Dirijo-me a Vossa Santidade em meu duplo caráter de Príncipe da Casa Imperial do Brasil e ativo participante da vida pública de meu País, para lhe externar uma grave preocupação concernente à causa católica no Brasil e na América do Sul em geral.
É bem conhecido dos brasileiros o fato de que foi a instâncias do Papa Leão XIII, e apesar dos previsíveis inconvenientes políticos que daí adviriam, que minha bisavó, a Princesa Isabel, regente do Império, assinou a 13 de maio de 1888 a Lei Áurea, abolindo definitivamente a escravatura no Brasil. Custou-lhe o trono, mas valeu-lhe passar à História como A Redentora, e receber das mãos do Papa a Rosa de Ouro, em recompensa pela sua abnegação em favor da harmonia social e dos direitos dos mais desvalidos.
Movido pelo mesmo senso de justiça e devotamento ao bem comum de meus antepassados, honro-me em ter dado início e animado durante 10 anos a campanha Paz no Campo1, a qual promove a harmonia social no agro brasileiro. Tarefa tanto mais imperiosa quanto, nas últimas décadas, o meio rural do País vem sendo notoriamente conturbado por uma sequência de invasões de terra, assaltos, destruição de plantações, desapropriações confiscatórias, exigências ambientalistas descabidas e insegurança jurídica.
No cerne dessa agitação agrária — que é o principal empecilho para o pleno desenvolvimento da agricultura e pecuária brasileiras, responsáveis por 37% dos empregos no Brasil2 e por cerca de metade dos novos empregos criados no primeiro semestre de 20133 — encontram-se o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, mais conhecido pela sua sigla MST, e a organização internacional La Via Campesina.
Por isso, foi com consternação que tomei conhecimento do convite enviado pela Academia Pontifícia de Ciências ao Sr. João Pedro Stédile, coordenador nacional do MST e representante da Via Campesina, para participar como observador de um seminário organizado pela referida Academia, em Roma, no dia 5 de dezembro de 2013, sobre A emergência das pessoas socialmente excluídas, com as despesas de viagem pagas pelo Vaticano, segundo declarou o próprio favorecido.
Essa consternação difundiu-se nos mais variados meios católicos, pois, como era previsível, o conhecido agitador do MST aproveitou-se do evento como tribuna para promover, uma vez mais, seus princípios errôneos e falsas soluções, ambos baseados na premissa marxista da luta de classes e na utopia de uma sociedade coletivista.
Com efeito, apenas dois dias após o simpósio realizado nas dependências da Santa Sé, o Sr. João Pedro Stédile proferiu uma palestra para os militantes da ultra-esquerda altermundialista italiana, num antigo teatro de Roma por eles ocupado. Na palestra, reproduzida pela Agência de Notícias Adista4, ele faz apologia de seus métodos ilegais. Segundo disse, “a estrada das mudanças pela via institucional parece decisivamente bloqueada”; e até gabou-se de que “tudo o que o MST tem conquistado no decurso de seus 30 anos de vida é devido à prática das ocupações de massa”, ou seja, da violação sistemática da propriedade privada no meio rural.
A necessidade desse recurso à ilegalidade e até à violência por parte do MST decorreria, segundo Stédile, do fato de que “no atual contexto histórico, a correlação de forças a nível de luta de classes é bastante desfavorável às classes trabalhadoras” — ou seja, às esquerdas que usurpam a representatividade do setor operário.
Stédile admite inclusive que “o mundo vive um período de refluxo do movimento de massa” que afeta ao próprio MST, devido a que “as condições da luta de classes resultam mais difíceis: as massas percebem a impossibilidade de uma vitória, e se voltam para trás”.
Mas ele afirma que essa falta de apoio popular não deve desencorajar as forças da esquerda. Apelando à “escola dos marxistas históricos britânicos”, o líder dos invasores de propriedades espera que o atual período de refluxo seja também um “período de resistência... prelúdio de um processo de retomada”.
Esse período de resistência — que segundo ele poderá levar “alguns anos” — deverá servir para “aprender as lições da luta de classes no decurso do tempo”. E o MST deve aproveitá-lo para sua “formação política”, valorizando e “estudando Marx, Lenin, Gramsci, mas também os brasileiros Paulo Freire, Josué de Castro e tantos outros”, disse Stédile a seus ouvintes altermundialistas italianos.
Permita-me, Santo Padre, frisar a ameaça com a qual Stédile concluiu sua arenga: assinalando que é preciso que “a classe trabalhadora se reúna a nível internacional”, mas que isto seja feito por fora das ONGs e dos Fóruns Sociais — dado que estes teriam fracassado na tarefa de “organizar o povo” —, indicou que agora é preciso reunir “todos os movimentos sociais do mundo” em um “outro espaço” de confrontação ao capital financeiro internacional. Dessa forma, concluiu, “a curva da luta de classes será mundial e, portanto, quando começar a fase de ascensão, será assim por toda parte. E a terra tremerá”.
A terra por enquanto não treme. Mas não posso deixar de me perguntar, Santo Padre, qual a razão de que esse paladino de uma utopia revolucionária tão visceralmente anticristã e promotor da violação sistemática das leis tenha sido convidado pela Pontifícia Academia de Ciências. Pois é obvio que, sendo as classes populares cada vez mais infensas à pregação revolucionária, o interesse do líder do MST e dos revolucionários em geral só pode ser a sua pretensão de utilizar-se da Igreja Católica e de organismos da
Santa Sé como companheiros de viagem nessa utópica aventura (daí o apelo a estudar Gramsci, o grande ideólogo dessa estratégia).
É o que admite o próprio J.P. Stédile em entrevista5 concedida logo após sua palestra no Teatro Valle Occupato, gabando-se de ter conseguido “motivar a que o Vaticano nos ajude com a Via Campesina e como movimentos sociais a organizarmos no próximo ano diversas conferências”.
Ele espera, ademais, que se estabeleça “de agora em diante um diálogo maior do Vaticano com os movimentos sociais”, cujo resultado seria que “em nossos países [...] as igrejas locais ouçam os povos e não o Núncio apostólico, que é um burocrata a serviço de não sei quem” (destaques meus).
É assim que ele retribui o convite e a passagem aérea que diz ter recebido do Vaticano...
Quais seriam os membros dessas “igrejas locais” que assim desqualificam o representante da Santa Sé a pretexto de ouvir “os povos”, senão os adeptos da Teologia da Libertação?
É bem sintomático o tom eufórico com o qual um dos mais publicitados corifeus dessa corrente, o ex-frade Leonardo Boff, comentou a incursão do Sr. Stédile no Vaticano6.
Boff manifestou seu gáudio pelo fato de que “os pobres e excluídos” — na verdade, os líderes extremistas de esquerda — sejam agora “convocados a Roma, junto à Sé Apostólica, para falarem por si mesmos”. Destacou que “o tema fala por si: A emergência dos excluídos. Isso nos remete a um tema central da Teologia da Libertação ainda nos seus primórdios: A emergência dos pobres”.
Segundo o ex-religioso, o simpósio em questão pode significar “o começo de uma nova vontade de reinventar [sic] a Humanidade”. Como isto lembra o mito do “homem novo” coletivista, sonhado por Marx!
Tudo quanto anteriormente foi exposto, Santidade, é de molde a chocar milhões de católicos brasileiros que conhecem de perto o passado de violência, de crime, de destruição e de miséria que o MST e a Via Campesina têm deixado atrás de si no decurso de 30 anos de ocupações ilegais de terras e de domínio totalitário sobre os militantes que reúnem em seus acampamentos.
Esses brasileiros ficarão ainda mais desconsertados quando tomarem conhecimento de que, além do convite enviado a João Pedro Stédile para participar do referido seminário da Pontifícia Academia de Ciências, Vossa Santidade gravou em vídeo, nessa ocasião, uma mensagem de saudação aos integrantes da Via Campesina.
Talvez Vossa Santidade não tenha sido informado de modo cabal, mas essa organização subversiva ficou tristemente conhecida dos brasileiros em abril de 2006, através do pranto comovedor, diante das câmaras de TV, da pesquisadora Isabel Gonçalves, que viu um meritório esforço de 20 anos de investigação científica aniquilado pelo ataque vandálico de 2.000 militantes dessa organização contra a empresa Aracruz Celulose, no Rio Grande do Sul7. Os invasores, em operação perfeitamente sincronizada, depredaram grandes estufas experimentais, sistemas de irrigação, viveiros de mudas, incendiaram instalações e destroçaram modernos equipamentos de laboratório.
Pode Vossa Santidade calcular o quanto soará inverossímil, aos milhões de telespectadores que assistiram estarrecidos o pranto desconsolado da cientista, saber que Vossa Santidade, nesse vídeo, estimulou a Via Campesina a “seguir adelante” — precisamente o que a cientista não pôde fazer, ou seja, prosseguir com suas pesquisas meritórias!8
Esse procedimento da Via Campesina não foi o único, Santo Padre. Para não me estender demais, aduzo apenas outro exemplo. Em junho de 2008, membros da organização destruíram as pesquisas da Estação Experimental de Cana de Açúcar de Carpina, na Mata Norte, órgão ligado à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Por volta das 4 horas da madrugada, cerca de 200 integrantes da Via Campesina chegaram ao local em dois ônibus e renderam o vigilante da estação. Em uma ação rápida, que durou cerca de uma hora, destruíram plantações experimentais no campo e pesquisas do Centro de Vegetação para Experimentos. Nos locais havia pesquisas da referida Estação Experimental e de estudantes de mestrado e doutorado.
De acordo com o diretor da unidade, Djalma Eusébio, o prejuízo científico e tecnológico é incalculável: “Eles destruíram plantas que faziam parte de pesquisas de melhoramento genético que duram mais de dez anos. Havia pesquisas que estavam sendo desenvolvidas há mais de dois anos e foram completamente destruídas. Não há como recuperar o prejuízo”, disse.
Os manifestantes fugiram antes de a polícia chegar e deixaram duas bandeiras no campo9. Quanto às destruições operadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante suas invasões criminosas, seria preciso escrever um extenso livro para relatá-las. Poupo a Vossa Santidade esse dissabor.
Os integrantes da Via Campesina provavelmente interpretarão suas palavras de “seguir adelante” como aplicáveis a suas ações delituosas acima descritas. Neste caso, elas estariam em nítido contraste com as categóricas palavras com que seu predecessor, S.S. João Paulo II, retomando o ensinamento de Leão XIII, condenou, em três oportunidades, entre 1991 e 2002, as ocupações ilegais de terras.
Em particular, a advertência de João Paulo II aos Bispos do Regional Sul l da CNBB, em visita ad limina apostolorum, em março de 1995, quando reiterou o ensino tradicional da Igreja: “Recordo, igualmente, as palavras do meu predecessor Leão XIII quando ensina que ’nem a justiça, nem o bem comum permitem danificar alguém ou invadir a sua propriedade sob nenhum pretexto’ (Rerum Novarum, 55).
A Igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas” 10 (destaques meus).
Advertência que S.S. João Paulo II reiterou em novembro de 2002, com as seguintes palavras: “Para alcançar a justiça social se requer muito mais do que a simples aplicação de esquemas ideológicos originados pela luta de classes como, por exemplo, através da invasão de terras — já reprovada na minha viagem pastoral em 1991”11
É de se admitir, entretanto, que Vossa Santidade não tenha tido conhecimento dos fatos delituosos envolvendo a Via Campesina no Brasil, e que as palavras “seguir adelante” não passem de uma forma estilizada para concluir sua saudação.
Porém — seja-me permitido dizer com todo o respeito — minha perplexidade seria maior na eventualidade de Vossa Santidade não saber perfeitamente quem é Juan Grabois, argentino militante da “esquerda popular” peronista, também convidado pela Pontifícia Academia de Ciências, não só para ser um dos organizadores do referido seminário, como também para ser o primeiro de seus relatores. Ou seja, aquele que daria o tom ao subsequente colóquio.
Articulador da rede de cartoneros — os catadores de papel de Buenos Aires — no chamado Movimento de Trabalhadores Excluídos, bem como um dos fundadores da Confederação dos Trabalhadores da Economia Popular, esse advogado e militante da esquerda peronista não esconde suas convicções abertamente marxistas.
Em artigo para AgendaOculta.net12, Grabois sustenta que a “acumulação originária” de riqueza das classes abastadas “provém de algum grande crime” que “o tempo não lavará jamais”. Para ele, tal riqueza particular é necessariamente fruto de “saque, escravidão, rapina, contrabando, evasão de capital, tráfico de pessoas, tráfico, usurpação, calote, corrupção, malversação de fundos públicos...”. E acrescenta: “São estes, e não outros, os métodos que tem no cardápio todo aspirante a burguês”.
Nessa qualificação inclui os trabalhadores da economia informal que, quando bem sucedidos em seus esforços, passam ipso facto, segundo ele afirma, de autoexplorados a exploradores e estabelecem, também eles, “sistemas pericapitalistas de acumulação baseados no delito, na exploração, na escravidão e na violação de todos os direitos sociais” de seus colaboradores e parceiros.
Ou seja, todo proprietário particular seria um ladrão pelo simples fato de ser abastado: é a velha tese de Marx e Proudhon. Vossa Santidade notará que uma simplificação tão grosseiramente unilateral, um tal ódio de classe ao chamado “burguês” e à propriedade privada, como à livre iniciativa e ao sistema salarial, está nos antípodas do pensamento da Igreja, e não pode senão desembocar no “socialismo real”.
É precisamente o que propõe o ideólogo dos cartoneros argentinos: “A construção de uma economia popular solidária, austera, não consumista”, a qual pressupõe um “marco estratégico” definidamente socialista e estatizante: só quando a economia seja “socializada e planificada”13, disse ele, se poderá realizar a “sociedade sem explorados nem exploradores”, o que implica “uma intervenção fortíssima do Estado”14. Tal intervenção será abrangente e omnímoda: “regulando, planificando, complementando e subsidiando as unidades produtivas populares”15.
Cabe perguntar: no que se diferencia esse modelo de uma volta à defunta União Soviética?...
Veneno marxista num invólucro humanitário: tais são as ideias básicas desse advogado revolucionário.
Entretanto, Vossa Santidade convidou seus cartoneros a subirem no palanque da Praia de Copacabana, durante a Via Sacra da Jornada Mundial da Juventude16, além de lhe tributar outros gestos de acolhimento, como a audiência que lhe concedeu17, por duas horas, no mês de agosto passado, em sua residência de Santa Marta.
Envolveriam estes gestos de Vossa Santidade um apoio à linha traçada pelo ideólogo Jean Grabois?
Eis minha filial e respeitosa pergunta.
Naturalmente o Sr. J. Grabois aproveitou sofregamente a tribuna inaugural do seminário de 5 de dezembro para apoiar suas análises no marxismo, e “explicar” ao Cardeal Turckson, da Comissão Justiça e Paz, e aos demais participantes do evento, que Marx tinha razão, apenas anteviu todos os desdobramentos ruinosos do capitalismo!
Santo Padre, não abusarei do tempo de Vossa Santidade resumindo a palestra de Grabois, intitulada Capitalismo de exclusión, periferias sociales y movimientos populares18. Apenas assinalo que ele retoma velhos chavões marxistas sobre o “caráter estrutural da exclusão”, que para ele “surge das entranhas do sistema econômico financeiro global”, como “consequência de estruturas humanas injustas”. Por isso considera necessário “analisar o capitalismo na sua fase atual” globalizada, bem como “os novos antagonismos sociais que ele gera”.
Esta questão, segundo o advogado marxista, já fora abordada por Karl Marx no capítulo XXIII de O Capital. Contudo o que Marx não previu, disse ele, é que, no mundo globalizado, um segmento crescente da população ficaria de fora do processo produtivo formal, constituindo a “massa marginal” dos “trabalhadores excluídos” que, para sobreviver, entram na esfera econômica da informalidade e constituem “o sujeito social mais dinâmico desta etapa histórica”. Frei Betto, citado por Grabois, qualifica os trabalhadores deste setor como “pobretariado” [sic!].
Esses trabalhadores informais seriam supostamente movidos pela aspiração por “um mundo sem exploração do homem pelo homem, onde cada qual receba segundo sua necessidade e contribua segundo sua capacidade” (princípio marxista bem conhecido). Ou seja, seriam todos comunistas em potencial, utopistas marxistas puros, ainda quando não explícitos! E esta clamorosa inverdade, Santo Padre — que seria risível se não fosse terrível — custa entender que tivesse sido pregada em recintos da Sé Apostólica...
Nessa palestra, Grabois retoma a velha dualidade marxista opressor-oprimido, para dizer que hoje emerge um novo proletariado prestes à rebelião, constituído pelos “descamisados do século XXI, os desempregados, os cartoneros, os indígenas, os camponeses, os migrantes, os vendedores ambulantes, os sem teto, sem terra, sem trabalho”.
Este pobretariado se apresenta com novas formas de articulação e novos meios de ação, diz Grabois, entre os quais destaca “diferentes formas de ação direta”, termo eufemístico cunhado pelos anarcosindicalistas franceses do início do século XX para indicar ilegalidade e violência. O emprego, hoje, dessa estratégia da “ação direta” decorreria do fato de que, enquanto os operários industriais “contam com a greve como principal ferramenta, os excluídos só podem se fazer ouvir através de piquetes, mobilizações e outras formas de luta que costumam ser criminalizadas”.
Como paradigmas dessa “ação direta”, o ativista cartonero menciona precisamente os movimentos convidados pela Pontifícia Academia de Ciências para participar do seminário por ela organizado: o Movimento de Trabalhadores Excluídos (MTE) da Argentina (na pessoa dele próprio, Juan Grabois), bem como o Movimento dos Sem Terra (MST) do Brasil (representado pelo Sr. J.P. Stédile), o qual “forma parte da Vía Campesina, com mais de 100 organizações em todo o mundo”, com sede central na Indonésia.
O mais inacreditável, nessa contundente palestra, é que o Sr. Grabois insiste no fato de que, embora na economia informal popular “os meios de produção necessários estão ao alcance dos setores populares”, isso não conduz a que tais meios se “explorem coletivamente” e possam gerar “relações sociais que sejam horizontais” — em suma, para se chegar a um regime comunista.
Então é preciso que também a economia informal seja controlada pelo “poder popular”— ou seja, por novos sovietes. Daí nasceria “uma nova sociedade”, que, como facilmente se percebe, identifica-se com o mais puro comunismo.
Tanto mais que, se o modelo dessa “nova sociedade” é o dos assentamentos controlados pelo MST, convém não esquecer o que Miguel Stédile (filho de J.P. Stédile), da coordenação nacional do MST, declarou à revista Época (n° 268, julho de 2003): “Queremos a socialização dos meios de produção. Vamos adaptar as experiências cubana e soviética ao Brasil”19.
Santidade, para meu coração de católico e brasileiro resulta inexplicável que nos recintos sagrados da Cidade do Vaticano tenha ressoado uma tal apologia do comunismo — com sua ideologia fundada na negação da propriedade privada e na luta de classes — feita pelo Sr. Grabois 76 anos depois que o Papa Pio XI houvesse condenado esse sistema antinatural como “intrinsecamente perverso”20!
Sobretudo não deixa de causar perplexidade que o advogado que proferiu semelhante discurso tenha sido convidado, por Vossa Santidade, para uma audiência privada no dia seguinte. E que, no curso dessa audiência, tenha sido gravada a saudação já mencionada para La Via Campesina, e mais um vídeo de promoção do Movimento de Trabalhadores Excluídos, fundado e animado por um militante neomarxista convicto.
É compreensível, pois, que a Via Campesina, o MST e o MTE se tivessem apressado em dar publicidade a esses eventos, como “um acontecimento sem precedentes”, num comunicado conjunto21 amplamente difundido na mídia, no qual se insiste em que a “atividade foi coordenada pelo chanceler da Academia, [Arcebispo] Monsenhor Marcelo Sánchez Sorondo, a pedido do próprio Francisco”.
O comunicado sublinha que, “finalizada a jornada, Stédile e Grabois mantiveram uma prolongada reunião com o Cardeal Turkson, presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz, na qual intercambiaram opiniões sobre diferentes questões sociais e discutiram alternativas para dar continuidade ao diálogo entre Igreja e movimentos populares”.
Desses encontros com prelados da Cúria Romana, o MST e o MTE esperam auferir inúmeras vantagens. O mesmo Grabois afirmou, em entrevista para a Radio Vaticano22: “Nós temos que globalizar a luta (...). E eu creio que nesse âmbito, inclusive o Conselho Justiça e Paz, com uma pessoa como [o cardeal] Turkson, vai nos dar uma mão”. Disse também acreditar que “embora pareça um pouco estranho”, a Pontifícia Academia de Ciências “também está disposta a acompanhar, no que lhe cabe, as reivindicações, as nossas posições, nossas lutas, inclusive fortalecer os processos de organização. Sempre num ambiente de diálogo, de paz, de convivência, de respeito pelas instituições”.
Quanto às promessas de paz e de respeito pelas instituições, pelo menos no que concerne ao MST, sinto-me no direito de qualificá-las de hábil dissimulação para melhor angariar o apoio da Santa Sé.
Mas, se a Pontifícia Academia de Ciências realmente se comprometeu a contribuir para fortalecer os processos de organização dos chamados “movimentos sociais”, como asseveraram esses líderes do MST e do MTE, não surpreende que o comunicado conjunto afirme que ambos os movimentos partilham a “renovada sensação” de ter recebido “um importante apoio em sua luta”, e que “se abre uma nova etapa na unidade global do campo popular”. É como quem dissesse: agora sim, poderemos tornar realidade a convocatória de Marx e Engels: “Proletários de todo o mundo, uni-vos!”
Certamente esta “nova etapa” não pressagia nada de bom para o Estado de Direito e a alardeada democracia nos nossos países. Pois, segundo o mesmo comunicado conjunto do MST e do MTE, “a democracia formal ou burguesa falhou. As formas de representação estão em crise e não respondem aos interesses dos povos. [...] Há necessidade urgente de desenvolver novas formas de participação popular nos três poderes e novas formas de representação política, em todo o mundo. Uma democracia que, além de formal, seja real”.
Em outras palavras, o duo MST-MTE propõe o estilo de “democracia popular” que vigora em Cuba ou na Venezuela chavista. Ou seja, uma ditadura de fato, e tanto mais perigosa quanto esses dois “movimentos sociais” aspiram a amordaçar a imprensa livre: “A construção de uma democracia necessita democratizar, em primeiro lugar, os meios de comunicação”, afirmam eles de modo eufemístico.
Não posso deixar de me perguntar, Santo Padre, com profunda apreensão e até com angústia: de onde provém a esperança desses extremistas de esquerda, de contar com o apoio de organismos da Santa Sé para levar a cabo seus planos revolucionários e ditatoriais?
Tudo parece indicar que eles dão por certo que estaria havendo uma mudança de orientação doutrinária da Santa Sé. Um indício disso é que o comunicado do MST-MTE registra o fato de que “todos os participantes fizeram reiteradas referências à Exortação Apostólica Evangelii Gaudium” e a seus “categóricos e esclarecedores conceitos sobre a situação dos excluídos e a matriz excludente da economia global”.
Outro indício é que a própria Rádio Vaticano, em transmissão de 22 de janeiro último, juntou-se às comemorações dos 30 anos de fundação do MST23. E para isso franqueou seus microfones ao padre Savio Corinaldesi, missionário xaveriano, para o qual o MST é “uma luz”. Este sacerdote, utilizando expressões de um radicalismo fora do comum, chega a dizer que o MST é “odiado, execrado e combatido por aqueles que odeiam, execram e combatem o povo”. E, em seguida, faz uma convocatória para que o povo se organize:
“Mas, ainda hoje, há uma mensagem que todos devemos escutar é pôr em prática: o povo sabe resolver os seus problemas, e o faz quando se organiza” (destaques meus).
Como não ver, nessa esdrúxula transmissão da Rádio Vaticano, uma triste e rejeitável sequela do que se passou na Pontifícia Academia de Ciências?
Para evitar quaisquer mal-entendidos, esclareço a Vossa Santidade que de modo algum considero o atual hipercapitalismo globalizado como panaceia econômica, e que, como católico, deploro, entre outros defeitos graves da presente economia mundial, que os benefícios básicos do progresso material não tenham ainda alcançado muitas parcelas da população. Mas esta não é uma questão meramente econômica.
Ensinou Leão XIII que a chamada “questão social” é principalmente uma questão de ordem moral e religiosa. Disse o Pontífice: “Alguns professam a opinião, assaz vulgarizada, de que a questão social, como se diz, é somente econômica; ao contrário, porém, a verdade é que ela é principalmente moral e religiosa; e, por este motivo, deve ser sobretudo resolvida em conformidade com as leis da moral e da religião”24.
Assim sendo, uma intervenção bem sucedida da Hierarquia Eclesiástica no campo econômico e social deveria partir da denúncia dos dois vícios que estão na origem de todas as desordens e revoluções modernas: o orgulho e a sensualidade 25.
Esses vícios alimentam os dois erros fundamentais e aparentemente opostos de nossa época: o utopismo coletivista e o liberalismo individualista. Porque, de um lado, geram o sonho anárquico-igualitário de uma sociedade sem governo, sem classes e sem leis; e de outro lado, estão na raiz do liberalismo moderno, o qual recusa toda referência a uma verdade objetiva, a valores absolutos, a uma lei superior e, por isso, conduz à “ditadura do relativismo”, oportunamente denunciada pelo então Cardeal Ratzinger 26.
Assim, na raiz mais profunda da crise antropológica pela qual passa hoje a humanidade, não está simplesmente a negação de direitos fundamentais do homem, mas resulta da negação da primazia de Deus na organização da sociedade humana. Todo o resto é mera consequência.
A atual sociedade, de inspiração laica, menospreza os bens da alma. Ela penetrou como um veneno o Ocidente a partir da recusa da ordem austera e sacral que vigorava na Cristandade quando, segundo as luminosas palavras de Leão XIII, “a filosofia do Evangelho governava os Estados. Nessa época a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil”27.
Assim, conforme igualmente aos ensinamentos de São Pio X, um verdadeiro retorno à ordem na sociedade humana supõe a restauração de todas as coisas em Cristo — o belo lema de seu pontificado: Instaurare omnia in Christo (Ef. 1,10) — e a retomada do ideal cristão de sociedade, que ele magistralmente enunciou. Face à “anarquia social e intelectual” que grassava no início do século XX, o santo Pontífice assinalava a verdadeira saída: “A cidade não será construída de outra forma senão aquela pela qual Deus a construiu; a sociedade não se edificará se a Igreja não lhe lançar as bases e não dirigir os trabalhos; não, a civilização não mais está para ser inventada nem a cidade nova para ser construída nas nuvens. Ela existiu, ela existe; é a civilização cristã, é a cidade católica.
Trata-se apenas de instaurá-la e restaurá-la sem cessar sobre seus fundamentos naturais e divinos contra os ataques sempre renovados da utopia malsã, da revolta e da impiedade”28
No que concerne ao reerguimento e à regeneração das classes operárias, São Pio X já insistia em que “os princípios da doutrina católica são fixos” e, citando Leão XIII, sublinhava a necessidade de “manter a diversidade das classes, que é seguramente o próprio da cidade bem constituída, e querer para a sociedade humana a forma e o caráter que Deus, seu Autor, lhe imprimiu”29 (destaque meu).
Ao mesmo tempo aquele grande Pontífice denunciava a perversidade que há em “pretender a supressão e o nivelamento das classes” sociais — tal como o fazem o MST e o MTE — e em trocar as bases naturais e tradicionais da sociedade humana pela promessa de “uma cidade futura edificada sobre outros princípios”30, notadamente os do igualitarismo.
Portanto, não serão os programas altermundialistas de cunho “ecológico” e neomarxista dos ditos “movimentos sociais”, que irão resolver a crise econômica atual e reduzir a pobreza no mundo.
Se o problema é o da emergência dos excluídos, Cuba é precisamente o contra-modelo a ser evitado a qualquer custo, sob pena de transformar o mundo todo numa sociedade de miseráveis, estes sim, excluídos: excluídos do bem-estar, excluídos da vida política, excluídos da cultura, excluídos da liberdade de viajar e, sobretudo, excluídos de praticar sem entraves a religião católica na Ilha-prisão!
Os pobres não querem para si um tal pesadelo. E, por isso mesmo, poucos se deixam iludir pelos devaneios de um MST ou de um MTE, ainda que estes se revistam, em sua pregação revolucionária, com as roupagens falsamente cristãs de uma Teologia da Libertação de orientação claramente marxista.
É muito significativo que, em 2009, uma sondagem do Instituto de pesquisas Ibope 31 tenha mostrado que 92% da população brasileira considera ilegais as invasões de terras promovidas pelo MST; e 72% dos ouvidos julgam que o poder público deveria utilizar a polícia para cumprir ordens judiciais de retirada dos invasores. Para mais de 70% dos entrevistados o MST prejudica o desenvolvimento econômico e social, a geração de empregos e os investimentos nacionais e estrangeiros. Mais significativo ainda, para 85% dos brasileiros o direito de propriedade privada é essencial ao País: clara amostra de que os povos rejeitam o comunismo e sua miséria.
A demagogia da esquerda, Santidade, pode encontrar ressonância nas redações de certos jornais e TVs, em meios acadêmicos, na nomenklatura dos partidos políticos... e até — dói constatá-lo — em certos meios eclesiásticos; mas ela não engana a grande maioria do povo, que cada vez mais se distancia dela.
Comprovação disso é que, entre as reivindicações mais constantes dos movimentos imbuídos dessas ideias revolucionárias sempre esteve a implantação de uma reforma agrária radical, que eliminasse a grande e média propriedade, reduzindo todo o arcabouço rural de uma nação a pequenas áreas de terra que, aliás, em grande parte nem sequer seriam propriedade de seus detentores, mas sim de cooperativas fortemente estatizadas.
Ora, apesar da fenomenal propaganda feita em seu favor e dos rios de dinheiro nela aplicados, a reforma agrária fracassou no Brasil. A situação econômica e social nos assentamentos de reforma agrária é tão grave, que até ministros do governo reconhecem que a grande maioria deles se transformou em autênticas “favelas rurais”. Reconhecimento tardio, pois essa expressão havia sido cunhada muitos anos antes pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em sua luta contínua por alertar os brasileiros para esse desfecho inevitável. Inevitável, sim, pois tudo que contraria a ordem natural cedo ou tarde termina em desastre.
Por isso, dizem com razão os franceses: Chassez le naturel, il revient au galop.
Não foi, pois, por falta de advertência. Desde o início da década de 50, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira havia notado que a propaganda revolucionária soprava no sentido da reforma agrária, a qual por fim se consubstanciou em projetos concretos no final da década. Por isso escreveu e lançou, em 1960, em coautoria com dois Bispos e um economista, o livro Reforma Agrária — Questão de Consciência, no qual profetizou que ela desfecharia no fracasso. Foi o marco inicial de uma luta que comportou a publicação de vários livros, manifestos e declarações, bem como campanhas públicas de divulgação e abaixoassinados, durante as quatro décadas seguintes, até seu falecimento em 1995.
Hoje, estudiosos e profissionais competentes glosam o fracasso da reforma agrária. Assim, ainda há poucos dias, o Prof. Zander Navarro, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em artigo publicado num grande matutino paulista 32, descrevendo o êxodo rural que se verifica de norte a sul do Brasil, escreveu: “E há os assentados, que deveriam ser expressivos. Afinal, seria um conjunto de 1,25 milhão de famílias em 8,8 mil assentamentos, ocupantes de 88 milhões de hectares, quase equivalentes à área total de Mato Grosso. Mas a reforma agrária é um rotundo fracasso: boa parte dos beneficiários desistiu, deixando rarefeitos os assentamentos, em especial do meio do País ‘para cima’, sobretudo no Nordeste e no Norte”.
Enquanto os assentamentos de reforma agrária, criados na onda dessa agitação agrária, nada produzem, vivendo das esmolas do Estado, um competente perito da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa)33 observa que a tecnologia tem ajudado aos pequenos, médios e grandes agricultores, e acrescenta: “A produção agrícola do Brasil alimenta 1 bilhão de pessoas”34. Outro estudo registra que “o preço da cesta de alimentos caiu pela metade entre 1975 e 2010”35, o que explica o fato de que, “na década de 1970, a família média brasileira gastava cerca de 40% da renda familiar em alimentos. Atualmente, esse valor não passa de 16%”36.
Quo vadis, Domine?
Vossa Santidade, agindo com calculada prudência, vai definindo aos poucos os rumos do seu pontificado.
É natural que os fiéis acompanhem com atenção os passos que vão sendo dados nesse sentido.
Diante das inevitáveis perplexidades que toda mudança de rumo naturalmente produz, compreende-se que muitos façam, no interior de seus corações, a pergunta que, segundo a legenda, o próprio São Pedro fez quando, fugindo da perseguição de Nero, encontrou Jesus Cristo que vinha em sentido contrário:
Quo vadis, Domine? — Aonde vais, Senhor?
Ao ouvir a resposta de Nosso Senhor de que Ele se dirigia a Roma para ser novamente crucificado, São Pedro entendeu que o momento havia chegado de ele próprio sofrer o martírio. E, assim, submeteuse ao suplício com grande humildade, pedindo aos algozes que o crucificassem de cabeça para baixo — segundo piedosa tradição — porque não se considerava digno de que sua morte igualasse em todos os pormenores à de Cristo.
Assim, em vista dos fatos acima pormenorizadamente descritos, e das perplexidades por eles suscitadas, um fiel poderia ser levado a dirigir ao Papa Francisco idêntica pergunta — Quo vadis, Domine? Seria legítimo fazê-lo? Em que condições?
O Código de Direito Canônico consagra, no cânon 212 § 3, o pleno direito de todo fiel à respeitosa exposição de sua opinião, nessa ou em outras matérias: “Os fiéis, segundo a ciência, a competência e a proeminência de que desfrutam têm o direito e mesmo, por vezes, o dever de manifestar aos sagrados Pastores a sua opinião acerca das coisas atinentes ao bem da Igreja, e de a exporem aos restantes fiéis, salva a integridade da fé e dos costumes, a reverência devida aos Pastores, e tendo em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas”.
Faço-o, pois, nesta REVERENTE E FILIAL MENSAGEM, convencido de que Sua Santidade receberá a presente manifestação com paternal benevolência, e como uma leal contribuição para o êxito de sua excelsa missão no governo da Santa Igreja.
* * *
Reafirmando uma vez mais a minha obediência irrestrita e amorosa não só à Santa Igreja como ao Papa, em todos os termos preceituados pela doutrina católica, peço a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que ilumine Vossa Santidade e ajude todos os católicos latino-americanos a permanecer fortes in fide, nas suas convicções católicas e em sua rejeição ao extremismo de esquerda, de maneira que esta Terra de Santa Cruz continue a ser cada vez mais, junto com as nações irmãs da América Espanhola, o Continente da Esperança, sob as bênçãos de sua querida padroeira, Nossa Senhora de Guadalupe.
Osculando o anel do Pescador, peço humildemente a Bênção Apostólica, in Jesu et Maria
12 de fevereiro de 2014
O príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança é Chefe da Casa Imperial Brasileira – Documento escrito e enviado ao Papa Francisco em 8 de fevereiro de 2014
Notas:
1 A Campanha Paz no Campo vem se notabilizando no Brasil pela defesa dos princípios da propriedade privada e da
livre iniciativa, segundo os ensinamentos contidos nos documentos do Magistério tradicional da Igreja.
2 http://www.feedfood.com.br/agronegocio-corresponde-37-dos-empregos-gerados-no-pais/
3http://exame.abril.com.br/economia/noticias/recorde-de-exportacoes-no-agronegocio-aumenta-demanda-porprofissionais
4 http://www.adistaonline.it/?op=articolo&id=53494
5 http://www.wsftv.net/Members/focuspuller/videos/joao-pedro-stedile-1/view
6http://leonardoboff.wordpress.com/2014/01/10/os-movimentos-populares-latino-americanos-junto-ao-papa-francisco/
7 http://www.uel.br/grupo-pesquisa/gepal/anais_ivsimp/gt7/15_mairakubik.pdf
8 http://www.mst.org.br/node/15560
9 http://www.old.pernambuco.com/ultimas/noticia.asp?materia=2008610133246
10http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/1995/march/documents/hf_jp-ii_spe_19950321_brasile-adlimina_
po.html
11http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/2002/november/documents/hf_jp-ii_spe_20021126_brazilsul-
iii-iv_po.html
12 http://www.agendaoculta.net/2012/08/el-capitalismo-de-exclusion-y-la.html
13 http://www.cartoneando.org.ar/content/capitalismo-popular-una-variante-salvaje-del-modelo-por-juan-grabois
14 http://www.economiapopular.coop/juan-grabois
15 http://mareapopular.org/revista/agremiando-la-precarizacion-laboral/
16http://www.telam.com.ar/notas/201307/26546-el-papa-mando-a-buscar-a-35-cartoneros-argentinos-entre-un-millonde-
peregrinos.html
17http://www.noticiasdiaxdia.com.ar/noticias/val/6869-43/-carta-al-evita-desde-el-vaticano-por-juangrabois.
html#.UtMMcvSICSp
18 http://www.casinapioiv.va/content/dam/accademia/pdf/sv123/sv123-grabois.pdf
19 http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT564366-1653-5,00.html
20 Carta Encíclica Divini Redemptoris, de 19 de março de 1937, § 58.
21http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Movimentos-Sociais/Os-movimentos-populares-latino-americanos-junto-ao-
Papa-Francisco/2/29947
22 http://media01.radiovaticana.va/audiomp3/00404088.MP3
23
http://it.radiovaticana.va/news/2014/01/22/brasile:_compie_30_anni_il_movimento_%E2%80%9Csem_terra%E2%80%9D/it
1-766279
24 Encíclica Graves de communi, de 18 de janeiro de 1901.
25 Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Parte I, cap. VII, 3.
26 Disse o Cardeal: “Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa
como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades” (Homilia na Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, 18 de abril
de 2005 — http://www.vatican.va/gpII/documents/homily-pro-eligendo-pontifice_20050418_po.html
27 Encíclica Immortale Dei, de 1° de novembro de 1885.
28 Carta Apostólica Notre charge apostolique, de 25 de agosto de 1910, § 11
http://agnusdei.50webs.com/notrech2.htm
29 Carta Apostólica Notre charge apostolique, de 25 de agosto de 1910, § 9
http://agnusdei.50webs.com/notrech2.htm
30 Carta Apostólica Notre charge apostolique, de 25 de agosto de 1910, § 9 e 10
http://agnusdei.50webs.com/notrech2.htm
31 http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,ibopecna-92-condenam-ocupacoes-do-mst,485449,0.htm
32 O Estado de São Paulo, 22 de janeiro de 2014.
33 Evaristo Eduardo de Miranda, doutor em Ecologia e responsável pela área de monitoramento por satélite da
Embrapa.
34 http://www.iica.int/Esp/regiones/sur/brasil/Lists/Noticias/DispForm.aspx?ID=634
35 Notícias Agroinvvesti, 17 de junho de 2011, Cleber Bordignon, Agronegócio, um mundo de oportunidades
http://www.agroinvvesti.com.br/?menu=noticias&id=907
36 Notícias CNA, 2 de novembro de 2011, Brasil e EUA: grandes potências para alimentar o mundo
http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/noticias/brasil-e-eua-grandes-potencias-para-alimentar-o-mundo