"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 10 de novembro de 2013

AS RAZÕES PELAS QUAIS ESCOA PELO RALO A CREDIBILIDADE DA POLÍTICA ECONÔMICA

Confiram algumas razões pelas quais escoa pelo ralo a credibilidade da política econômica do governo


Segundo Arno Agustin, apesar de o governo estar gastando mais do que pode e deve - e de maneira errada -, o superávit será honrado (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / ABr)
Segundo o secretário do Tesouro, Arno Agustin, apesar de o governo estar gastando mais do que pode e deve – e de maneira errada -, o superávit será honrado. Os números, porém, induzem a perguntar: COMO? (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / ABr)


O RALO DA CREDIBILIDADE – 1

Quem tem acompanhado com atenção as análises de especialistas não comprometidos com o oficialismo – ditos dentro do governo como “pessimistas” – não se surpreendeu com a deterioração das contas públicas e as dificuldades que Brasília vai ter de cumprir a meta de superávit primário deste ano (qualquer que seja ela) e com as desculpas da Secretaria do Tesouro Nacional para o rombo de mais de 10 bilhões de reais somente nas contas federais em setembro.
 
A verdade, sem voleios no trapézio, do secretário Arno Agustin é que o governo vem gastando mais do que pode e deve – e gastando errado.
 
Os números oficiais não mentem: até o mês passado a arrecadação federal cresceu 8%, os gastos subiram 13% e os investimentos foram 2,9% menores.
 
O ralo da credibilidade – 2
 
Em que pese os números da na nota anterior, Agustin voltou a afirmar que o superávit será honrado.
 
Qual?
 
3,1% do PIB?
 
2,3%?
 
Com desconto dos gastos no PAC?
 
Com mais receitas extraordinárias?
 
Com o governo federal não cumprindo a parte dos Estados e municípios?
 
O ministro da Fazenda Guido Mantega, fazendo cara de surpreendido logo depois do resultado de setembro, afirmou que o governo vai rever as regras do seguro-desemprego e talvez a do abono salarial, duas despesas que subiram além do razoável nos últimos anos.
 
O rombo no seguro-desemprego causa especial estranheza porque o Brasil há muitos anos não vive uma situação tão boa na área do trabalho. Mantega atirou no que foi possível para apagar o incêndio e dar uma satisfação aos agentes econômicos. É história sem futuro.
 
Há tempos o governo analisa mudanças no seguro-desemprego, já fez até uma pequena alteração, mas não leva o projeto para frente porque encontra resistências nas centrais sindicais – e em parte do PT.
 
O próprio ministro disse que ainda vai conversar com os sindicalistas antes de apresentar as propostas de alteração.
 
Impossível imaginar que o governo vá meter a mão numa cumbuca dessas em plena temporada eleitoral, quando nem a gasolina a Petrobras consegue aumentar para não colocar fogo na inflação.
 
O ralo da credibilidade – 3
 
O número do superávit primário é importante, segundo os especialistas, para conter o crescimento da dívida pública, diminuir o consumo oficial e assim ajudar no combate ao processo inflacionário.
 
Mas ele não é mais importante do que a disposição do governo para cumprir o que promete, sem malabarismos ou desculpas pouco críveis.
 
É por esse ralo que se esvai a confiança na política econômica, no prometer o que não pode cumprir e tentar ofuscar a realidade com um véu pouco diáfano de fantasias.

10 de novembro de 2013
Ricardo Setti - Veja
Do blog Política & Economia Na Real, do jornalista José Márcio Mendonça e do economista Francisco Petros

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