APÓS ENCENAÇÃO, RENAN FILHO APELA, LÍDER RETORNA, MAS NÃO ATUA
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ESFORÇO PARA REUNIR ALIADOS TEM SIDO EM VÃO, DIANTE DE DESGASTE DA LAVA JATO E DA FALTA DE HABILIDADE POLÍTICA DE RENAN FILHO (FOTO: DIVULGAÇÃO) |
A ausência de deputados estaduais nas agendas públicas do Governo de Alagoas, demonstra que segue cada vez mais fria a relação do governador Renan Filho (PMDB) com sua base de apoio na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas (ALE). O distanciamento político está diretamente ligado ao fracasso do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), na sua tentativa de cumprir a promessa de intervir no governo do filho, para contornar os reflexos de seu próprio enfraquecimento político nas bases eleitorais da ALE e no próprio PMDB.
Enquanto Renan posa de especialista em crise, apontando saídas para os problemas resultantes das suspeitas contra o presidente Michel Temer (PMDB), nada avançou significativamente em sua própria base, passados mais de dois meses e meio da encenada intervenção pública do senador junto a 11 parlamentares do PMDB.
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DESINTERESSE IMPEDIU RENAN FILHO DE MUDAR LÍDER RONALDO MEDEIROS |
Pelo contrário, Renan Filho e seu pai foram abandonados pelos aliados, e o governador teve que fazer diversos apelos para manter como líder governista o deputado Ronaldo Medeiros (PMDB), o único parlamentar que suportou a primeira metade do governo cumprindo, determinações de tratorar e tratar com indiferença a base governista, em nome dos interesses do governador.
Mas apesar de Ronaldo Medeiros ter aceitado reassumir a liderança do governo, o parlamentar não está disposto a encarar o mesmo desgaste.
“A relação da base com o governo está parada. O deputado Ronaldo ficou [na liderança], após vários pedidos do governador. Mas não está agindo como antes. O que der, deu. O Palácio tem que fazer a parte dele, na relação com a base. O líder não vai mais para o desgaste”, disse um deputado do PMDB, que pediu para não ser identificado na matéria.
PERDA DE PODER
Sem os holofotes da cadeira de presidente do Senado, Renan passou a aproveitar as agendas do governo do filho, para atrair lideranças e a própria base da Assembleia para os eventos do Filho. Mas a abertura de novos inquéritos contra ambos, por determinação do ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin, no Supremo Tribunal Federal (STF), ampliou o desgaste do senador alagoano e, consequentemente, de seu filho.
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RENAN NÃO REUNIFICOU BASE DO FILHO (FOTO: JONATHAS MARESIA/GAZETAWEB) |
Incapaz de contornar o abismo político escavado entre o Governo de Alagoas e suas bases, o governador teve, por exemplo, a presença de um só deputado, Sérgio Toledo (PSC), quando autorizou obra de acesso ao município de Marechal Deodoro, a apenas 28 km da capital, na terça-feira (23). No dia anterior, o presidente da Assembleia, Luiz Dantas (PMDB) também foi o único aliado presente a outra ordem de serviço de estradas em Igreja Nova, a 113 km da capital.
Em 6 de fevereiro deste ano, o senador Renan articulou e realizou um encontro ao que chamou de “terapia”, com o suposto objetivo de “melhorar a relação” dos deputados com Renan Filho. Mas a reunião na sede do PMDB, com a presença de deputados peemedebista e do governador serviu apenas para conter o noticiário de que o ministro do Turismo Marx Beltrão sairá do PMDB para disputar poder disputar o Senado, contra a reeleição de Renan.
No encontro, a tentativa de demonstrar força teve direito a divulgação de uma lista de 30 supostos candidatos à Assembleia Legislativa em 2018, pelo PMDB, revelando o temor de Renan pelo já previsto esvaziamento do PMDB, em abril do ano que vem, com a revoada programada de mais da metade de parlamentares peemedebistas.
O Diário do Poder quis saber de um deputado do PMDB se foi cumprida a promessa feita pelo senador Renan, na ocasião, de fazer a ponte para unir o governador e a sua base, solucionando entraves políticos. A resposta: “Nadinha. Só blá-blá-blá”.
24 de maio de 2017
diário do poder