"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

OPOSIÇÃO INCLUI PEDALADAS DE 2015 NA DENÚNCIA PARA GARANTIR IMPEACHMENT


O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB)


(Estado) O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve adiar a divulgação de seu parecer a respeito do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff apresentado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior. 
A previsão era de que ele se manifestasse nesta terça-feira, 13. Porém, como a oposição decidiu apresentar nessa terça um aditamento ao requerimento para incluir as chamadas "pedaladas fiscais" cometidas neste ano, Cunha não deve conseguir se pronunciar.

A previsão inicial era que, diante do indeferimento articulado por Cunha com a oposição, o recurso ao plenário seria apresentado até quinta-feira, 15. 
Agora, os oposicionistas não devem mais apresentar o questionamento à decisão do peemedebista nesta semana, retardando o início de um eventual processo contra a petista.

Diante da fragilidade crescente de Cunha em razão das denúncias de seu envolvimento na Operação Lava Jato, os oposicionistas pressionavam o presidente para que ele acelerasse a abertura do processo de impeachment. 
Na noite dessa segunda-feira, 12, receberam do peemedebista a promessa de que ele faria o que havia combinado inicialmente: indeferir o pedido para que um recurso fosse apresentado em plenário.

Ao sair da reunião feita na noite de segunda-feira, 12, no apartamento funcional do líder do Solidariedade, Arthur Oliveira Maia (BA), dois deputados oposicionistas disseram aoEstado que entendiam o risco do adiamento da manifestação de Cunha, mas que era preferível esperar a dar brecha a questionamentos do governo, já que o requerimento não apresenta de forma consistente as "pedaladas" praticadas em 2015, primeiro ano do segundo mandato de  Dilma.

Além de Maia, participaram da reunião o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SP), e os líderes do DEM, Mendonça Filho (PE); do PPS, Rubens Bueno (PR); do PSB, Fernando Filho (PE); e da Minoria, Bruno Araújo (PSDB-PE). 
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) também participou, mas saiu antes dos demais.  O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), não participou do encontro porque estava focado na redação do aditamento.

Na última semana, Reale Júnior fez um aditamento apontando que o governo "pedalou" também neste ano. Em julho, o Estado mostrou que a Caixa Econômica Federal fechara o mês de março com um déficit de R$ 44 milhões na conta para pagamento de seguro-desemprego, que é 100% financiada por recursos do Tesouro. 
Esse buraco indica que houve falta de recursos e que o banco pode ter sido forçado a, novamente, usar recursos próprios para pagar o programa. Segundo apurou a reportagem, Cunha avaliou como "fraca" a petição apresentada por Reale Júnior.

O novo aditamento utiliza o relatório do procurador Júlio Marcelo de Oliveira, responsável pela investigação que aponta que o governo atrasou a transferência de R$ 40,2 bilhões aos bancos públicos no primeiro semestre de 2015, montante maior que o verificado em todo o ano passado (R$ 37,5 bilhões).

Para a oposição, o argumento de que o atraso nos repasses de dinheiro do Tesouro Nacional a bancos públicos ocorreu também em 2015 derruba o discurso de Cunha de que não se poderia abrir processo com base em irregularidades cometidas no mandato anterior de Dilma. 
Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitou por unanimidade as contas do primeiro mandato da petista com base nas "pedaladas" de 2014.

Nesta terça-feira, os líderes da oposição devem se reunir entre si e também com Eduardo Cunha. Os deputados avaliam pressionar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a apresentar as provas que diz ter contra o presidente da Câmara. 
O Ministério Público Federal recebeu do Ministério Público da Suíça documentos que comprovariam que Cunha e familiares têm contas bancárias naquele país. Os recursos dessas aplicações foi supostamente utilizado para pagar desde aulas de tênis a cursos no exterior. Cunha nega ter contas em seu nome fora do Brasil.

13 de outubro de 2015
in coroneLeaks

CONFIRA 8 DECISÕES DE TEORI ZAVASCKI QUE SERVIRAM PARA SALVAR O PT E ATRASAR A LAVA JATO


Quando os britânicos quebraram o código secreto das comunicações nazistas, se viram diante de uma difícil escolha: caso frustrassem todos os ataques alemães, logo passariam a certeza de que aquele sistema havia sido hackeado. E a solução seria simplesmente deixar que o exército inglês perdesse algumas batalhas, escolhendo apenas as mais importantes para vencer.
Entender a força do petismo junto à suprema corte exige esforço parecido. Mesmo para os de passado mais suspeitos, há decisões tomadas que desagradam o Planalto. Mas, quando o voto parece ter mais peso no futuro do petismo, é estranho como algumas figuras costumam votar em acordo com os interesses do PT.
Teori Zavascki, antes de se intrometer nas decisões da Câmara dos Deputados e barrar o rito que liberaria a oposição para exigir o impeachment de Dilma sem o apoio da presidência da casa, havia sido indicado pela presidente ao STF quando os mensaleiros encontravam-se condenados pelo crime de formação de quadrilha. 
Mas seu voto, junto ao de Barroso, reverteu o placar, o que permitiu aos cabeças da organização já gozarem de certa liberdade hoje em dia.
Selecionamos abaixo 8 decisões recentes que colocam em suspeita a imparcialidade deste ministro do STF. Mas não tenham dúvida: ele não seria o único. O próprio Gilmar Mendes, em voto recente, descreveu o Supremo Tribunal Federal brasileiro como bolivariano. Ou seja: como refém do poder executivo.
  1. Quando Teori Zavascki decidiu que o ex-tesoureiro do PT poderia ficar calado em acareação na CPI da Petrobras. E assim ele ficou.
  2. Quando Teori Zavascki decidiu que as denúncias contra a petista Gleisi Hoffman deveriam sair da alçada da Lava Jato, abrindo caminho para o “fatiamento” da investigação.
  3. Quando Teori Zavascki tentou fazer o mesmo com o Eletrolão.
  4. Quando Lula o procurou para não só soltar Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, mas também negar um novo pedido de prisão.
  5. Quando Teori decidiu que Lula deveria ser ouvido na qualidade de informante, tirando do ex-presidente a obrigação de dizer somente a verdade no depoimento.
  6. Quando barrou o rito do impeachment traçado por Eduardo Cunha tirando da oposição a liberdade de sozinha caminhar com o impedimento de Dilma.
  7. Quando, ainda bem no início, mandou soltar todos os presos da Lava Jato, tentando acabar de vez com a operação.
  8. Quando foi um dos votos decisivos a livrar os mensaleiros da pena por formação de quadrilha.
Foto: Wilson Dias/ABr


13 de outubro de 2015
impllicante

NÃO SE DEIXE ENGANAR PELA IMPRENSA

A imprensa tenta te enganar: não há qualquer conclusão sobre fraude nas urnas eletrônicas em 2014

Ao menos três grandes veículos já deram e foram repercutidos por veículos menores. Dizem eles na manchete que a “auditoria do PSDB conclui que não houve fraude na eleição“. Mas basta ler o texto para, já no segundo parágrafo, descobrir que “o relatório das urnas não é ‘conclusivo’ em relação a fraude“. Se o relatório não é conclusivo, como a auditoria concluiu algo?
Eu, Marlos Ápyus, falo pela experiência de quem possui diploma em jornalismo e convive com jornalistas brasileiros há 15 anos: a imprensa brasileira é em geral esquerdista e muito defensora não só da esquerda, mas dos partidos que se originam dela. Caso não confiem num depoimento pessoal, confiram o resultado do Prêmio Congresso em Foco 2015 na categoria definida por um grupo de mais de 180 jornalistas que cobrem política em Brasília: os 10 deputados mais votados pertecem a partidos de esquerda, incluindo 4 dos 5 deputados da bancada do PSOL.
Não acusaria tais veículos de manterem como um todo um viés petista em suas pautas, mas não duvido que sejam redigidos por profissionais que não se negariam esse papel sempre que vissem uma brecha na editoria.
A notícia mais importante do tal relatório traz que, segundo o PSDB (frise-se), não há como o eleitor brasileiro confiar nas urnas eletrônicas pois elas não permitem uma auditoria confiável. Um título que, em cima dessa informação, destaque a não ocorrência de fraude nas eleições 2014 é uma manchete tendenciosa e cúmplice de um governo que quebrou a economia brasileira, cometeu crimes fiscais e fez com que mais de 8 milhões de brasileiros se encontrem hoje na condição de desempregados.
Aqui, no Implicante, por tantas vezes me sinto fazendo homenagens ao bons jornalistas. Pesco no noticiário as notícias que julgo mais importantes, cito o veículo, por vezes cito o autor, dou link pro conteúdo original e insisto para que o leitor acompanhe o bom trabalho por eles realizados. 
O mesmo não consigo fazer com profissionais que se dão a essa missão governista e inconsequente. Eles mancham a reputação do jornalismo, distanciam os bons profissionais das redações, enganam o eleitor e fortalecem corruptos. Esse tipo de jornalista merece ser combatido principalmente pelos bom jornalista. Porque é o mau profissional que acaba com a confiança do leitor, derrubando a audiência do telejornal e acabando com as vendas do impresso.
O relatório do PSDB será publicado na próxima quinta e sugerirá, entre outras medias, a adoção do voto impresso e um mesmo horário de votação para todo o território nacional. Só assim para que as eleições brasileiras passem a trazer resultados mais confiáveis.
Foto: José Cruz
Leia também | Já chega a 26,6% a parcela de jovens brasileiros que não estudam nem trabalham
13 DE OUTUBRO DE 2015
MARLOS APYUS

"FIRME E TRANQUILO"

'VÃO TER QUE ME ATURAR UM POUQUINHO MAIS', DIZ CUNHA
PRESIDENTE DA CÂMARA FOI DENUNCIADO HOJE NO CONSELHO DE ÉTICA



"QUANDO HOUVE A INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO, O PSOL PEDIU MEU AFASTAMENTO. QUANDO HOUVE DEPOIMENTO DE DELATOR, O PSOL PEDIU MEU AFASTAMENTO. QUANDO HOUVE PEDIDO DE DENÚNCIA, O PSOL PEDIU MEU AFASTAMENTO. POR QUE NÃO PEDIRIA AGORA?", RESSALTOU O PARLAMENTAR (FOTO: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO)


O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reagiu com ironia à pressão que vem sofrendo de opositores para que deixe o cargo diante das denúncias de corrupção no esquema investigado pela Operação Lava Jato. "Acho que vão ter que me aturar um pouquinho mais", respondeu o peemedebista quando abordado sobre os pedidos para que saia da presidência. Nesta terça-feira, 13, o PSOL, com assinaturas de parlamentares de outros partidos, apresentou ao Conselho de Ética da Câmara pedido de cassação de Cunha por quebra de decoro.

Cunha afirmou estar "firme" e "tranquilo" e negou que ser alvo de pressão. "Quando houve a instauração do inquérito, o PSOL pediu meu afastamento. Quando houve depoimento de delator, o PSOL pediu meu afastamento. Quando houve pedido de denúncia, o PSOL pediu meu afastamento. Por que não pediria agora? Já entrou na corregedoria duas vezes. É da política. São os meus adversários políticos. É normal. Estou aqui firme", afirmou Cunha. "Estou absolutamente tranquilo", disse o presidente da Câmara.

PSOL e Rede Sustentabilidade protocolaram nesta tarde no Conselho de Ética da Câmara uma representação contra o presidente da Casa por quebra de decoro parlamentar. Dos 46 parlamentares que assinaram o apoiamento ao início da ação parlamentar, 32 são do PT. Também assinaram o documento parlamentares do PSB, PPS, PROS e o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

Essa é a primeira representação em 2015 no Conselho de Ética contra um investigado na Operação Lava Jato. A representação conclui que Cunha mentiu à CPI da Petrobras ao negar que tivesse contas ocultas no exterior e pede a cassação do mandato parlamentar. "A Câmara quebra o silêncio e toma uma iniciativa concreta", disse o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).

A representação será encaminhado às Secretaria-Geral da Mesa Diretora, que terá três dias para devolvê-lo ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Em seguida, o colegiado sorteará três membros do Conselho e um deles será escolhido pelo presidente José Carlos Araújo (PSD-BA) como relator do processo. O parlamentar já avisou que não vai escolher o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) como relator porque Delgado disputou a presidência da Casa com Cunha. "Não quero que paire dúvidas sobre a escolha do relator. Quero preservar o Júlio Delgado", justificou o presidente do Conselho de Ética.

A representação foi protocolada em uma reunião concorrida, com a presença de deputados que apoiaram o início do processo e membros dos Conselho. Araújo avisou que dará andamento a ação contra Cunha. "Neste Conselho não haverá procrastinação", disse.

Impeachment. Eduardo Cunha indeferiu nesta terça-feira cinco pedidos de impeachment, mas disse que pode esperar uma decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (STF) para se manifestar sobre o requerimento apresentado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.

O presidente da Câmara disse prestará informações e recorrerá, até esta quarta-feira, 14, das liminares concedidas pelo STF que suspendem a aplicação do rito estabelecido por Cunha para o processo de impeachment. Ao contrário do entendimento do governo, o peemedebista disse que as implicações da decisão provisória do Supremo atingem apenas a tramitação a partir de um recurso, mas não a deliberação monocrática de Cunha. Ou seja, ele ainda pode deferir ou indeferir pedidos.

"A Casa vai recorrer. Não há qualquer alteração em relação ao meu papel originário de aceitar ou indeferir. Indeferi cinco agora. Não há nada em relação ao meu papel", afirmou.

Cunha rebateu ainda as acusações de que se manifestará sobre o impeachment por vingança. "Não preciso ficar batendo boca com fofoca. Não preciso ficar me preocupando com aquilo que plantam através de vocês para criar um clima de instabilidade. Respondo com os fatos. O tempo, por si só, esclarece", afirmou. (AE)



13 de outubro de 2015
diário do poder

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA CLAUDIO HUMBERTO

KROLL NÃO ACHOU CONTAS DE CUNHA NA SUIÇA
Embora tenha dito que não investigou parlamentares, a empresa de investigações Kroll não foi capaz de encontrar as contas secretas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na Suíça. Integrantes da CPI da Petrobras, que contratou a Kroll por R$ 1,2 milhão para auxiliar a CPI, estranharam a empresa de inteligência não encontrar dados de uma investigação pública, comandada pelo Ministério Público da Suíça.


DEVER SER
Para ter sido um trabalho útil às investigações da CPI, a Kroll tinha que investigar todas as pessoas citadas nas delações na Lava Jato.


NÃO RESISTIU
Após ser pressionada pela CPI, a Kroll revelou que fuçou dados dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque.


... e ADMITIU
A Kroll admitiu ter inve...stigado o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o empreiteiro Ricardo Pessoa (UTC) e o megadoleiro Alberto Youssef.


NO LIXO
Após receber R$ 1,2 milhão da Câmara pelo trabalho na CPI da Petrobras, a Kroll ficou ‘sob suspeita’ e não teve o contrato renovado.


GOVERNO TORROU R$ 412 MILHÕES EM DIÁRIAS ESTE ANO
Durante o anúncio solene das medidas que chamou de “reforma administrativa”, sexta-feira (2), a presidente Dilma incluiu entre as suas declarações de intenção de tentar reduzir gastos com diárias e viagens no serviço público. Pudera. Na discussão dessas medidas, ela ficou espantada com a informação de que somente este ano, até o mês de agosto, seu governo torrou R$ 412 milhões em diárias para servidores.


NINGUÉM VIGIA

Na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, onde não se vigia a farra, estão 14 dos 15 maiores contemplados com diárias: média de R$60mil.


LEI AMIGA
Segundo a lei, diárias só são concedidas para indenizar o servidor por despesas extras com “pousada, alimentação e locomoção urbana”.


A CONTA É SUA
Se o ritmo de gastos continuar, o governo Dilma deve gastar cerca de R$ 800 milhões com diárias apenas este ano.


CUNHA, O PARANOICO
Quem conversa com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sai com a impressão de que ele agora encarna um personagem famoso do saudoso Pasquim, jornal carioca de humor: “Ubaldo, o Paranoico”.


ESFORÇO PROTOCOLAR
Os partidos aliados orientaram seus deputados a não registrarem presença na sessão do Congresso analisaria vetos presidenciais. O PCdoB, que ganhou o Ministério da Defesa, foi um deles.


AGORA VAI?
O líder do PP, deputado Eduardo da Fonte (PE), garante que nesta semana os partidos da base aliada do governo Dilma vão dar quórum para votar os vetos presidenciais. Diz que agora “os ânimos esfriaram”.


PURO FISIOLOGISMO
Voz destoante do seu partido, o senador Antonio Reguffe (PDT-DF) critica a reforma ministerial do governo. “Não há qualquer proposta nova para a saúde”, critica. Segundo ele, “é puro fisiologismo”.


VANGUARDA DO ATRASO

Enquanto o mundo azeita as relações comerciais em tratados como o Trans-pacífico, que prevê até troca de mercadorias, tipo queijos, no Brasil a atrasada “vigilância sanitária” apreende até queijo da Serra, de Portugal, ou doce de leite argentino, adquiridos no freeshop.


DILMA SITIADA
“Não há nada que leve à compreensão de que o governo Dilma sobreviva até janeiro”, diz o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), uma das principais vozes da oposição favoráveis ao impeachment de Dilma.


MUDANÇA DE ESTRATÉGIA

A esperança da oposição na CPI do BNDES é a chegada de inquéritos do Ministério Público para pressionar o comando da CPI a investigar negócios escusos no banco com empreiteiras enroladas no Petrolão.


FACTÓIDE

O Planalto avalia que a ameaça do líder do PRB, Celso Russomanno (SP), de entregar o Ministério do Esporte não passou de uma tentativa de descolar do governo para disputar a Prefeitura de São Paulo.


PENSANDO BEM...
... nesta terça, o Tribunal de Contas deveria homenagear o ex-ministro Guido Mantega (Fazenda) pelo Dia do Maquiador.



13 de outubro de 2015

BRASIL: É HONESTO, É LADRÃO OU É TICO-TICO NO FUBÁ?

A onda de corrupção, em que se rouba até mosca de aranha cega e lençol de fantasma, trouxe pelo menos uma armagedonicamente inovadora face à política brasileira. 
Saiu de cena a velha bipolaridade direita barra esquerda.
Entra a nova bipolaridade, essencial: ou é honesto, ou é corrupto.


Por que a política Dilma 2015 se converteu numa caleidoscopia, num jogo de espelhos quebrados? A resposta é simples: como estão quase todos envolvidos na Lava Jato, a cada dia os políticos se vêm compelidos a mudar de lado. 

Os intercolutores agora têm cabeça de medusa e rostos de mil faces. Um novo desenho por segundo. Tudo aquilo que é, no minuto seguinte já era (Walter Benjamin notava que a expressão “era uma vez” é sempre a grande prostituta da história…)

A face outra, sempre ao calor da hora, teve outra feição neste fim de semana, revelada pela coluna Painel: no ultimo sábado um encontro demencial reuniu o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o líder da bancada do PSDB, Carlos Sampaio (PSDB-SP), e o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Nele, os três combinaram o seguinte roteiro: Cunha rejeitará todos os pedidos de impeachment, menos o apresentado por Hélio Bicudo, que será turbinado com uma manifestação do procurador Júlio Marcelo de Oliveira, que atua junto ao Tribunal de Contas da União, alegando que as chamadas ‘pedaladas fiscais’ prosseguiram em 2015. 


Assim, Cunha terá um argumento para dizer que aceitará uma denúncia ancorada em fatos do atual mandato, e não do anterior – o encontro secreto confirma que a nota da oposição, pedindo o afastamento de Cunha, não passa de encenação.

O encontro dá uma chave para a nossa atual condição: ninguém quer investir no Brasil porque não se sabe qual vai ser a cada do país no minuto seguinte. A novidade se enrodilha a cada nanossegundo.


Ou seja: o que era, não é mais: e mais uma vez…
Ninguém quer saber mais se fulano é ou de esquerda ou é de direita: o barato é saber apenas se é honesto ou não.

Aplicaram o velho truque da linguagem para esconder esse cenário.
Bem que o PT tentou levar a frente a mais sacrossanta distorção do silogismo. Premissa maior: o governo do PT é de esquerda. Premissa menor: quem não é de esquerda é de direita. Conclusão: quem se opõe à esquerda (PT) só pode ser de direita…

Os termos “política de direita” e “política de esquerda” foram cunhados na Revolução Francesa (1789–99). Inicialmente, apenas se referiam ao lugar onde políticos se sentavam no parlamento francês. 

Aqueles sentados à direita da cadeira do presidente parlamentar eram singularmente favoráveis ao Antigo Regime (defesa cega da hierarquia, tradição e clero).
Aqui e agora, interessa aos zeros à esquerda dizer que no Brasil o oposto da esquerda é tão somente a direita furiosa.

Mentira: a maioria oposta à esquerda dita progressista, no Brasil, é composta por conservadores. E eles em sua imensa maioria não são direitistas.
Mesmo os conservadores trazem contradições que chocariam nossas esquerdas: Edmund Burke, bretão pai do conceito de conservadorismo, era dito conservador porque se opunha à Revolução Francesa (mas defendia com unhas e dentes a Revolução Americana, para o arrepio das nossas esquerdas…)

O golpe de satanizar a direita não mais funciona.
Quem se opõem ao PT, ao PMDB, ao PSDB (e ao diabo, enfim e amiúde) é a parcela honesta do país, que graças a Lava Jato não sabe mais com quem está lidando…
Última cartada

A última cartada do PT foi reduzir os ministérios do partido de 13 para 9, e o PMDB manteve as sete pastas recebidas no início do mandato, mas ganhou ministérios com mais peso, como o da Saúde, que tem o maior orçamento do governo.

A saída é racionalmente justificada: a maior irrigação política deste país ainda é do PMDB. Lembrem-se que Quércia foi quem inventou as frentes municipalistas. Elas fizeram do partido o mais forte do Brasil (Luiz Fernando de Souza, o Pezão, o mais novo arauto do municipalismo, vem de uma terra carioca de ninguém, obscuro município de Piraí).

O PMDB aprendeu a resistir a ditadura e a gerenciar o poder depois que ela acabou. Irrigou a democracia dominando nos bairros, nos rincões.
Lembre-se: o PMDB saiu das eleições de 2014 como o maior partido do país em Estados administrados. Dispõe também do maior número de municípios e de parlamentares no Congresso Nacional; emplacou sete governadores, a maior quantidade entre as nove legendas que elegeram governantes no ano passado. Em 2012, lembre-se também, o PMDB fez o maior número de prefeitos (1.019 ao todo).

O PMDB dominou a superestrutura, a infraestrutura e , agora, a microestrutura.
Mas a Lava Jato ensina que nem PMDB, nem ninguém, dispõe de uma feição barra história que dure mais de 48 horas. A casa tem caído a cada minuto para muita gente.
Quem vai investir num país caleidoscópico que parece o País das Maravilhas, de Alice?
Silvio Santos perguntaria bem: “É honesto, é ladrão ou é tico-tico no fubá ? “



13 de outubro de 2015
Claudio Tognolli

A MALAISE BRASILEIRA

O Índice de Satisfação com a Vida, medido trimestralmente em pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), chegou ao nível mais baixo de sua série, iniciada em 1999.

Isso significa que a crise que o País atravessa é percebida pelos brasileiros como a pior desde aquela época, erodindo a sensação de bem-estar que foi especialmente alta entre os anos de 2006 e 2013 – a chamada “era de ouro” do lulopetismo. 
Agora, por mais que o governo da presidente Dilma Rousseff tente estimular o otimismo, fazendo até mesmo referência, recentemente, a uma “luz no fim do túnel”, o fato é que a população em geral vem manifestando desconforto cada vez maior com a sua situação, uma espécie de malaise nacional, cuja superação demandará muito mais do que as surradas tiradas de autoajuda às quais vem recorrendo o atarantado governo petista.

O índice de satisfação caiu de 94,7 para 93,4 pontos no trimestre encerrado em setembro, bem abaixo da média histórica, que é de 101,7 pontos. Os pesquisadores constataram que o aumento da insatisfação foi maior entre aqueles que têm renda familiar menor. 
Na faixa dos que recebem até um salário mínimo, o índice caiu 13,5% entre setembro de 2014 e o mesmo mês deste ano. Isso significa, provavelmente, que os efeitos da inflação alta e do desemprego crescente começam a afetar a percepção dos brasileiros mais pobres a respeito de sua situação e do que o futuro lhes reserva.

Tanto isso é verdade que o Índice de Medo do Desemprego, também medido pela CNI, passou de 104,1 pontos em junho para 105,9 em setembro, sendo este o terceiro patamar mais alto da série, muito acima da média histórica, que é de 88,2 pontos. 
O crescimento desse índice no período de um ano foi de nada menos que 37,5% – eram apenas 77 pontos em setembro de 2014.

Essa perspectiva negativa já havia sido constatada em outra pesquisa da CNI, feita pelo Ibope, em que a maioria absoluta dos entrevistados, 63%, declarou esperar que o restante do governo de Dilma seja ruim ou péssimo, contra 28% que tinham essa mesma opinião em dezembro do ano passado. 
Está claro que o choque de realidade proporcionado pela incompetência de Dilma, somado às inúmeras promessas de campanha descumpridas em seu novo mandato, contribuiu decisivamente para minar a confiança dos brasileiros em seu governo e para generalizar uma sensação de desalento – especialmente entre a clientela eleitoral mais fiel a Dilma e ao PT, localizada no Nordeste e entre os mais pobres e menos instruídos.

Dos entrevistados que completaram até o 4.º ano do ensino fundamental, por exemplo, 53% declararam estar com “muito medo” do desemprego. Em dezembro de 2014, quando Dilma ainda festejava a sua reeleição, apenas 14,4% responderam dessa maneira. A grande maioria, 61%, declarou na ocasião que não tinha nenhum receio de ficar sem trabalho.

Entre os entrevistados no Nordeste, 56% disseram ter “muito medo” de perder o emprego, contra apenas 11% no final do ano passado. Pode-se inferir que a atenção especial dada pelo governo àquela região, na forma de programas assistenciais e de renda, manteve em alta o otimismo de seus moradores no ano da eleição presidencial, mesmo diante das evidências de que a economia já degringolava. 
Em contraste, no Sudeste, o medo do desemprego já era alto em dezembro de 2014, na casa dos 21,2%, o que significa que, nessa região, a percepção sobre a crise econômica, causada pelas lambanças de Dilma, já era uma realidade. Agora, o medo do desemprego no Sudeste está em 53% – alto, mas menor do que no Nordeste.

Diante desse quadro crítico, a presidente Dilma pode escolher trilhar o caminho de seu guru, o ex-presidente Lula – que, em março de 2005, citando um livro de autoajuda, disse que, “se você pensa negativo, o resultado será negativo; se você pensa positivo, as coisas serão positivas”. 
Ou pode arregaçar as mangas para finalmente corrigir os inúmeros equívocos que cometeu e que geraram tanta desesperança nos brasileiros.


13 de outubro de 2015
Estadão

RISCOS OCULTOS

FMI e Banco Mundial promovem dois encontros conjuntos anuais, na entrada da primavera e do outono no Hemisfério Norte, um deles em Washington, sede dos dois organismos multilaterais, outro em algum país-membro. A última reunião conjunta, realizada na semana passada em Lima, no Peru, foi marcada por uma novidade muito antiga.

Explica-se: depois de anos em que a preocupação geral se concentrou nos efeitos da crise global de 2008 sobre economias maduras, a estabilidade financeira dos países emergentes, tema historicamente recorrente nos debates da situação de momento na economia mundial global, voltou ao centro do palco. O iminente início da normalização da política monetária nos Estados Unidos, mesmo que com elevações a conta-gotas das taxas de juros de referência, deflagrou uma onda de alertas contra os riscos de novas turbulências na economia global.

Não é difícil reproduzir o enredo que leva, neste momento, a novas desconfianças em relação à saúde financeira das economias emergentes. Trata-se de uma trágica história, reprisada de tempos em tempos. Começa, nas economias centrais, com as baixas taxas de juros praticadas, na tentativa de ampliar a liquidez doméstica e estimular consumo e investimento, e termina, nos países emergentes, com fugas de capitais, crises cambiais e o tumulto, inclusive político, dos colapsos econômicos.

Há, ligando os dois atos desse roteiro, um movimento intermediário em que as lições das turbulências do passado nunca são aprendidas por inteiro. Depois das crises da dívida dos anos 80 e 90, os países emergentes adotaram o câmbio flutuante em lugar do fixo, acumularam reservas internacionais e estimularam a substituição de dívidas externas por participações acionárias nos mercados domésticos.

Nada disso, porém, parece ter impedido, nos últimos anos, a alavancagem excessiva do endividamento – de governos e empresas –, estimulada pela atração de capitais pela combinação propícia de juros reais elevados, usados, juntamente com o câmbio valorizado, para conter pressões inflacionárias. A verdade é que a liquidez internacional, apesar da crise da 2008, nunca deixou de aumentar – e que uma grande parte foi reciclada pelos emergentes. Em dez anos, de 2004 a 2014, a dívida externa corporativa de emergentes saltou de US$ 4 trilhões para US$ 18 trilhões ao ano.

Artigo da pesquisadora Carmen Reinhart, de Harvard, distribuído durante a reunião do FMI/Banco Mundial, chamou particularmente a atenção. A autora, famosa pela publicação em 2013, em conjunto com o ex-economista-chefe do FMI Kenneth Rogoff, de um polêmico estudo sobre a relação entre endividamento e crescimento econômico, levanta a suposição de que as dívidas de emergentes possam estar subestimadas e contenham riscos ocultos tóxicos.

Reinhart recorda que, na crise mexicana, em 1994-95, descobriu-se depois que havia operações de derivativos em empréstimos não registrados de empresas offshore. Do mesmo modo, na crise asiática de 1997, o Banco Central da Tailândia omitiu do FMI contratos a prazo que encobriram o esgotamento das reservas internacionais do país. Mais recentemente, o mesmo se deu com a Grécia, onde, por diversas manobras, o montante real das dívidas foi sonegado.

Segundo as hipóteses de Reinhart, não se pode esperar que seja diferente agora e, se há dívidas ocultas, é preciso saber onde o dinheiro se esconde. Para ela, boas suspeitas recaem sobre financiamentos chineses de projetos de infraestrutura e produção de commodities em emergentes. Levantamentos detalhados, por exemplo, localizaram empréstimos chineses para a Venezuela, de 2009 a 2014, em montantes anuais equivalente a quase 20% do PIB venezuelano, parte deles sem registros oficiais.

Se essas suspeitas se confirmarem – e nada tenha sido feito para evitá-las a tempo –, a reversão dos fluxos financeiros dos emergentes terá consequências ainda mais penosas e elevadas para a economia global do que o já precificado pelo mercado.



13 de outubro de 2015
José Paulo Kupfer

BLÁ... BLÁ... BLÁ...

by Aristides 'Ares' Esteban Hernández Guerrero desenhista cubano


13 DE OUTUBRO DE 2015

SUPREMO BARRA RITO DE TRAMITAÇÃO DO IMPEACHMENT DE DILMA E ESTRAGA PLANO DA OPOSIÇÃO

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A guerra jurídica já começou na seara do pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Nesta terça-feira (13), o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu de maneira liminar, ou seja, provisória, o pedido feito pelo deputado federal Wadih Damous (PT), em mandado de segurança, para suspender o rito de tramitação do impeachment definido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com base no regimento interno da Casa.

Segundo Damous, o rito do impedimento depende da lei e não pode ser definido de “maneira autocrática pelo presidente da Câmara”. É importante ressaltar que esta decisão impede que a oposição entre com recurso para levar a questão a plenário caso o presidente da Câmara rejeite um pedido de afastamento da presidente, como Cunha já sinalizou que faria.

“Defiro medida liminar para determinar a suspensão da eficácia do decidido na Questão de Ordem nº 105/2015, da Câmara dos Deputados, bem como dos procedimentos relacionados à execução da referida decisão pela autoridade impetrada”, destacou Zavascki, na decisão. Uma liminar parecida também foi concedida pela ministra Rosa Weber, em resposta a mandado de segurança pedido pelo deputado Rubens Pereira Jr.

No final de setembro, em nome do PT e do PC do B, o deputado Wadih Damous apresentou uma questão de ordem sobre o questionamento com relação ao rito de um eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que havia sido apresentado pela oposição e cuja resposta foi lida por Cunha em Plenário.

13 de outubro de 2015
ucho.info

AS CRIANÇAS DE MACONDO

Todos leram ou ouviram falar sobre Cem Anos de Solidão (1967), do colombiano Gabriel García Márquez, morto no ano passado. Em 1982, laureou-se com o Nobel de Literatura. Os especialistas dizem ser uma narrativa que rivaliza com o lendárioDom Quixote, a obra-prima da língua espanhola.

O livro de García Márquez simboliza à perfeição o realismo mágico ou, ainda, o real maravilhoso, gênero literário que explodiu durante algum tempo entre os mais influentes escritores homens do continente. Como curiosidade, essa aura de sucesso foi enfraquecida quando surgiram inúmeras escritoras da região que alcançaram fama nos anos posteriores, como Isabel Allende.

O real maravilhoso é um subproduto do surrealismo e outro genial escritor, o cubano Alejo Carpentier, autor do clássico O Reino deste Mundo (1949), definiu sua essência como tudo aquilo que seria excepcional na vida humana, acrescentando, porém, que “o extraordinário não é forçosamente belo ou sedutor. Não é belo ou feio, mas é principalmente assombroso por ser insólito. Tudo o que escapa às normas estabelecidas é maravilhoso”.

Cem Anos de Solidão descreve sob uma exuberância delirante o inesperado e o incomum, narrando a história de três gerações da família Buendía, em meio a uma população que perde a memória, uma bela mulher ascendendo aos céus envolta em lençóis brancos, ou, ainda, homens capazes de atrair para si um enxame de borboletas amarelas. São passagens mágicas que transcorrem no vilarejo mítico de Macondo e tornam a sua leitura irresistível.

Para os críticos, esse livro seria a metáfora irretocável da História latino-americana, uma luta incessante contra realidades trágicas e brutais, inacreditáveis. O real maravilhoso realçaria mais vivamente o cotidiano de suas populações, refugiando-se em fabulações alucinatórias que seriam as fugas coletivas à opressão existente desde sempre.

Como sabemos bem, Macondo não é um vilarejo das cercanias de Arataca, onde nasceu Márquez. De fato, Macondo é o Brasil. Senão, como entender o nosso país e o seu enraizado real maravilhoso que nos serve como canal de escape – o futebol ou o carnaval à frente? E se incluirmos o mundo da política ou o absurdo Estado brasileiro? Ou ainda o fantástico recente período durante o qual o campo petista tem atuado no poder? Somos uma nação de cegos ou apenas inebriados por algum pó mágico que nos imobiliza, incapazes de alguma reação consequente contra a manipulação que nos transforma em marionetes?

Se brasileiro fosse, García Marquez produziria uma enciclopédia, tal a riqueza material à sua disposição.

Exagero? Ora, este espaço não permite nem esboçar a lista das nossas infinitas excentricidades cotidianas. Duas ilustrações da política: uma, de 2003, enquanto a outra é recente e nos faz rir nervosamente. Naquele primeiro ano, um botocudo autointitulado embaixador quis praticamente eliminar o uso da língua inglesa no cotidiano de nossas relações internacionais, lembram-se? Já o fato atual foi propor um orçamento destinado a gastar sem ter recursos para isso, o que nos garante largo destaque nas olimpíadas das tolices humanas. Entre esses extremos teríamos uma lista a perder de vista.

Por que somos assim, sempre privilegiando o insólito, a ignorância e a irracionalidade? É pergunta que animaria um debate necessário e urgente, como via para iluminar os nossos bloqueios culturais. Sem detalhamento, o que deixarei para outros ensaios futuros, lanço a aposta: são três os fatores maiores que explicam esse avassalador comportamento errático, incoerente e escancaradamente infantil que comanda quase todos nós.

Primeiro, a nossa história rural e seu legado escravocrata. Apenas duas gerações atrás éramos um país agrícola e agrário. Um espaço social sem justiça e abandonado ao poder absoluto dos grandes proprietários de terras. Produziu uma população de migrantes atemorizada e servil, hoje reproduzindo sua submissão nas cidades. Essa herança explica, por exemplo, desde a existência de escravas domésticas – as quais somente agora começam a ter alguns direitos – até o Estado patrimonialista que nos oprime. É o que explica a aceitação passiva de nossa degradante estrutura de desigualdades, ancoradas nesse padrão histórico.

Essa naturalização aceita irrefletidamente nos leva ao segundo fator causal. Desta vez é cultural e nos remete à religião dominante que mantemos entre nós. É o “catolicismo de coitadinhos”, uma explicação do mundo que transfere sempre a resolução dos problemas para o inatingível além, seja em sua forma ortodoxa ou em sua versão “progressista” – o catolicismo combinado com um marxismo primário, que promete “um outro mundo possível”, sem nunca explicitá-lo em termos práticos. A profunda religiosidade dos brasileiros sob esse arcabouço, realço respeitosamente, é outro fator explicativo do atraso de nossa sociedade.

Finalmente, o terceiro fator é político e diz respeito à indigência intelectual da esquerda. São aqueles que deveriam ser abertos à revelação do nosso infantilismo fatalista e confrontá-lo com rigor, apegar-se aos fatos e às evidências do mundo real e sugerir caminhos viáveis. Mas, ao contrário, nossa esquerda, com raras exceções, afirma ainda mais a densidade pueril de nossa imensa Macondo. Nestes anos recentes, autointitulando-se como tal, o petismo no poder desmoralizou completamente esse campo político.

Reconheça-se que são sugestões ainda preliminares para o debate. Mas precisamos, com urgência, abrir uma discussão nacional sobre nosso povo, sua identidade e nossas possibilidades objetivas. Não é mais possível continuar nesse fingimento permanente sobre nós mesmos, pois assim o destino será manter intacta a Macondo brasileira, sem jamais deixar a infância. García Márquez não faria melhor.


13 de outubro de 2015
Zander Navarro

O ACORDO DOS DOIS GRILOS

Só como piada pode-se admitir a versão de que parlamentares andam tentando um acordo de mútua preservação entre a presidente Dilma e o deputado Eduardo Cunha. O presidente da Câmara impediria a abertura de processo de impeachment contra Madame, que por sua vez mobilizaria o Procurador Geral da República e as bancadas governistas para manter o mandato e a função do deputado. Entendimento tão execrável nem nos tempos de Al Capone poderia ser celebrado. Revelaria olímpico rebaixamento moral das duas partes, capaz de justificar a extinção da República e a dissolução das instituições.

Lembra, essa hipotética aliança, a piada do cidadão que prendeu dois grilos numa caixa de fósforos e apostou que no dia seguinte ela estaria vazia, “pois um comeria o outro e o outro devoraria o um”…
O pior nessa novela de horror é que andam buscando viabilizar o enredo. Quem? Deputados do PT, do PMDB e do PP, interessados em não perder sinecuras conquistadas tanto no governo quanto na Câmara. Ignora-se como Dilma e Cunha reagiram à proposta, mas, se nada acontecer com eles, ficará a impressão de algo de podre estar vicejando no reino de Brasília. Ambos poderão escapar da degola, se tiverem bons advogados e sólido apoio parlamentar. Do que se fala é da possibilidade de serem instaurados de brincadeirinha ou de nem serem instaurados processos de impeachment e de cassação. De ficar tudo como está.

Ao rejeitar as contas do governo Dilma referentes a 2014, o Tribunal de Contas da União abriu para o Congresso a obrigação de pronunciar-se, confirmando ou rejeitando o parecer. Não dá para fugir da responsabilidade. Da mesma forma, a Câmara não poderá deixar de levar ao Conselho de Ética a documentação recebida da Procuradoria Geral da Suíça, comprovando a existência de contas secretas de Cunha em bancos daquele país.

As delações premiadas trouxeram profundo avanço jurídico no combate ao crime. O problema está no sigilo que nem sempre protege os delatados. Os delatores podem mentir, ainda que corram o risco de, flagrados na mentira, perderem os benefícios da delação. A situação se complica para os injustiçados, aqueles que forem falsamente acusados, quando a denúncia ganha as ruas. Eis um problema para os meretíssimos e os doutos resolverem.



13 de outubro de 2015
Carlos Chagas

IMPEACHMENT DE DILMA

MINISTRA REFORÇA SUSPENSÃO DE RITO FEITO POR CUNHA
ROSA WEBER DEFERIU 3ª LIMINAR DO DIA CONTRA RITO DE IMPEDIMENTO


STF CONCEDEU TRÊS LIMINARES QUE PODEM AJUDAR A PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF (FOTO: RICARDO BOTELHO/AE)


O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está proibido de analisar ou decidir qualquer pedido de impeachment com base em rito de tramitação criado por ele próprio no fim de setembro.

A decisão foi proferida pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, na terceira liminar do dia sobre o caso. A própria Rosa Weber e Teori Zavascki já haviam concedido outras duas liminares na manhã desta terça, a pedido de parlamentares governistas, que impediam o andamento dos processos.

A ministra determinou que Cunha "se abstenha de receber, analisar ou decidir qualquer denúncia ou recurso contra decisão de indeferimento de denúncia de crime de responsabilidade contra Presidente da República com base naquilo em que inovado na resposta à Questão de Ordem 105/2015".

Conforme a Constituição, cabe ao presidente da Câmara decidir sobre o acolhimento ou rejeição das denúncias por crime de responsabilidade contra a presidente.

Pelas regras estabelecidas por Cunha, em caso de uma eventual rejeição por ele de um dos pedidos de impeachment, um deputado poderia questioná-la para levar a decisão final para o plenário da Câmara. Além disso, definia como seria formada uma comissão especial para analisar o afastamento da presidente, bem como os prazos e procedimentos para funcionamento desse colegiado.

O rito foi combinado entre Cunha e a oposição, para tirar das mãos do presidente da Câmara o peso de impedir a presidente da República.



13 de outubro de 2015
diário do poder

DECISÃO DE ZAVASCKI TRANSFERE IMPEACHMENT DE DILMA PARA O STF

DILMA GANHA TEMPO
AGORA, PEDIDOS DE IMPEACHMENT TERÃO DE PASSAR PELO SUPREMO


MINISTRO TEORI DÁ LIMINAR QUE SUSPENDE RITO DE IMPEACHMENT DEFINIDO POR CUNHA (FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO)


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki concedeu nesta terça-feira, 13, liminar que suspende o rito definido pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a eventual abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Na prática, com essa decisão, pedidos de impeachmento somente podem prosperar por meio do Supremo Tribunal Federal (STF): o Ministério Público Federal (MPF() será chamado a opinar, assim como os autores da ptroposta, e, após exame de Zavascki, como relator, o caso será examinado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal.

O pedido de suspensão foi protocolado pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ). Os deputados Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA) e Paulo Teixeira (PT-SP) também acionaram o STF. Os parlamentares questionam a recusa de Cunha em suspender o rito de tramitação dos pedidos de impeachment – definido por ele mesmo – numa resposta a uma questão de ordem formulada pelo deputado Mendonça Filho (DEM-PE), em setembro.

Cabe ao presidente da Câmara a decisão de aceitar ou não um pedido de impedimento do presidente da República. À oposição, Cunha esclareceu, entre outros pontos, que não cabe a ele decidir se um presidente da República pode ser responsabilizado por atos de mandato passado. A partir da rejeição de um pedido, deputados poderiam recorrer para reverter a decisão em plenário.



13 de outubro de 2015
diário do poder

CUNHA VOLTA A DESPACHAR PEDIDOS DE IMPEACHMENT NA TERÇA-FEIRA

Adicionar legenda
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou que dará novo despacho aos pedidos de impeachment que tramitam na Casa na próxima terça-feira (13). Na última quinta-feira, Cunha arquivou mais um pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O pedido havia sido apresentado pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).
Cunha informou que mais dois pedidos chegaram à Mesa da Câmara na quarta-feira, antes da sessão do Tribunal de Contas da União (TCU) que recomendou a rejeição das contas de 2014 do governo federal. “Teve dois novos pedidos que entraram antes da decisão do TCU. Talvez só na terça eu despache os pedidos que já estão na Mesa.”
UM ATRÁS DO OUTRO
“Cada hora que você despacha um, aparece outro. Isso é fila de táxi, sai um, entra outro”, brincou o deputado.
Ele explicou que rejeitou a solicitação de Bolsonaro porque não atendia aos requisitos técnicos exigidos por lei para abertura de processo. Com essa decisão, já são três os pedidos rejeitados desde a semana passada. Ainda restam sete pedidos para análise de Eduardo Cunha.

13 de outubro de 2015
Luciano Nascimento
Agência Brasil

ELE É QUEM DECIDE

DECISÃO DE TEORI ZAVASCKI NÃO MUDA SEU PAPEL, DIZ CUNHA
SEU PAPEL É DEFERIR OU INDEFERIR PEDIDOS DE IMPEACHMENT, DIZ

EDUARDO CUNHA SÓ NÃO PODERÁ SUBMETER SUA DECISÃO AO PLENÁRIO, SEGUNDO DECISÃO DO MINISTRO DO STF. (FOTO: LUIS MACEDO)


O presidente da Câmara, Eduardo Cunha afirmou há pouco que a decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, de suspender o rito que ele definiu para pedidos de impeachment de Dilma não altera seu papel de deferir ou indeferir essas solicitações.

Cunha havia definido que, caso ele recusasse um pedido para abertura de processo de impeachment contra Dilma, algum deputado poderia recorrer dessa decisão e a palavra final ficaria com o plenário da Câmara. 

Com a liminar de Teori, Cunha é o único responsável por aceitar ou recusar os pedidos, e não poderá haver eventuais recursos ao plenário.

"Isso não interfere no trabalho, porque, a meu papel, cabe deferir ou indeferir, esse papel não está em questão. Então o que está ali é tratando de rito futuro. Então não tem que pensar no rito futuro, tem que pensar no rito presente", afirmou Cunha na Câmara, ao ser questionado por jornalistas sobre a liminar de Teori.



13 de outubro de 2015
diário do poder

LANÇADOI EM MINAS NOVO MODELO DO PIXULECO, O LULA SATÃ


pixuleco, boneco
Novo Pixuleco carrega duas malas: Dilma e o governador Pimentel



















Cerca de 50 pessoas se reuniram na Praça da Bandeira, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na manhã desta segunda-feira (12), para encher o novo modelo do Pixuleco, boneco que faz alusão ao ex-presidente Lula. Esta segunda versão do Pixuleco carrega dos braços a presidente Dilma Rousseff, caracterizada como uma marmota, e o governadorO  Fernando Pimentel retratado como um rato.
Vestido de presidiário e com chifres, ele simboliza o descontentamento contra o governo do PT. Algumas pessoas montaram barraquinhas e venderam adesivos e versões em miniatura do Pixuleco. A maioria dos manifestantes carregava bandeiras do Brasil e entoava pedidos de impeachment, e pedindo intervenção divina e militar.
Uma senhora, que preferiu não ser identificada, afirma que o problema do pais é esse governo “vermelho e comunista”. Ela afirma ser a favor do exército, da polícia e faz uma alusão ao “demo” da democracia.
No local, o grupo de pessoas chamava o boneco de “Lulã”, uma mistura de Lula com satã.
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Boneco de Haddad estava furado e desfilou de joelhos
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EM SÃO PAULO, O BONECO DE HADDAD
Embalado pela repercussão dos bonecos inflados gigantes representando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff,  o Movimento Brasil Livre (MBL) levou no domingo para a Avenida Paulista o boneco “Raddard”.
Com 15 metros de altura, o inflável mostra o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), trajando uma roupa de presidiário, uma ciclofaixa na cabeça e uma radar embaixo do braço. No momento em que foram inflar o boneco, que custou R$ 6.800, segundo o MBL, os ativistas perceberam que ele estava furado.
O jeito foi deixá-lo de joelhos. “O boneco é uma sátira ao prefeito Fernando Haddad. O MBL é contra a indústria da multa em São Paulo e diminuição da velocidade nas vias. Os radares visam roubar o cidadão”, afirmou o estudante Paulo Batista, integrante da coordenação do MBL paulista.

LULA JUSTIFICA PEDALADAS FISCAIS DE DILMA. A CONSTITUIÇÃO?? ORA, A CONSTITUIÇÃO...

FINS E MEIOS
BOLSA FAMÍLIA E MINHA CASA JUSTIFICAM PEDALADAS, DIZ LULA
EX-PRESIDENTE JUSTIFICA O CRIME EM NOME DE PROGRAMAS SOCIAIS

EX-PRESIDENTE FALOU EM SÃO BERNARDO, DURANTE CONGRESSO DE AGRICULTORES (FOTO: RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA)


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 13, que a presidente Dilma Rousseff fez as pedaladas fiscais para assegurar o pagamento dos programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.

Durante evento de abertura oficial do 1.º Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), em São Bernardo do Campo, o ex-presidente argumentou que o governo deveria utilizar esta justificativa para explicar à população a adoção das pedaladas, mesmo que tenha admitido não conhecer bem o assunto.

"Agora, estou vendo a Dilma ser atacada pelas pedaladas. Eu não conheço o processo, mas uma coisa, Patrus (Ananias, ministro do Desenvolvimento Agrário, que estava no evento), que vocês têm que falar é que talvez a Dilma, em algum momento, tenha deixado de repassar o Orçamento para a Caixa, porque tinha que pagar coisas que não tinha dinheiro. E qual eram as coisas que ela tinha de pagar? Ela fez as pedaladas para pagar o Bolsa Família. Ela fez as pedaladas para pagar o Minha Casa, Minha Vida", disse.

Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou a rejeição das contas do ano passado do governo federal devido, entre outros motivos, ao atraso nos pagamentos dos benefícios a bancos públicos. Por causa do adiamento das transferências a instituições financeiras como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES, esses bancos tiveram de usar recursos próprios para honrar os programas federais, em uma espécie de "empréstimo" ao governo, manobra contábil apelidada de “pedalada fiscal”.



13 de outubro de 2015
diário do poder

PT REÚNE A ANCADA PARA REAGIR CONTRA PEDIDO DE IMPEACHMENT


Sibá continua dizendo que não há nada contra Dilma
O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), convocou reunião da bancada do partido para hoje, às 13 horas, para discutir a estratégia a ser seguida caso o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) decida aceitar o pedido de impeachment apresentado pelo jurista e ex-deputado do PT Helio Bicudo.
Mesmo após a decisão do Tribunal de Contas da União, que rejeitou por unanimidade as contas da presidente Dilma Rousseff relativas a 2014, denunciando que as irregularidades continuam em 2015, Machado afirma que não há indícios contra presidente Dilma Rousseff que possam basear um pedido de impeachment.
“Não há nada, matéria nenhuma, que venha a incriminar a presidente, portanto, a peça apresentada por Hélio Bicudo é frágil é inconsistente e a oposição sabe disso e está tentando encontrar elemento para robustecer esta tese”, afirmou ao sair de uma reunião com o ministro da secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
CONSEGUIR VOTOS
O líder do PT acha que o pedido de impeachment irá para disputa política e que os votos serão decididos através de uma disputa política. “Não posso acreditar que os parlamentares poderão votar só porque alguém está pedindo, mesmo com o aditamento que a oposição fará ao pedido”, afirmou.
Sibá Machado frisou por diversas vezes que o governo irá para o embate político e que o governo tem razão no elemento. “Tudo é baseado em diálogo e conversa e vamos fazer isso durante esta terça-feira”, frisou.

13 de outubro de 2015
Deu no Correio Braziliense