"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

A PRESIDENTE É UMA MIRAGEM

 

Dilma Rousseff foi chamada por Lula da Silva de Mãe do PAC e sua imagem passada ao povo como a de uma competente administradora. O povo acreditou em que pese não se ter notícia de grandes feitos de Rousseff como ministra de Minas e Energia e depois como ministra da Casa Civil ao longo dos oito anos do governo Lula. Na verdade, a “gerentona” não conseguiu em tempos passados sequer manter uma lojinha daquelas de R$ 1,90. Com relação aos dois cargos desempenhados no governo petista do Rio Grande do Sul Rousseff esteve léguas de distância de qualquer eficiência.

Lula da Silva, é claro, estava ciente do curriculum da afilhada, mas, para ser justa, ele não foi o único político brasileiro a cometer o engano de se cercar dos piores. Isso é costume entre aqueles que detêm o poder, pois temem que assessores os suplantem, coisa insuportável para egos descomunais. E, assim sendo, Lula da Silva escolheu os piores em termos de caráter e conduta, a começar pelo mentor do mensalão agora recolhido á Papuda, José Dirceu. Este, coisa de pasmar, seria o próximo presidente da República se Roberto Jefferson não o tivesse defenestrado.

Dirceu, baseado na crença de que os petistas pairam acima da lei e possivelmente fiado no apoio do poderoso chefão, tanto corrompeu que foi parar atrás das grades, mas não foi só. Junto com ele, condenados no mesmo julgamento do mensalão, importantes companheiros de seu partido e de outras agremiações denominadas bases de apoio seguiram para a cadeia. Algo inédito no Brasil e que aconteceu graças ao notável desempenho do ministro Joaquim Barbosa. Outros ministros do STF seguiram Barbosa, como o brilhante ministro Luiz Fux, além dos ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio de Mello. Demais ministros, lamentavelmente, procederam como advogados do PT. De todo modo, Lula da Silva ficou sem quadros para dar seguimento ao projeto de poder do PT, segundo o qual o partido deve permanecer eternamente no comando na nação. Então, inventou Dilma Rousseff.

A sucessora, mesmo sendo monitorada pelo chefe Lula conjugou sua incompetência ao que foi legado por ele e por ela mesma como ministra nas gestões anteriores. E de tal modo é arrasadora a herança maldita que Rousseff está legando ao Brasil que bem poderia ganhar outros cognomes, tais como: Furacão Rousseff, Mãe da Hecatombe da Petrobras, Rainha dos Apagões, Dirigente do Custo do Modelo Elétrico, Recordista de Impostos e Juros Altos, Campeã de Inflação, Padroeira da inadimplência, Vencedora do Prêmio Pibinho, Líder das Promessas não Cumpridas, Excelsa Chefe de Programas Inacabados, Grande Matriarca do Plano Afunda Brasil.

Muito outros títulos podem ser dados à governanta Rousseff para ilustrar seu governo. A lista é grande e não cabe em um pequeno artigo, mas vale citar trecho de uma matéria do O Estado de S. Paulo (25 de março de 2014 – Economia – B3) para se ter ideia do descalabro, que por sinal só vai aumentando:

“A decisão da Standart & Poor’s (S&P) de rebaixar a nota de crédito do Brasil está baseada em uma crítica generalizada da política econômica do governo Dilma Rousseff, inaugurada em 2011”. “A S&P critica a condução da política fiscal, o baixo ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o uso de bancos públicos para sustentar programas federais, o abatimento das desonerações na meta fiscal, o chamado superávit primário e a saída encontrada para bancar o setor elétrico”.

Detalhes variados estão na imprensa como trambiques, fraudes, negociatas do partido mais corrupto que já governou o Brasil, além de noticias da queda da indústria, da venda de automóveis, o começo das demissões, o descalabro da Educação e da Saúde e tudo mais que infelicita a vida dos brasileiros. Qualquer outro presidente já teria sofrido o impeachment.

Há um ponto, porém, que é crucial. Dilma Rousseff é uma miragem, um avatar mal feito, uma realidade virtual que não consegue sequer falar de modo coerente. O grande e real responsável pelo que está acontecendo se chama Lula da Silva, o presidente de fato que governa do seu gabinete das sombras. Por ele corrompeu-se, mentiu-se, fraudou-se, arrebentou-se a Petrobras.
Tudo foi feito a seu favor. Ele não sabia? Impossível. Por que suas desculpas esfarrapadas são piores que as do seu seguidor André Vargas e todo mundo acredita? Por que ninguém o denuncia e o chama para depor no Congresso? Porque ele é intocável? Estão todos envolvidos em suas maracutaias?
Temem sua popularidade? De todo modo, se a oposição não tirar a coroa da cabeça do rei o corpanzil petista se fortalecerá ainda mais. Afinal, sem Lula da Silva ou o Barba, como o chamou Romeu Tuma Junior, o PT não existe. Falta algum corajoso entender e mostrar isso.

07 de abril de 2014
Maria Lucia Victor Barbosa é escritora e socióloga.

HUMOR COERENTE...

 
07 de abril de 2014

PAREM DE ACHAR QUE "REACIONÁRIO" É OFENSA

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Progressistas estão tremendo diante da "moda reaça" - mas nada está mais na moda do que ser anti-reaça. Só há um problema: nenhum progressista sabe o que ser "reacionário" significa.

 
Gregório Duvivier escreveu nesta semana um artigo na Folha chamado “Moda Reaça”, explicando como deve ser o vestuário dos “reacionários”. Segundo Duvivier, o vestuário reaça é farda verde-oliva do vovô com manchas de sangue, e é preciso ser branco, heterossexual, católico e rico para ser “reaça”.
Por sorte, a Folha explica que Gregório Duvivier merece nos brindar com suas imprescindíveis opiniões por criar o canal de “humor” Porta dos Fundos.
 
Eu sou especialista em cultura trash, vi todas as temporadas de Beavis & Butt-Head, fiz minha formação moral com Chiclete com Banana, estudo e anoto todos os palavrões que possa aprender com Californication, Angry Video Game Nerd e Olavo Pascucci. Mas eu nunca sei o que são essas coisas como “Porta dos Fundos”, “Malhação”, revista “Contigo” ou artigo do Vladimir Safatle. Isso não é cultura junkie, é o rebotalho da decadência, é platitude para as massas abobalhadas, é palpitaria de shopping, é revolta a favor, é Danoninho pra marmanjo com síndrome de Peter Pan no DCE.
 
Felizmente a Folha ao menos nos explica por que estamos enfrentando a opinião de alguém tão nitidamente inábil para lidar com o objeto de seu texto. Basta criar um portal de “humor”, o Zorra Total do Youtube, os Teletubbies para gente crescida e voilà, eis a sua coluna semanal na Folha.
 
De acordo com Gregório Duvivier, a moda “reaça” que descreve é “o último grito do outono fascistão”. O “reaça” é um cara que “se algum viado der em cima dele, ele atira na testa”, mas “transa com travesti” e depois “enche a bicha (sic) de porrada”. É alguém que freqüenta igreja de padre “homofóbico e racista”. A mulher reaça é a que critica periguetes, e quer proibir gorda de sair na rua.
 
Todos são saudosistas da ditadura e fazem encontro no DOI-Codi – aquele lugar que hoje abriga um memorial da ditadura, por onde Yoani Sánchez passou logo após ser achincalhada por saudosistas da ditadura totalitária cubana, dessa vez sem ser agredida por nenhum jovem “revoluça”, já que ficaria ridículo tentar associar a blogueira dissidente cubana ao mal, quando ela critica todas as ditaduras – e não apenas a menos pior delas. Segundo Gregório Duvivier, o “reaça” anda sempre com soco inglês por aí.
 
Chegaria a ser engraçado (pela primeira vez na vida de Gregório Duvivier, que nunca conseguiu fazer gente muito inteligente rir) imaginar que ele sabe do que está falando, ao invés de misturar uma carrada de clichês que, ironicamente, estão mais em moda agora do que em 68 – falta pouco pra ele e sua turma se considerarem “proletários”, já que o “sindicato” está cada vez mais sendo trocado pelo poder direto do Estado, com seus Marcos Civis e leis criando privilégios específicos a uns nomeados às custas dos outros.
 
A moda, na verdade, é chamar tudo o que não atenda à sua exigência de pensamento único de “reaça”. Nada é mais modinha do que isso – sobretudo, na falta de encontrar um “ismo” pra chamar de seu, simplesmente se consideram “progressistas”, já que o Grande Ismo, a ideologia do comunismo – que chamava tudo o que não fosse comunista, justamente, de “ideologia” – saiu de moda, mesmo entre aqueles que não sabem o horror supremo que é Stalin, Holodomor, kolkhoz ou o Gulag. Basta agora ser “de esquerda”.
 
Na prática, defendendo o mesmo que Mao Zedong em sua Revolução Cultural ou Nicolae Ceaușescu e Kim Il-sung com o “socialismo Juche”, ou Walter Ulbricht com o Muro de Berlim (o “muro antifascista”).
 
A técnica é simples, qualquer adolescente pereba com preguiça de ler livros de mil páginas sobre esses países distantes consegue aprender: basta chamar aquilo que não for “progressista” e aderente ao pensamento único do Partido no poder de “reaça”, e com toda a sorte de contradições, associar tudo aquilo que for ruim ao “reacionário”: fascismo, racismo, ditadura, homofobia, soco inglês (como se sabe, só comprado por senhoras católicas na Galeria do Rock, nunca por punks black blocs ou invasores de reitoria da USP).
 
Reacionários, para quem estuda e pesquisa antes de vomitar achismos e opiniões inventadas de estro próprio por aí, são o exato oposto de tudo isso. Os reacionários são aqueles que, ao ver um problema social, desconfiam da solução “revolucionária” de plantão (aumentar o poder do Estado para que ele corrija/proíba/financie) e, imaginando como as coisas reagem, se posicionam contra a concentração de poder nas mãos de uns poucos bem-iluminados que, supostamente, podem “corrigir” o problema. Reacionários são os caras que desconfiam de políticos.
 
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Por isso, os reacionários eram considerados os inimigos das “revoluções” – esta palavra que soa tão agradável a ouvidos desacostumados com a História, que não percebem que toda “Revolução” contra tudo o que está aí resultou no poder absoluto nas mãos de um tirano que simbolizava o pensamento único: a Revolução Francesa decai em Napoleão Bonaparte depois do Terror, a Revolução Russa faz o poder do tsar parecer minúsculo perto de Lenin, Stalin, Kruschev, Andropov e afins, a Revolução Chinesa põe no poder Mao Zedong, que mata sozinho, por métodos que vão do fuzilamento à fome, mais de 70 milhões de pessoas, a Revolução Iraniana, idolatrada por Michel Foucault (que era gay), transforma o ocidentalizado Irã no totalitarismo fechadíssimo de Rūḥollāh Khomeini que enforca gays em praça pública. Todos estes tiranos odiavam os “reacionários” que avisaram: “não faça revolução, vai dar merda…”
 
Não é engraçado como grandes “pensadores” comunistas, como Idelber Avelar, odeiam que se chame o golpe militar brasileiro de 1964 de “Revolução”? Deveriam era SÓ chamar o golpe de Revolução – também gerou uma concentração de poder e perseguição estatal aos inimigos, não? Revolução de 64, that’s what it is.
 
Não por outra razão, os “reacionários” eram cantados como alvo de ódio pelos hinos dos dois maiores totalitarismos da história mundial, a Internacional Socialista e o hino nazista, a Canção de Horst-Wessel („Kameraden, die Rotfront und Reaktion erschossen”). “Reacionário” era o epíteto dado aos inimigos dos revolucionários, que queriam o poder total (a marca da era moderna) para “corrigir” a sociedade. Reacionário foi quem se opôs a Lenin, a Mao, a Hitler, a Mussolini, a Khomeini, a Fidel, a Milošević, a Saddam, a Kadafi, a Mugabe, a Kim Il-sung – foram os refratários ao reformismo social pela tirania estatal.
 
Tem como se ofender com alguém nos chamando de “reacionários” por isso? Tem como não notar a contradição brutal em chamar alguém de reacionário e fascista ao mesmo tempo, quando um era inimigo mortal do outro a ponto de ser cantado como alvo de ódio até no hino nacional e internacional?
 
Reacionários são os caras que desconfiam dos corações bem intencionados, das cabeças com pouca leitura e dos ânimos exaltadíssimos dos revolucionários por saberem que essas coisas não têm bom resultado. São os chatos que dizem que “protesto” sem foco termina invariavelmente em black bloc matando inocente na rua. Não descobre isso por “preconceito”, e sim por conhecer a história: são os caras que chamam a Revolução Russa de “Revolução”, e também o golpe militar de “Revolução” sem apoiar nenhum dos dois pelo mesmo motivo: terminam em concentração de poder, tirania e repressão aos “anti-revolucionários”.
Você já ouviu falar em repressão “anti-reacionária”? Nem eu.
Já o revolucionário acha que os expurgos stalinistas e as mortes de fome em fazendas coletivizadas foram apenas uma festinha que fugiu do controle – ou, caso seja na coletivização de fazendas do Zimbábue pelo socialista Robert Mugabe, amigo de Hugo Chávez, ainda posta foto de africanos morrendo de fome dizendo que é isso que o capitalismo, o livre mercado e a propriedade privada fazem.
 
chesterton Parem de achar que reacionário é ofensa
 
O reacionário descobre como as coisas reagem porque pensa como um dos homens mais inteligentes da humanidade, G. K. Chesterton: em seu ensaio The Superstition of School, Chesterton explica que não é esperado que os homens “velhos” sejam reacionários, mas que, com a experiência, saibam que as coisas reajam e como reagem - ao contrário do furor revolucionário, que crê religiosamente que o mundo será moldado passivamente com as suas boas intenções. Se um homem atira num coelho, num velho ou num rei, deve esperar reações dessa ação. É a experiência que faz com que o homem tenha expectativa pelo tranco do revólver antes mesmo de puxar o gatilho em cada um desses de novo para saber o que acontece.
 
É por isso que David Hume, o cético que é maior expoente do empirismo, lembra que as doutrinas e tradições são conhecimento, e não precisamos atirar nós mesmos em um coelho, um velho ou um rei para descobrir as conseqüências. É por isso que conservadores olham para o passado: para não precisar seguir caminhos que os antigos já sabiam que dariam errado no futuro. É por isso que os conservadores conservam tradições e lêem livros antigos, de Platão a Montaigne, de Shakespeare a Solzhenitsyn – o revolucionário, por outro lado, acredita que suas boas intenções bastam para “consertar” o mundo, sem esperar nenhuma reação da dura realidade.
 
G. K. Chesterton nos ensina que o homem que acumula a sabedoria das reações não perde ideais, como os jovens costumam crer que os velhos perderam seus sonhos. Pelo contrário: o socialismo ideal, o capitalismo ideal ou qualquer Utopia, mantida pura no mundo das idéias, hagiograficamente virginal ao contato com a realidade, continua sendo sempre ideal. O problema é o real: como é um regime de “reforma agrária” com fazendas e fábricas coletivas na realidade, como é a vida livre da “burguesia” em um mundo real em que cada “burguês” desaparecido é mais um cadáver em uma pilha monstruosa.
 
Ser reacionário é saber como as coisas reagem. É ter um saber que prevê reações antes mesmo de elas ocorrerem. É o homem que vê conseqüências imprevistas onde o afobado vê motivo para exaltação e ânimo em marcha acelerada. É o homem que, como Prometeu no mito, o primeiro reacionário, vê o mal antes mesmo de ele ocorrer. É, enfim, o homem que não nasceu ontem, que não é seduzido por discursos maviosos de quem quer melhorar o mundo sob mandos da concentração de poder e da proibição do que não gostam e do subsídio ao que gostam. Como se ofender em ser reacionário?
 
Como setencia Nicolás Gómez Dávila, “El reaccionario auténtico no parte de ideas políticas reaccionarias. A veces llega a ellas.” Quantos, após estudar o que pensam os “reacionários” (e não os lugares-comuns inventados pela própria esquerda), chegaram à conclusão de que o melhor é ser de esquerda?
 
A Politica da Prudencia 224x300 Parem de achar que reacionário é ofensa
 
 
Você pode reunir toda a esquerda brasileira – Marilena Chaui, Emir Sader, Luiz Flávio Gomes, Leonardo Sakamoto, Cynara Menezes, Brizola Neto, Antônio Cândido, Chico Buarque, Antônio Abujamra, Lola Aronovich, Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha, Paulo Arantes, PC Siqueira, Alex Castro, Tico Santa Cruz, Luís Nassif, Túlio Vianna, Mino Carta, José Dirceu, Antônio Palocci ou os assassinos de Celso Daniel e Toninho do PT e perguntar o que já estudaram das obras dos maiores intelectuais da direita “reaça” que povoaram o século: Edmund Burke, Russell Kirk, Thomas Sowell, Eric Voegelin, Bernard Lonergan, Roger Scruton, Ludwig von Mises, Erik von Kuehnelt-Leddihn, Ortega y Gasset, Alain Peyrefitte, Anne Applebaum, Roger Kimball, Alain Besançon, Lionel Trilling, Paul Johnson, David Pryce-Jones, Vicente Ferreira da Silva, Theodor Dalrymple, T. S. Eliot, Rosenstock-Huessy, Michael Oakeshott, Irving Babbitt, Ellis Sandoz, Vladimir Bukovsky, Vladimir Tismăneanu, Matei Visniec. A chance de todos eles somados terem estudado 5% das obras mais básicas sobre teoria política “reacionária” é menor do que 1%.
 
Gregório Duvivier, tentando bancar o cientista político como se fosse Hannah Arendt rediviva, acredita na modinha irrefletida de que reacionários são “saudosistas da ditadura” só porque fazem marcha comemorando a deposição de um dos piores presidentes que o país teve, João Goulart – sem conhecer história e sem saber que o que a Marcha da Família com Deus pela Liberdade original queria eleição no ano seguinte, e os militares, após tomarem o poder sob aplausos populares, traíram essa população, que queria o monumental Carlos Lacerda no poder, e só houve eleição livre dali a 21 anos (erro em que muitos jovens “reaças” também caem).
 
Basta ver os países admirados pelos “reaças” pra ver se algum deles é uma ditadura militar: a Alemanha de Konrad Adenauer, a Polônia de Lech Wałęsa, a República Checa de Václav Havel, a Inglaterra de Margaret Thatcher, a América de Ronald Reagan. Qual destes países-modelos para os reacionários é uma ditadura, ainda mais uma ditadura militar?
 
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Que tal comparar com o que a esquerda bondosa defende? Cuba, Coréia do Norte, União Soviética, China, Camboja (aquele país em que Noam Chomsky, no New York Times, afirmava que Pol-Pot só tinha matado “um milhar ou outro” de “traidores”, totalizando 24% da população), Irã, os infernais totalitarismos islâmicos que são “coitadinhos” contra Israel (o Egito, a Líbia e a Síria ficam em posição estranha, já que são “vítimas” de Israel, ao mesmo tempo em que a esquerda comemora quando o povo derruba seus líderes na Primavera Árabe), Venezuela, Iraque, Peru… qual desses, stricto sensu, NÃO É uma ditadura militar?
 
Vários dos grandes reacionários brasileiros, como o brilhantíssimo filósofo Mário Ferreira dos Santos ou o crítico literário Otto Maria Carpeaux, autor da maior História da Literatura do mundo, morreram vociferando contra o golpe de 64 e seu obscurantismo.
 
Todavia, Gregório Duvivier, que da história só sabe que “a direita reacionária apoiou o golpe” contra Jango, crê que por isso o que reacionários querem é abolir a república e instaurar uma ditadura que fez de tudo e mais um pouco contrários ao que os reacionários pregam. Crê religiosamente que preferir que os militares derrubassem Goulart a transformar o Brasil em Cuba é ter “farda suja de sangue” – graças à ditadura militar brasileira legar 424 mortos em 21 anos.  E que tal dizer que aqueles que queriam instaurar o comunismo cubano nestas paragens têm “roupas sujas de sangue”? Vários pegaram em armas – e mataram! – em nome de uma ditadura que matou 73 mil pessoas em 48 anos, com um único “presidente” depois trocado pelo seu IRMÃO sem consulta popular.
 
Por que os “não-reacionários”, os ex-guerrilheiros que juram que lutavam pela “democracia” da ditadura do proletariado, não têm as roupas “sujas de sangue”? Por que a esquerda agora sempre apela para o discurso de “não apóio nenhuma ditadura”, mas entre uma ditadura que matou 424 pessoas (a maioria absoluta de armas em punho para instaurar uma ditadura pior) e outra que matou 73 mil e continua matando, critica quem “preferiu”, na falta de opção melhor, a menos assassina?
 
Por que não diz, afinal, que graças aos militares, apesar de todas as mortes e o estrago, ao menos ainda não somos Cuba? O motivo é óbvio: a esquerda é comunista, e não existe esquerdista que não é comunista. Ele só tem vergonha de admitir que é essa coisa antiquada: comunista.
 
Se é para ver as mãos “sujas de sangue”, que tal comparar os escritos dos reacionários e daqueles que tratam reacionários como inimigos? Vejamos algumas frases de Che Guevara, líder revolucionário que odiava negros, gays, judeus, proibiu o rock e cabelos compridos, queimou livros, instituiu o trabalho escravo (fora o próprio paredón, matando em um ano, sozinho, mais do que toda a ditadura militar brasileira em duas décadas):
Enlouquecido com fúria irei manchar meu rifle de vermelho ao abater qualquer inimigo que caia em minhas mãos! Minhas narinas se dilatam ao saborear o odor acre de pólvora e sangue. Com as mortes de meus inimigos eu preparo meu ser para a luta sagrada e me junto ao proletariado triunfante com um uivo bestial.
“Não posso ser amigo de quem não compartilha das mesmas idéias que eu”.
“Adoro o ódio eficaz que faz do homem uma violenta, seletiva e fria máquina de matar”.
Ou seu discurso ovacionado na ONU:

Agora as palavras de um reacionário, o nobre Erik von Kuehnelt-Leddihn, homem de conhecimento enciclopédico capaz de ler em mais de 20 línguas e, como bom reacionário austríaco, um fugitivo do nazismo, em seu O Credo do Reacionário:
Como um reacionário honesto, eu naturalmente rejeito o Nazismo, Comunismo, Fascismo e todas as ideologias relacionadas que são, de fato, um reductio ad absurdum da chamada democracia e do “povo no poder”. Eu rejeito os pressupostos absurdos do governo da maioria, do parlamento hocus-pocus, o falso liberalismo materialista da Escola de Manchester e o falso conservadorismo dos grandes banqueiros e industrialistas. Eu abomino o centralismo e a uniformidade da vida em rebanho, o espírito estúpido racista, o capitalismo privado, bem como o capitalismo de estado (socialismo) que contribuíram para a ruína gradual da nossa civilização nos últimos dois séculos. O verdadeiro reacionário desses dias é um rebelde contra os pressupostos prevalecentes e um “radical” que vai até as raízes.
Tem como se ofender em ser chamado de “reacionário”?
 
Os “formadores de opinião” brasileiros, que desconhecem do séc. XX até mesmo a vida de Stalin ou o mundo além da Cortina de Ferro, acreditando que lá era um reino encantado para onde as pessoas boas vão depois que morrem, usam a própria ignorância como régua para definir o mundo e a moral. Gregório Duvivier não é causa, mas conseqüência da ditadura de pensamento único que se implanta no país. E, claro, perceber essa platificação de pensamento é ser um “extremista”, já que a ditadura de pensamento único não permite, por definição, pensamentos discordantes.
 
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Trata-se de uma estratégia para definir limites do que é permitido pensar. Estar um pouquinho à direita da extrema-esquerda já te torna um “reaça” – basta ler como a feminista ultra-radical Lola Aronovich chama tudo o que não seja planificação totalitária, socialismo acachapante e concentração total de poder no Estado de “reaça”. De conservadores liberais a feministas libertárias, tudo é “reaça”. Integralmente incapaz de estudar obras de ciência política conservadora, basta rotular o alvo de “reaça” e todo o enxame de abelhas assassinas de su@s (como fazer isso com @? s@us? su@s?) leitor@s voa em cima do alvo sem precisar entender o que ele pensa.
 
A isso se chama hoje “pensamento crítico”, “livre pensar” ou “pensar com a própria cabeça”. É a uniformidade da vida em rebanho, o coletivismo bovinóide, o cult of the sameness tão combatido pelo reacionário Kuehnelt-Leddihn.
 
Assim como apóiam ditaduras militares e acusam os reacionários de serem saudosistas da ditadura, serem modistas e afirmarem que estão denunciando uma moda, serem sedizentes “críticos” e abraçarem irrefletidamente qualquer -ismo do momento, imputam pensamentos nojentos a seus adversários e admiram quem os leva a cabo, o anti-reaça da última moda também adora defender a “diversidade”, ao mesmo tempo em que odeia toda forma de “desigualdade”, nunca percebendo a contradição brutal no núcleo de sua crença fanática.
 
Os reacionários não seguem um bloco de pensamento fechado, como crêem e evangalizadoramente querem fazer crer Gregório Duvivier e outros seguidores do pensamento único hegemônico sendo instaurado no Brasil. Kuehnelt-Leddihn, Chesterton, Xavier Zubiri, Miriam Joseph, Mário Ferreira dos Santos, Olavo de Carvalho são pensadores católicos. O grosso dos “reaças” americanos, por óbvio, são protestantes. Alguns, judeus (essa turma que foi vítima do nazismo e que a esquerda odeia pelo mesmo motivo, mas jura que o nacional-socialismo nada tem a ver com socialismo): Dennis Prager, Ben Shapiro, Mark Levin, Michael Medved. Outros são muçulmanos, como René Guénon, Frithjof Schuon ou Hossein Nasr. Alguns são ateus, como S. E. Cupp, P. J. O’Rourke, H. L. Mencken, Jillian Becker.
 
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Foi assim durante toda a história, para quem conhece os fatos antes de engolir o supositório de idéias e disparar a metralhadora da cagação de regra: Eric Voegelin, que não parecia acreditar na transcendência, a defendeu por ser a origem da ordem política e da moral social. René Girard já via no mito bíblico, de Caim a Jesus Cristo, o cerne da sociedade que não precisa mais de “sacrifícios” para se purgar, vendo a realidade do cristianismo tão fortemente quanto teólogos como Bernard Lonergan. Mircea Eliade via na esquerda não mais do que tentativas de reviver Cião através de mentiras, sendo o mais importante mitólogo do mundo. Já Emil Cioran, que viu o socialismo juche na sua própria pele, odiava a Deus e o mundo (literalmente para ambos), tal como se vê no reacionarismo furioso de Arthur Schopenhauer ou no materialismo total de Ayn Rand.
 
Ser “reaça” é defender o individualismo e a responsabilidade individual perante o coletivo – por óbvio, portanto, que eles discordem bastante entre si. Ronald Reagan era a favor de anistia para imigrantes ilegais. William F. Buclkey Jr. era a favor da legalização das drogas (como o são todos os “libertários”). Barry Goldwater era a favor da descriminalização do aborto. Ser “reaça” é defender a liberdade de pensamento individual – por exemplo, alguém não defender o casamento gay porque acredita que o casamento é instituição de formação da sociedade, e acredita que não se deve tratar como “casamento” uma união que não é formação de família.
 
Já ser de esquerda, sim, é pensar em bloco: se você é de esquerda, obrigatoriamente tem de ter as mesmas opiniões do coletivo sobre aborto, casamento gay, drogas etc da patotinha. Discordar em um ponto é “preconceito obscurantista”. Sempre que alguém apresenta argumentos contra o pensamento único dos “anti-reaças”, os rebanhistas imediatamente dizem que são pessoas poderosas e malévolas querendo defender os seus “privilégios”: o reaça, seja no artigo “Moda Reaça” de Gregório Duvivier, seja em “A Vida dos reaças” de Murilo Silva, no site Fora de Foco, seja em “Como se vestir como um direitista”, na revista Vice, é sempre retratado como branco, rico, heterossexual e católico.
 
Para não encarar a profundidade absolutíssima das filosofias de Eric Voegelin, Louis Lavelle ou Bernard Lonergan, dizem que o reaça é o “Almeidinha” ou o “Ricardinho” – o que trai a verdade latente, já que “reaças” costumam é vir das classes baixas (tão defendidos por G. K. Chesterton), enquanto é raríssimo ver um esquerdista sem um sobrenome como “Salvatti” ou “Hoffmann”.
 
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Thomas Sowell, Walter Williams, Herman Cain, E.W. Jackson são negros (tal como Martin Luther King pai, que era um devoto cristão odiador do Partido Comunista). Russell Kirk, ostentador de 12 doutorados honoris causa, veio da pobreza – tal como Eric Voegelin, que foi aprender os hieróglifos egípcios para entender a ordem política grega e sua correlação de crise alexandrina com a crise medieval e o gnosticismo político de Marx a Hitler, chegou a passar fome para poder estudar. Thomas Sowell vivia tão enfurnado na comunidade negra que até anos avançados de sua infância não sabia que amarelo poderia ser uma cor de cabelo. Andrew Sullivan é gay, tal como Robert Bauman, Michael Huffington ou nosso Guy Franco (e como não lembrar daquele propaganda da campanha eleitoral de Marta Suplicy perguntando se Kassab é casado e tem filhos?).
 
Quer ver um direitista pobre? Fale com Marco Mattei, gari italiano que vivia com a família num subúrbio e teve o apartamento no terceiro andar incendiado por Achille Lollo, da organização terrorista de extrema-esquerda Potere Operaio (dá pra ver como gostam das classes baixas). No incêndio, um dos seis filhos de Mattei ficou preso no quarto, enquanto duas filhas pulavam pelo balcão.
Um filho resolveu voltar para tentar salvar o irmão menor e ambos morreram abraçados e carbonizados. O caso ficou conhecido como “Rogo di Primavalle” (incêndio de Primavelle) na Itália. Achille Lollo fugiu para a Argélia e depois para o Brasil, onde foi um dos fundadores do PSOL, junto com Heloísa Helena. Outro terrorista italiano fugitivo, o mais conhecido Cesare Battisti, também fugiu após assassinar quatro pessoas, entre elas um carcereiro (que não deve ganhar muito).
Quem são os “ricos brancos heterossexuais católicos” Almeidinhas, se não os ricaços da esquerda caviar como Gregório Duvivier? Quem é que usa “soco inglês” e “enche de porrada” quem discorda deles por aí?
 
Quem é preconceituoso e vive de senso comum? Quem segue modinhas e quem é crítico? Quem é paranóico e quem vê a realidade do pensamento único? Quem defende planificação e ditadura e quem luta contra isso em prol da diversidade?
 
No desespero, além de falar em “soco inglês”, também pode-se apelar para “direitistas” extremistas – sobretudo o ultra-nacionalista norueguês Anders Breivik, que assassinou 77 pessoas em um único dia, sobretudo atirando em um acampamento para jovens do Partido Trabalhista norueguês. Breivik foi repudiado pelos nazistas noruegueses, como Vark Vikernes (“não é matando a juventude com o nosso sangue que vamos fazer algo!”) e, claro, por TODOS os reacionários NO MUNDO.
 
Você já viu algum “reaça” por aí usando Breivik como exemplo, herói, norte moral ou ideal de ação política? Agora você já viu algum esquerdista com camiseta de Che Guevara, alguém se dizendo “socialista morena”, alguém achando bonito fazer “bloco soviético”, ou dizendo que o problema é o socialismo “real” (não diga!)?
 
O que querem é associar todos os não-comunistas com o único extremista sem amigos que encontram – assim, não aderir ao pensamento único hegemônico da esquerda tão bondosa é ser um extremista com “manchas de sangue” na roupa do armário.
 
fascismo de esquerda 202x300 Parem de achar que reacionário é ofensa
 
É o moralismo capenga do progressismo: define-se limites para o que pode ser pensado, através de conceitos pedestres: associa-se fascismo à “extrema-direita” (termo que os fascistas nunca usaram para se auto-definirem), diz-se que então os progressistas são opositores do fascismo e da direita, ao mesmo tempo em que também odeiam judeus e Israel (bar mitzvah é considerado “reaça” demais em um dos textos), e detestam o liberalismo e o capitalismo, dizendo que quanto mais liberal, mais é “reaça” e de direita, crendo que extrema-direita é a hiper-privatização, ao mesmo tempo em que a vida dissociada do Estado é associada com o fascismo Tutto nello Stato, niente al di fuori dello Stato, nulla contro lo Stato - e se você aponta qualquer contradição nisso, você é que não sabe brincar com esses conceitos chulé, você que é fanático obscurantista, você que não conhece a complexa realidade da mentalidade esquerdista – tão bem descrita por Lionel Trilling em seu clássico The LIberal Imagination.
 
Assim se cria a conceitofobia, o medo primevo e brutal de conceitos mais sólidos do que o lugar-comum da linguagem banal do dia-a-dia, conceitos que vão além dos limites do que é permitido pensar e do que é anátema, pecaminoso, sujo, proibido.
 
É a “fé metástica” de que nos fala Eric Voegelin: a fé que odeia a realidade, tendo mais amor pela opinião (filodoxia) do que amor ao saber (filosofia) e que quer reformar toda a estrutura da realidade – para tal, não pode senão repudiar a realidade com medo dela, achando-se por isso “crítico” do que é simplesmente verdadeiro.
 
Cria-se a resposta fácil para tudo: “sou crítico porque não leio revista Veja, não leio Reinaldo Azevedo, não leio Rodrigo Constantino e não leio Olavo de Carvalho”, já que ler algo do qual se discorda certamente causará câncer radioativo, e não se deve se misturar com essas coisas horrendas da direita reacionária nem por brincadeira – vai que alguém se torne minimamente mais reaça ao inventar de ler a Teoria dos Quatro Discursos aristotélicos do Olavo, os horrores e malversações públicas denunciados n’O País dos Petralhas de Reinaldo ou a ridicularização da Esquerda Caviar por Constantino? Não, é preciso passar longe e associá-los sempre ao pior, ter medo de encostar na capa dos livros e virar pó (o que nenhum reaça faz com livros de esquerda) – uma velhinha fanática religiosa queimando os discos do AC/DC do filho não conseguiria fanatismo maior.
 
Hello-o, companheirada! Nós já conhecemos essa logorréia repetitiva da esquerda! Nós já cansamos de Chomsky, Foucault, Sartre, Deleuze, Dworkin, Adorno, Gramsci, Alinsky, Habermas, Rorty e Butler! Nós não somos de esquerda porque estamos mal informados da realidade: vocês é que têm ódio dos reaças por só lerem preconceito contra eles – e nunca eles próprios!

Conclusão intempestiva
 
Como se vê, ser reacionário exige experiência, conhecimento de causalidade, a “prudência” na política que nos pedem de Aristóteles a Russell Kirk – aquele cara que tentou elencar Dez livros conservadores pra serem lidos, já que ser conservador exige uma vida de leituras, e não apenas macaquear um Das Kapital ou algum livrinho com pretensão de reunir todo o conhecimento da humanidade, do Céu e da Terra em alguns princípios gerais a serem repetidos bovinamente pelos rebanhistas de plantão (total destes livros lidos por formadores de opinião, professores universitários, jornalistas que falam de política 25 horas por dia e boçais da palpitaria política nas colunas sociais do Brasil: zero).
 
Ser “reaça” é apenas saber das coisas, e não querer moldar os outros conforme a sua imagem e semelhança – o que fazem de Lenin com suas fazendas coletivas a Kim Jong-un exigindo o mesmo corte de cabelo para toda a Coréia do Norte (ou Pol-Pot, mandando ser morto por crocodilos quem fosse alfabetizado ou usasse óculos). Ser reaça é ser contra aqueles regimes onde você pode sair fuzilando quem discorda de você.
 
Mas eu não me incomodaria se Gregório Duvivier me xingasse de alguma coisa séria. Me chamar de idiota, bobo, cara de melão – ou, como o modismo do pensamento único agora exige, de coxinha, de fascista, de extremista, de olavete. Isso, partindo de um cara cuja obra intelectual mais profunda é o Zorra Total do Youtube só pode significar que estou incomodando as pessoas certas.
 
Quando Marilena Chaui chama a classe média de “fascista”, de “reacionária”, de “terrorista” (sic), ela só recai naquilo que Ben Shapiro afirma sobre os valentões, os bullies da esquerda americana: não faz sentido chamar um membro da KKK (esquerdista, ao contrário do que dizem) de “racista”, nem um figurão da Waffen SS de “nazista” tentando ofendê-los. Isso é o que eles são.
 
A esquerda chama todo mundo de quem discorda de “racista”, de “homofóbico”, de “fascista” justamente porque sabe que os xingados odeiam racismo, homofobia, fascismo – e se calarão quando tiverem sua opinião associada a estas coisas das quais têm nojo mortal (vide Kuehnelt-Leddihn acima). Se fossem de fato racistas, homofóbicos ou fascistas as pessoas simplesmente diriam “Sim” e continuariam na mesma. Não é o que a esquerda planeja.
 
O problema mesmo é Gregório Duvivier querer me ofender me chamando de “reacionário”, devido à sua própria ignorância em relação ao termo. Aí não dá. Porque eu tomo como o elogio que é. O que há de tão ofensivo em saber como as coisas reagem? Em ser inimigo mortal de nazistas, comunistas e totalitarismos islâmicos homofóbicos e misóginos? Em ser contrário à concentração de poder, ao reformismo rebanhista, à planificação econômica, à mesmice cultural?
 
Eu tenho uma reputação a zelar. Como poderei sair na rua, se as pessoas resolverem apontar pra mim e dizer: “Olha lá, é o cara que o Gregório Duvivier elogiou!” PUTA MADRE! Precisarei fugir do país, de uma plástica como a do Dirceu, trocar de nome, sobrenome, tentar apagar minhas memórias com elevadas sessões de psiquiatria pesada. Os danos morais não podem ser cobertos por nenhuma indenização.
Pelamor, revoluças que não vêem nada demais em alguém admirar um facínora como Che Guevara (um idealista! um crítico social! um mundomelhorista!) e querem associar tudo o que é ruim a quem discorda de vocês de “saudosistas da ditadura”, numa maçaroca homogênea e platiforme como vocês próprios pensam: xinguem de outras coisas, mas não tratem “reacionário” como ofensa.
 
Ser reaça é mó legal – basta parar de querer ter auto-estima apenas através do grupinho, jurando que com isso é “crítico” e auto-pensante. É saber que o mundo não tem soluções fáceis e prontas, e que há muito mais livros a serem estudados demoradamente antes de tirar conclusões apressadas do que jamais sonharam nossos progressistas.
 
Basta apenas se acostumar a ser xingado de fascista, de saudosista da ditadura, de branco, de rico, de homofóbico, de católico, de racista, de nazista e de usar soco inglês por gente como Gergório Duvivier – e, claro, ser xingado de “fascista” por gente que quer tudo dentro do Estado, tudo para o Estado, bem ao contrário de você.
 
Mas, acredite: nada dói mais do que ser “xingado” de “reacionário” por pessoas que querem nos ofender, mas nos elogiam sem perceber.
 
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07 de abril de 2014
Flávio Morgenstern

O LADRÃO DO TEMPO


 A usura é um roubo, portanto o usurário um ladrão. E antes de tudo, como todos os ladrões, um ladrão de propriedade. Thomas de Chobham o diz bem: "O usurário comete um furto (furtum) ou uma usura (usurum) ou uma rapina (rapinam), pois recebe um bem alheio (rem alienam) contra a vontade do 'proprietário' (invito domino), isto é, de Deus".

O usurário é um ladrão particular; mesmo que não perturbe a ordem pública (nec turbat rem publica), seu roubo é particularmente odioso na medida em que rouba a Deus. Que vende ele, de fato, senão o tempo que passa entre o momento em que empresta e aquele em que é reembolsado com juros? Ora, o tempo pertence somente a Deus. Todos os contemporâneos o dizem, depois de Santo Anselmo e de Pedro Lombardo: "O usurário não vende ao devedor nada que lhe pertença, somente o tempo, que pertence a Deus. Ele, portanto,não pode tirar proveito da venda de um bem alheio".

Mais explícito, mas expressando um lugar comum da época, a Tabula exemplorum relembra: "Os usurários são ladrões, pois vendem o tempo, que não lhes pertence, e vender o bem alheio, contra a vontade do possuidor, é um roubo".(41) Ladrão de "propriedade", depois ladrão de tempo, o caso do usurário se agrava. Pois a "propriedade" — noção que, na Idade Média, reaparece verdadeiramente apenas com o Direito Romano nos séculos XII e XIII e se aplica quase somente para os bens móveis — pertence aos homens. O tempo pertence a Deus, e somente a Ele. Os sinos repicam em seu louvor, nessa época em que o relógio mecânico ainda não havia aparecido, pois só virá à luz no final do século XIII.

Thomas de Chobham o diz claramente, na seqüência do texto citado mais acima (p. 10): "Assim o usurário não vende a seu devedor nada que lhe pertença, mas apenas o tempo, que pertence a Deus (sed tantum tempus quod dei est). Como ele vende uma coisa alheia, disso não deve tirar nenhum proveito".

A Tabula exemplorum é mais explícita. Evoca a venda dos dias e das noites de que lembra a significação ao mesmo tempo antropológica e simbólica. O dia é a luz, o meio que torna possível o uso pelo homem de seu sentido visual, mas que expressa também a matéria luminosa da alma, do mundo e de Deus. A noite é o repouso, o tempo de tranqüilidade, de recuperação (a menos que seja perturbada pelos sonhos) para o homem. É também o tempo místico da ausência de instabilidade, de inquietação, de tormento. O dia e a noite são os duplos terrestres dos dois bens escatológicos, a luz e a paz. Pois ao lado da noite infernal, há uma noite terrestre em que se pode pressentir o Paraíso. São estes os dois bens supremos que o usurário vende.

Um outro manuscrito do século XIII, da Biblioteca Nacional de Paris, sintetiza bem e de maneira mais completa que a Tabula a figura desse pecador e desse ladrão que é o usurário.

"Os usurários pecam contra a natureza querendo fazer dinheiro gerar dinheiro, como cavalo com cavalo ou mulo com mulo. Além disso os usurários são ladrões (latrones), pois vendem o tempo, que não lhes pertence, e vender um bem alheio, contra a vontade do possuidor é um roubo. Ademais, como nada vendem a não ser a espera do dinheiro, isto é, o tempo, vendem os dias e as noites. Mas o dia é o tempo da claridade e a noite o tempo do repouso. Portanto, não é justo que tenham a luz e o repouso eternos."

Tal é a lógica infernal do usurário.

Esse roubo do tempo é um argumento particularmente sensível aos clérigos tradicionalistas entre os séculos XII e XIII, num momento em que os valores e as práticas socioculturais se transformam, em que os homens se apropriam de fragmentos de prerrogativas divinas, em que o território dos monopólios divinos se estreita. Deus também deve dar aos homens certos valores que descem do Céu à Terra, conceder-lhes "liberdades", "privilégios".

Uma outra categoria profissional conhece na mesma época uma evolução paralela. São os "novos" intelectuais, que, fora das escolas monásticas ou catedralícias, ensinam na cidade a estudantes, de quem recebem um pagamento, a collecta. São Bernardo, entre outros, os repreendeu como sendo "vendedores, mercadores de palavras". E o que vendem eles? A ciência, a ciência, que, como o tempo, pertence apenas a Deus.

Mas esses ladrões de ciência logo serão justificados. Em primeiro lugar por seu trabalho. Na qualidade de trabalhadores intelectuais, os novos mestres escolares serão admitidos na sociedade reconhecida de sua época e na sociedade dos eleitos: aquela que deve prolongar no Além e para sempre os merecedores aqui de baixo. Eleitos que podem ser, desde que justos e obedientes a Deus, tanto os privilegiados quanto os oprimidos desta terra.

A Igreja exalta os pobres, mas reconhece de boa vontade os ricos dignos de sua riqueza pela pureza das origens desta e pelas virtudes de sua utilização. Estranha situação a do usurário medieval. Numa perspectiva de longa duração, o historiador de hoje reconhece-lhe a qualidade de precursor de um sistema econômico que, apesar de suas injustiças e de seus defeitos, inscreve-se, no Ocidente, na trajetória de um progresso: o capitalismo. Em seu tempo, aquele homem foi desonrado, segundo todos os pontos de vista da época.

Na longa tradição judaico-cristã ele é condenado. O livro sagrado faz pesar sobre ele uma maldição bimilenar. Os novos valores também o rejeitam como inimigo do presente. A grande promoção é a do trabalho e dos trabalhadores. Ora, ele é um ocioso particularmente escandaloso. Pois o diabólico trabalho do dinheiro que ele impulsiona não passa do corolário de sua odiosa ociosidade.

Ainda a esse respeito Thomas de Chobham o diz claramente: "O usurário quer adquirir um lucro sem nenhum trabalho e até dormindo, o que vai contra o preceito do Senhor que diz: 'Comerás teu pão com o suor de teu rosto' (Gênesis, III, 19)".

O usurário age contra o plano do Criador. Os homens da Idade Média viram antes de tudo no trabalho o castigo do pecado original, uma penitência. Depois, sem renegar essa perspectiva penitencia!, valorizaram cada vez mais o trabalho, instrumento de resgate, de dignidade, de salvação; colaboração à obra do Criador, que, depois de ter trabalhado, repousou no sétimo dia. Trabalho, querida preocupação, que é preciso separar da alienação, para dele fazer, individual ou coletivamente, o difícil caminho da libertação.

Nesta construção do progresso da humanidade, o usurário é um desertor. É no século XIII que os pensadores fazem do trabalho o fundamento da riqueza e da salvação, tanto no plano escatológico quanto no plano, diríamos nós, econômico. "Que cada um coma o pão que ganhou com seu esforço, que os amadores e os ociosos sejam banidos", lança Roberto de Courçon na cara dos usurários. E Gabriel Le Bras comenta convenientemente: "O maior argumento contra a usura é que o trabalho constitui a verdadeira fonte das riquezas (...). A única fonte da riqueza é o trabalho do espírito e do corpo. Não há outra justificativa de ganho senão a atividade do homem".

A única probabilidade de salvação do usurário, já que todo o seu lucro é mal adquirido, é a restituição integral do que ganhou. Thomas de Chobham é bastante claro: "Como a regra canônica é que o pecado nunca é redimido se o que foi roubado não for restituído, é claro que o usurário não pode ser considerado como um penitente sincero se não restituir tudo o que extorquiu através da usura".

Cesário de Heisterbach também o diz na seqüência da resposta do monge ao noviço: "É difícil ao usurário corrigir seu pecado, pois Deus só faz as pazes com ele se o que foi roubado for restituído".

Etienne de Bourbon e a Tabula exemplorum utilizam a respeito da restituição das usuras o mesmo exemplo destinado a mostrar como a maldição do usurário pode estender-se a seus herdeiros, se eles não obedecerem ao dever de restituição. Ser amigo do usurário é perigosamente comprometedor.

Eis a versão do dominicano: "Ouvi contar pelo irmão Raul de Varey, prior dos dominicanos de Clermont no momento do negócio, que um usurário, se arrependendo na hora da morte, tinha chamado dois amigos e lhes havia pedido para serem seus executores fiéis e rápidos. Estes deviam restituir o bem alheio que ele adquirira e deles exigiu um juramento. Eles o prestaram acompanhando-o de imprecações. Um chamou sobre si o fogo sagrado, que é chamado fogo de Geena (mal dos ardentes) que o deveria queimar caso não cumprisse a promessa. O outro fez o mesmo invocando a lepra. Mas após a morte do usurário guardaram o dinheiro, não cumprindo o que haviam prometido, e foram vítimas de suas imprecações. Sob a pressão do tormento, confessaram".

Na Tabula os executores infiéis são três: "Um usurário ao morrer legou por testamento todos os seus bens a três executores a quem suplicou que tudo restituíssem. Havia-lhes perguntado o que eles mais temiam no mundo. O primeiro respondeu: 'a pobreza'; o segundo: 'a lepra'; o terceiro: 'o fogo de Santo Antônio' (o mal dos ardentes). 'Todos estes males', disse ele, 'irão cair-lhes em cima se vocês não dispuserem de meus bens restituindo-os ou distribuindo-os conforme ordenei'. Mas após sua morte os legatários concupiscentes se apropriaram de todos os bens do morto. Sem tardança, tudo aquilo que o morto havia nomeado por imprecação os afligiu, a pobreza, a lepra e o fogo sagrado".

Assim, a Igreja envolve a prática da restituição da usura com todas as garantias possíveis. E, além da morte do usurário, já que a restituição parece ter sido prevista pelo usurário penitente post mortem em seu testamento — este documento que se torna, na Baixa Idade Média, tão precioso para o estudo das situações perante a morte e o Além (um "passaporte" para o Além) — a Igreja dramatiza as condições de sua execução. Ela promete ao executor infiel um antegozo na terra, dos tormentos que esperam, no Inferno, o usurário impenitente e que são transferidos aqui embaixo a seus amigos perjuros e cúpidos.


Jacques le Goff


* A França e o mundo perderam, neste 1º de abril, seu mais brilhante intelectual, historiador de linguagem clara e precisa, coisa rara naquelas plagas. Medievalista, autor da talvez mais vasta obra sobre o medievo, que incluem desde estudos sobre inferno e paraíso a ensaios sobre economia e costumes naquele período, Jacques le Goff, falecido aos 90 anos, deixa uma daquelas lacunas que nenhum outro homem preenche mais.

Sou leitor de carteirinha de Le Goff, é o autor que mais tenho lido nos últimos. Compre qualquer título de le Goff, mesmo ao azar, e você não se arrependerá; todos são excelentes. O último de seus livrinhos que li Un Autre Moyen Âge, tinha 1400 páginas. Em verdade, uma coletânea com sete de seus ensaios.

Le Goff, em suas dezenas de livros, especializou-se no estudo das geografias e legislações do Além, com alentados ensaios sobre o imaginário medieval. Tampouco foi alheio às práticas econômicas da época. Como pequena mostragem, reproduzo este texto de A Bolsa e a Vida (1977), onde nos mostra o usurário como ladrão de um bem divino, o tempo.


07 de abril de 2014
janer cristaldo

UM VELHO DILEMA

 
Artigos - Cultura

Considero suficientemente provado o grau de influência do modelo institucional sobre o recrutamento de lideranças para a elite política. São elas mesmas que o confessam.


Pergunto: os males da política brasileira estão relacionados mais diretamente ao caráter dos indivíduos, das pessoas concretas que ocupam postos de poder, ou ao modelo institucional que adotamos? Há muitos anos participo de debates que buscam saber qual a galinha e qual o ovo nesse dilema.


Dirá alguém que é uma questão menor e que o Brasil vive as urgências impostas por clamorosas denúncias e estridentes silêncios. No entanto, de denúncia em denúncia, de silêncio em silêncio e de urgência em urgência, vamos postergando toda e qualquer tentativa de formar consenso a propósito desse tema. E como precisamos de um consenso! Como precisamos fazer com que a nação vasculhe, atrás do palco, na coxia, as estruturas que movem de modo tão desastroso os cordéis do poder!

Volto a esta pauta porque o mero fastio ante a política que temos é mau conselheiro para levar-nos àquela que queremos. Imaginar que o espelho de representação só melhorará quando o nível das exigências morais da sociedade houver subido vários degraus significa a perdição de pelo menos duas gerações! É por isso que defendo a necessidade de mudança nas regras do jogo político.
Trata-se de algo que infelizmente parece pouco significativo. A maior parte das pessoas insiste em ver as árvores e não percebe o emaranhado da floresta institucional. No entanto, as regras de qualquer jogo determinam a conduta dos jogadores. O solo influi na qualidade do que nele se plante. As religiões se refletem no comportamento dos fiéis. E as instituições de Estado não só impulsionam o agir dos políticos mas definem, também, com suas regras, quem participa das atividades.

Creio que o melhor modo de tornar compreensível esse efeito que muitos teimam em desconhecer pode ser encontrado na própria experiência nacional. Sabe por que, leitor, nenhuma reforma política séria prospera no Brasil? Pela simples e confessada razão de que os congressistas sabem que seus mandatos foram obtidos nas regras vigentes.
Esta singela constatação deixa tudo como está, reproduzindo ad aeternum um tipo de representação que nos proporciona escassos motivos de admiração. Dito isso, considero suficientemente provado o grau de influência do modelo institucional sobre o recrutamento de lideranças para a elite política. São elas mesmas que o confessam. Ainda que não convenha ao país, é esse o modelo que lhes serve.
Portanto, a posição dos candidatos a favor do voto distrital e contra essa bacanal institucional que junta na mesma cama Estado, governo, administração pública e partido político deveria ser critério decisivo de voto nas eleições de outubro.
                                                                       ***
Os últimos dias foram dedicados pela mídia à tarefa de esconjurar o 31 de março. É verdade que foram cometidos crimes que repugnam às consciências bem formadas. Mas é errado limitar a informação ao registro desses fatos.
Aquele movimento primeiro frustrou o plano dos comunistas para o Brasil e, depois, derrotou guerrilheiros e terroristas que queriam implantar tal regime no país. Esquecer o que estes pretendiam, não ler o que escreviam, ignorar o que diziam, apagar da história as vítimas que fizeram e os crimes bárbaros que cometeram, para exibi-los como heróis e mártires da "resistência democrática" é impostura.
É servir o oportunismo em bandeja. Passado meio século, seus atuais afetos no plano nacional e internacional ainda revelam muito bem o que fariam se pudessem.
 
07 de abril de 2014
Percival Puggina
Publicado no jornal Zero Hora.

A CENSURA AVANÇA: PROIBIDA A PROPAGANDA COMERCIAL DIRIGIDA ÀS CRIANÇAS

 
Artigos - Governo do PT 
Sob as barbas de todos, a governo acaba de baixar uma medida duríssima contra a propaganda comercial e pois, contra a liberdade de expressão.


Enquanto os empresários vivem correndo atrás de cada ossinho que o governo lhes joga...
Enquanto os pais e mães vivem atrás da tela da tevê assistindo a Rede Globo fazer proselitismo gayzista e "denunciar" o machismo da fraudulenta pesquisa do IPEA...
Enquanto todos os cidadãos vão pensando que a Venezuela fica muito longe daqui...
 
O governo do PT, por meio da Secretaria dos Direitos Humanos - Conselho Nacional dos direitos da criança e do Adolescente - Conanda, acaba de instalar a censura à propaganda dirigida ao público infantil.
Conforme a RESOLUÇÃO No - 163, DE 13 DE MARÇO DE 2014, publicada no DOU de sexta-feira, 04 de abril de 2014, daqui por diante fica proibida qualquer propaganda que tenha o público infantil por alvo.
Com a supracitada resolução, não somente a propaganda é proibida, mas inclusive programas infantis, como aqueles em que crianças ganham brinquedos como prêmios por gincanas. Isto significa o fim de programas como o da Xuxa e do Gugu.
 
A medida do governo vem bem a calhar para tornar as empresas de comunicação mais dependentes da propaganda estatal, esta sim enganosa e danosa ao público. 
Eu mesmo já tentei alertar a Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade), que representa as agências brasileiras associadas à indústria de comunicação, especialmente as agências de propaganda.
 
É da Abap a iniciativa pela realização da campanha SOMOS TODOS RESPONSÁVEIS, uma campanha que ao meu ver foi boa em enaltecer o papel da responsabilidade de toda a sociedade sob a égide da liberdade liberdade de expressão e auto-regulamentação publicitária, mas miseravelmente omissa em denunciar a fonte autoritarista por trás do FNDC - Forum Nacional pela Democratização da Comunicação. Deu no que deu.
 
Abaixo, segue um comunicado do Instituto Alana, do Banco Itaú, uma ONG anti-capitalista e assentada sobre os métodos de ensino marxistas de Paulo Freire, que tem agido intensamente a favor da censura dos meios de comunicação, para os leitores terem uma compreensão da extensão dos seus efeitos:
O texto completo, disponível aqui, diz que “a prática do direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica à criança com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço” é abusiva e, portanto, ilegal segundo o Código de Defesa do Consumidor.

A resolução lista os seguintes aspectos que caracterizam a abusividade:
-       linguagem infantil, efeitos especiais e excessos de cores;
-       trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de criança;
-       representação de criança;
-       pessoas ou celebridades com apelo ao público infantil;
-       personagens ou apresentadores infantis;
-       desenho animado ou de animação;
-       bonecos ou similares;
-       promoção com distribuição de prêmios ou de brindes colecionáveis ou com apelos ao público infantil;
-       promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.

Com a resolução, a partir de hoje fica proibido o direcionamento à criança de anúncios impressos, comerciais televisivos, spots de rádio, banners e sites, embalagens, promoções, merchadisings, ações em shows e apresentações e nos pontos de venda.
O texto versa também sobre a abusividade de qualquer publicidade e comunicação mercadológica no interior de creches e escolas de educação infantil e fundamental, inclusive nos uniformes escolares e materiais didáticos.
Para o Conanda, composto por entidades da sociedade civil e ministérios do governo federal, a publicidade infantil fere o que está previsto na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código de Defesa do Consumidor.
O Instituto Alana integra o Conanda, na condição de suplente, e contribuiu junto aos demais conselheiros na elaboração e aprovação desse texto.
“A partir de agora, temos que fiscalizar as empresas para que redirecionem ao público adulto toda a comunicação mercadológica que hoje tem a criança como público-alvo, cumprindo assim o que determina a resolução do Conanda e o Código de Defesa do Consumidor”, afirma Pedro Affonso Hartung, conselheiro do Conanda e advogado do Instituto Alana. “É um momento histórico. Um novo paradigma para a promoção e proteção dos direitos da criança e do adolescente no Brasil”, comemora Pedro.
07 de abril de 2014
Klauber Cristofen Pires