Alexis Tsipras, o novo primeiro-ministro da Grécia e que está causando um terremoto político pela Europa, escolheu o Brasil como seu primeiro destino de viagem internacional quando começou de forma discreta sua a campanha para as eleições em seu país. Em dezembro de 2012, ele foi recebido pela presidente Dilma Rousseff e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ouvir sugestões sobre como resgatar a economia grega.
Tsipras era apenas o líder de seu partido, o Syriza. Mas ganhou 75 minutos com Dilma, em Brasília. O grego vinha buscar apoio e conselhos à sua luta para derrubar o modelo de austeridade. Ao deixar o encontro, deu uma entrevista a um jornal grego e comentou que a Grécia deveria ver o Brasil “como um exemplo” de como sair da crise.
“A mensagem do Brasil para o povo grego é de que a saída da crise não pode ocorrer por memorando de austeridade, mas apenas por políticas de coesão social, crescimento e redistribuição”, declarou Tsipras, que negou que estivesse visitando o Brasil para copiar o modelo do País na Grécia.
COBAIA DA CRISE
Dias depois, em São Paulo, esteve com Lula, num encontro de uma hora e meia. “Viemos de um país eleito como cobaia da crise europeia”, disse ao ex-presidente, segundo relato publicado no site do Instituto Lula.
Ainda segundo o relato, o grego contou a Lula que começou sua viagem internacional pelo Brasil porque o País “provou para o mundo que é possível ter sucesso enfrentando a crise com caminhos alternativos”.
“Nos últimos três anos, recebemos 140 bilhões em empréstimos. Desse valor, só 19 bilhões foram para a economia real. Esses empréstimos estão nos condenando a uma recessão perpétua, porque não temos a menor possibilidade de pagar essa dívida”, disse a Lula.
Durante o encontro, Lula afirmou que a política de austeridade castigava os trabalhadores europeus. Para ele, era “necessário retomar o caminho do crescimento para sair da crise e evitar que ela se espalhe por outras regiões do globo”.
“O problema da Grécia teria sido resolvido com US$ 40 bilhões no ano de 2009. E agora necessitamos muitas vezes esse valor”, disse.
Lula usou o exemplo da “marolinha” para explicar sua estratégia. “No dia 22 de dezembro de 2008 entrei em rede nacional para fazer um pronunciamento à nação. Havia um clima de terror, dizendo que o povo não ia comprar porque estava com medo de perder o emprego. Fiz um pronunciamento dizendo que essa crise no Brasil seria uma marolinha. Mas que, se o povo não fosse às compras, aí sim a crise ia chegar. O que aconteceu? Pela primeira vez na história do Brasil, as classes C, D e E consumiram mais que as classes A e B”, contou Lula.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diz o comentarista Guilherme Almeida, está explicado o aprofundamento da crise grega. Vejam no que deu. Com conselheiros econômicos como Dilma e Lula, agora só falta a Grécia importar luminares tipo Guido Mantega e Miriam Belchior, que comandavam a Fazenda e o Planejamento na Tropicália. (C.N.)
12 de julho de 2015
Jamil Chade
Estadão
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