12 de julho de 2015 |
Este é um blog conservador. Um canal de denúncias do falso 'progressismo' e da corrupção que afronta a cidadania. Também não é um blog partidário, visto que os partidos que temos, representam interesses de grupos, e servem para encobrir o oportunismo político de bandidos. Falamos contra corruptos, estelionatários e fraudadores. Replicamos os melhores comentários e análises críticas, bem como textos divergentes, para reflexão do leitor. Além de textos mais amenos... (ou mais ou menos...) .
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.
domingo, 12 de julho de 2015
"ISSO NÃO ESTÁ CERTO"
Na sua ânsia de tentar mudar a face da igreja católica, colocando-a a serviço dos mais necessitados, criticando o consumismo, como expresso na sua encíclica Laudato si, e demonstrando simplicidade e despojamento por todos o países que visita mundo afora, o Papa Francisco é obrigado a ouvir resignado a observação do cocaleiro Evo Morales, através da qual este declara sentir-se feliz e esperançoso ao receber Sua Santidade depois de "momentos na História em que a Igreja foi obrigada a subjugar e oprimir ", referindo-se àqueles mesmos acontecimentos pelos quais o Papa recorrentemente se desculpa, numa especie de "meu passado me condena".
Mas nada se compara à surpresa estampada em seu semblante quando foi presenteado por Evo, que na ocasião exibia um certo sorriso maroto, com um estranho e assimétrico crucifixo com a desnecessária forma da foice e do martelo, simbolo do comunismo.
"Isso não está certo"(sic).
Assim reagiu o Papa Francisco, segundo tradução divulgada pela provedora de notícias relacionadas ao catolicismo, Catholic News Agency (CNA), ao desconforto gerado pelo inusitado presente, embora não se tenha esquivado de recebê-lo.
Não há dúvida que, com esta polêmica oferenda, o presidente boliviano roubou a cena e esvaziou a importância da visita do sumo pontífice, mudando o foco do evento principal para uma pirueta política da qual foi o maior beneficiário, no contexto de uma disputa conflituosa entre seu governo e as autoridades eclesiásticas de seu país que teve seu auge mais ou menos na metade da última década.
Isso está certo, Sr . Evo?
12 de julho de 2015
Paulo Roberto Gotaç
PALAVRAS NO AVESSO
A palavra pode ser um instrumento poderoso de conhecimento, de mistificação ou de convencimento e persuasão.
Nunca antes na história deste pais, como diria um popular político em busca da canonização, o sentido das palavras foi tão maltratado como neste difícil momento histórico que atravessamos.
A cacofonia das redes sociais, que tiveram o mérito de democratizar o debate, ainda que provocando o perverso efeito colateral de dar “voz aos imbecis”, segundo a observação de Umberto Eco, institucionalizou várias formas daquilo que os linguistas chamam de “deslizamento de sentido”.
Nada se presta mais ao "deslizamento de sentido” do que o mau uso de conceitos banalizados pelo senso comum, que às vezes provocam um divórcio irreversível entre significados e significantes.
O campo do debate político se revelou um bom terreno para esse gênero de descasamento entre a palavra e o seu real significado.
Nesse terreno, uma das palavras mais pronunciadas, escritas e maltratadas pelo vozerio popular nestes dias é “golpe”. Como se sabe, ela é usada para definir movimentos que visam retirar do poder governantes democraticamente eleitos, através de manobras ilegais e anticonstitucionais para substitui-los, à força, armada ou não, por outros desprovidos da mesma legitimidade.
Para não ir muito longe, golpe foi a tentativa de grupos militares de não dar posse a Joao Goulart, vice-presidente legitimamente eleito, quando da renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961.Goulart acabou sendo empossado, mas com os poderes reduzidos por força de uma emenda parlamentarista aprovada às pressas, como uma solução de compromisso negociada entre a força golpista que tinha as armas e o establishment político que representava a sociedade desarmada.
Através de um plebiscito, o pleno poder presidencialista foi devolvido a Joao Goulart, que 3 anos depois acabou sendo deposto por um movimento militar, que se estabeleceu no poder pela força e lá permaneceu durante mais de 20 anos. Esse é o clássico golpe.
Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito diretamente pelo povo depois de duas décadas de ditadura militar, renunciou depois que o parlamento aprovou o pedido de abertura de um processo de impeachment contra ele por crimes de corrupção. Este não foi o clássico golpe, mas um movimento legítimo baseado em preceitos constitucionais devidamente sancionados pelos poderes da República.
Chamar de “golpe" as intenções de setores da sociedade representados por partidos de oposição de pedir a abertura de um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Roussef, se houver suficientes e comprovados motivos para isso, não passa de um “deslizamento de sentido”.
A hipótese de abertura de processo de impeachment por crimes de responsabilidade está prevista na Constituição nenhum procedimento baseado em preceitos constitucionais pode ser chamado de golpista. Isso seria uma grave incoerência semântica.
A retórica da luta política não está lá muito preocupada com coerências semânticas. Não é por outra razão que palavras como “austeridade" e “meritocracia" foram despidas de seus sentidos originais e passaram pela devido processo de demonização, e tiveram seus significados originais invertidos para representar não processos virtuosos mas a encarnação do próprio mal.
O mesmo acontece com a banalização da palavra “fascismo”, que deixou de descrever a devoção a uma ideologia totalitária com foco no poder hipertrofiado do Estado e de um líder iluminado-um duce, um fuhrer - para tornar-se um xingamento de moleques de rua brincando de unha-na-mula.
12 de julho de 2015
Sandro Vaia
Nunca antes na história deste pais, como diria um popular político em busca da canonização, o sentido das palavras foi tão maltratado como neste difícil momento histórico que atravessamos.
A cacofonia das redes sociais, que tiveram o mérito de democratizar o debate, ainda que provocando o perverso efeito colateral de dar “voz aos imbecis”, segundo a observação de Umberto Eco, institucionalizou várias formas daquilo que os linguistas chamam de “deslizamento de sentido”.
Nada se presta mais ao "deslizamento de sentido” do que o mau uso de conceitos banalizados pelo senso comum, que às vezes provocam um divórcio irreversível entre significados e significantes.
O campo do debate político se revelou um bom terreno para esse gênero de descasamento entre a palavra e o seu real significado.
Nesse terreno, uma das palavras mais pronunciadas, escritas e maltratadas pelo vozerio popular nestes dias é “golpe”. Como se sabe, ela é usada para definir movimentos que visam retirar do poder governantes democraticamente eleitos, através de manobras ilegais e anticonstitucionais para substitui-los, à força, armada ou não, por outros desprovidos da mesma legitimidade.
Para não ir muito longe, golpe foi a tentativa de grupos militares de não dar posse a Joao Goulart, vice-presidente legitimamente eleito, quando da renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961.Goulart acabou sendo empossado, mas com os poderes reduzidos por força de uma emenda parlamentarista aprovada às pressas, como uma solução de compromisso negociada entre a força golpista que tinha as armas e o establishment político que representava a sociedade desarmada.
Através de um plebiscito, o pleno poder presidencialista foi devolvido a Joao Goulart, que 3 anos depois acabou sendo deposto por um movimento militar, que se estabeleceu no poder pela força e lá permaneceu durante mais de 20 anos. Esse é o clássico golpe.
Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito diretamente pelo povo depois de duas décadas de ditadura militar, renunciou depois que o parlamento aprovou o pedido de abertura de um processo de impeachment contra ele por crimes de corrupção. Este não foi o clássico golpe, mas um movimento legítimo baseado em preceitos constitucionais devidamente sancionados pelos poderes da República.
Chamar de “golpe" as intenções de setores da sociedade representados por partidos de oposição de pedir a abertura de um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Roussef, se houver suficientes e comprovados motivos para isso, não passa de um “deslizamento de sentido”.
A hipótese de abertura de processo de impeachment por crimes de responsabilidade está prevista na Constituição nenhum procedimento baseado em preceitos constitucionais pode ser chamado de golpista. Isso seria uma grave incoerência semântica.
A retórica da luta política não está lá muito preocupada com coerências semânticas. Não é por outra razão que palavras como “austeridade" e “meritocracia" foram despidas de seus sentidos originais e passaram pela devido processo de demonização, e tiveram seus significados originais invertidos para representar não processos virtuosos mas a encarnação do próprio mal.
O mesmo acontece com a banalização da palavra “fascismo”, que deixou de descrever a devoção a uma ideologia totalitária com foco no poder hipertrofiado do Estado e de um líder iluminado-um duce, um fuhrer - para tornar-se um xingamento de moleques de rua brincando de unha-na-mula.
12 de julho de 2015
Sandro Vaia
A GRANDE MENTIRA DO Nº. 1
Os arranjos para aqueles almoços dominicais continuam frescos na minha memória - papai nos levava até um lago particular afastado de casa, onde basicamente o esquema consistia em pescar algumas trutas e na saída pagar pelas ditas cujas. Eu e meu irmão nos divertíamos bastante, qualquer coisa seria melhor do que comprar peixe no supermercado, porém, e deixando a nostalgia de lado, me questiono sobre nossas noções de entretenimento à época. Afinal, que graça tem pescar se o sucesso é garantido? Pois para muitos a idéia é justamente essa.
Não surpreende a mais ninguém o fato do nosso ambiente político favorecer a eleição e eternização de todo tipo de escroque. Tampouco a infinidade de legendas e o voto obrigatório, fundamentais para o bom funcionamento da engrenagem. Assim, não só a cada dois anos somos obrigados a tomar uma decisão que tem tudo para ser equivocada, mas nos deixamos enredar de tal maneira que passamos a defender este ou aquele candidato, mesmo partidos políticos, como se fossem times de futebol. Dito isso, o cenário conseguiu piorar bastante, graças à contribuição decisiva de uma mente tão perversa que deixaria rubro o próprio Richelieu.
Seria pretensão apontar a maior mentira parida e instrumentalizada por Lula, são inúmeras, mas indicar a lorota fundamental, aquela decisiva na horripilante escalada ao poder deste que, insisto, é o menor dos brasileiros, não requer muito esforço. Falo aqui do “nós contra eles”. E de sua customização.
Percebam, definir uma roupagem específica nunca teve importância, muito pelo contrário, o discurso sempre foi dirigido, como determina qualquer manual de marketing elementar. Digo, se o momento pedisse um discurso voltado para o militante, dá-lhe luta de classes fuça adentro do beócio. Plateia de baixa renda? Ódio racial na ponta da língua, como não? Já para o pessoal universitário-classe média ou, melhor ainda, classe alta com a consciência pesada embebida de ranço religioso, bastava uma pílula de populismo chinfrim para garantir o objetivo.
O massacre retórico foi tão grande que até os detratores do PT aceitaram-no como verdadeiro. Ou existe maior prova disso que cobrar do PSDB uma postura diferente da que sempre teve, de direita, quando no fundo existem mais semelhanças do que diferenças entre suas visões e aquelas petistas?
Tudo começou com a necessidade de fabricar inimigos. Desde o início o Luiz Inácio entendeu que diferenciar-se era fundamental, principalmente quando os discursos mais populares passaram a ser tão próximos. Claro, a natural falta de escrúpulos ajudou, assim como de adversários que se negassem a servir de trampolim.
O Brasil é um grande pesque-pague que durante mais de uma década foi fragmentado com a nossa complacência. A boa notícia é que, graças a incompetência e desonestidade dos próprios gatunos, a mentira perdeu seu viço, hoje em dia apenas os fanáticos levam a sério o discurso de castas esquerdóide.
É, Brahma, ao que parece seu nariz finalmente cresceu. Ufa!
12 de julho de 2015
Mario Vitor Rodrigues
Não surpreende a mais ninguém o fato do nosso ambiente político favorecer a eleição e eternização de todo tipo de escroque. Tampouco a infinidade de legendas e o voto obrigatório, fundamentais para o bom funcionamento da engrenagem. Assim, não só a cada dois anos somos obrigados a tomar uma decisão que tem tudo para ser equivocada, mas nos deixamos enredar de tal maneira que passamos a defender este ou aquele candidato, mesmo partidos políticos, como se fossem times de futebol. Dito isso, o cenário conseguiu piorar bastante, graças à contribuição decisiva de uma mente tão perversa que deixaria rubro o próprio Richelieu.
Seria pretensão apontar a maior mentira parida e instrumentalizada por Lula, são inúmeras, mas indicar a lorota fundamental, aquela decisiva na horripilante escalada ao poder deste que, insisto, é o menor dos brasileiros, não requer muito esforço. Falo aqui do “nós contra eles”. E de sua customização.
Percebam, definir uma roupagem específica nunca teve importância, muito pelo contrário, o discurso sempre foi dirigido, como determina qualquer manual de marketing elementar. Digo, se o momento pedisse um discurso voltado para o militante, dá-lhe luta de classes fuça adentro do beócio. Plateia de baixa renda? Ódio racial na ponta da língua, como não? Já para o pessoal universitário-classe média ou, melhor ainda, classe alta com a consciência pesada embebida de ranço religioso, bastava uma pílula de populismo chinfrim para garantir o objetivo.
O massacre retórico foi tão grande que até os detratores do PT aceitaram-no como verdadeiro. Ou existe maior prova disso que cobrar do PSDB uma postura diferente da que sempre teve, de direita, quando no fundo existem mais semelhanças do que diferenças entre suas visões e aquelas petistas?
Tudo começou com a necessidade de fabricar inimigos. Desde o início o Luiz Inácio entendeu que diferenciar-se era fundamental, principalmente quando os discursos mais populares passaram a ser tão próximos. Claro, a natural falta de escrúpulos ajudou, assim como de adversários que se negassem a servir de trampolim.
O Brasil é um grande pesque-pague que durante mais de uma década foi fragmentado com a nossa complacência. A boa notícia é que, graças a incompetência e desonestidade dos próprios gatunos, a mentira perdeu seu viço, hoje em dia apenas os fanáticos levam a sério o discurso de castas esquerdóide.
É, Brahma, ao que parece seu nariz finalmente cresceu. Ufa!
12 de julho de 2015
Mario Vitor Rodrigues
EFEITO MANADA: QUANDO TODO MUNDO ENTRA EM PÂNICO
Fim da farra, ilusões se desfazem como nuvens e o amargo sabor da realidade anula a doce sensação de que finalmente o gigante acordou. É como amanhecer após uma noite maldormida pelos excessos de uma festa grandiosa. Em cada esquina, rostos fechados e mau humor pronunciam que a tempestade se avizinha. “A coisa vai de mal a pior...”, “o freguês sumiu...”, “a praça está ruim...”, “morro de medo de perder o emprego...”, “estou devendo até a alma...”.
A negatividade é como vírus de surto de gripe, é só abrir a boca e infesta multidões. As queixas frequentes da vida, a raivosa manifestação de redes sociais contra o governo e políticos em geral, vão se espalhando tal qual gás que escapa de fogão. Palito de fósforo é arma em mãos de incendiários. Nós temos uma tendência natural, que herdamos de evolução de milhões de anos, de seguir liderança. Precisamos de um líder, alguém que nos mova pela fé e esperança rumo a um futuro ou horizonte onde nos sintamos seguros, com abundância de recursos, sensação de coletividade, justiça e confiança. Precisamos de um núcleo familiar que nos nutra de afeto e proteção. São coisas tão básicas que nem notamos sua importância, até que o perigo nos envolva e a escassez provoque reações impensáveis.
Nos tornamos bestas e feras, regidas unicamente pelo instinto, esse perigoso e trevoso campo da falta de consciência racional. Em casos que se repetem há milênios, estupros, assassinatos, decapitações, extermínio, deixam perplexos os que se julgam “humanos”. Mas a verdade é que a consciência de grupo é tão frágil que se dilui. Senão, vejamos: como explicar os espancamentos e linchamentos que recomeçaram no país, onde pais, filhos, cidadãos de bem, chutam e agridem até a morte o assaltante da mercearia da esquina?
A maldade mora no porão da mente de todos nós, e em momentos extremos ela vira um monstro que não dominamos. Daí, uma expressão utilizada por estudiosos do comportamento: “efeito manada”, que significa um processo em que a multidão em pânico, de forma irracional e num efeito dominó, busca, ao mesmo tempo, uma porta de saída emergencial (lembram-se de evento em campo de futebol com excesso de público?), que é estreita e necessita de uma organização que não existe, gerando uma tragédia. E quando uma nação inteira perde a confiança em suas instituições políticas, jurídicas, sociais? Venezuela é um exemplo, ou as destruídas sociedades da Síria, Iraque, Iêmen e, quem sabe, a Grécia?
E nós com isso? Tudo! Afinal, a angústia vai corroendo nosso dia a dia, a insegurança torna-se companhia inseparável, o medo se alastra enquanto o vizinho chora o desemprego, o primo pede um empréstimo que não tem como pagar, o papo do bar é sobre as pequenas grandes tragédias que a tal “crise” começa a assombrar em nossas vidas.
Resta a cada um de nós buscar interiormente os recursos que temos guardados e que se apresentam nesses tempos caóticos. Respirar fundo, desviar o foco de papos negativistas, resgatar a criatividade, entender que fé é essa energia que gera um bom campo no nosso entorno, atraindo boas coisas. Tomar iniciativas, fazer o mesmo, mas com garra, de forma diferente, gerar prazer nos ambientes que frequentamos.
É bom lembrar que todos os momentos de crise que a humanidade atravessou geraram um novo momento, surgiram novos conceitos, fez evoluir a história da civilização. Há apenas 60 anos, a Europa, no pós-Segunda Guerra, estava destruída, famílias enlutadas, sem moradias ou alimentação, vagavam por todo continente. Hoje reerguida, mesmo com crise, busca saídas. Tudo tende a se resolver, e mesmo que caminhos se estreitem, armadilhas nos ameacem, desafios sejam diários, nossa sina é seguir, lutar, superar. Por fim, um aviso: nunca esteja na frente da manada, pois é o pior lugar. Os mais apavorados e egoístas são os primeiros a serem pisoteados.
12 de julho de 2015
Eduardo Aquino
A negatividade é como vírus de surto de gripe, é só abrir a boca e infesta multidões. As queixas frequentes da vida, a raivosa manifestação de redes sociais contra o governo e políticos em geral, vão se espalhando tal qual gás que escapa de fogão. Palito de fósforo é arma em mãos de incendiários. Nós temos uma tendência natural, que herdamos de evolução de milhões de anos, de seguir liderança. Precisamos de um líder, alguém que nos mova pela fé e esperança rumo a um futuro ou horizonte onde nos sintamos seguros, com abundância de recursos, sensação de coletividade, justiça e confiança. Precisamos de um núcleo familiar que nos nutra de afeto e proteção. São coisas tão básicas que nem notamos sua importância, até que o perigo nos envolva e a escassez provoque reações impensáveis.
Nos tornamos bestas e feras, regidas unicamente pelo instinto, esse perigoso e trevoso campo da falta de consciência racional. Em casos que se repetem há milênios, estupros, assassinatos, decapitações, extermínio, deixam perplexos os que se julgam “humanos”. Mas a verdade é que a consciência de grupo é tão frágil que se dilui. Senão, vejamos: como explicar os espancamentos e linchamentos que recomeçaram no país, onde pais, filhos, cidadãos de bem, chutam e agridem até a morte o assaltante da mercearia da esquina?
A maldade mora no porão da mente de todos nós, e em momentos extremos ela vira um monstro que não dominamos. Daí, uma expressão utilizada por estudiosos do comportamento: “efeito manada”, que significa um processo em que a multidão em pânico, de forma irracional e num efeito dominó, busca, ao mesmo tempo, uma porta de saída emergencial (lembram-se de evento em campo de futebol com excesso de público?), que é estreita e necessita de uma organização que não existe, gerando uma tragédia. E quando uma nação inteira perde a confiança em suas instituições políticas, jurídicas, sociais? Venezuela é um exemplo, ou as destruídas sociedades da Síria, Iraque, Iêmen e, quem sabe, a Grécia?
E nós com isso? Tudo! Afinal, a angústia vai corroendo nosso dia a dia, a insegurança torna-se companhia inseparável, o medo se alastra enquanto o vizinho chora o desemprego, o primo pede um empréstimo que não tem como pagar, o papo do bar é sobre as pequenas grandes tragédias que a tal “crise” começa a assombrar em nossas vidas.
Resta a cada um de nós buscar interiormente os recursos que temos guardados e que se apresentam nesses tempos caóticos. Respirar fundo, desviar o foco de papos negativistas, resgatar a criatividade, entender que fé é essa energia que gera um bom campo no nosso entorno, atraindo boas coisas. Tomar iniciativas, fazer o mesmo, mas com garra, de forma diferente, gerar prazer nos ambientes que frequentamos.
É bom lembrar que todos os momentos de crise que a humanidade atravessou geraram um novo momento, surgiram novos conceitos, fez evoluir a história da civilização. Há apenas 60 anos, a Europa, no pós-Segunda Guerra, estava destruída, famílias enlutadas, sem moradias ou alimentação, vagavam por todo continente. Hoje reerguida, mesmo com crise, busca saídas. Tudo tende a se resolver, e mesmo que caminhos se estreitem, armadilhas nos ameacem, desafios sejam diários, nossa sina é seguir, lutar, superar. Por fim, um aviso: nunca esteja na frente da manada, pois é o pior lugar. Os mais apavorados e egoístas são os primeiros a serem pisoteados.
12 de julho de 2015
Eduardo Aquino
COMEMORANDO CRISES
A confusão é tamanha entre os petistas e seus aliados que eles deram agora para comemorar crises internacionais como se elas confirmassem o que a presidente Dilma mais gosta de dizer, que os problemas brasileiros são causados pela má situação econômica e financeira do mundo.
Assim, a crise das bolsas da China, que vai repercutir em toda a economia global e principalmente nos países periféricos como o Brasil, está sendo quase que comemorada pelos estrategistas petistas, esquecendo-se de que se estamos nessa situação econômica delicada sem que os motivos externos fossem os verdadeiros culpados, agora que existem realmente esses problemas, a situação só tende a piorar.
Durou pouco também a comemoração dos que viram no “Não” do plebiscito grego uma rejeição ao programa de ajuste das contas públicas exigido pela União Européia. O Primeiro-Ministro grego Alexis Tsipras deu um golpe político nos radicais de seu próprio partido ( e nos torcedores de outros cantos do mundo, inclusive brasileiros) e, vencedor do plebiscito, mas sabedor que a vitória não lhe dava um mandato para sair da zona do euro, apresentou proposta muito semelhante aos termos que a Grécia rejeitara, e em alguns pontos mais dura ainda, na tentativa de conseguir um socorro financeiro de € 53,5 bilhões durante três anos e uma promessa de reestruturação da dívida.
Os petistas e quejandos comemoraram o resultado do plebiscito grego como se ele pudesse indicar que aqui também o povo deveria dizer não ao programa de ajuste fiscal da presidente Dilma, que o ministro da Fazenda Joaquim Levy tenta levar a bom termo. Lá como cá, no entanto, quem tem a responsabilidade de governar sabe que não pode brincar com o desequilíbrio fiscal, embora possa vencer eleições prometendo coisas que não serão cumpridas.
Aqui, Dilma venceu em 2014 vendendo um país que já não existia desde seu primeiro mandato, mas que o governo petista sustentou às custas de “pedaladas” fiscais e emissão de moeda que deu no que deu: inflação já na casa de 2 dígitos em algumas regiões, crescimento negativo, juros na estratosfera.
Na Grécia, o Syriza, partido vencedor das eleições, chegou ao poder depois de defender durante anos a rejeição ao programa de ajuste. Muitos nefelibatas políticos, ou simples populistas na Grécia e em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, viram a vitória do “Não” como uma virada de mesa contra a União Européia, o que absolutamente não acontecerá.
O ajuste proposto pelo governo grego prevê corte de € 13 bilhões nos gastos públicos através de elevação de impostos, fim de benefícios tarifários para as ilhas gregas, reformas previdenciárias e privatizações, quando o plano anterior previa cortes de até € 8 bilhões. O superávit primário que tanta ojeriza causa aos nefelibatas petistas está lá presente no plano grego: 1% este ano; 2% em 2016; 3% em 2017 e, finalmente, 3,5% em 2018.
A China, cujos índices de ações recuaram mais de 30% nas últimas semanas, está conseguindo controlar sua crise às custas da força bruta que lhe confere o capitalismo de Estado. O impacto foi tão forte que autoridades chinesas proibiram a venda de ações por grandes investidores, como bancos e fundos de pensão, os mesmos que haviam recebido incentivos governamentais para gerar o que acabou sendo uma bolha.
Os que aqui no Brasil quase chegaram a comemorar a crise chinesa que vem ao encontro de uma tese antiga da presidente Dilma, esquecem que ela desborda para a economia real e nos atinge diretamente, e também aos BRICS, reduzindo os preços de commodities como o petróleo, desvalorizando nossas reservas, e prejudicando as exportações da Russia, e o minério de ferro, maior produto do comércio exterior do Brasil para a China, derrubando nossa balança comercial.
A situação é tão ridícula que, depois do “Não” grego, esses estrategistas que vivem em outra dimensão chegaram a pensar que a Grécia poderia se livrar da pressão de Ângela Merkel e da União Européia para ser ajudada pelos BRICS, cujo novo Banco de Desenvolvimento poderia dar o apoio que a Grécia não receberia dos organismos europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Agora, vamos ter que lidar com uma crise verdadeira.
12 de julho de 2015
Merval Pereira
Assim, a crise das bolsas da China, que vai repercutir em toda a economia global e principalmente nos países periféricos como o Brasil, está sendo quase que comemorada pelos estrategistas petistas, esquecendo-se de que se estamos nessa situação econômica delicada sem que os motivos externos fossem os verdadeiros culpados, agora que existem realmente esses problemas, a situação só tende a piorar.
Durou pouco também a comemoração dos que viram no “Não” do plebiscito grego uma rejeição ao programa de ajuste das contas públicas exigido pela União Européia. O Primeiro-Ministro grego Alexis Tsipras deu um golpe político nos radicais de seu próprio partido ( e nos torcedores de outros cantos do mundo, inclusive brasileiros) e, vencedor do plebiscito, mas sabedor que a vitória não lhe dava um mandato para sair da zona do euro, apresentou proposta muito semelhante aos termos que a Grécia rejeitara, e em alguns pontos mais dura ainda, na tentativa de conseguir um socorro financeiro de € 53,5 bilhões durante três anos e uma promessa de reestruturação da dívida.
Os petistas e quejandos comemoraram o resultado do plebiscito grego como se ele pudesse indicar que aqui também o povo deveria dizer não ao programa de ajuste fiscal da presidente Dilma, que o ministro da Fazenda Joaquim Levy tenta levar a bom termo. Lá como cá, no entanto, quem tem a responsabilidade de governar sabe que não pode brincar com o desequilíbrio fiscal, embora possa vencer eleições prometendo coisas que não serão cumpridas.
Aqui, Dilma venceu em 2014 vendendo um país que já não existia desde seu primeiro mandato, mas que o governo petista sustentou às custas de “pedaladas” fiscais e emissão de moeda que deu no que deu: inflação já na casa de 2 dígitos em algumas regiões, crescimento negativo, juros na estratosfera.
Na Grécia, o Syriza, partido vencedor das eleições, chegou ao poder depois de defender durante anos a rejeição ao programa de ajuste. Muitos nefelibatas políticos, ou simples populistas na Grécia e em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, viram a vitória do “Não” como uma virada de mesa contra a União Européia, o que absolutamente não acontecerá.
O ajuste proposto pelo governo grego prevê corte de € 13 bilhões nos gastos públicos através de elevação de impostos, fim de benefícios tarifários para as ilhas gregas, reformas previdenciárias e privatizações, quando o plano anterior previa cortes de até € 8 bilhões. O superávit primário que tanta ojeriza causa aos nefelibatas petistas está lá presente no plano grego: 1% este ano; 2% em 2016; 3% em 2017 e, finalmente, 3,5% em 2018.
A China, cujos índices de ações recuaram mais de 30% nas últimas semanas, está conseguindo controlar sua crise às custas da força bruta que lhe confere o capitalismo de Estado. O impacto foi tão forte que autoridades chinesas proibiram a venda de ações por grandes investidores, como bancos e fundos de pensão, os mesmos que haviam recebido incentivos governamentais para gerar o que acabou sendo uma bolha.
Os que aqui no Brasil quase chegaram a comemorar a crise chinesa que vem ao encontro de uma tese antiga da presidente Dilma, esquecem que ela desborda para a economia real e nos atinge diretamente, e também aos BRICS, reduzindo os preços de commodities como o petróleo, desvalorizando nossas reservas, e prejudicando as exportações da Russia, e o minério de ferro, maior produto do comércio exterior do Brasil para a China, derrubando nossa balança comercial.
A situação é tão ridícula que, depois do “Não” grego, esses estrategistas que vivem em outra dimensão chegaram a pensar que a Grécia poderia se livrar da pressão de Ângela Merkel e da União Européia para ser ajudada pelos BRICS, cujo novo Banco de Desenvolvimento poderia dar o apoio que a Grécia não receberia dos organismos europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Agora, vamos ter que lidar com uma crise verdadeira.
12 de julho de 2015
Merval Pereira
"PALAVRAS O VENTO LEVA"
Em política, palavra não tem lá muito valor: fala-se o que dá voto, raramente o que se pensa. Mas a linguagem dos sinais é precisa. Diz que a crise é brava.
1 – A senadora Gleisi Hoffmann, do PT paranaense, ex-ministra de Dilma (e esposa de ex-ministro), estava no Senado no dia 8, na hora da votação que elevou o reajuste dos aposentados. Dilma precisava derrotar o reajuste. Gleisi sumiu, não votou. Também não votaram governistas radicais que estavam lá, como Angela Portela, PT de Roraima, e Vanessa Grazziotin, PCdoB do Amazonas. Sandra Braga, do PMDB do Amazonas, é governista e mulher do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga; cadê? Eunício Oliveira é líder do PMDB, maior partido da base aliada. Não votou. Peemedebistas bem atendidos pelo Governo, como Dario Berger, José Maranhão, Simone Tebet e Waldemir Moka, estavam no Senado, mas não na votação. Do PMDB, 11 senadores votaram, sete contra Dilma. Dois petistas, o gaúcho Paulo Paim e o baiano Walter Pinheiro, votaram contra o Governo. Zezé Perrela, governista do PDT mineiro, também.
2 – A CPI da Petrobras convocou para depor o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A lista das convocações é de autoria do relator, Luiz Sérgio, PT.
Traduzindo a linguagem dos sinais: o apoio político a Dilma se esvaiu. Petista votando contra o PT? Ou fugindo da raia na hora de votar para não se comprometer? Peemedebista bem atendido mordendo a mão que o alimenta? Como diria o padre Quevedo, “esso non ekziste”.
Ou só existe quando a crise é terminal.
O escudo do guerreiroJosé Dirceu deixou o Governo, onde era “o capitão do time”, segundo o presidente Lula, para defender-se sem comprometer seu partido e os demais dirigentes. Foi julgado, condenado, preso, jamais falou contra Lula, ou algo que pudesse comprometê-lo. Houve um zum-zum de que se considerava abandonado, mas ninguém assumiu a responsabilidade pela divulgação do rumor. Pois bem: agora, no pedido de habeas-corpus preventivo ao TRF-4 – Tribunal Regional Federal, em Porto Alegre, os advogados de Dirceu atribuem a Lula o medo de virar vítima.
Textual: “Tamanho o receio que as pessoas se encontram, haja vista os métodos investigatórios ultimamente empregados pela Operação Lava Jato, que até mesmo o sr. ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse estar temeroso de que será, também, provavelmente, o próximo alvo da referida operação, não obstante sequer seja um dos investigados nos procedimentos”.
José Dirceu revelando um temor de Lula e usando-o em seu favor? Esso também non ekziste. Ou só existe quando a crise é muito, muito grave.
Delação…Luiz Sérgio, o relator da CPI da Petrobras, que convocou o ministro José Eduardo Cardozo a depor, criando problemas para o Governo, foi duas vezes ministro de Dilma: primeiro, na Secretaria das Relações Institucionais; depois, na Secretaria da Pesca. Nos dois casos, é mais lembrado por sua aparência, uma espécie de Aloízio Mercadante ainda com cabelo, e pelo apelido: Garçom. Só transmitia as reivindicações dos parlamentares e as enviava a quem de direito, sem poder para atendê-las. Mas é tão dilmista que o PT o tornou relator da CPI.
Fora convocar o ministro, Luiz Sérgio convocou também a advogada Beatriz Catta Preta, que se especializou em acordos de delação premiada. Pois não é que Luiz Sérgio teve quase metade dos custos de sua campanha bancados por doações de empresas envolvidas na Operação Lava Jato? E um delator premiado disse que boa parte das doações a partidos vinha de dinheiro de propina?
… só contra os outros
Tradução: é preciso botar um freio nas delações premiadas, atingindo a profissional que mais acordos alcançou na Lava Jato. Beatriz Catta Preta irá depor sobre “a origem dos recursos com que seus clientes têm custeado os respectivos honorários”. A tese: se soubessem que os recursos são ilícitos, os advogados estariam envolvidos em lavagem de dinheiro. Na prática, claro, é diferente: primeiro, porque os contatos entre clientes e advogados são sigilosos por lei; segundo, porque não cabe a profissionais terceirizados investigar se o dinheiro de seus honorários foi obtido licitamente ou não pelo cliente, como não cabe ao tintureiro investigar de onde foi tirado o dinheiro para pagar seus serviços. O objetivo é claro: tentar desmoralizar as delações atingindo os advogados.
Tradução: é preciso botar um freio nas delações premiadas, atingindo a profissional que mais acordos alcançou na Lava Jato. Beatriz Catta Preta irá depor sobre “a origem dos recursos com que seus clientes têm custeado os respectivos honorários”. A tese: se soubessem que os recursos são ilícitos, os advogados estariam envolvidos em lavagem de dinheiro. Na prática, claro, é diferente: primeiro, porque os contatos entre clientes e advogados são sigilosos por lei; segundo, porque não cabe a profissionais terceirizados investigar se o dinheiro de seus honorários foi obtido licitamente ou não pelo cliente, como não cabe ao tintureiro investigar de onde foi tirado o dinheiro para pagar seus serviços. O objetivo é claro: tentar desmoralizar as delações atingindo os advogados.
É briga difícil, envolve a OAB, cria inimigos — e só se explica quando a crise é explosiva.
Acredite se quiser
Um dia, a presidente da República, voltando da Rússia, resolve dar uma paradinha em Portugal. Lá, por coincidência, está o presidente do Supremo Tribunal Federal. E os dois se encontram, veja só! Como disse o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, foi “um encontro casual”. E que seria desconhecido se não fosse o repórter Gérson Camarotti ter descoberto e publicado a notícia.
Um dia, a presidente da República, voltando da Rússia, resolve dar uma paradinha em Portugal. Lá, por coincidência, está o presidente do Supremo Tribunal Federal. E os dois se encontram, veja só! Como disse o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, foi “um encontro casual”. E que seria desconhecido se não fosse o repórter Gérson Camarotti ter descoberto e publicado a notícia.
Os dois, enfim, se encontraram por acaso e aproveitaram para conversar sobre o aumento dos servidores do Judiciário. Há uma possibilidade de que o Supremo de Lewandowski tenha de julgar um pedido de impeachment contra Dilma, mas ninguém falou nisso. Reuniram-se em segredo, noutro país, por acaso.
Então, tá.
12 de julho de 2015
Carlos Brickmann
PIOR QUE O COMPLEXO É O ESFORÇO PARA SER UM VIRA-LATA
O Brasil continua na contramão da economia mundial, pouco preparado para aproveitar a recuperação dos países mais avançados e mais exposto que muitos outros a qualquer dificuldade mais séria na China, o maior mercado para suas exportações de produtos básicos. Uma das façanhas da diplomacia inaugurada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, foi isolar o País das grandes oportunidades de integração comercial, torná-lo dependente em excesso do Mercosul e da vizinhança e condená-lo a uma relação semicolonial com a China. Na segunda maior economia do mundo, governada por um partido comunista, mas empenhada em jogar na primeira divisão do capitalismo, os líderes devem gargalhar quando comentam o tosco e requentado terceiro-mundismo ainda seguido, embora com alguns sinais de divergência, nos gabinetes oficiais de Brasília.
Os brasileiros têm motivos especiais para se assustar com o tombo das bolsas chinesas. É muito difícil de dizer, neste momento, se se trata apenas de um forte ajuste no mercado de ações ou se a turbulência indica problemas econômicos mais graves e perigosos para todo o mundo. O susto espalhou-se pelo sistema financeiro internacional, já afetado pela crise grega, e chegou também às bolsas brasileiras. Ainda será preciso algum tempo para uma avaliação mais segura.
Na melhor hipótese, no entanto, pelo menos a perda de impulso da economia chinesa é apontada como certa por muitos analistas. Mesmo sem grandes consequências do estouro de uma bolha, o ritmo de atividade continuará influenciado pela reorientação da política econômica. Até aqui a acomodação foi suave.
Há algum tempo o crescimento do produto interno bruto (PIB) saiu da faixa de 9% a 10% ao ano. Ficou em 7,7% em 2013, passou a 7,4% no ano passado, deve chegar a 6,8% em 2015 e a 6,3% no próximo ano, segundo as novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas na quinta-feira. Ainda são números muito altos, pelos padrões internacionais, mas preocupantes para quem se acostumou a atender ao enorme apetite chinês por matérias-primas.
No ano passado as vendas brasileiras à China ficaram em US$ 40,62 bilhões, o menor valor em quatro anos. As exportações de industrializados somaram US$ 6,29 bilhões (US$ 1,62 bilhão de manufaturados e US$ 4,67 bilhões de semimanufaturados). No mesmo ano o País exportou para os Estados Unidos US$ 27,03 bilhões. A maior parte desse valor correspondeu a industrializados, US$ 19,03 bilhões. A receita obtida com manufaturados chegou a US$ 13,67 bilhões. Os semimanufaturados renderam US$ 5,36 bilhões. Também a União Europeia compra muito mais da indústria brasileira do que a China. Para o bloco europeu foram US$ 19,97 bilhões de industrializados. A parcela dos manufaturados chegou a US$ 14,12 bilhões. No comércio exterior brasileiro, quem representa, hoje, o papel de potência colonial, compradora de matérias-primas em troca de produtos da indústria?
Não há nada errado em exportar matérias-primas e bens semielaborados. As potências mais desenvolvidas são grandes vendedoras desses produtos e atuam nesse mercado com subsídios e protecionismo. Os brasileiros devem aproveitar suas vantagens comparativas, o potencial produtivo de seu agronegócio e seus enormes recursos naturais, sem cometer a tolice de classificar os produtos do campo como bens primários ou de baixo valor agregado. Há muita tecnologia embutida em cada tonelada de alimentos exportada. Também isso compõe o poder de competição do agronegócio. Mas é preciso cuidar das vendas de produtos industriais, amplamente negligenciadas há muitos anos.
Essas vendas têm sido prejudicadas pelo baixo poder de competição da maior parte da indústria. Essa deficiência resulta de problemas estruturais – logística deficiente, energia cara, tributação irracional, mão de obra mal formada, etc. – e de uma coleção de erros estratégicos. Desprezando os acordos com as potências desenvolvidas, amarrando o Brasil a um Mercosul emperrado, mantendo o País fora dos grandes circuitos de formação de valor, apostando no protecionismo e reeditando políticas anacrônicas, o governo condenou o Brasil a jogar nas divisões inferiores do comércio global. Ter complexo de vira-lata é muito ruim. Condenar-se a viver como vira-lata no mercado global é uma estupidez olímpica.
Na Rússia a presidente Dilma Rousseff defendeu a cooperação entre os Brics – Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul – como reação à crise. Presa ao cacoete, mais uma vez uma autoridade brasileira insiste na fantasia do clubinho alternativo como forma de sobreviver no mundo malvado.
Sim, o Brasil deve comerciar, e de forma bem mais ampla, com os outros membros do grupo e também com todos os demais mercados. Para isso precisará de melhor política, maior eficiência e maior poder de competição. Além disso, é tolice ou mistificação continuar atribuindo os males do País a problemas externos. Apesar de tudo, o mundo rico avança. O ritmo dos países desenvolvidos deve passar de 1,8% no ano passado para 2,1% em 2015 e 2,4% em 2016, segundo as projeções do FMI.
Há incertezas e riscos, por causa da Grécia, da China e também da esperada elevação de juros americanos. Mas o mundo se mexe e até a desaceleração chinesa tem um lado positivo, porque resultou, pelo menos até agora, de um rearranjo planejado pelo governo. Enquanto isso, a economia brasileira está condenada a encolher 1,5% neste ano, também segundo as contas do FMI, e a crescer apenas 0,7% em 2016. O desemprego bate em 8,1%, a inflação avança para 9% e o desajuste externo só diminui porque as importações caem mais que as exportações. Enquanto isso, o País expia, num imenso escândalo, as lambanças da grande farra populista.
Sairemos dessa apelando para a união dos Brics?
12 de julho de 2015
Rolf Kuntz
Os brasileiros têm motivos especiais para se assustar com o tombo das bolsas chinesas. É muito difícil de dizer, neste momento, se se trata apenas de um forte ajuste no mercado de ações ou se a turbulência indica problemas econômicos mais graves e perigosos para todo o mundo. O susto espalhou-se pelo sistema financeiro internacional, já afetado pela crise grega, e chegou também às bolsas brasileiras. Ainda será preciso algum tempo para uma avaliação mais segura.
Na melhor hipótese, no entanto, pelo menos a perda de impulso da economia chinesa é apontada como certa por muitos analistas. Mesmo sem grandes consequências do estouro de uma bolha, o ritmo de atividade continuará influenciado pela reorientação da política econômica. Até aqui a acomodação foi suave.
Há algum tempo o crescimento do produto interno bruto (PIB) saiu da faixa de 9% a 10% ao ano. Ficou em 7,7% em 2013, passou a 7,4% no ano passado, deve chegar a 6,8% em 2015 e a 6,3% no próximo ano, segundo as novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas na quinta-feira. Ainda são números muito altos, pelos padrões internacionais, mas preocupantes para quem se acostumou a atender ao enorme apetite chinês por matérias-primas.
No ano passado as vendas brasileiras à China ficaram em US$ 40,62 bilhões, o menor valor em quatro anos. As exportações de industrializados somaram US$ 6,29 bilhões (US$ 1,62 bilhão de manufaturados e US$ 4,67 bilhões de semimanufaturados). No mesmo ano o País exportou para os Estados Unidos US$ 27,03 bilhões. A maior parte desse valor correspondeu a industrializados, US$ 19,03 bilhões. A receita obtida com manufaturados chegou a US$ 13,67 bilhões. Os semimanufaturados renderam US$ 5,36 bilhões. Também a União Europeia compra muito mais da indústria brasileira do que a China. Para o bloco europeu foram US$ 19,97 bilhões de industrializados. A parcela dos manufaturados chegou a US$ 14,12 bilhões. No comércio exterior brasileiro, quem representa, hoje, o papel de potência colonial, compradora de matérias-primas em troca de produtos da indústria?
Não há nada errado em exportar matérias-primas e bens semielaborados. As potências mais desenvolvidas são grandes vendedoras desses produtos e atuam nesse mercado com subsídios e protecionismo. Os brasileiros devem aproveitar suas vantagens comparativas, o potencial produtivo de seu agronegócio e seus enormes recursos naturais, sem cometer a tolice de classificar os produtos do campo como bens primários ou de baixo valor agregado. Há muita tecnologia embutida em cada tonelada de alimentos exportada. Também isso compõe o poder de competição do agronegócio. Mas é preciso cuidar das vendas de produtos industriais, amplamente negligenciadas há muitos anos.
Essas vendas têm sido prejudicadas pelo baixo poder de competição da maior parte da indústria. Essa deficiência resulta de problemas estruturais – logística deficiente, energia cara, tributação irracional, mão de obra mal formada, etc. – e de uma coleção de erros estratégicos. Desprezando os acordos com as potências desenvolvidas, amarrando o Brasil a um Mercosul emperrado, mantendo o País fora dos grandes circuitos de formação de valor, apostando no protecionismo e reeditando políticas anacrônicas, o governo condenou o Brasil a jogar nas divisões inferiores do comércio global. Ter complexo de vira-lata é muito ruim. Condenar-se a viver como vira-lata no mercado global é uma estupidez olímpica.
Na Rússia a presidente Dilma Rousseff defendeu a cooperação entre os Brics – Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul – como reação à crise. Presa ao cacoete, mais uma vez uma autoridade brasileira insiste na fantasia do clubinho alternativo como forma de sobreviver no mundo malvado.
Sim, o Brasil deve comerciar, e de forma bem mais ampla, com os outros membros do grupo e também com todos os demais mercados. Para isso precisará de melhor política, maior eficiência e maior poder de competição. Além disso, é tolice ou mistificação continuar atribuindo os males do País a problemas externos. Apesar de tudo, o mundo rico avança. O ritmo dos países desenvolvidos deve passar de 1,8% no ano passado para 2,1% em 2015 e 2,4% em 2016, segundo as projeções do FMI.
Há incertezas e riscos, por causa da Grécia, da China e também da esperada elevação de juros americanos. Mas o mundo se mexe e até a desaceleração chinesa tem um lado positivo, porque resultou, pelo menos até agora, de um rearranjo planejado pelo governo. Enquanto isso, a economia brasileira está condenada a encolher 1,5% neste ano, também segundo as contas do FMI, e a crescer apenas 0,7% em 2016. O desemprego bate em 8,1%, a inflação avança para 9% e o desajuste externo só diminui porque as importações caem mais que as exportações. Enquanto isso, o País expia, num imenso escândalo, as lambanças da grande farra populista.
Sairemos dessa apelando para a união dos Brics?
12 de julho de 2015
Rolf Kuntz
A LENDA DA CLASSE MÉDIA
O Brasil tornou-se um país de classe média, certo? Certo se você acredita na propaganda oficial e em algumas medições privadas que corroboram essa visão.
Errado, no entanto, segundo trabalho comparativo sobre a classe média mundial divulgado na quarta-feira (8) pelo Pew Research Center, referência global.
O estudo traz uma ótima notícia, em termos mundiais: 700 milhões de pessoas saíram da pobreza entre 2001 e 2011 (último ano para o qual há dados comparáveis).
Equivale a três "brasis" e meio deixando a pobreza (definida, como é da praxe internacional, como renda de até US$ 2 por dia ou R$ 6,44).
No Brasil também houve notável progresso, mas a maioria da população ainda é ou pobre ou de baixa renda (US$ 2 a US$ 10).
São 50,9% nesse patamar triste, divididos entre 7,3% de pobres e 43,6% de baixa renda.
Na classe média (US$ 10 a US$ 20), estavam, em 2011, apenas 27,8% dos brasileiros, de todo modo um auspicioso crescimento de 10,3 pontos percentuais em relação a 2001.
Como os anos mais recentes, não cobertos pelo estudo, foram de crescimento econômico relativamente reduzido ou quase zero, como em 2014, parece razoável deduzir que a classe média não deve ter engrossado muito desde 2011.
Houve, sim, alentador avanço, já que, na primeira década do novo século, caiu o número de pobres (8,7 pontos percentuais) e o de pessoas de baixa renda (8,5 pontos).
Mas são números que podem confortar apenas os governantes de turno, sejam quais forem, e seus áulicos.
Para quem quer mais, comparar os números do Brasil com o de outros países só traz tristeza.
Primeira comparação: com a Espanha, país desenvolvido que talvez seja mais compatível com o Brasil, seja pela história recente (longa ditadura seguida de democracia estável), seja pelo tamanho da economia.
Na Espanha, há quase tantas pessoas de renda média alta (49,5%) quanto os pobres e de baixa renda no Brasil somados (50,9%).
No Brasil, os de renda média alta (US$ 20 a US$ 50) são apenas 15,9% e os efetivamente ricos (mais de US$ 50) não passam de 5,4%.
Na Espanha, os ricos são 27,3%, cinco vezes mais que no Brasil.
Mesmo na comparação com a hoje depreciada Grécia, o Brasil faz feio: os pobres e de renda baixa na Grécia não passam, somados, de 5% (atenção, os dados são de 2011, quando apenas começava o "austericídio" que devastou o país).
No Brasil, repito, dez vezes mais.
Se se quiser comparar com a vizinhança, escolha-se o Chile, bem menor e menos dotado de recursos naturais.
Não obstante, sua classe média (33,8% da população) supera em cinco pontos percentuais a do Brasil. A soma de renda média e média alta dá 55,8%, bem mais que os 43,7% do Brasil.
Todos os cálculos levam em conta a paridade do poder de compra, ou seja, a adaptação do dólar ao que ele pode comprar em cada país.
Tudo somado, tem-se que a crise brasileira não vai incidir em um país de classe média, portanto com certa gordura para queimar, mas em um país pobre, muito pobre.
12 de julho de 2015
Clóvis Rossi
Errado, no entanto, segundo trabalho comparativo sobre a classe média mundial divulgado na quarta-feira (8) pelo Pew Research Center, referência global.
O estudo traz uma ótima notícia, em termos mundiais: 700 milhões de pessoas saíram da pobreza entre 2001 e 2011 (último ano para o qual há dados comparáveis).
Equivale a três "brasis" e meio deixando a pobreza (definida, como é da praxe internacional, como renda de até US$ 2 por dia ou R$ 6,44).
No Brasil também houve notável progresso, mas a maioria da população ainda é ou pobre ou de baixa renda (US$ 2 a US$ 10).
São 50,9% nesse patamar triste, divididos entre 7,3% de pobres e 43,6% de baixa renda.
Na classe média (US$ 10 a US$ 20), estavam, em 2011, apenas 27,8% dos brasileiros, de todo modo um auspicioso crescimento de 10,3 pontos percentuais em relação a 2001.
Como os anos mais recentes, não cobertos pelo estudo, foram de crescimento econômico relativamente reduzido ou quase zero, como em 2014, parece razoável deduzir que a classe média não deve ter engrossado muito desde 2011.
Houve, sim, alentador avanço, já que, na primeira década do novo século, caiu o número de pobres (8,7 pontos percentuais) e o de pessoas de baixa renda (8,5 pontos).
Mas são números que podem confortar apenas os governantes de turno, sejam quais forem, e seus áulicos.
Para quem quer mais, comparar os números do Brasil com o de outros países só traz tristeza.
Primeira comparação: com a Espanha, país desenvolvido que talvez seja mais compatível com o Brasil, seja pela história recente (longa ditadura seguida de democracia estável), seja pelo tamanho da economia.
Na Espanha, há quase tantas pessoas de renda média alta (49,5%) quanto os pobres e de baixa renda no Brasil somados (50,9%).
No Brasil, os de renda média alta (US$ 20 a US$ 50) são apenas 15,9% e os efetivamente ricos (mais de US$ 50) não passam de 5,4%.
Na Espanha, os ricos são 27,3%, cinco vezes mais que no Brasil.
Mesmo na comparação com a hoje depreciada Grécia, o Brasil faz feio: os pobres e de renda baixa na Grécia não passam, somados, de 5% (atenção, os dados são de 2011, quando apenas começava o "austericídio" que devastou o país).
No Brasil, repito, dez vezes mais.
Se se quiser comparar com a vizinhança, escolha-se o Chile, bem menor e menos dotado de recursos naturais.
Não obstante, sua classe média (33,8% da população) supera em cinco pontos percentuais a do Brasil. A soma de renda média e média alta dá 55,8%, bem mais que os 43,7% do Brasil.
Todos os cálculos levam em conta a paridade do poder de compra, ou seja, a adaptação do dólar ao que ele pode comprar em cada país.
Tudo somado, tem-se que a crise brasileira não vai incidir em um país de classe média, portanto com certa gordura para queimar, mas em um país pobre, muito pobre.
12 de julho de 2015
Clóvis Rossi
RISCO PARA BRASIL É CRISE NA CHINA DESVALORIZAR O YUAN
PREOCUPAÇÃO É QUE QUEDA DA BOLSA REFLITA CENÁRIO DE LUCRO MENOR
A forte correção nos mercados acionários chineses pode ser reflexo de uma desaceleração mais ampla do gigante asiático. Nesse cenário, um dos principais riscos de contágio para a economia global e em especial para exportadores de commodities, como o Brasil, é que o governo da China se veja forçado a desvalorizar sua moeda, afetando os preços de insumos básicos.
A preocupação é que a queda das bolsas reflita um cenário de lucros menores das empresas e também acabe provocando falências de algumas instituições financeiras menores que estão mais expostas, afetando assim a atividade econômica. Para o estrategista global do Macquarie Bank, Thierry Wizman, os múltiplos de mercado atingidos pelas bolsas chinesas antes da atual correção certamente sugerem que elas estavam em território de bolha. Essa situação foi estimulada pela promessa de mais liquidez vinda do Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês), à medida que a economia dava sinais de que não iria atingir as metas de crescimento para este ano.
"Isso tem a ver com o fato de que, apesar das recentes injeções de liquidez, a economia não acelerou. É possível ver isso em outras variáveis, como os preços do minério de ferro, a cotação do dólar australiano, etc", comenta Wizman. Para o estrategista da Post-Bric Asset Management, Marcelo Ribeiro, os desdobramentos no mercado acionário também são parte de um movimento mais amplo de estouro da bolha chinesa. "O governo tem tentado fornecer estímulos monetários, mas em vez de esse dinheiro ter ido para a produção, ele foi para especular em bolsa e outros instrumentos. Muitas empresas estavam lucrando mais com ações do que com sua operação, assim como aconteceu com a bolha do Japão (no final dos anos 1980) ou do Nasdaq (também chamada de bolha do Ponto Com, no início dos anos 2000)", afirma.
O especialista em direito bancário, mercado de capitais e sócio do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados, Flávio Maldonado, diz que é difícil determinar se uma bolha existe e se está prestes a estourar. "Algumas vezes ouvimos falar de bolhas e elas não se concretizaram. O fato é que nós estamos vendo uma forte correção de preços nos mercados chineses", aponta. Ele lembra que, desde a crise financeira internacional de 2009, a noção de deixar o mercado se ajustar livremente perdeu apoio. "A instituição que atua como emprestador de última instância precisa corrigir os desvios, senão a crise é muito dramática".
Contágio Wizman, do Macquarie, lembra que os mercados chineses de renda variável são muito fechados para os investidores estrangeiros, mas acredita que o atual movimento pode ter impactos em outras regiões por canais indiretos, via queda na confiança de empresas e consumidores, que assim afetaria o crescimento econômico. "O Brasil e outros mercados emergentes definitivamente vão sofrer, especialmente se a China for forçada a enfraquecer sua moeda", explica. Essa é a mesma preocupação de Ribeiro, da gestora Post-Bric.
Ele afirma que as exportações chinesas apresentam queda real na comparação anual, em função do relaxamento quantitativo na zona do euro, que torna os produtos europeus mais competitivos, e também devido ao atrelamento do yuan ao dólar. Com a valorização da moeda norte-americana desde o fim do ano passado, a divisa chinesa também subiu, mesmo essa paridade sendo calculada diariamente pelo PBoC.
"Na medida em que a economia perde capacidade de exportação, cresce a pressão para que o governo desvalorize a moeda. Se isso acontecer, as commodities vão tomar um forte golpe e aí podemos dizer que a crise brasileira nem começou. Essa seria a mãe de todas as crises", alerta Ribeiro. Em fevereiro, o Bank of America Merrill Lynch já tinha divulgado relatório afirmando que esse era o maior risco de cauda para este ano, já que reduziria o poder de compra dos chineses, "o que seria muito negativo para o já combalido setor de commodities".
Para Ribeiro, o problema nos mercados chineses não é mais um "risco" para o Brasil, e sim "uma realidade". Ele chama atenção para a forte queda de commodities como o cobre e o petróleo na semana passada. "Quando as commodities caem como aconteceu, a única explicação é China, não tem outro motivo".
O executivo-chefe da boutique de investimentos Latam Access, Nilsson Strazzi, também afirma que o estouro da bolha chinesa teria impacto direto nas commodities e no Brasil. "O contágio é total, pois somos reféns das commodities". Ele aponta que a queda nos preços das commodities já é maior que o efeito da desvalorização cambial, que poderia dar mais competitividade aos produtos brasileiros. Na opinião dele, a chance de o PBoC desvalorizar a moeda é grande. Entretanto, se isso levar a uma melhora nas perspectivas de crescimento, poderia acabar tendo um efeito líquido positivo nos preços das commodities.
Contexto
Desde meados de junho, os mercados acionários chineses caíram quase 30%, na mais intensa sequência de baixa desde 1992. Com isso, o valor de mercado das companhias listadas recuou cerca de US$ 2,5 trilhões, ou dez vezes o PIB da Grécia, para se ter uma noção. O movimento já é comparado com a quebra das bolsas norte-americanas em 1929 e as ações do governo chinês para tentar acalmar os investidores só alimentaram o pânico.
Apesar da queda atual, as bolsas chinesas ainda estão 80% acima dos níveis observados no meio do ano passado. Além disso, a fatia das empresas (taxa de free-float) que é listada no mercado acionário representa apenas um terço do PIB da China. Em economias desenvolvidas, o porcentual chega a superar 100% do PIB. Menos de 15% das economias das famílias estão investidas em ações, ou seja, a queda da bolsa tenderia a não afetar o consumo.
Os problemas nos mercados chineses também estão relacionados a questões regulatórias. Com o mercado muito alavancado, algumas corretoras aumentaram as exigências de margens e muitos participantes que haviam tomado empréstimos para comprar ações foram obrigados a vender seus papéis para cumprir as novas regras. Em uma tentativa de estancar a sangria, o governo adotou diversas medidas. As maiores corretoras do país anunciaram neste fim de semana um pacote de 120 bilhões de yuns para comprar ações, com apoio indireto do banco central, e uma meta de levar o índice Shanghai Composite para 4.500 pontos, do patamar atual de 3.730 pontos. Mas com um giro diário de quase 2 trilhões de yuans, o efeito positivo nos mercados durou apenas um dia.
Além disso, quase 30 empresas que tinham ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) foram incentivadas a adiar os planos. Outro expediente que tem sido usado são as interrupções de negociações com determinados papéis, solicitadas pelas próprias empresas. Mais de 700 companhias, de um total de aproximadamente 2,8 mil empresas listadas, já pediram para que as operações fossem suspensas, sendo quase 200 só esta semana.
A maioria desses pedidos de suspensão ocorreu em Shenzhen, mercado que é dominado pelas empresas de menor porte, as chamadas small caps. Diferentemente de outras grandes bolsas, que são dominadas por gestores profissionais, na China os investidores de varejo - muitas vezes pouco instruídos - representam quase 85%. Eles preferem as small caps, já que a negociação com as blue chips é controlada pelos grandes players. Entretanto, isso aumenta a volatilidade. (AE)
12 de julho de 2015
diário do poder
PREOCUPAÇÃO É QUE QUEDA DA BOLSA REFLITA CENÁRIO DE LUCRO MENOR |
A forte correção nos mercados acionários chineses pode ser reflexo de uma desaceleração mais ampla do gigante asiático. Nesse cenário, um dos principais riscos de contágio para a economia global e em especial para exportadores de commodities, como o Brasil, é que o governo da China se veja forçado a desvalorizar sua moeda, afetando os preços de insumos básicos.
A preocupação é que a queda das bolsas reflita um cenário de lucros menores das empresas e também acabe provocando falências de algumas instituições financeiras menores que estão mais expostas, afetando assim a atividade econômica. Para o estrategista global do Macquarie Bank, Thierry Wizman, os múltiplos de mercado atingidos pelas bolsas chinesas antes da atual correção certamente sugerem que elas estavam em território de bolha. Essa situação foi estimulada pela promessa de mais liquidez vinda do Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês), à medida que a economia dava sinais de que não iria atingir as metas de crescimento para este ano.
"Isso tem a ver com o fato de que, apesar das recentes injeções de liquidez, a economia não acelerou. É possível ver isso em outras variáveis, como os preços do minério de ferro, a cotação do dólar australiano, etc", comenta Wizman. Para o estrategista da Post-Bric Asset Management, Marcelo Ribeiro, os desdobramentos no mercado acionário também são parte de um movimento mais amplo de estouro da bolha chinesa. "O governo tem tentado fornecer estímulos monetários, mas em vez de esse dinheiro ter ido para a produção, ele foi para especular em bolsa e outros instrumentos. Muitas empresas estavam lucrando mais com ações do que com sua operação, assim como aconteceu com a bolha do Japão (no final dos anos 1980) ou do Nasdaq (também chamada de bolha do Ponto Com, no início dos anos 2000)", afirma.
O especialista em direito bancário, mercado de capitais e sócio do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados, Flávio Maldonado, diz que é difícil determinar se uma bolha existe e se está prestes a estourar. "Algumas vezes ouvimos falar de bolhas e elas não se concretizaram. O fato é que nós estamos vendo uma forte correção de preços nos mercados chineses", aponta. Ele lembra que, desde a crise financeira internacional de 2009, a noção de deixar o mercado se ajustar livremente perdeu apoio. "A instituição que atua como emprestador de última instância precisa corrigir os desvios, senão a crise é muito dramática".
Contágio Wizman, do Macquarie, lembra que os mercados chineses de renda variável são muito fechados para os investidores estrangeiros, mas acredita que o atual movimento pode ter impactos em outras regiões por canais indiretos, via queda na confiança de empresas e consumidores, que assim afetaria o crescimento econômico. "O Brasil e outros mercados emergentes definitivamente vão sofrer, especialmente se a China for forçada a enfraquecer sua moeda", explica. Essa é a mesma preocupação de Ribeiro, da gestora Post-Bric.
Ele afirma que as exportações chinesas apresentam queda real na comparação anual, em função do relaxamento quantitativo na zona do euro, que torna os produtos europeus mais competitivos, e também devido ao atrelamento do yuan ao dólar. Com a valorização da moeda norte-americana desde o fim do ano passado, a divisa chinesa também subiu, mesmo essa paridade sendo calculada diariamente pelo PBoC.
"Na medida em que a economia perde capacidade de exportação, cresce a pressão para que o governo desvalorize a moeda. Se isso acontecer, as commodities vão tomar um forte golpe e aí podemos dizer que a crise brasileira nem começou. Essa seria a mãe de todas as crises", alerta Ribeiro. Em fevereiro, o Bank of America Merrill Lynch já tinha divulgado relatório afirmando que esse era o maior risco de cauda para este ano, já que reduziria o poder de compra dos chineses, "o que seria muito negativo para o já combalido setor de commodities".
Para Ribeiro, o problema nos mercados chineses não é mais um "risco" para o Brasil, e sim "uma realidade". Ele chama atenção para a forte queda de commodities como o cobre e o petróleo na semana passada. "Quando as commodities caem como aconteceu, a única explicação é China, não tem outro motivo".
O executivo-chefe da boutique de investimentos Latam Access, Nilsson Strazzi, também afirma que o estouro da bolha chinesa teria impacto direto nas commodities e no Brasil. "O contágio é total, pois somos reféns das commodities". Ele aponta que a queda nos preços das commodities já é maior que o efeito da desvalorização cambial, que poderia dar mais competitividade aos produtos brasileiros. Na opinião dele, a chance de o PBoC desvalorizar a moeda é grande. Entretanto, se isso levar a uma melhora nas perspectivas de crescimento, poderia acabar tendo um efeito líquido positivo nos preços das commodities.
Contexto
Desde meados de junho, os mercados acionários chineses caíram quase 30%, na mais intensa sequência de baixa desde 1992. Com isso, o valor de mercado das companhias listadas recuou cerca de US$ 2,5 trilhões, ou dez vezes o PIB da Grécia, para se ter uma noção. O movimento já é comparado com a quebra das bolsas norte-americanas em 1929 e as ações do governo chinês para tentar acalmar os investidores só alimentaram o pânico.
Apesar da queda atual, as bolsas chinesas ainda estão 80% acima dos níveis observados no meio do ano passado. Além disso, a fatia das empresas (taxa de free-float) que é listada no mercado acionário representa apenas um terço do PIB da China. Em economias desenvolvidas, o porcentual chega a superar 100% do PIB. Menos de 15% das economias das famílias estão investidas em ações, ou seja, a queda da bolsa tenderia a não afetar o consumo.
Os problemas nos mercados chineses também estão relacionados a questões regulatórias. Com o mercado muito alavancado, algumas corretoras aumentaram as exigências de margens e muitos participantes que haviam tomado empréstimos para comprar ações foram obrigados a vender seus papéis para cumprir as novas regras. Em uma tentativa de estancar a sangria, o governo adotou diversas medidas. As maiores corretoras do país anunciaram neste fim de semana um pacote de 120 bilhões de yuns para comprar ações, com apoio indireto do banco central, e uma meta de levar o índice Shanghai Composite para 4.500 pontos, do patamar atual de 3.730 pontos. Mas com um giro diário de quase 2 trilhões de yuans, o efeito positivo nos mercados durou apenas um dia.
Além disso, quase 30 empresas que tinham ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) foram incentivadas a adiar os planos. Outro expediente que tem sido usado são as interrupções de negociações com determinados papéis, solicitadas pelas próprias empresas. Mais de 700 companhias, de um total de aproximadamente 2,8 mil empresas listadas, já pediram para que as operações fossem suspensas, sendo quase 200 só esta semana.
A maioria desses pedidos de suspensão ocorreu em Shenzhen, mercado que é dominado pelas empresas de menor porte, as chamadas small caps. Diferentemente de outras grandes bolsas, que são dominadas por gestores profissionais, na China os investidores de varejo - muitas vezes pouco instruídos - representam quase 85%. Eles preferem as small caps, já que a negociação com as blue chips é controlada pelos grandes players. Entretanto, isso aumenta a volatilidade. (AE)
12 de julho de 2015
diário do poder
CONTAS DE CAMPANHA
GILMAR MENDES PEDIU APURAÇÃO DE DADOS DE DILMA, DIZ ISTOÉ
REVISTA REVELA QUE MINISTRO PEDIU QUE PF APURE DADOS DA CAMPANHA
O ministro do Superior Tribunal Eleitoral Gilmar Mendes enviou ofício à Polícia Federal no dia 29 de junho pedindo apuração de irregularidades nas contas da campanha de Dilma Rousseff à reeleição, revela a edição deste fim de semana da revista IstoÉ.
No documento, ao qual a revista teve acesso, o ministro chamou atenção para a Focal Comunicação Visual e a VTPB, que receberam juntas R$ 47 milhões da campanha de reeleição da presidente. A Focal já esteve envolvida no caso do mensalão. Mendes anexou ao ofício relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontando indícios de lavagem de dinheiro na movimentação da VTPB. De acordo com a revista, as duas empresas teriam recebido dinheiro desviado da Petrobras para a empreiteira UTC.
No dia 27 de agosto do ano passado, a UTC doou R$ 2,5 milhões à campanha da petista, que teriam sido usados pelo então tesoureiro e hoje ministro Edinho Silva para pagar a VTPB (R$ 1,7 milhão) e a Focal Comunicação (R$ 672 mil).
Segundo a revista, o documento enviado por Gilmar Mendes à PF também menciona indícios de emissão de notas frias e ocultação de despesas pelas duas empresas contratadas pela campanha da petista em 2014.
As empresas, suspeitas de servir de fachada, garantem que prestaram os serviços pelos quais foram contratadas. A campanha de Dilma afirma que as doações foram legais e nega ter recebido dinheiro ilícito. (AE)
12 de julho de 2015
diário do poder
REVISTA REVELA QUE MINISTRO PEDIU QUE PF APURE DADOS DA CAMPANHA
REVISTA REVELA QUE GILMAR MENDES PEDIU QUE PF APURE DADOS DA CAMPANHA. FOTO: EVARISTO SÁ/AFP |
O ministro do Superior Tribunal Eleitoral Gilmar Mendes enviou ofício à Polícia Federal no dia 29 de junho pedindo apuração de irregularidades nas contas da campanha de Dilma Rousseff à reeleição, revela a edição deste fim de semana da revista IstoÉ.
No documento, ao qual a revista teve acesso, o ministro chamou atenção para a Focal Comunicação Visual e a VTPB, que receberam juntas R$ 47 milhões da campanha de reeleição da presidente. A Focal já esteve envolvida no caso do mensalão. Mendes anexou ao ofício relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontando indícios de lavagem de dinheiro na movimentação da VTPB. De acordo com a revista, as duas empresas teriam recebido dinheiro desviado da Petrobras para a empreiteira UTC.
No dia 27 de agosto do ano passado, a UTC doou R$ 2,5 milhões à campanha da petista, que teriam sido usados pelo então tesoureiro e hoje ministro Edinho Silva para pagar a VTPB (R$ 1,7 milhão) e a Focal Comunicação (R$ 672 mil).
Segundo a revista, o documento enviado por Gilmar Mendes à PF também menciona indícios de emissão de notas frias e ocultação de despesas pelas duas empresas contratadas pela campanha da petista em 2014.
As empresas, suspeitas de servir de fachada, garantem que prestaram os serviços pelos quais foram contratadas. A campanha de Dilma afirma que as doações foram legais e nega ter recebido dinheiro ilícito. (AE)
12 de julho de 2015
diário do poder
NAS MÃOS DO INIMIGO
DILMA DIZ ESTAR NAS MÃOS DE CUNHA. ESTÁ MESMO
PRESIDENTE REVELA PREOCUPAÇÃO DE TER DESTINO DECIDIDO POR CUNHA
Enrolada nas pedaladas fiscais, Dilma Rousseff reclama com aliados que está nas mãos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Ela tem razão em se preocupar. Cunha vive às turras com o PT, que o hostiliza, e será ele quem analisará a admissibilidade de eventual pedido de impeachment. E quem o conhece sabe que se ele colocar o caso em votação, no plenário, dificilmente Dilma escapará. É o que a apavora.
Na admissibilidade, Eduardo Cunha pode levar em conta provas de corrupção ou condições efetivas de Dilma continuar governando o País.
Políticos de proa como o senador Romero Jucá (PMDB-RR) temem que o pretexto para impeachment pode ser a falta de governabilidade.
Há três ameaças contra Dilma: a rejeição das contas no TCU, denúncia por crime financeiro e dinheiro roubado da Petrobras em sua campanha
Como a votação de cassação de mandato é aberta, os deputados da aliados consideram que seria impossível apoiar Dilma ao vivo, pela TV
12 de julho de 2015
diário do poder
PRESIDENTE REVELA PREOCUPAÇÃO DE TER DESTINO DECIDIDO POR CUNHA
PRESIDENTE DA CÂMARA É QUEM DECIDE SE ADMITE PEDIDO DE IMPEACHMENT DE DILMA. FOTO: ANTONIO CRUZ/ABR |
Enrolada nas pedaladas fiscais, Dilma Rousseff reclama com aliados que está nas mãos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Ela tem razão em se preocupar. Cunha vive às turras com o PT, que o hostiliza, e será ele quem analisará a admissibilidade de eventual pedido de impeachment. E quem o conhece sabe que se ele colocar o caso em votação, no plenário, dificilmente Dilma escapará. É o que a apavora.
Na admissibilidade, Eduardo Cunha pode levar em conta provas de corrupção ou condições efetivas de Dilma continuar governando o País.
Políticos de proa como o senador Romero Jucá (PMDB-RR) temem que o pretexto para impeachment pode ser a falta de governabilidade.
Há três ameaças contra Dilma: a rejeição das contas no TCU, denúncia por crime financeiro e dinheiro roubado da Petrobras em sua campanha
Como a votação de cassação de mandato é aberta, os deputados da aliados consideram que seria impossível apoiar Dilma ao vivo, pela TV
12 de julho de 2015
diário do poder
DÍVIDA DO TESOURO COM O BANCO DO BRASIL CHEGA A R$ 16,4 BILHÕES
É O VALOR DA DÍVIDA DO GOVERNO DILMA SÓ COM O BANCO DO BRASIL
A dívida pendurada pelo Tesouro Nacional no Banco do Brasil cresceu 1.692% em dez anos, em termos nominais. Entre o fim de 2005 e o primeiro trimestre de 2015, o total devido pelo Tesouro ao BB saiu de R$ 919,6 milhões para os atuais R$ 16,4 bilhões. Apenas no governo Dilma Rousseff, que começou em janeiro de 2011, o avanço desse passivo foi de 182%.
Essa forma de "pedalada fiscal" já foi condenada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que, em julgamento realizado em abril, decidiu que o governo federal deveria acertar todos os seus passivos com bancos públicos. Além do BB, o Tesouro também mantém dívidas com o BNDES. O governo entrou com um recurso no TCU, alegando que há prazos para esses pagamentos serem realizados.
São três modalidades de dívida do Tesouro inscritas nos balanços do BB, segundo o economista Ebenézer Nascimento, que fez levantamento com os balanços anuais do BB de 2005 ao início de 2014. O estudo foi atualizado pelo Estado com os dados de 2015. As modalidades são o "alongamento" do crédito rural, subsídios agrícolas e créditos a receber do Tesouro.
As maiores dívidas do Tesouro com o BB estão concentradas na modalidade de equalização de taxas agrícolas. Essa é a forma como é chamado o gasto do governo com subsídios. O BB toma recursos no Tesouro a um custo mais elevado do que aquele que ele cobra dos tomadores de crédito agrícola subsidiado. Para cobrir essa diferença entre taxas, o Tesouro deve pagar ao banco uma "equalização". A mesma operação ocorre na relação entre o Tesouro e o BNDES no Programa de Sustentação do Investimento (PSI), criado em 2009 para estimular investimentos.
No caso do PSI, o governo federal está "despedalando", afirma o analista de finanças públicas Fábio Klein, economista da Tendências Consultoria. Segundo dados levantados por Klein, o governo pagou R$ 2,12 bilhões ao BNDES pela equalização de juros do PSI entre janeiro e maio deste ano. No mesmo período do ano passado o governo pagou somente R$ 54 milhões.
"Já com o BB, o saldo em descoberto aumentou, porque o volume de operações de crédito rural do BB saltou muito nos últimos anos. Mas ter R$ 16 bilhões em dívidas do Tesouro não é bom para o banco, que poderia usar o dinheiro para outro fim. O Tesouro, por outro lado, melhora seu quadro fiscal dessa forma", disse Klein.
O Banco do Brasil afirmou, por meio de nota, que a equalização de juros com operações de crédito rural é regulamentada pela Lei 8.427 e por portarias do Ministério da Fazenda. "O valor da equalização é atualizado pela taxa Selic desde a sua apuração, que ocorre de acordo com a respectiva portaria, até o pagamento pelo Tesouro, que é realizado segundo programação orçamentária daquele órgão. A atualização pela Selic preserva a adequada remuneração ao banco e contribui para a evolução do saldo", disse o BB.
O BB justificou o aumento da dívida do Tesouro com o salto no crédito agrícola subsidiado. No Plano Safra de 2004/2005, os desembolsos do BB foram de R$ 25,8 bilhões - já no plano 2014/2015, o volume chegou a R$ 73,3 bilhões. "Consequentemente, aumentou o volume de recursos equalizáveis."
Segundo Nascimento, economista aposentado pelo BB, não há "lógica" para o banco "manter esse passivo aplicado a um rendimento qualquer, mesmo sendo a Selic". Segundo ele, "ao manter-se inadimplente para com o banco, o Tesouro mostra estar insensível ao problema que está sendo causado".
Por meio de nota, o Tesouro informou que o pagamento dos subsídios agrícolas "observa as regras vigentes e a programação financeira, de modo que nesse exercício já foi pago cerca de R$ 1,4 bilhão". O Tesouro informou que o pagamento dos valores "será oportunamente tratado, conforme vier a se pronunciar o TCU, após apreciação do recurso submetido pela União àquela corte". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
12 de julho de 2015
diário do poder
É O VALOR DA DÍVIDA DO GOVERNO DILMA SÓ COM O BANCO DO BRASIL. FOTO ESTADÃO CONTEÚDO |
A dívida pendurada pelo Tesouro Nacional no Banco do Brasil cresceu 1.692% em dez anos, em termos nominais. Entre o fim de 2005 e o primeiro trimestre de 2015, o total devido pelo Tesouro ao BB saiu de R$ 919,6 milhões para os atuais R$ 16,4 bilhões. Apenas no governo Dilma Rousseff, que começou em janeiro de 2011, o avanço desse passivo foi de 182%.
Essa forma de "pedalada fiscal" já foi condenada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que, em julgamento realizado em abril, decidiu que o governo federal deveria acertar todos os seus passivos com bancos públicos. Além do BB, o Tesouro também mantém dívidas com o BNDES. O governo entrou com um recurso no TCU, alegando que há prazos para esses pagamentos serem realizados.
São três modalidades de dívida do Tesouro inscritas nos balanços do BB, segundo o economista Ebenézer Nascimento, que fez levantamento com os balanços anuais do BB de 2005 ao início de 2014. O estudo foi atualizado pelo Estado com os dados de 2015. As modalidades são o "alongamento" do crédito rural, subsídios agrícolas e créditos a receber do Tesouro.
As maiores dívidas do Tesouro com o BB estão concentradas na modalidade de equalização de taxas agrícolas. Essa é a forma como é chamado o gasto do governo com subsídios. O BB toma recursos no Tesouro a um custo mais elevado do que aquele que ele cobra dos tomadores de crédito agrícola subsidiado. Para cobrir essa diferença entre taxas, o Tesouro deve pagar ao banco uma "equalização". A mesma operação ocorre na relação entre o Tesouro e o BNDES no Programa de Sustentação do Investimento (PSI), criado em 2009 para estimular investimentos.
No caso do PSI, o governo federal está "despedalando", afirma o analista de finanças públicas Fábio Klein, economista da Tendências Consultoria. Segundo dados levantados por Klein, o governo pagou R$ 2,12 bilhões ao BNDES pela equalização de juros do PSI entre janeiro e maio deste ano. No mesmo período do ano passado o governo pagou somente R$ 54 milhões.
"Já com o BB, o saldo em descoberto aumentou, porque o volume de operações de crédito rural do BB saltou muito nos últimos anos. Mas ter R$ 16 bilhões em dívidas do Tesouro não é bom para o banco, que poderia usar o dinheiro para outro fim. O Tesouro, por outro lado, melhora seu quadro fiscal dessa forma", disse Klein.
O Banco do Brasil afirmou, por meio de nota, que a equalização de juros com operações de crédito rural é regulamentada pela Lei 8.427 e por portarias do Ministério da Fazenda. "O valor da equalização é atualizado pela taxa Selic desde a sua apuração, que ocorre de acordo com a respectiva portaria, até o pagamento pelo Tesouro, que é realizado segundo programação orçamentária daquele órgão. A atualização pela Selic preserva a adequada remuneração ao banco e contribui para a evolução do saldo", disse o BB.
O BB justificou o aumento da dívida do Tesouro com o salto no crédito agrícola subsidiado. No Plano Safra de 2004/2005, os desembolsos do BB foram de R$ 25,8 bilhões - já no plano 2014/2015, o volume chegou a R$ 73,3 bilhões. "Consequentemente, aumentou o volume de recursos equalizáveis."
Segundo Nascimento, economista aposentado pelo BB, não há "lógica" para o banco "manter esse passivo aplicado a um rendimento qualquer, mesmo sendo a Selic". Segundo ele, "ao manter-se inadimplente para com o banco, o Tesouro mostra estar insensível ao problema que está sendo causado".
Por meio de nota, o Tesouro informou que o pagamento dos subsídios agrícolas "observa as regras vigentes e a programação financeira, de modo que nesse exercício já foi pago cerca de R$ 1,4 bilhão". O Tesouro informou que o pagamento dos valores "será oportunamente tratado, conforme vier a se pronunciar o TCU, após apreciação do recurso submetido pela União àquela corte". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
12 de julho de 2015
diário do poder
CUBA JÁ LEVOU R$ 4,3 BILHÕES PELO MAIS MÉDICOS
FINANCIAMENTO DA DITADURA CASTRO É FEITO PELO MAIS MÉDICOS/OPAS
FINANCIAMENTO DA DITADURA CASTRO É FEITO PELO
FINANCIAMENTO DA DITADURA CASTRO É FEITO PELO
MAIS MÉDICOS/OPAS
A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) já recebeu, por meio do Mais Médicos, mais de R$ 4,3 bilhões do governo federal. Alvo de graves denúncias de uso do programa como fachada para financiar a ditadura cubana, a Opas repassava aos médicos apenas 10% dos R$ 11 mil pagos por cada profissional, levando quase cinquenta cubanos a desertarem e fugirem do Brasil para não correrem risco de deportação.
Vídeo da TV Band mostrou negociações entre representantes do Ministério da Saúde e da Opas discutindo como acobertar o esquema.
Depois das denúncias, a Opas começou a pagar R$ 3 mil aos médicos cubanos, quatro vezes menos do que recebem os de outros países.
A Opas já levou mais de R$ 1 bilhão em 2015, demonstrando que o acordo com os irmãos Castro não sofre com o arrocho do governo.
12 de julho de 2015
diário do poder
A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) já recebeu, por meio do Mais Médicos, mais de R$ 4,3 bilhões do governo federal. Alvo de graves denúncias de uso do programa como fachada para financiar a ditadura cubana, a Opas repassava aos médicos apenas 10% dos R$ 11 mil pagos por cada profissional, levando quase cinquenta cubanos a desertarem e fugirem do Brasil para não correrem risco de deportação.
Vídeo da TV Band mostrou negociações entre representantes do Ministério da Saúde e da Opas discutindo como acobertar o esquema.
Depois das denúncias, a Opas começou a pagar R$ 3 mil aos médicos cubanos, quatro vezes menos do que recebem os de outros países.
A Opas já levou mais de R$ 1 bilhão em 2015, demonstrando que o acordo com os irmãos Castro não sofre com o arrocho do governo.
12 de julho de 2015
diário do poder
NA CORDA BAMBA
“Agora, a rede, eu acho que ela tem um lado lúdico, sabe? Porque isso que as crianças gostam tanto no pavilhão. Porque, quando você está lá em cima… Eu não posso ficar aqui brincando, não é? Então… Mas você percebe direitinho como é que dá para brincar, porque se você inclinar para um lado e, imediatamente, virar para o outro, você fica balançando mesmo, você consegue equilibrar”.
Dilma Rousseff, internada por Celso Arnaldo ao comentar sua caminhada pela rede elástica instalada no pavilhão do Brasil na Expo Milano, em analogia perfeita de seu governo, ao descobrir que balançar significa ir de um lado para outro, mas deixando no ar um enigma: como uma presidente que se expressa desse jeito ainda não caiu?
12 de julho de 2015
Augusto Nunes, Veja
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Seria mais interessante se ela desenhasse... Melhoraria muito a compreensão do que ela pretendeu enunciar...
m.americo
LULA E O PT JÁ ESTÃO NO "VOLUME MORTO", REVELA PESQUISA DO IBOPE
Se disputasse hoje uma eleição presidencial contra o tucano Aécio Neves, Luiz Inácio Lula da Silva venceria apenas no eleitorado de menor renda e escolaridade, e em algumas das áreas geográficas que tradicionalmente votam no PT. O lulismo, além de menor, está menos diverso: em quase duas décadas, este é o momento em que o apoio ao ex-presidente mais se concentra na população mais pobre.
Os dados são de pesquisa Ibope, realizada na segunda quinzena de junho, que mostra que Lula seria derrotado por 48% a 33% em um eventual 2.º turno com Aécio – em votos válidos, sem contar os indecisos e os que não optariam por nenhum dos dois, o resultado seria 59% a 41%. Se o adversário fosse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, haveria empate técnico: 40% para o tucano e 39% para o petista – ou 51% a 49%, em votos válidos.
Na segmentação do eleitorado por sexo, idade e tamanho do município, Aécio venceria em todas as faixas. Na divisão por renda e escolaridade, Lula ficaria à frente, de forma isolada, apenas entre os eleitores que ganham até um salário mínimo e que têm até quatro anos de estudo. A geografia do voto mostra que o petista ganharia apenas na Região Nordeste.
Núcleo duro. É como se a pesquisa desse sentido numérico à citação de Lula, feita durante encontro com líderes religiosos, no mês passado, de que ele e o governo estão no “volume morto” – uma referência à reserva técnica de água que só é consumida em situações de crise.
O levantamento do Ibope mostra um refluxo do apoio ao petista mesmo no eleitorado de baixa renda: Aécio ganharia de Lula até entre os que ganham de um a dois salários mínimos (53% a 47% dos votos válidos). A vantagem do tucano aumenta à medida que cresce a renda, até chegar a 72% a 28% na faixa dos que ganham mais de cinco salários.
A popularidade do ex-presidente chega ao fundo do poço em um momento em que se combinam os estragos econômicos provocados pela alta da inflação e do desemprego e as turbulências políticas decorrentes da Operação Lava Jato, que investiga corrupção e desvios em torno de obras contratadas pela Petrobrás.
Essa combinação é o que o cientista político Marcus Melo, da Universidade Federal de Pernambuco, costuma chamar de “tempestade perfeita”. “No Brasil, o choque informacional representado pelo escândalo do petrolão potencializou brutalmente o efeito da derrocada da economia. A experiência cotidiana da população quanto à péssima qualidade dos serviços, por exemplo, aumenta a credibilidade da informação recebida sobre corrupção.”
Mudanças no mapa. O encolhimento da base lulista fica ainda mais evidente quando se analisa sua distribuição geográfica. No conjunto de municípios que a pesquisa do Ibope classifica como “pró-PT” – aqueles em que o partido venceu no 2.º turno das três mais recentes eleições presidenciais –, Dilma colheu quase dois terços dos votos válidos em 2014. Agora, uma hipotética candidatura de Lula teria 52% nessas mesmas cidades, ante 48% para Aécio – o que configura um empate técnico.
Nas cidades consideradas volúveis, onde o PT foi derrotado em uma ou duas das três mais recentes eleições, Lula sofreria hoje uma derrota significativa para o ex-governador de Minas Gerais: 63% a 37%. Nas áreas anti-PT, onde o partido perdeu em 2006, 2010 e 2014, o tucano teria vantagem de 72% a 28%, segundo a pesquisa.
Nem no berço do PT a situação de Lula é confortável. Na conversa em que se referiu ao “volume morto”, ele fez críticas à presidente. O Ibope atesta ‘volume morto’ do lulismo 7/12/2015 Ibope atesta ‘volume morto’ do lulismo - Política - Estadão http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,ibope-atesta-volume--morto-do-lulismo-,1723349 2/3 Dilma Rousseff e citou pesquisa, feita a pedido do PT, que mostrava 75% de rejeição ao governo em São Bernardo do Campo e Santo André, segundo reportagem do jornal O Globo.
Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope, observa que, em 2002, Lula teve votação bastante homogênea em diferentes segmentos sociais e regiões do País. Foi em 2006 que o eleitorado lulista se concentrou nas classes e regiões mais pobres. Essa clivagem se repetiu nas vitórias de Dilma, em 2010 e 2014.
Tanto em 2002 quanto em 2006, Lula venceu com cerca de 61% dos votos válidos, 20 pontos porcentuais a mais do que os obtidos na pesquisa Ibope, se descontados os indecisos e os eleitores que anulariam ou votariam em branco. “É preciso levar em conta que o número de indecisos, hoje, é muito maior do que seria se, de fato, estivéssemos perto de uma eleição”, alerta a diretora do Ibope. “É fato que a base de Lula diminuiu, mas não se pode dizer que ele esteja morto, em termos políticos.”
O Ibope ouviu 2.002 eleitores em todo o País. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais.
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Duas perguntas para Marcus Melo, cientista político da UFPE
1. Quem são os eleitores que se afastam de Lula neste momento?
O PT e Lula tem sofrido perdas importantes tanto nos chamados “core voters” como nos “swing voters”. A redução do primeiro grupo se manifesta nos dados de identificação partidária com o PT e na lealdade declarada a Lula. Este núcleo duro detém informação política: a lealdade tem traços programáticos e ideológicos. Ele está representado por setores da classe média tradicional e setores sindicais e dos movimentos sociais. Mas a perda maior de Lula e do PT pode ser observada no grupo de “swing voters” – eleitores que demonstram pouca lealdade ao partido e ao ex-presidente e têm menor informação política. Este grupo responde fundamentalmente a mudanças no seu bem-estar. As perdas colossais que se observam nesse grupo devem-se a aumento do desemprego, inflação e encarecimento do crédito, entre outros fatores.
2. O expresidente tem condições de reconquistar os simpatizantes perdidos?
A quebra de promessas de campanha pode levar a defecções à esquerda no grupo de “core voters”, mas, numa escolha binária, eles ainda votariam em Lula ou em outro candidato do PT. O segundo grupo só seria reconquistado a longo prazo com a recuperação robusta dos níveis de bem-estar em 2017 e 2018, o que parece muito improvável.
Do site do Estadão
12 de julho de 2015
in aluizio amorim
O GOLPE BOLIVARIANO-PORTUGUÊS DA DILMA
Com exceção do site O Antagonista, a maioria dos veículos da grande mídia praticamente silenciou ou fez pouco caso do escandaloso encontro secreto de Dilma em Portugal com o Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro da Justiça José Eduardo Cardoso na cidade do Porto, em Portugal conforme revelou com exclusividade o blog do Gerson Camaroti, da Rede Globo.
A justificativa furada do PT é que o encontro tratou do propalado aumento de vencimentos para o Judiciário. Na verdade, conforme O Antagonista, o que ocorreu foi um autentico golpe português da Dilma.
No vídeo acima Digo Mainardi e Mario Sabino analisam o encontro e, abaixo, o cartoon do Sponholz. Vale a pena ver.
Apesar do jornalismo pena alugada do Foro de São Paulo, que tenta melar de alguma forma a Operação Lava Jato e salvar Lula e Dilma das teias da lei, ainda resta na imprensa brasileira alguns jornalistas que trabalham incansavelmente para revelar a verdade dos fatos, como é o caso de Mainardi e Sabino.
Por sua vez, os cartunistas da grande imprensa brasileira em praticamente 100% continuam fazendo humor a favor do PT. Entre os poucos fiéis aos fatos está o mestre Sponholz.
AÉCIO ATROPELA LULA TAMBÉM NO IBOPE: 59% X 41%
(Folha) O senador Aécio Neves (PSDB-MG) venceria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um segundo turno caso as eleições presidenciais fossem realizadas hoje. A conclusão é da última edição da pesquisa Ibope, divulgada neste sábado (11) pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e realizada na segunda quinzena do mês passado. No cenário em que enfrentaria o tucano, o petista teria 33% das intenções de voto contra 48% do senador.
Se levados em consideração os votos válidos, sem computar os brancos e nulos, Aécio teria 59% e Lula pontuaria 41%. Caso o candidato do PSDB fosse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a pesquisa mostra um empate técnico no segundo turno: o tucano teria 40% e o petista atingiria 39%.
O jornal não divulgou os resultados de uma disputa no primeiro turno. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos, para cima ou para baixo. O Ibope ouviu ao todo 2.002 eleitores em diferentes cidades do país.
Em junho, o Datafolha realizou simulação da eleição presidencial que mostrou também vantagem de Aécio sobre Lula caso o pleito nacional fosse realizado na época. Em um primeiro turno, o senador mineiro alcançou 35% das intenções de voto, contra 25% do petista. A margem de erro era também de dois pontos, para cima ou para baixo.
A ANÁLISE DO ESTADÃO
Se disputasse hoje uma eleição presidencial contra o tucano Aécio Neves, Luiz Inácio Lula da Silva venceria apenas no eleitorado de menor renda e escolaridade, e em algumas das áreas geográficas que tradicionalmente votam no PT. O lulismo, além de menor, está menos diverso: em quase duas décadas, este é o momento em que o apoio ao ex-presidente mais se concentra na população mais pobre.
Os dados são de pesquisa Ibope, realizada na segunda quinzena de junho, que mostra que Lula seria derrotado por 48% a 33% em um eventual 2.º turno com Aécio – em votos válidos, sem contar os indecisos e os que não optariam por nenhum dos dois, o resultado seria 59% a 41%. Se o adversário fosse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, haveria empate técnico: 40% para o tucano e 39% para o petista – ou 51% a 49%, em votos válidos.
Na segmentação do eleitorado por sexo, idade e tamanho do município, Aécio venceria em todas as faixas. Na divisão por renda e escolaridade, Lula ficaria à frente, de forma isolada, apenas entre os eleitores que ganham até um salário mínimo e que têm até quatro anos de estudo. A geografia do voto mostra que o petista ganharia apenas na Região Nordeste.
Núcleo duro. É como se a pesquisa desse sentido numérico à citação de Lula, feita durante encontro com líderes religiosos, no mês passado, de que ele e o governo estão no “volume morto” – uma referência à reserva técnica de água que só é consumida em situações de crise.
O levantamento do Ibope mostra um refluxo do apoio ao petista mesmo no eleitorado de baixa renda: Aécio ganharia de Lula até entre os que ganham de um a dois salários mínimos (53% a 47% dos votos válidos). A vantagem do tucano aumenta à medida que cresce a renda, até chegar a 72% a 28% na faixa dos que ganham mais de cinco salários.
A popularidade do ex-presidente chega ao fundo do poço em um momento em que se combinam os estragos econômicos provocados pela alta da inflação e do desemprego e as turbulências políticas decorrentes da Operação Lava Jato, que investiga corrupção e desvios em torno de obras contratadas pela Petrobrás.
O encolhimento da base lulista fica ainda mais evidente quando se analisa sua distribuição geográfica. No conjunto de municípios que a pesquisa do Ibope classifica como “pró-PT” – aqueles em que o partido venceu no 2.º turno das três mais recentes eleições presidenciais –, Dilma colheu quase dois terços dos votos válidos em 2014. Agora, uma hipotética candidatura de Lula teria 52% nessas mesmas cidades, ante 48% para Aécio – o que configura um empate técnico.
Nas cidades consideradas volúveis, onde o PT foi derrotado em uma ou duas das três mais recentes eleições, Lula sofreria hoje uma derrota significativa para o ex-governador de Minas Gerais: 63% a 37%. Nas áreas anti-PT, onde o partido perdeu em 2006, 2010 e 2014, o tucano teria vantagem de 72% a 28%, segundo a pesquisa.
Nem no berço do PT a situação de Lula é confortável. Na conversa em que se referiu ao “volume morto”, ele fez críticas à presidente Dilma Rousseff e citou pesquisa, feita a pedido do PT, que mostrava 75% de rejeição ao governo em São Bernardo do Campo e Santo André, segundo reportagem do jornal O Globo.
Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope, observa que, em 2002, Lula teve votação bastante homogênea em diferentes segmentos sociais e regiões do País. Foi em 2006 que o eleitorado lulista se concentrou nas classes e regiões mais pobres. Essa clivagem se repetiu nas vitórias de Dilma, em 2010 e 2014.
Tanto em 2002 quanto em 2006, Lula venceu com cerca de 61% dos votos válidos, 20 pontos porcentuais a mais do que os obtidos na pesquisa Ibope, se descontados os indecisos e os eleitores que anulariam ou votariam em branco. “É preciso levar em conta que o número de indecisos, hoje, é muito maior do que seria se, de fato, estivéssemos perto de uma eleição”, alerta a diretora do Ibope. “É fato que a base de Lula diminuiu, mas não se pode dizer que ele esteja morto, em termos políticos.”
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12 de julho de 2015
in coroneLeaks
E MANDIOCAMENTE FALANDO SOBRE A MAIORIDADE PENAL...
Depois da inesquecível conquista da mandioca, resta-nos entender a causa desse “tendepá” armado sobre a maioridade. De repente, todo mundo discute se a maioridade deve ou não ser abaixo dos 18 anos. Eu penso em 14 anos, acima disso pena diferenciada até 18 anos, depois, pena comum. Mas é caso de solução médica, assunto para a psiquiatria e até para a sociologia.
O tema está sendo tratado de forma tão exacerbada que até parece ser nossa necessidade prioritária ou o único problema que temos para solucionar. Está na moda classificar o crime pelo seu grau de hediondez. Tudo agora é hediondo, tudo é homofóbico e tudo pode ser qualquer coisa… Tenho medo desse “tendepá”, porque, parece, quanto menos entendida a situação, maior tensão. A hediondez de um crime se mostra por si só e não carece de tipificação. Mas, como todo modismo, isso deve passar junto com a roubalheira de que o país é vítima.
A natureza é sempre mais sábia que o homem (estou falando em espécie, viu Dona Dilma?). Tanto é assim que o fazendeiro aparta o bezerro da vaca geralmente aos nove meses, se a criação é extensiva. E por que esse tempo? Por vários motivos: para não sacrificar as vacas e para que eles, os bezerros, não cubram as fêmeas nem fiquem subindo nas novilhas.
NA MÃO DO MÉDICO
“Mutatis mutandis”, se nós tomássemos a natureza como base, para codificar nossos costumes, a idade seria medida pela capacidade do “galalau” de enxertar a fêmea. E quem deveria avaliar essa capacidade? O médico ou o delegado? Claro que o médico, por meio de exames clínicos e laboratoriais. Em alguns lugares funciona assim. Por exemplo, nos Estados Unidos, em alguns dos seus Estados.
Ainda há pouco, lia nos jornais uma declaração do ministro da Justiça, que disse a seguinte bobagem: “Posso dizer que, se alguém sair vitorioso da não redução da maioridade penal, é a sociedade brasileira”. Para o ministro, insistir na proposta “é um erro profundo, um passo gravíssimo”. Cardoso voltou a destacar que há um déficit de mais de 220 mil vagas no sistema prisional brasileiro. Esse argumento eu já tinha ouvido e lido, saído das bocas dessas “otoridades” que se acham divinizadas, como o ex-Luiz, o exemplo maior.
GRANDE BOBAGEM
Ministro, o senhor está falando uma grande bobagem… Quer dizer que, se for reduzida a maioridade, não haverá cadeia para prender todo mundo que delinque? Pois bem, esse argumento do ilustre ministro, que também é utilizado pelo governo do PT, permite que se conclua que o problema da superpopulação carcerária seria resolvido de forma simples: bastaria aumentar a maioridade para 25 ou 30 anos… Assim, iriam sobrar vagas nas atuais penitenciárias do país… Taí: com essa solução, o ministro merece o Nobel do nonsense. Isso me faz lembrar que estou vivo porque não morri…
Ministro, imite Dona Dilma, inventora do “Pátria Educadora” e do “Minha Casa, Minha Vida”. Que tal criar o “penitenciária minha pena”? Mas ande rápido, a operação Lava Jato está chegando ao fim…
12 de julho de 2015
Sylo Costa
O Tempo
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