"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 7 de março de 2014

OS FIOS "DESEMCAPADOS" NO CAMINHO DE DILMA

A rebelião do PDMB -maior partido da base aliada - contra a pretensão hegemônica do PT no governo Dilma Rousseff e nos Estados entra na lista dos "fios desencapados" que atormentam o Palácio do Planalto e preocupam os mercados. O foco dos agentes econômicos não é propriamente a disputa política envolvida nessa trama nem os seus desdobramentos na reforma ministerial, mas o risco que o governo incorre de "tomar uma bola nas costas" do Congresso.

São pelo menos dois os temas que lá tramitam e que o PMDB - encorpado por sete partidos da base aliada e um da oposição (Solidariedade), que se juntaram sob o nome "blocão"-pode aprovar, deixando um bom estrago para Dilma resolver: a derrubada do veto da presidente ao projeto que abre as porteiras para a criação de centenas de municípios; e a aprovação da mudança do indexador das dívidas dos Estados e municípios retroativa ao ano de assinatura dos contratos de renegociação com a União.

Soma-se a esses dois projetos que têm potencial de forte aumento do gasto público a criação de uma comissão externa de investigação envolvendo denúncias de corrupção na Petrobras. Das gavetas do Parlamento sempre se pode sacar algum outro tema espinhoso para o Executivo.

"A encrenca no Congresso é grande. Se rejeitarem o veto da presidente, volta à tona a questão do rebaixamento do "rating" do Brasil", comentou um economista do setor privado para quem o programa fiscal recém-anunciado deu uma trégua ao risco de rebaixamento do grau de investimento do país.

Atentos aos movimentos do PMDB, vários economistas e analistas de mercado procuram medir nas rachaduras partidárias e nas insatisfações do próprio PT com Dilma a força do "Volta Lula".

Em fevereiro, mal ou bem o governo da presidente Dilma saltou três obstáculos: a elaboração e divulgação do programa fiscal para 2014; o anúncio do sofrível balanço da Petrobras e a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu o ritmo da elevação da taxa Selic.

Passado o Carnaval, as atenções voltam-se também para os outros "fios desencapados" que colocam pedras nos caminhos do governo: a crise de energia e os custos ainda não dimensionados do uso constante das usinas térmicas, os destinos dos preços congelados (combustíveis e energia) e seus impactos sobre a inflação e o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), dos planos econômicos e a correção da poupança, dentre outros.

Para esse último, o Supremo havia marcado 12 de março como data de desfecho. Ontem o assunto não constava da pauta. Essa, porém, contém duas outras ações de grande repercussão econômica, como o pedido de indenização bilionária da Va r i g pelo congelamento de tarifas durante o Plano Cruzado; e a definição sobre como devem ser pagos os precatórios. Ambas as contas são estimadas em R$ 6 bilhões e R$ 94 bilhões, respectivamente.

As fissuras na base aliada não são alimentadas só pelos parlamentares que não receberam suas emendas ao Orçamento nem conseguiram aprovar projetos de interesse dos prefeitos e não têm, portanto, muito o que mostrar aos seus eleitores. Há problemas na montagem de quase todos os palanques estaduais, onde os casos mais estridentes são os do Rio de Janeiro e do Ceará; e a distribuição de cargos na pequena reforma ministerial, tal como Dilma concebeu, que não agrada ao PMDB. Vendo-se preteridos, líderes do partido do vice-presidente Michel Temer falam até em deixar a aliança que elegeu Lula por duas vezes e levou Dilma ao Palácio do Planalto.

Em novembro de 2013, a presidente vetou todo o projeto de Lei Complementar 98/2002, aprovado pelo Senado em outubro, que regulamenta a fusão, criação e desmembramento de municípios. Pelas regras do projeto, poderiam ser criados 188 novos municípios, segundo cálculos do Congresso, ou 363 conforme estudos do Ipea. A Emenda Constitucional no 15 congelou a criação de municípios até a definição de critérios nacionais, o que foi feito pelo Senado em outubro.

A presidente justificou o veto com base na análise do Ministério da Fazenda, de aumento inoportuno do gasto público. Cada novo município é um foco multiplicador de despesas com a criação do Executivo, a Câmara de Vereadores, a estrutura do Judiciário, sem qualquer geração de receitas. Em geral, vão viver da partilha do Fundo de Participação, subtraindo receitas de outros municípios.

No caso da troca do indexador da dívida dos Estados e municípios, originalmente o governo foi favorável inclusive à retroatividade da medida. A reação dos mercados e das agências de "rating" ao que foi avaliado como frouxidão fiscal levou o governo a interromper a tramitação da proposta.

O "blocão", agora, acena com a aprovação do projeto que daria uma folga financeira a vários municípios, mas, sobretudo, à Prefeitura de São Paulo, sob o comando de Fernando Haddad, do PT. O prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho, também do PT, disse recentemente que a rebelião da base aliada do governo na Câmara pode abrir uma "j a n e l a" para que seja negociada a aprovação do projeto que muda o indexador da dívida dos Estados e municípios.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já avisou que o governo pode retirar o projeto se o Congresso insistir em aprovar o texto com a mudança retroativa do indexador.

Lula esteve em Brasília na Quarta-feira de Cinzas para uma reunião com Dilma e o comando da campanha da reeleição, destinada a reduzir os atritos dos partidos com o governo. Ontem, o Palácio do Planalto deu indicações de que vai prosseguir na reforma ministerial, mas manterá a pasta do Turismo nas mãos do PMDB.


No PT, há quem não veja qualquer problema na saída do PMDB da base aliada. Assim como há quem veja nas restrições que o setor privado faz à decisões do governo somente uma reação a interesses contrariados.

07 de março de 2014
Claudia Safatle, Valor Econômico

DE GATOS, RATOS E MERCADOS


  
China tem desafios complexos, mas previsão de 90% de chance de catástrofe não deve ser levada a sério

O novo governo chinês, na abertura da sessão anual do Congresso Nacional do Povo, fixou como objetivo da política econômica em 2014 um crescimento de 7,5%, nível necessário, segundo seus tecnocratas, para gerar 10 milhões de postos de trabalho. Mais importante do que esse número, para quem segue de perto a evolução da segunda economia do mundo, foram decisões complementares que definem o arcabouço da política econômica para os próximos anos.

Entre elas, chamam a atenção do analista um novo desenho da política fiscal e o controle ainda mais rígido do endividamento dos governos regionais. Os dois movimentos claramente na direção de um espaço maior para os agentes privados.

Para os que acreditam no modelo chinês de passagem de uma economia centrada no Estado para um híbrido de mercados privados e setor público, iniciado ainda na década de 80 do século passado, esses passos não surpreendem.

Eles seguem a direção definida por Deng Xiaoping ao propor sua imagem de que "não interessa a cor de um gato, desde que ele destrua os ratos de forma eficiente".

Hoje sabemos o que queria dizer com essa imagem da época da morte de Mao: não importa se os agentes que geram o desenvolvimento econômico são estatais ou privados, desde que o resultado final seja o crescimento da renda dos cidadãos.

Mas esse desenho de economia não encontra credibilidade na grande maioria dos analistas de mercados que continuam a olhar com muito pessimismo para o sucesso chinês das ultimas décadas.

Para eles o colapso vai ocorrer, de uma hora para outra, arrastando no seu caminho as nações emergentes que vivem da cocaína das exportações de commodities agrícolas e minerais para a China.

Ontem mesmo o "Financial Times" trouxe reportagem em que um grupo importante de analistas descreve suas expectativas sobre a origem de uma possível nova crise econômica grave. Para eles, 90% do risco está centrado na China, 42%, nos países da América Latina, e 33%, em outros emergentes.

Para o leitor ter uma boa ideia da qualidade das previsões dos chamados mercados, a pesquisa realizada pelo jornal britânico mostra que os agentes consultados associam o menor risco (13%) de uma crise aos acontecimentos futuros no espaço comum europeu. A grande maioria destes opinadores, há menos de dois anos, clamava aos céus o fim do mundo e da Europa Unida.

Por isso, aconselho a todos a não levarem a sério os 90% de chances associados a uma catástrofe da economia chinesa nos próximos anos.

Mas é importante entender que os desafios a serem vencidos na década em que os atuais governantes chineses estarão no poder são de grande complexidade. A sociedade chinesa mudou muito nos últimos anos e os novos desafios de natureza econômica e social têm hoje uma química diferente dos enfrentados, com sucesso, por Deng Xiaoping e seus sucessores.

O que tem chamado a atenção dos analistas que mais respeito é o fato de que uma nova geração de dirigentes tenha mostrado coragem de mudar o rumo do país, mesmo tendo em conta o sucesso já alcançado.

Isso não é comum em dirigentes políticos, que na maioria das vezes ficam escravos do sucesso passado e não conseguem dar um passo adiante. Vejam a reviravolta que está ocorrendo na Turquia depois que o sucesso de mais de dez anos de governo foi destruído pela incapacidade de acompanhar a evolução da sociedade e de se reinventar.

Aqui no nosso querido país também vivemos um momento importante de mudanças, principalmente na condução da economia.

O Brasil é um desses exemplos em que o sucesso continuado por um período muito grande --afinal foram 17 anos com a renda real do cidadão crescendo 4,7% ao ano-- precisa de uma corajosa mudança de rumo para consolidar os ganhos obtidos.

E qual é a principal mudança que precisa ocorrer para que uma nova década de crescimento se abra aos brasileiros? É necessária a passagem do consumo como a grande força do crescimento para um equilíbrio diferente em que os investimentos privados e os ganhos de produtividade assumam também parte importante no dinamismo da economia.
 
07 de março de 2014
Luiz Carlos Mendonça de Barros, Folha de SP

O ROJÃO QUE AUMENTA AS CHANCES DE 1o. TURNO

Desde que inventaram eleição em dois turnos no Brasil dela só escapou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tanto em 1994 quanto em 1998. Em nenhuma das três eleições posteriores o PT foi capaz de chegar à maioria absoluta dos votos para liquidar a fatura de uma só vez.

Num momento em que pemedebistas e petistas deixados ao relento, além de empresários e banqueiros queixosos, só se ocupam do "volta Lula", a aposta de que a reeleição da presidente Dilma Rousseff pode repetir a façanha de FHC parece uma alucinação.

A aposta tem nome e endereço e está a léguas, em distância e propósito, do quartel-general da campanha presidencial. Chama-se Alexandre Marinis, foi analista do banco Garantia e hoje tem uma consultoria que se dedica a esquadrinhar a política em números para seus clientes.

Todos se surpreendem até serem apresentados ao caminho percorrido pelo economista da Mosaico até as previsões que, só à primeira vista, parecem uma ressaca mal curada de carnaval. O ponto de partida são as manifestações de junho do ano passado. Duas pesquisas Datafolha feitas antes e depois de as ruas se encherem mostram que o percentual de eleitores dispostos a dar um voto em branco ou anulá-lo havia mais do que duplicado.

Até o início de junho o patamar se mantinha no limite padrão de 7%. A partir das manifestações, esse percentual cresceria a ponto de chegar a 18% na última rodada de fevereiro.

Se um maior número de eleitores se diz disposto a anular sua opção para presidente ou votar em branco, diminui a cesta de votos válidos a partir da qual se conta a maioria necessária para que se liquide a fatura no primeiro turno. 
A remissão às duas eleições de FHC é obrigatória. De cada dez eleitores que compareceram para votar em 1994 e 1998, oito validaram seus votos. O ex-presidente elegeu-se com metade desses votos.

Na era petista o sarrafo aumentou. Caiu o percentual de nulos, muito provavelmente por causa da universalização da urna eletrônica. Os votos nulos sempre foram maiores em cidades com maior número de analfabetos. A urna eletrônica facilitou o voto dessas pessoas.

Com isso, de cada dez eleitores que compareceram aos locais de votação nas três últimas disputas presidenciais nove validaram seus votos. Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma precisavam fazer uma metade mais robusta de votos que a de FHC. Falharam e acabaram enfrentando um segundo turno.

A julgar por todas as pesquisas desde as manifestações, o patamar de nulos estará mais próximo daquele observado nas eleições de FHC do que na dos petistas, o que embasa as convicções de Marinis sobre as chances de um único turno em outubro.

Além das evidências aritméticas, as pesquisas revelam que o alheamento prejudica a oposição porque tira do mercado os eleitores mais oposicionistas do pedaço. É duas vezes mais fácil encontrar um eleitor que aprova governo Dilma entre aqueles que pretendem escolher o senador Aécio Neves ou o governador Eduardo Campos do que entre aqueles que pretendem votar em branco ou nulo.

A entrada da ex-senadora Marina Silva como vice de Campos ou mesmo como candidata melhora as chances do PSB, mas não reduz o alheamento eleitoral. Tanto Campos quanto Aécio devem torcer por candidaturas que ajudem a captar esse voto nulo. Se o pré-candidato do PSOL, o senador Randolfe Rodrigues (AP), começar a ser ouvido pelos desencantados pode ajudar a oposição. O mesmo talvez não possa ser dito se o ministro Joaquim Barbosa resolver disputar e, além dos alheios, roubar os votos da oposição.

O alheamento acendeu o sinal amarelo no Tribunal Superior Eleitoral, que prepara campanha institucional sobre a importância do voto. Ao contrário de outras, de teor mais educativo e voltada para grotões analfabetos, esta, com um apelo mais cívico, buscará o eleitor das grandes cidades. Desde as massivas demonstrações de junho, os protestos reduziram-se em escopo, mas não é só quem solta rojão que se afasta da urna. A violência gerada por ambos os lados e seu noticiário inflam a descrença na política institucional.

A despeito do empenho do governo em aprovar lei contra os rojões, as manifestações, pelo que mostram as contas de Marinis, podem acabar ajudando a reeleição. À dura tarefa de conquistar quem quer votar, soma-se aos percalços da oposição a façanha de arrebanhar os alheios.

PETROBRAS MERGULHADA EM ESCÂNDALOS E SUSPEITAS

 

Patrimônio de todos os brasileiros, a Petrobras não pode continuar sendo dilapidada, como tem acontecido desde aquela que já é reconhecida como gestão temerária do petista José Sérgio Gabrielli. É fundamental que o Congresso aprove a criação de uma comissão externa ou mesmo de uma CPI para investigar o novo escândalo. Desta vez, apesar da pressão governista para que a iniciativa não prospere, é provável que a comissão seja instalada, pois o PMDB e outros partidos da base aliada, em conflito aberto com o governo Dilma, estão muito propensos a votar favoravelmente às investigações.

Algumas pessoas se dizem preocupadas com os eventuais danos à imagem do Brasil que podem ser causados por algumas camisetas sobre a Copa do Mundo, confeccionadas por uma fornecedora alemã de material esportivo, com imagens de mulheres de biquíni. É evidente que se trata de uma hipocrisia sem tamanho, pois não é nada muito diferente daquilo que todos estamos acostumados a ver diariamente em nossas praias. Devemos nos preocupar, isso sim, é com o incalculável prejuízo que escândalos em série em nossa principal empresa certamente trazem à reputação do pais.

Propinas, compra suspeita de refinaria, perda em valor de mercado, atraso no pagamento a fornecedores, dívidas fiscais milionárias, entre outras proezas que só um governo incompetente é capaz de produzir, transformaram a Petrobras em um dos maiores símbolos de um momento sombrio de nossa história. A mais importante empresa brasileira mergulhou 8 mil metros abaixo do nível do mar em busca do pré-sal. Mas, sob comando do PT, afundou mesmo é nas profundezas da corrupção.

HORA DE CHAMAR O SÍNDICO HADDAD

 
 
07 de março de 2014
Romeu Chap Chap, O Estado de S. Paulo

NUS E PELADOS

Nudez, meus amigos, essa é outra coisa e, por sorte, não ocorre somente no Carnaval

Lembro do dia em que descobri o que era a nudez. Era Carnaval e não havia baile infantil de clube ou de rua naquela cidade uruguaia, a folia era simples e sem graça: circular pelas ruas mais povoadas do balneário, esperando e temendo ser atingida por uma bombinha d’água ou um jato.

Era isso o que os garotos faziam, e eram eles que me interessavam. Com sorte, o banho seria de confetes ou serpentinas, mas eu não conseguia decidir se isso era um mérito em relação a ser atingida pela água, mais incômoda, ou um descaso.

Não sei que idade tinha, mas acho que não havia atingido os dois dígitos. Minha fantasia era composta de um sarongue e um colar daqueles de flores de plástico, usados sobre a parte de baixo do biquíni. A parte de cima, naqueles tempos mais ingênuos, sequer era usada na praia. Sarongue, colar e flores para a cabeça, saí toda primaveril para a rua, disposta a brincar de temer ser molhada.


Foi quando notei a presença dos meus seios. Não me refiro aos reais, que nem sugeridos estavam naquela ocasião, mas, sim, àqueles que um dia apareceriam. Foi naquele dia em que pela primeira vez me senti nua. O fim da infância chegou, sem anunciar-se, em pleno Carnaval.


Meia quadra depois, corri para casa de volta, completei a fantasia com o resto do biquíni, mas já era tarde: mesmo oculto, meu corpo de criança já tinha o que mostrar. A nudez é um sentimento que pode atingir a pessoa mesmo quando não há nada para ser visto, assim como pode estar ausente quando tudo está explícito. O que me expôs a um olhar cuja existência eu ignorava até aquele Carnaval foi o desejo que senti de ser alvo das brincadeiras dos meninos.

O Carnaval está aí para que a sensualidade possa se exibida, enfeitada, fantasiada, desnudada ou travestida, numa festa civilizada. A exposição dos corpos de passistas e destaques carnavalescos é, no fim das contas, tão educada quanto uma praia de nudismo, onde se pode andar sem roupas sem ser incomodado.

Já o desejo que a nudez revela é diferente do direito de andar pelado e rebolar em público, ele se alimenta daquilo que quando visto produz algum efeito, algum rubor, algum frisson nos envolvidos. Pode e costuma ser controlado, mas move montanhas. No começo da vida de todos há esse divisor de águas: aquele momento do surgimento da nudez, no qual o corpo se torna desejável. A partir daí a intimidade é necessária e a porta do banheiro se fecha para os olhos da família.


O momento carnavalesco dessa história de infância foi dado pela oportunidade de parecer uma havaiana. A diversão estava garantida se tivesse continuado o passeio sem ficar envergonhada, mas fui atropelada por um desejo que ainda desconhecia e toda nudez tem algo a ver com ele: a ideia de que o que pode ser visto denunciará as mais recônditas fantasias do portador. Essas fantasias não desfilam, elas costumam sair na calada do sexo, na intimidade dos casais. Os pelados da avenida são lindos, exuberantes, vistosos e sejam bem-vindos. Mas nudez, meus amigos, essa é outra coisa e, por sorte, não ocorre somente no Carnaval.

OS GRINGOS ESTÃO CHEGANDO!


 
07 de março de 2014
Barbara Gancia, Folha de SP

ARSENAL

Essa mistura de drogas tem um significado diferente da rebeldia contra o status quo na revolução de costumes

A venda de Rivotril e Lexotan no Brasil aumentou 42% nos últimos cinco anos.

Aplacar a angústia com psicoativos virou rotina corriqueira. Crianças são medicadas na idade escolar e até o luto já tem definição clínica, podendo ser suplantado com duas ou três pílulas ao dia.

O avanço da neurologia é recente. Na minha adolescência, a psicanálise era vista como a solução definitiva para o tratamento das neuroses. Hoje, o confessionário de Freud se transformou em uma terapia alternativa, quase obsoleta, no controle dos impulsos incontroláveis do ser humano.

A impressão, nesses 35 anos que me separam da juventude, é que, para o bem e para o mal, servimos todos de cobaia. A pesquisa propiciou lucros estratosféricos para a indústria farmacêutica e fez avançar a ciência, mas, aos ratos, sempre restam as sequelas.

Um dos efeitos colaterais dos novos tempos pode ser sentido na geração que adentra os 20 anos, filhos de gente como eu. Os medos, as insatisfações, entusiasmos, amores, raivas e hormônios que antes encontravam vazão no sexo, nas drogas e no rock and roll, ainda se utilizam dos mesmos instrumentos para conhecer e contestar o mundo.

Mas, além do Nirvana, dos Mutantes, da camisinha, da bebida, da maconha e do pó, bolas com carimbo de fábrica, facilmente adquiridas nas melhores farmácias do ramo, vieram se juntar ao arsenal.

Tenho ouvido casos e casos de jovens clinicamente interditados depois de sofrer o que se convencionou chamar de surto psicótico. Ao contrário da passageira, quando não fatal, overdose, comum nas minhas priscas eras, ou do démodé coma alcoólico da turma do funil, o apagão do momento lembra as bad trips do LSD, capazes de provocar curtos-circuitos cerebrais de efeito duradouro.

O surto psicótico, até onde pude entender, é deflagrado pelo abuso de excitantes e relaxantes variados: do "speedball" ao benzodiazepínico, do álcool ao THC, do MDMA ao special K. O coquetel provoca crises de ansiedade tão violentas que a internação clínica, antes bissexta, tornou-se comum.

O laudo de morte de Philip Seymour Hoffman indica a presença de heroína, cocaína, anfetaminas e benzodiazepínicos, além de outras substâncias não identificadas no sangue do ator.

Essa mistura de drogas lícitas e ilícitas, de tráfico e medicina, de cura e doença tem um significado diferente da rebeldia contra o status quo presente na aurora da revolução de costumes, e também do hedonismo niilista do pós-punk.

Cacá Diegues observa que as drogas já serviram para escapar, e até desafiar uma sociedade repressora e moralista; mas hoje, ao contrário, elas existem para ajustar o ser humano à pressão social.

Muitos amigos que antes entendiam a legalização das drogas como uma questão de livre-arbítrio, do direito de fazer o que bem quisessem do próprio organismo, agora, diante dos filhos grandes, alguns presos na ciranda de calmantes, antidepressivos e aditivos proibidos, ou não, por lei, suspeitam do poder da força de vontade das crias e defendem a circulação restrita de certos químicos.

No Brasil, a falta de um sistema eficiente de saúde faz com que o farmacêutico, muitas vezes, funcione como médico. É da cultura. A duras penas, o comércio de antibióticos sem prescrição foi coagido, mas a automedicação ainda é um costume da terra.

O elixir paregórico, tido desde os tempos da vovó menina como uma santa mesinha para bebês com cólica, contém láudano. O láudano é uma tintura de ópio largamente usada por dependentes que tentam, por si mesmos, driblar a síndrome de abstinência. Três vidros reduzidos garantem uma boa dose do mesmo vício.

No Rio de Janeiro, é comum encontrar três, quatro farmácias em um só quarteirão. Não raro, dá-se com um balconista compreensivo que vende o remedinho do neném sem receita, o comprimidinho para dormir e o Viagra do tiozinho. A demanda é grande, e a fiscalização, pequena.

Discute-se a falência da criminalização das drogas, o Uruguai já permite o porte e o plantio da Cannabis, mas a nova onda se abastece, em parte, no balcão das drogarias. Legalizar ou não, apesar de relevante, não é a questão principal.

O problema não é o crime, mas a dependência, que cresceu 42% em meia década.

OSCAR, CARNAVAL E MUITOS PARÊNTESES

 

UEBA! O GALVÃO FICOU CEGUETA!

 
 
07 de março de 2014
José Simão

VULVAS VULTOSAS...

De notícias que peguei pelaí:

“Inspetoras de Segurança e Administração Penitenciária que fazem a revista corporal nas visitantes do Presídio Ary Franco, no Bairro de Água Santa, no subúrbio do Rio, prenderam, na manhã desta quarta–feira, Elane Regina de Assumpção Pereira, de 29 anos, quando tentava entrar na unidade com 72 sacolés de cocaína escondidos nas partes íntimas.

Elane tinha ido visitar o companheiro Wispineli Macário dos Santos, de 28 anos, preso desde fevereiro e condenado a seis anos de prisão por roubo. O filho do casal de três anos e meio estava junto com Elane no momento da prisão. Ela será levada para a 26ª DP (Todos os Santos), junto com o material apreendido, onde será autuada por tráfico de drogas.

No presídio João Carlos da Silva, que fica no Complexo Prisional de Japeri, na Baixada Fluminense, inspetoras apreenderam com Célia Regina Santanna Sales, de 32 anos, dois aparelhos celulares, um relógio, dois anéis, um carregador de celular, um fone de ouvido e um chip para celular. A apreensão também foi feita nesta manhã. O material encontrado estava embrulhado em um saco plástico e escondido nas partes íntimas.

Célia foi visitar o companheiro Elinton Pereira Couto Filho e estava com um de seus nove filhos. Elinton cumpre pena por roubo na unidade desde dezembro do ano passado. O caso será registrado na 63ª DP (Japeri).”

Sem sacanagem, eu não sei quanto volume fazem 72 sacolés de coca, mas a Célia, com dois aparelhos celulares, um relógio, dois anéis, um carregador de celular, um fone de ouvido e um chip para celular é demais da conta. Desculpem mas, budabariu, que chiranha! Eu acho que vou até pagar a fiança  e contratar a distinta, porque minha Kombi dorme na rua... Só faltou dizer que o relógio era de parede!
 
07 de março de 2014

NOTÍCIA DE ONTEM

         

Confira abaixo a íntegra da reportagem publicada na revista Isto É desta semana, que cita a articulação do Partido Militar para lançar o General Heleno como candidato à presidência.
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Aos 66 anos, o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira é um fenômeno que não aparece nas pesquisas de intenção de voto nem frequenta as análises políticas convencionais. Na internet, porém, sua eventual candidatura à Presidência da República tem feito sucesso. Conforme dirigentes de 68 associações de militares da reserva, que costumam refletir o pensamento de boa parte da caserna, o movimento “general Heleno presidente” alcançou nas últimas semanas o apoio de 5,7 milhões de eleitores. Uma ordem de grandeza respeitável em qualquer circunstância.

Apesar desses números, o general Heleno, que foi comandante militar da Amazônia, e também esteve à frente das tropas da ONU que mantêm a ordem no Haiti, construindo uma rara liderança fardada nascida após a democratização do País, tem tudo para se transformar na principal estrela de um movimento de caráter simbólico. Oficial da reserva desde maio de 2011, ele teria de ter preenchido alguma ficha de filiação partidária até outubro do ano passado para poder disputar a eleição e até agora não se posicionou sobre isso. Seus aliados não confirmam nenhuma vinculação partidária do general, embora também não descartem a possibilidade de este ser um segredo estratégico.

O certo é que, com o apoio que tem recebido, o general não será um eleitor qualquer.
O sucesso do general na internet tem explicação. Num universo político em que os principais candidatos têm uma postura que admite apenas mudanças de tonalidades cinzentas entre o centro e o centro-esquerda, com receio de descontentar eleitores desconfiados da propaganda eleitoral, o general apresenta um discurso conservador que um bom número de eleitores gosta de ouvir. Ele tornou-se uma celebridade instantânea ao dizer que a política indigenista do governo Luiz Inácio Lula da Silva era “lamentável, para não dizer caótica,” afirmação que lhe custou o comando militar da Amazônia. De lá para cá, ironizou o “passado ilibado” de Renan Calheiros, criticou a política econômica do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e chamou o acordo do Mercosul de um “mero tratado bolivariano”. Heleno já definiu o ex-ministro José Dirceu como o “maior colecionador de rabos presos” da República. Aliados e amigos do general afirmam que, ainda que a legislação impeça uma candidatura própria, irão entrar na campanha como parte de um “movimento anti-PT.” O capitão Augusto Rosa, um dos mais ativos aliados do general, faz críticas ao programa Bolsa-Família que a oposição civil abandonou há muitos anos. “Estamos criando uma geração de pais vagabundos que não servem de referência para os filhos.”

O discurso conservador não faz do general Heleno um defensor do golpe militar de 1964, mas aos mais próximos ele gosta de repetir uma afirmação pouco convicta sobre os valores democráticos. “Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim”, diz, citando uma frase cubana. A boa notícia em torno da liderança do general é que, desde a redemocratização do País, é a primeira vez que se consolida entre as Forças Armadas um movimento que pretende se valer do voto e das vias democráticas para colocar suas posições. Os militares que se articulam em volta de Heleno pretendem formar o Partido Militar Brasileiro, PMB, que anuncia ter conseguido filiar 490 mil eleitores para obter registro no TSE – se todas as fichas forem regulares, faltarão 80 mil para que possa chegar ao registro definitivo. Por enquanto, a exemplo do que acontece com os simpatizantes da Rede, de Marina Silva, os candidatos que apoiam a criação do PMB estão espalhados por outros partidos ou usando o PRTB como “sigla franqueada” para disputar as eleições de 2014.

O deputado comunista Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), delegado da Polícia Federal que fez fama na Operação Satiagraha, já assinou sua ficha de apoio e milita pela criação do partido. Através de seu site, Protógenes costuma pedir aos eleitores que façam o mesmo. Outro aliado seguro é o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que se dedica a organizar o partido no Rio de Janeiro e é um nostálgico assumido da ditadura. Longe da política, mas famoso no meio militar, o primeiro astronauta brasileiro, o coronel da Aeronáutica Marcos Pontes, também fará parte do diretório de São Paulo.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, Eliezer Rizzo, analisa a emergência do descontentamento militar como parte do descontentamento geral do funcionalismo com os salários. No governo Lula, relembra, o Planalto investiu em plano de recuperação salarial do funcionalismo e ganhou a simpatia geral, inclusive dos fardados. Mas essa política foi abandonada no governo Dilma, levando a uma reação previsível nas repartições e na caserna. Para Eliezer Rizzo um movimento dessa natureza faz parte natural dos regimes democráticos. “É preferível ter um partido pró-militares disputando eleições a ter grupos em atitude de confronto com o sistema democrático. Grande parte da população considera a democracia como frágil, corrupta, inoperante, como se um regime forte e antidemocrático não padecesse de situação similar. Mas o regime democrático pode perfeitamente incorporar essa iniciativa.”

Os militares estão misturados à política brasileira desde a Proclamação da República, que foi obra de um golpe militar. Depois de Deodoro e Floriano, os dois primeiros presidentes, o Brasil teve um terceiro general presidente, Eurico Dutra. Além deles, no pós-guerra surgiram dois candidatos competitivos, ainda que derrotados nas urnas, o brigadeiro Eduardo Gomes e o general Henrique Lott. Uma diferença é que esses candidatos nasceram no interior de partidos civis, enquanto o movimento que carrega o general Heleno nasceu no universo militar, em suas famílias e associações de reservistas. Os militares têm causas que seduzem muitos eleitores, como o combate às cotas raciais e também ao casamento entre homossexuais. Sua agenda, no entanto, tem vários elementos típicos da caserna.

O Partido Militar Brasileiro denuncia a investigação conduzida pela Comissão da Verdade em torno dos crimes do regime como uma forma de revanchismo. Embora determinadas atitudes da Comissão possam mesmo estimular a interpretação de que se trata de um movimento “revanchista”, ela cumpre um papel necessário, indispensável à democratização que se defronta com a memória da tortura. No próximo 31 de março, data que foi retirada do calendário das celebrações militares pela presidenta Dilma Rousseff, o general Heleno vai dar uma palestra sobre a deposição de João Goulart para um grupo de maçons de Brasília.

07 de março de 2014
anhanguera
in blog do Giulio Sanmartini

DAQUI NINGUÉM ME TIRA

 

A Rússia é o maior país do planeta. Sua superfície equivale a dois Brasis. Com tanto espaço para população relativamente pequena ― de uns 140 milhões de habitantes ― convém perguntar por que razão se batem pela Crimeia.
 
Por que fazem tanta questão de conservar um território exíguo, do tamanho do pequenino Estado das Alagoas? Seriam os russos gananciosos a ponto de tomarem à força um pedaço de terra estrangeira, assim, sem mais nem menos, pelo prazer de aumentar seu próprio território?
Que diferença faz acrescentar 27 mil km2 a um país que já dispõe de 17 milhões de km2? A Crimeia, afinal, não tem petróleo, nem ouro, nem urânio.
 
O buraco é mais profundo. Por grande que seja, a Rússia tem um problema antigo de difícil solução: seu imenso território é encravado, a porta de saída é estreita. Com exceção de alguns trechos, suas costas estão expostas a mares frios, daqueles que congelam no inverno e dificultam ou impedem a navegação.
 
Faz séculos que o governo russo tenta por todas as maneiras estender suas costas a águas mais clementes. Cada quilômetro de beira-mar livre de gelo agregada ao território representa uma vitória.
 
O avanço em direção ao sul é o objetivo maior do Estado russo.
Em todas as guerras que o país travou, o butim mais significativo foi sempre a conquista de mais uma franja de costa. Foi o que aconteceu ao final da Guerra Russo-Finlandesa e da Segunda Guerra Mundial. Cada uma delas aumentou a exposição do país a mares temperados.
 
Rússia e península da Crimeia
Rússia e península da Crimeia
 
Pois a Crimeia entra nessa linha. Banhada pelo Mar Negro, situada a uma latitude de 45 graus, tem suas costas livres de gelo o ano inteiro. Do ponto de vista estratégico, é uma das joias da coroa. Para Moscou, aquela peninsulazinha vale ouro.
 
De qualquer maneira, era território russo até 1954, quando foi atribuída à Ucrânia por decisão burocrática tomada em Moscou. Na época, como a Rússia e a Ucrânia faziam parte da União Soviética, essa redefinição de fronteiras internas não trazia consequência. Hoje não é mais assim. Mas frise-se que a população daquele território ainda é majoritariamente de origem e de língua russa.
 
Os EUA e a UE podem reclamar, ameaçar, espernear ― não vai adiantar. Exagerando nas tintas, eu diria que é mais fácil os russos entregarem um pedaço da Sibéria que a Crimeia.
Os estrategistas do mundo inteiro sabem disso. O que se vê estes dias não passa de jogo de cena. A Rússia lá está e lá continuará «duela a quién duela». (*)
 
07 de março de 2014
José Horta Manzano
 
Interligne 23
 
(*) Nota em atenção aos mais jovens
Em 1992, quando de uma entrevista à televisão argentina, Collor de Mello ― então presidente do Brasil ― soltou uma joia de puro portuñol. Querendo afirmar que todos os corruptos seriam desmascarados e punidos, traduziu ao pé da letra nossa expressão “doa a quem doer”. Ficou incompreensível para ouvidos castelhanos. Foi um desastre.

VOCÊ SABE POR QUE O LULA FOI ELEITO PRESIDENTE, E ELEGEU O POSTE? NÃO? ENTÃO CONHEÇA OS ELEITORES DA REPÚBLICA FEDERATIVA DE BANÂNIA...

VIDEOCAST DO SACHSIDA: POR QUE SOU UM LIBERAL CLÁSSICO?


Nesse vídeo explico minhas razões por defender um conjunto de ideias comumente associadas ao liberalismo clássico: valores liberais na esfera econômica e valores conservadores na esfera moral.
 
Clique aqui para assistir.
 
07 de março de 2014
Adolfo Sachsida

CARTA ABERTA AOS MILLITANTES

Mais irritante que o intelectual, só mesmo o intelectual militante. Seja de esquerda, seja de direita, se é que estas palavras ainda têm algum sentido. Por intelectual militante entendo aqueles salvadores de pátria, que lutam para salvar o que pode ser salvo do Brasil. Ora, direis, nada mais nobre do que salvar a pátria. Até pode ser. Mas fazer disso um ofício ou profissão de fé é vigarice.

Estes vigaristas pululam nestes dias de Internet. Inundam as ditas redes sociais denunciando a corrupção, xingando o PT e os petistas, fazendo da desestatização um mantra, pregando o liberalismo e citando Von Mises e Ayn Rand. Não que haja algo reprovável nestas bandeiras ou no culto a profetas do óbvio. Acontece que o militante se esgota no militar, e se sente um herói incompreendido em seu desejo de um mundo melhor. Sim, eu já fui militante do mundo melhor. Aconteceu nos breves dias em que era católico e pertenci inicialmente à JEC e depois à JUC.

Por um mundo melhor – este era nosso lema. Nos reuníamos em congressos pelo país afora e voltávamos inflamados, cheios de um entusiasmo sagrado, dispostos a transformar o homem e o mundo. No fundo, estávamos sendo manipulados por padres e marxistas, que faziam do ativismo intelectual uma profissão.

Eu era dos mais fogosos. Aos quinze, dezesseis anos, era bom de verbo e conquistava platéias. Certa vez, quando nos despedíamos em um congresso em São Paulo, todos cheios de fogo e dispostos a incendiar as cidades para as quais voltávamos, quais um Paulo após a queda do cavalo na estrada de Damasco, uma freirinha abraçou-me chorando: com mil homens como você, salvávamos o mundo.

Que homens? Que homem? Que mundo? Eu era um adolescente fanatizado, que sequer ganhava a própria vida e a única coisa que sabia fazer bem era falar. Não, não me arrependo nem me envergonho daqueles dias. Eu vivia circunstâncias pelas quais devia passar, para chegar um dia ao entendimento. Não demorou muito para descrer de tudo aquilo em que acreditava e me senti ridículo até o âmago.

Ainda bem que vivi bem cedo esse ridículo. Aos vinte, não mais militava e tratava de cuidar de meu jardim. Eram dias em que a adultez costumava chegar em seu devido tempo. Hoje vemos barbados, de trinta e mais anos, agindo como adolescentes entusiasmados com a descoberta de um brinquedinho excitante.

O poeta cedo soube disso:
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.


Derrotismo? Nada disso. Apenas a consciência de que falar e apenas falar não leva a nada. Quem salva o Brasil – ou qualquer país – é aquele anônimo cidadão que faz seu humilde – ou não tão humilde – trabalho, sem palavras nem intenções grandiloqüentes, mas tratando de fazê-lo da melhor maneira possível. É o padeiro que distribui o pão nosso de cada dia, o garçom que nos serve, o taxista ou motorista que nos conduz. Ou o professor que se sente bem educando, consciente de que está semeando o futuro, o engenheiro que constrói prédios e pontes, consciente de que constrói a cidade humana, o médico que faz o que pode para devolver moribundos à vida, o enfermeiro que dá continuidade à ação do médico.

Desde jovem, fui tomado por um vício que hoje considero um tanto perverso, o culto aos escritores e artistas. Quando publiquei meus primeiros rabiscos, em uma entrevista, respondi a uma jornalista, com a arrogância típica dos jovens: - Escrevo para expulsar meus demônios. Durante semanas, repousei contente sobre o efeito daquela frase.

Que demônios? Eu certamente havia lido o chavão em algum lugar e o repetia como se tivesse descoberto a América. Eu escrevia movido pelo motivo que move todos que escrevem, a vaidade. Durante muito tempo, acreditei que nos escritores residia a salvação do mundo. Provavelmente influenciado por Sábato, que sempre defendeu uma espécie de clericatura da literatura. Hoje, me sinto mais inclinado a conviver com engenheiros, médicos, cientistas e técnicos. E, que me perdoem os amigos escritores que ainda conservo, me sinto um pouco mal junto a escritores.

A verdade é que escritor – hoje no Brasil – é um sofisticado esmoler de favores do erário, um penetra sedento no banquete dos bem aquinhoados. Quando fazia Filosofia, lembro-me que tínhamos profundo desprezo pelos estudantes de engenharia. Nós é que entendíamos o mundo, os candidatos a engenheiro não passavam de mercenários interessados no vil metal e nos confortos burgueses. Uma menina da Filosofia que fosse aos bailes da Engenharia era vista como uma piranha. Na verdade, a moça já descobrira que com os salvadores do mundo não tinha um futuro brilhante.

Não, não estou traindo a grande arte ou a grande literatura. Entre meus heróis ainda estão Cervantes, Swift, Schliemann, Orwell, Pessoa, Hernández, Mozart, Bizet, Verdi. Mas a vida ensinou-me a admirar aqueles seres que, muitas vezes sem grandes conhecimentos de arte, constroem o mundo em que vivemos. Há moleques na Internet se julgando heróis porque combatem – julgam combater – a corrupção. Como se para combatê-la bastasse dizer: abaixo a corrupção, morte aos corruptos. Em entrevista que devo publicar em breve, eu respondia a um desses jovens salvadores da pátria: - Não simpatizo nada com esses protestos em redes sociais e muitos blogs contra a corrupção. De modo geral, é coisa de militante de sofá.

Corrupção não é coisa que possa ser combatida – nem mesmo denunciada – por cândidas almas indignadas. Que tem a dizer sobre o Maluf um pobre diabo indignado, se nem a máquina da Justiça consegue colocá-lo atrás das grades? A maior parte dos protestos contra a corrupção que se vê por aí é coisa de bobalhões que se pretendem heróis. Um cidadão comum pouco ou nada pode fazer para combater a corrupção. Poderá fazer algo se estiver muito próximo do esquema corrupto e puder denunciá-lo com provas e documentos.

Corrupção não é, em princípio, coisa para cidadão comum. É caso para a justiça, para a polícia, para peritos, para jornalismo altamente especializado. Os crimes de lavagem de dinheiro são sofisticados e combatê-los exige uma máquina muito cara e investigadores treinados. A Receita Federal tem enviado auditores fiscais para treinamento nos Estados Unidos. Isto é: se corrupção não é para qualquer um, combatê-la muito menos.

Há quem me julgue um batalhador das boas causas, alguém que luta por um país melhor. Equívoco. Não luto por nada. Apenas constato e me divirto constatando. Jamais direi: abaixo a corrupção. Isto é bandeira dos militantes do óbvio. Mas me diverte, isto sim, desvelar os baixos instintos que se escondem atrás de causas pretensamente nobres. Escrevo para divertir-me, não para construir mundos melhores. Deixo esta bandeira para os militantes de sofá. Por hoje é só.


07 de março de 2014
janer cristaldo

ÔNIBUS DA ALEGRIA


Agnelo Queiroz, governador petista do DF, sorridente, no ônibus.
 
Novamente, o governo petista da capital do país, que superfatura tudo, desde estádio de futebol até saquinho de lixo, é pego no pulo. O Tribunal de Contas do DF aponta indícios de superfaturamento na compra de ônibus para atender turistas em Brasília na Copa e alerta que a entrega ocorrerá quando quatro dos sete jogos na cidade já terão ocorrido. O contrato com o fornecedor ainda não foi assinado e prevê prazo de 120 dias para entrega.

O tribunal condicionou a compra à comprovação, pelo governo do DF, de que o preço é compatível ao praticado em outras cidades. Brasília pagará R$ 19,7 milhões por 18 ônibus híbridos. Curitiba gastará R$ 26 milhões em 60 veículos semelhantes. A diferença é de 30%, que dizem ser a taxa de sucesso a ser paga aos compradores. A estatal que gere o transporte em Brasília diz que adquiriu modelo superior. Ora, Curitiba é a capital que mais entende de transporte coletivo no Brasil, que em Brasília é um caos. Os corruptos do governo do DF não cabem nos 18 ônibus, que, se comprados, deveriam inaugurar uma linha direta para a Papuda.
 
(Com informações da Folha)
 
07 de março de 2014
in coroneLeaks

GAMBÁ CHEIRA GAMBÁ!

AFINAL, NÃO É UMA EX DELINQUENTE DE RAPINA ? PARA REGISTRO - SOS VENEZUELA -

 



Os venezuelanos que estão indo às ruas protestar fizeram um vídeo para correr o mundo. Em poucas horas, enquanto escrevo, já foi acessado mais de 130 mil vezes. Nele, a presidente Dilma Rousseff aparece como cúmplice de assassinatos, de espancamentos, de tortura, de prisões arbitrárias. Pior: isso tudo é verdade. Uma jovem explica, em espanhol, com legenda em inglês, por que a população está na rua. Traduzo um trecho (em branco):

- porque estamos cansados de enfrentar longas filas para comprar leite, farinha, açúcar, óleo e papel higiênico;
- porque um Venezuelano é assassinado a cada 20 minutos;
- porque nos matam para roubar um telefone celular;

- porque não temos como saber o que se passa em nosso próprio país desde que o governo censurou ou fechou os meios de comunicação independentes;
- também protestamos porque estudantes e líderes políticos estão presos apenas por discordar do governo;
- Não é justo viver assim.

E aí vem o momento constrangedor. A estudante venezuelana afirma que tudo isso se passa sob o silêncio cúmplice dos governos da região. Nessa hora, a imagem que aparece é a da presidente Dilma Rousseff. Veem-se cenas impressionantes da truculência das forças de repressão.

 
O vídeo termina com um pedido: 
“Compartilhe com seus familiares, amigos e colegas de trabalho. Nós, os venezuelanos, precisamos de vocês”. Assisti e, confesso, ao ver a imagem da presidente Dilma como uma das cúmplices da barbárie, senti vergonha. Vejam e depois o espalhem Brasil e mundo afora. Volto em seguida.
  Original/Íntegra
  Reinaldo Azevedo

CONTRÁRIA À UNIÃO REDE-PT, ELIANA CALMON APOIA APROXIMAÇÃO TUCANA

 


Se no plano nacional o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) têm entrado em consonância de discursos e até ensaiam uma possível aliança na possibilidade de segundo turno, na Bahia, ao que tudo indica, o barco ruma pela mesma correnteza.

Contatada pelo Bahia Notícias, a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pré-candidata ao Senado, Eliana Calmon, disse não ver problema algum em se aliar aos tucanos.

“Acho que isso é uma coisa mais nacional, mas se houver é bem vinda. Não faço nenhuma oposição a isto”, confessou.

Recém-filiada ao PSB, Eliana, no entanto, refuta qualquer possibilidade de apoiar o Partido dos Trabalhadores (PT) na corrida eleitoral.

“Eu acho que haveria uma certa estranheza”, resumiu, sem querer dar mais detalhes.

Quando o assunto são os “namoros” do PSB com partidos na Bahia, Calmon se mostra tranquila e diz “tudo vai bem” no estado.
“A Rede tem um entrosamento muito grande com o PSB e com o PPS. Não há divergências sobre indicações de candidatos”, afirmou.

Ainda sem vice definido na chapa que será encabeçada pela senadora Lídice da Mata, Eliana diz que “não se mete” neste assunto. “Ele é a presidente do partido. Ela que fique à frente desse processo”, explicou.

07 de março de 2014
De Alexandre Galvão / Bahia Notícias

A DEFESA DA DEMOCRACIA VIOLENTADA PELO GOVERNO VENEZUELANO

Quatro ex-presidentes defendem a democracia violentada pelo governo venezuelano. Eles nos representam

http://www.youtube.com/watch?v=dcAPljiOB7I&feature=player_embedded

O texto do documento assinado por quatro ex-presidentes exemplarmente democratas ─ o brasileiro Fernando Henrique Cardoso, o costarriquenho Óscar Arias, o chileno Ricardo Lagos e o peruano Alejandro Toledo ─ contrasta luminosamente com o silêncio, a omissão ou o apoio militante dos governos que, como o de Dilma Rousseff, fingem ignorar o que o vídeo escancara: a violenta repressão aos oposicionistas da Venezuela é mais uma prova contundente de que Nicolás Maduro e seus asseclas chavistas sonham com o assassinato do Estado de Direito.
Os bravos signatários do abaixo-assinado reproduzido a seguir mostraram que os venezuelanos que protestam nas ruas não estão sós. Os quatro ex-presidentes falaram por milhões de inconformados com a ofensiva liberticida. Eles nos representam:

07 de março de 2014
Augusto Nunes, Veja.com

LULA QUEIXA-SE DE QUÊ?

 

Tive algumas poucas oportunidades de conhecer o Lula em pessoa, todas elas na década de 1970. Naquela ocasião houve eleições para o Senado - a de governadores ainda estava proibida - e para a Câmara dos Deputados e as Assembleias Legislativas (deputados federais e estaduais).

Ainda estudante, decidi apoiar Fernando Henrique Cardoso, que, de longe, era o candidato ao Senado mais respeitável. O problema que existia dizia respeito à "popularidade" do meu candidato. Na época praticamente ninguém o conhecia. Nós mesmos, que o apoiávamos, o alcunhamos de "Fernando quem?". Pois bem, tivemos de engolir a nossa língua: poucos anos depois ele seria eleito presidente da República. Um excelente presidente, aliás.

Mas o tema deste artigo não é Fernando Henrique, e sim seu sucessor, o Lula. Espero que ele o leia, apesar de sua aversão à leitura.

Lula é um vitorioso em muitos sentidos. Só que há uma coisa que eu não entendo nele: quase todas as teses que defende se chocam frontalmente com a sua história. Por vezes ele combate a livre-iniciativa, rechaça o capital estrangeiro, vê com má vontade a nossa realidade fundiária e afirma que o Brasil, do jeito que é, não tem a menor viabilidade. Eu lanço os olhos ao seu passado e, paradoxalmente, a leitura que faço é exatamente a contrária.

Quando Lula nasceu, em 1945, todas as mazelas que atualmente ele atribui ao Brasil não existiam. A expectativa de vida ao nascer, lá, em Pernambuco, era de 35 anos e os poucos que sobreviviam ficavam raquíticos ou idiotizados.

Lá, em Caetés, não havia capitães de indústria inescrupulosos e muito menos multinacionais para sangrar as veias dos trabalhadores.

No sertão, ninguém discutia luta de classes, até porque lá nem havia classes, não havia socialismo pela falta de seu contraponto, o capitalismo e o nacionalismo eram desnecessários porque aquele fim de mundo, com a sua exuberante miséria, não despertava a cobiça de nenhuma empresa estrangeira.

Naquelas bandas, com exceção de dois ou três coronéis, o ideal de igualdade era exercido em toda a sua plenitude: todos eram igualmente pobres, identicamente desnutridos e homogeneamente desesperançados.

Mas foi ali, no santuário ideológico de Caetés, que Luiz Inácio da Silva venceu a sua primeira prova: mudou-se com a família para São Paulo.

Aqui ingressou no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). A partir do momento em que conquistou seu primeiro diploma, sua vida começou a mudar: passou a trajar-se melhor, adquiriu sua casa e seu primeiro automóvel.

Paralelamente, foi conseguindo prestígio na carreira de sindicalista, até se consagrar como o presidente do poderoso Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Em 1980 foi fundado o Partido dos Trabalhadores (PT) e ele era o candidato natural para presidi-lo.

A nota dissonante, nessa trajetória de vitórias, está nas opiniões amargas que Lula emite sobre o Brasil após a retumbante carreira que fez.

E olhem que ele se elegeu presidente da República por duas vezes, carregou um poste (as palavras são dele mesmo) para lhe suceder e, agora, ameaça carregá-lo de novo caso a reeleição da sucessora corra algum risco.

O governo de sua sucessora tem-se mostrado abaixo da crítica, com políticas econômicas erráticas, o Brasil crescendo menos do que qualquer outro país na América Latina.

Mesmo assim, eles continuam fortes e inabaláveis nas pesquisas de opinião.

Alguma explicação para esse fenômeno?

A única que me ocorre é a seguinte: crédito abundante e barato para os muito ricos, Bolsa Família para os muito pobres e nada para os setores de renda média.

Afinal, o Tesouro Nacional não é a casa da mãe Joana...

A esse tipo pernicioso de política se dá o nome de populismo.

Algo que devasta o nosso continente a cada 10 ou 15 anos. E demanda muito tempo para ir embora. Os populistas hoje dominam a Bolívia, a Venezuela, a Argentina, o Equador e ameaçam tomar o poder em numerosas nações da América Central.

Em Cuba, a versão castrista já está no poder há 55 anos. E comportam-se todos como certos cães de pequeno porte: quanto menores são, mais rosnam e latem.

É uma tarefa árdua livrar-se deles, até porque sempre têm um discurso muito bem concatenado, que se inicia por um passado no qual seus países teriam sido cruelmente explorados e se estende até os dias atuais, em que continuariam a ser cruelmente explorados.

A exploração sempre permanece, o que teria mudado são os exploradores.

No passado eles eram vítimas dos espanhóis, hoje são vítimas dos Estados Unidos. E existem até os que se queixam de não serem vítimas de ninguém, como é o caso de Cuba em relação aos norte-americanos.

O fato é que todos têm de quem se queixar. É o caso, então, de perguntar:
se é tudo tão difícil para eles, e levando em conta que a natureza sempre lhes foi pródiga, por que não se uniram aos norte-americanos para explorar o que têm de melhor, ou seja, a própria natureza?
Mas não se deve fazer esse tipo de pergunta a eles, sob o risco de receber de volta um sonoro palavrão. É pena, mas eles preferem viver assim, cercados por uma exuberante floresta, mas todos perto de passar fome. E continuar a se queixar da insensibilidade dos "gringos", porque é isso que os mantém no poder.

Voltando ao Lula, havemos de convir que ele inovou no estilo. Ao menos não ficou se lamuriando, como tantos fizeram.

Ao contrário, travestiu-se de "Brasil potência" e passou a vender uma imagem da Nação muito maior do que seus potenciais.

Se, de um lado, isso restaurou a autoestima do povo, de outro, criou uma expectativa que jamais poderá ser satisfeita a contento.


Mas nada disso tem importância.

O que vale é o enredo vitimista.

E disso eles sabem cuidar de cor.

07 de março de 2014
João Mellão Neto, O Estado de S. Paulo