para não colocar fogo na inflação.
 
O ralo da credibilidade – 3
 
O número do superávit primário é importante, segundo os especialistas, para conter o crescimento da dívida pública, diminuir o consumo oficial e assim ajudar no combate ao processo inflacionário.
 
Mas ele não é mais importante do que a disposição do governo para cumprir o que promete, sem malabarismos ou desculpas pouco críveis.
 
É por esse ralo que se esvai a confiança na política econômica, no prometer o que não pode cumprir e tentar ofuscar a realidade com um véu pouco diáfano de fantasias.

10 de novembro de 2013
Ricardo Setti - Veja
Do blog Política & Economia Na Real, do jornalista José Márcio Mendonça e do economista Francisco Petros

ROGER AGNELLI DIZ QUE O GOVERNO NÃO SABE FALAR COM OS EMPRESÁRIOS

Para ex-presidente da Vale, dificuldade de comunicação é um dos focos de tensão entre Brasília e setor privado


O empresário Roger Agnelli, ex-presidente da Vale, diz que o governo não sabe se comunicar com o empresariado e com os grandes investidores. Esse seria um dos focos da tensão entre Brasília e o setor privado, que vem aumentando nos últimos tempos.
 
"Houve muitas mudanças, e isso freia o investimento. Os empresários precisam de regras muito claras para tomar decisões", disse Agnelli.
 
Ele acha que o país não está tão ruim quanto dizem os críticos, nem tão bem quanto o governo anuncia. Entende que o Planalto tenta melhorar o canal de comunicação com o mercado, mas ainda falta clareza. "Quer privatizar ou não? Quer iniciativa privada forte ou não?"
 
Aos 54 anos, um dos executivos mais admirados de sua geração, Agnelli deixou a Vale em 2011 por pressão do governo, que é acionista indireto da companhia.
 
Depois de 11 anos no comando da maior mineradora de ferro do mundo, no ano passado se lançou como empresário e criou a AGN, uma empresa com negócios nas áreas de mineração, bioenergia e logística.
 
A seguir, os principais trechos da entrevista à Folha.
 
Folha - O sr. está construindo uma empresa de commodities em meio a uma crise mundial e num país que perdeu o charme aos olhos do investidor estrangeiro. Não é um momento ruim para se lançar como empresário?
Roger Agnelli - É um projeto de longo prazo. Estou investindo num momento de baixa para começar a produzir quando a economia estiver bombando. É uma aposta. Tem hora que é preciso ter coragem.
 
Quando a economia vai bombar?
Acho que o ano que vem será melhor do que os últimos três. A Ásia vai crescer forte, puxada por China e Japão, os EUA vão melhorar e a Europa deixa de piorar. Isso vai puxar a economia mundial e o Brasil cresce junto.
A discussão é como se dará esse crescimento. Baseado no consumo, como até agora? Na minha opinião, precisa ser com inflação sob controle, disciplina fiscal e investimento em infraestrutura. Tirar o atraso na infraestrutura é prioritário para que o crescimento seja duradouro.
 
Por que o governo está com dificuldade para atrair os empresários para as concessões de infraestrutura?
Houve mudanças importantes de regulação em diversas áreas, como transporte, energia e portos. Tudo ao mesmo tempo. Algumas mudanças ficaram confusas e o governo está aperfeiçoando. Isso freia um pouco o investimento.
 
Os empresários precisam de regras muito claras para tomar suas decisões. Querem saber aonde se quer chegar e qual a linha mestra do governo. Quer privatizar ou não? Quer iniciativa privada forte ou não?
Mas o que parece haver hoje é um abismo entre governo e empresários. O setor privado reclama que o governo quer controlar o lucro, muda as regras do jogo o tempo todo e se mete em tudo...
O Brasil não está tão ruim quanto dizem os críticos, mas também não está tão bem quanto o governo afirma. Acho que o governo tem dificuldade para se comunicar com os empresários e os grandes investidores. Ele se sai muito melhor com a sociedade civil, tanto que seu nível de aceitação tem sido elevado. A comunicação com o mundo empresarial carece de mais clareza.
O governo está tentando melhorar o canal de comunicação com o mercado, mas ainda há muita bateção de cabeça, com ações e informações contraditórias.
 
Dentro do governo existe a percepção de que há má vontade da parte dos empresários...
É uma visão equivocada. A vontade do empresário é ter um ambiente econômico melhor, estabilidade, transporte para sua mercadoria, ele quer investir onde tenha maior retorno e também que as condições sociais melhorem. Quanto melhor o ambiente, melhor para os negócios.
 
Parte dos seus projetos vai depender do dinheiro de investidores para sair do papel. Como atrair capital de risco num momento conturbado com este?
Se tiver um bom projeto, competitivo, o dinheiro vem.
 
Até que ponto a derrocada das empresas de Eike Batista prejudica a imagem do país lá fora?
Eike era um empresário querido pelo governo e pelo mercado e seu sucesso foi vendido no mundo inteiro como o sucesso do Brasil. Quando vem um tombo desse tamanho, deixa uma dúvida: será que o Brasil é tudo isso mesmo ou não?
Mas a derrocada do Eike é um ponto fora da curva. Pode afetar a imagem do país no curto prazo, mas o investidor é profissional e vai entender que é um ponto fora da curva.
 
O sr. ficou aborrecido com a presidente Dilma por ela ter pressionado por sua saída na Vale?
Não. Hoje estou muito feliz. Trabalho com as pessoas de que gosto, estou muito mais presente com a família.
 
Mas o sr. não queria ter deixado a Vale...
Chega um momento em que você quer ou é forçado a mudar. Fiquei 11 anos na Vale e foi ótimo. Mas minha qualidade de vida hoje é muito melhor.
 
Por que o governo quis que o sr. deixasse a empresa?
Foi decisão de acionista [o governo é acionista indireto da mineradora]. Decisão de acionista a gente não discute. Se ele acha que é o momento de trocar, troca. Já virei a página.
 
No ano passado o sr. criou uma empresa para atuar em mineração, bioenergia e logística. Quando ela começa a operar?
Os projetos de mineração, onde temos a sociedade com o BTG Pactual, estão mais adiantados. No começo do ano que vem vamos iniciar a implantação de uma mina de cobre no Chile.
Em maio, começamos a produzir fosfato no Pará. Também estamos pesquisando potássio em Sergipe. As minas de cobre e fosfato começam pequenas, com potencial para crescer. A de potássio tem porte médio, com potencial de 500 mil toneladas/ano. O Brasil importa quase tudo. A única mina do país, da Vale, produz cerca de 700 mil toneladas/ano. Também estamos avaliando oportunidades de investimento em potássio, fosfato e minério de ferro na África.
 
Seus projetos estão muito focados na África, um lugar politicamente instável. Algumas mineradoras estão saindo de lá, e a própria Vale suspendeu um grande projeto implantado pelo sr. Isso não o preocupa?
Enxergo diferente. Vejo todo mundo indo para lá. Indústria de consumo, montadoras, empresas da Europa e da Ásia estão investindo pesado lá. Tem gente que enxerga risco político na Argentina e na Venezuela.
Tem gente que olha para esses países e enxerga oportunidades. A África é um continente novo, institucionalmente falando. Tem países que já estão na quinta eleição democrática, tem outros que estão na primeira. A África passa por um processo acelerado de urbanização, como o Brasil dos anos 1960. É a hora de estar lá.

10 de novembro de 2013
 DAVID FRIEDLANDER - FOLHA DE SÃO PAULO