"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

A LEI? ORA, A LEI...



O comentário debochado sobre a abrangência da lei é atribuído ao vice-campeão de longevidade entre os mandatários brasileiros: Getúlio Vargas. (Só Dom Pedro II ficou mais tempo.) Visto que não há registro sonoro e que nenhuma eventual testemunha sobreviveu, perdura a dúvida. Afinal, Getúlio disse ou não disse isso?

Seja como for, que o medalhão tenha ou não pronunciado a frase, ela é radiografia de uma das mazelas nacionais: o pouco caso que costumamos fazer de preceitos, regras e obrigações. A lei? Ora, a lei…

Cada um, no íntimo, acredita que restrições e proibições foram criadas para os outros, não para ele mesmo. Pergunto eu: como é possível que o descaso com as regras, um dos pilares da vida em comunidade, seja tão disseminado entre nós?

A resposta não é simples porque a causa não é única. Por minha parte, acredito que princípios básicos como o respeito a regulamentos, aprendem-se em casa. Cabe à escola apenas reforçar. Que sociólogos, psicólogos e pedagogos se deem as mãos e levantem a bandeira.


 

A Fifa, como todos sabem, está abalada por escândalos de rapina e de nepotismo. Cabeças importantes estão rolando, o que abre o apetite de pretendentes ao trono da federação. Um dos que andam botando olho gordo é o carioca Arthur Antunes Coimbra, o Zico, jogador que deixou marca notável na história do futebol brasileiro.

Ele não é o único. Muitos gostariam de ser eleitos para a presidência da Fifa. É uma boquinha e tanto. Fama, glória, reverências, salário elevado vêm junto com o cargo. É pra ministro nenhum botar defeito.

Justamente por se tratar de posto tão cobiçado, o regulamento exige que cada candidato seja apoiado por pelo menos cinco federações nacionais. É peneira prévia, destinada a evitar uma enxurrada de candidaturas. Faz sentido.

Em entrevista concedida à Folha de São Paulo, o Zico se insurgiu contra esse ponto do regulamento. «Por que eu, com 45 anos de vida no futebol, preciso ainda de cinco cartas para me candidatar?»



O questionamento do possível futuro candidato pode até ter fundamento. Essa barreira pode vir a ser removida no futuro. Ou reforçada, quem sabe? No momento, contudo, a lei é essa. Vale para todos, inclusive para quem tem «45 anos de vida no futebol».

Pega mal um pretendente ao trono já contestar, antes da eleição, um ponto do regulamento que não lhe convém pessoalmente. É bola fora.


13 de outubro de 2015
José Horta Manzano, in Brasil de longe

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