"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 3 de maio de 2014

QUATRO ANOS DEPOIS, A ÁFRICA DO SUL CONTINUA ENFRENTANDO O "LEGADO DA COPA" - DIZ JORNALISTA

 
Joanesburgo, maior cidade da África do Sul, viveu por anos a expectativa de melhoras na condição de vida da população, com a realização da primeira Copa do Mundo no Continente Africano, em 2010. Quatro anos depois, no entanto, o país enfrenta problemas, como o endividamento público e estádios ociosos, de acordo com o jornalista sul-africano Niren Tolsi.

Ele conta que as duas arenas construídas para receber partidas do Mundial, o Ellis Park Stadium e o Soccer City, estão subutilizadas. O último recebe atualmente mais atividades musicais e políticas do que partidas de futebol.

Tolsi veio ao Brasil para participar do Encontro dos Atingidos – Quem Perde com os Megaeventos e Megaempreendimentos, em Belo Horizonte.

O jornalista relata que os moradores esperavam que a preparação para a Copa projetasse Joanesburgo internacionalmente e proporcionasse mudanças na infraestrutura urbana, com o alargamento de estradas e a multiplicação de opções de transporte coletivo.

CORRUPÇÃO

As obras de mobilidade feitas no país à época são úteis para a população. Porém, o Mundial foi marcado também por denúncias de corrupção na construção dos estádios, deslocamentos forçados de famílias, aumento da repressão policial e expulsão de moradores de rua e de vendedores ambulantes das áreas centrais de Joanesburgo, segundo o jornalista.

“A Fifa foi embora com R 25 milhões [R é o símbolo de rand, moeda oficial da África do Sul] de lucro e o país ficou endividado”, lamentou.
Tolsi vê semelhanças entre os problemas apontados pelos movimentos sociais no Brasil e o que ocorreu, há quatro anos, em seu país. Com a mobilização dos movimentos sociais e populações atingidas pelos grandes eventos, ele espera que “essa lógica mude e que a Fifa tenha que parar de agir em outros países, como faz hoje, trabalhando a favor das corporações, colocando em questão a soberania nacional”.

O Mundial na África do Sul também não aqueceu o mercado de trabalho, como previsto, por causa da crise financeira que abala a Europa, de onde sairiam muitos dos turistas que o país esperava receber em 2010.

TAMBÉM NA GRÉCIA…

Não somente na África do Sul, a população ficou desapontada com o legado deixado por grandes eventos. A ativista grega Chará Tzouna avalia que os empréstimos tomados para a realização das Olimpíadas de 2004 intensificaram o problema econômico que o país já vivenciava. “Há 30 anos, já tomavam empréstimos para viver.
Nas Olimpíadas, criaram mais empréstimos para construir edifícios e estádios, que não conseguem se manter. Além das dívidas, ficamos com elefantes brancos”, diz.

Para Chará Tzouna, a organização popular foi um dos pontos positivos do evento esportivo. “Houve o crescimento da participação e da organização política. As pessoas estão tentando recuperar espaços públicos que foram privatizados ou que estão inativos”, disse.

03 de maio de 2014
Helena Martins
Agência Brasil 

RACISMO E HISTÓRIA

 

“José, menino preto, nascido na Cidade de Deus, filho de mãe solteira, cresceu ao redor da maior boca de fumo da favela, na década de 90. Eulália, sua mãe, trabalhou a vida inteira como doméstica, em casas de famílias da Zona Sul do Rio de Janeiro. José cresceu sem pai, vítima dos abusos de violência no bairro da Cidade de Deus.”
 
Esta pequena história, sem arremedos e sem digressões, atinge grande parte das realidades no Brasil das massas. É ela, quase sempre, a gênese dos inúmeros e múltiplos casos de violência que já não mais surpreendem, com características de crueldade e inumanidade mais brutais e elevadas, sejam policiais ou bandidos os seus protagonistas.
 
A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA E INDAGAÇÕES
 
No entanto, esta ficção-realidade não é para iniciar mais um texto de catarse sobre a violência, mesmo que sejam textos e debates sempre atuais, importantes e necessários. É para chamar atenção para outra análise social que deveria ser observada e exercitada: a sabedoria de escutar  a História. E História com letra maiúscula, aquela que não diz respeito apenas ao próprio indivíduo, mas a todo um processo coletivo, de construções e transformações ao longo do tempo.
 
Qual seria o desfecho para a história de José? Que ele se tornou doutor em Direito Constitucional numa faculdade norte-americana? Ou que morreu antes de completar 25 anos, com um tiro nas costas, por ser confundido com um bandido? Ou, sem atingir a maioridade, foi mais uma vítima da violência, por ter sido parceiro do tráfico de seu bairro?
 
Quem relacionar a história de José com a história que vivemos hoje de racismo, perene e candente na sociedade, corre o risco, sem perceber, de perpetuar o preconceito, não com falas, mas com gestos ou omissões. Ser racista não é apenas atravessar a rua, quando outro homem com mais melanina vem de encontro. Ser racista é também quando formulamos pré-julgamentos a respeito de fulano ou sicrano que, por ser negro, já possui na carteira de identidade a profissão de meliante. E mais: a História do Brasil é recortada, do período colonial até o processo de D. Pedro II como monarca, por uma mancha social que foi a escravidão.
 
REFLEXÕES
 
Só os negros de diversos países do continente africano eram escravizados no Brasil? Apenas eles passaram por esse processo desrespeitoso? A história do mito de Cã resume e explica as ações contra os negros? A resposta é negativa. Então, desta forma, por que recaímos na ignorância de atirar bananas em jogadores de futebol negros?
 
Sem estender a discussão para uma temática histórica mais aprofundada, que é deveras importante, escutemos a sabedoria da História. Apenas deixaremos de ser tábula rasa na sociedade brasileira quando pararmos de afirmar “os povos da África…”, ou “a culpa é do preto…”, ou “só poderia ser um macaco..” e outras expressões nefastas.
Primeiro,a África é um continente, onde não existe apenas um povo, mais milhares de povos com culturas completamente diferentes.
Segundo, a culpa é do indivíduo que contribuiu para o desequilíbrio social, tenha ele a cor que tiver. Terceiro, o macaco é um dos mamíferos mais interessantes da natureza, não apenas pelos costumes, como também pela inteligência.
 
OUVIR, VER E ENTENDER
 
Ter em nossas mentes apenas a História que nos foi contada, sem filtrá-la com base nos nossos próprios conhecimentos, sem uma leitura prévia do mundo e sem uma análise mais apurada da realidade da região, permaneceremos repetindo as incongruências que nos contam. O que vem à mente das pessoas, quando lhes é pedido para que lembrem uma ou duas características da África?
 
Em geral, as respostas são as savanas (com leões e outros animais ferozes) e a fome da população, e não nas maravilhas que cada país pode proporcionar ao mundo com suas variadas culturas, costumes e riquezas naturais. Saber que a narrativa da História é construída através de perspectivas, de olhares diferenciados, pautados por arcabouços culturais desde o nascimento, isenta este indivíduo de cometer erros como o prejulgamento de uma cultura ou de alguém.
 
Devemos, primeiro, ouvir, ver e entender o que nos foi dito, o que nos foi demonstrado. Depois, compreender o ambiente geográfico e político em que o fato social está inserido. Só ao final, e após escutar outros lados possíveis envolvidos, avaliar e opinar
 
03 de maio de 2014
Pedro Beja Aguiar

A OBRA DE PIKETTY E O FUTURO IGNORADO DO CAPITALISMO

 


Faz sucesso aqui no Blog o artigo da economista Mônica Baumgarten de Bolle, sobre o famoso livro do economista francês Thomas Piketty, “O Capital no Século XXI”.
 
Muitos comentários interessantes (dois deles já republicados como artigos), abordando especialmente a tese central do Livro de Piketty: “Quando a taxa de rendimento do capital excede a taxa de crescimento da economia (dado pelo PIB, Produto Interno Bruto), a desigualdade (medida pelo índice de Gini) aumenta“.
 
A certa altura do artigo, Mônica Baumgarten de Bolle diz que “o instigante livro de Thomas Piketty prenuncia o advento de sociedades movidas, sobretudo, pelas grandes fortunas herdadas, a débâcle da meritocracia”.
 
A meu ver, a conclusão é exagerada. O importante é que Piketty chama atenção para a distorção que o sistema capitalista vem vivendo nas últimas décadas, em que tem predominado os interesses do sistema financeiro, em detrimento dos interesses dos capitães da indústria e dos produtores rurais, que inicialmente eram as grandes locomotivas do capitalismo.
 
TUDO PELO CAPITAL
 
A equação é simples e antiga – teoricamente, não se pode aceitar que o capital tenha rendimento maior do que a produção de bens, porque isso significa a própria desmotivação do capitalismo. Qual o interesse do empresário em abrir um negócio comercial, industrial ou de serviços, correndo os riscos que caracterizam essas atividades, se pode ter um lucro mais seguro simplesmente aplicando no mercado financeiro?
 
E não estamos falando em ações, debêntures ou derivativos de mercado futuro, nem mesmo em simplórios certificados de depósitos bancários ou interbancários, nem em aplicações em fundos diversos. Estamos nos referindo a investimentos em diferentes títulos de dívida pública, colocados no mercado pelos próprios governos, com rendimento acima da inflação e lucro real garantido. O Brasil, aliás, é mestre nisso…
 
Se o capitalista pode ter essa possibilidade de aplicação segura e garantida, o que o motivaria a investir em produção e correr riscos? Não há duas respostas a esta indagação óbvia, que evidencia a maior distorção já sofrida pelo capitalismo.
 
BOLHA IMOBILIÁRIA
 
Recentemente, os megainvestidores tentaram uma variante ainda mais rentável, com especulação massiva no mercado imobiliário, mas com isso causaram gravíssimas crises em diferentes países (EUA, Japão, Espanha etc.), porque é impossível derrubar a lei da oferta e da procura, de uma forma ou de outra o mercado acaba voltando ao normal e os especuladores migram para outra aplicação, deixando na pior os otários de sempre (a velha classe média).
 
No meio da crise do capitalismo e do sentimento pessimista que desperta, mesmo que aconteça a previsão de Piketty (o advento de sociedades movidas, sobretudo, pelas grandes fortunas herdadas, com a derrocada da meritocracia), peço licença para chamar atenção para um fenômeno inverso, que o economista Mário Henrique Simonsen gostava de citar: “Pai rico, filho nobre e neto pobre”. É um dos ditados mais antigos do capitalismo, que ninguém consegue desmentir.
Quem já nasce rico (com as exceções de praxe) tem uma vocação aparentemente irresistível de aproveitar e detonar o dinheiro.
Na verdade, a vida é muito mais criativa do que a mente dos economistas. Estamos na terceira fase do capitalismo. A primeira foi a da produção; a segunda, a economia de escala; e a terceira, o capitalismo financeiro. Resta sabe qual será a quarta etapa. Talvez um mix de tudo isso, com um resultado menos selvagem e mais humano, porque sonhar ainda não é proibido.
 

EX-JURISTA DO BANCO MUNDIAL REVELA COMO A ELITE DOMINA O MUNDO

 

 

 



Karen Hudes, graduada pela escola de Direito de Yale, trabalhou no departamento jurídico do Banco Mundial durante 20 anos. Na qualidade de ‘assessora jurídica superior’, teve suficiente informação para obter uma visão global de como a elite domina o mundo. Desse modo, o que conta não é uma ‘teoria da conspiração’ a mais.

De acordo com a especialista, citada pelo portal Exposing The Realities, a elite usa um núcleo hermético de instituições financeiras e de gigantes corporações para dominar o planeta.

Citando um explosivo estudo suíço de 2011, publicado na revista ‘Plos One’ a respeito da “rede global de controlo corporativo”, Hudes enfatizou que um pequeno grupo de entidades, na sua maioria instituições financeiras e bancos centrais, exerce uma enorme influência sobre a economia internacional nos bastidores. “O que realmente está a acontecer é que os recursos do mundo estão a ser dominados por esse grupo”, explicou a especialista com 20 anos de trabalho no Banco Mundial, e acrescentou que os “capturadores corruptos do poder” também conseguiram dominar os meios de comunicação. “Isso é-lhes permitido”, assegurou.

O estudo suíço que mencionou Hudes foi realizado por uma equipa do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique. Os pesquisadores estudaram as relações entre 37 milhões de empresas e investidores de todo o mundo e descobriram que existe uma “super-entidade” de 147 megacorporações muito unidas e que controlam 40% de toda a economia mundial.

Contudo, as elites globais não controlam apenas essas megacorporações. Segundo Hudes, também dominam as organizações não eleitas e que não prestam contas, mas, sim, controlam as finanças de quase todas as nações do planeta. São o Banco Mundial, o FMI e os bancos centrais, como a Reserva Federal Norte Americana, que controla toda a emissão de dinheiro e a sua circulação internacional.

O BC DOS BANCOS CENTRAIS
A cúpula desse sistema é o Banco de Pagamentos Internacionais: o banco central dos bancos centrais.
“Um organização internacional imensamente poderosa da qual a maioria nem sequer ouviu falar controla secretamente a emissão de dinheiro do mundo inteiro. É o chamado Banco de Compensações Internacionais [Bank for International Settlements]. Trata-se do banco central dos bancos centrais, localizado na Basileia, Suíça, mas que possui sucursais em Hong Kong e na Cidade do México.
É essencialmente um banco central do mundo não eleito, que tem completa imunidade em matéria de impostos e leis internacionais (…). Hoje, 58 bancos centrais a nível mundial pertencem ao Banco de Pagamentos Internacionais, e tem, em muito, mais poder na economia dos Estados Unidos (ou na economia de qualquer outro país) que qualquer político. A cada dois meses, os banqueiros centrais reúnem-se na Basileia para outra ‘Cimeira de Economia Mundial’.

Durante essas reuniões, são tomadas decisões que atingem todos os homens, mulheres e crianças do planeta, e nenhum de nós tem voz naquilo que se decide. O Banco de Pagamentos Internacionais é uma organização que foi fundada pela elite mundial, que opera em benefício da mesma, e cujo fim é ser uma das pedras angulares do vindouro sistema financeiro global unificado”.

Segundo Hudes, a ferramenta principal de escravizar as nações e Governos inteiros é a dívida.
“Querem que sejamos todos escravos da dívida, querem ver todos os nossos Governos escravos da dívida, e querem que todos os nossos políticos sejam adictos das gigantes contribuições financeiras que eles canalizam nas suas campanhas. Como a elite também é dona de todos os principais meios de informação, esses meios nunca revelarão o segredo de que há algo fundamentalmente errado na maneira como funciona o nosso sistema”, afirmou.

(artigo enviado por Paulo Sérgio)

03 de maio de 2014
Via Esquerda.net

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE





03 de maio de 2014

POLÍCIA FEDERAL E RECEITA DÃO ULTIMATO A DILMA

 



Os servidores públicos nunca esconderam a predileção pelo PT na hora de depositarem os votos nas urnas. Essa opção política se consolidou durante o governo Fernando Henrique Cardoso, que promoveu um enxugamento da máquina pública, cortando cargos e segurando os salários. Com Lula candidato à Presidência da República, em 2002, o funcionalismo jogou pesado para tirar o PSDB do poder.
 
Apesar de todo apoio ao petista, no primeiro mandato dele, os servidores não tiveram os benefícios esperados. Na tentativa de conquistar a confiança dos investidores, Lula foi obrigado a dar um arrocho nas contas públicas, elevar o superavit primário e conter a gastança com a máquina.
O funcionalismo reclamou, mas acabou se contentando com o pouco que recebeu em termos de reajustes.
 
No segundo mandato, porém, Lula não economizou na hora de favorecer os servidores. A partir de 2007, concedeu reajustes espetaculares para quase toda as carreiras. Aprovou a contratação de milhares de pessoas por meio de concursos, sobretudo para as carreiras de Estado, a elite do funcionalismo.
O então presidente alardeava que havia resgatado a dignidade dos funcionários públicos e fortalecido o governo para atender melhor a sociedade. De novo, o PT estava na crista na onda com servidores.
 
Agora, com Dilma Rousseff caminhando para a reta final de seu governo, o que se vê é um quadro muito diferente. O descontentamento do funcionalismo com ela é gritante. A ponto de os funcionários de dois dos principais órgãos da administração pública, a Receita e a Polícia Federal, darem um ultimato à presidente. Ou o Palácio do Planalto atende os pleitos apresentados por eles, ou as máquinas de fiscalização e de repressão ao crime vão parar num momento crucial para o país: a Copa do Mundo.
 
DATA-LIMITE
“Nossa data final para que o governo se posicione é 10 de junho. Toda a categoria está mobilizada para cruzar os braços, caso o Planalto não antecipe para este ano os 5% de reajustes previstos para 2015, não regulamente o adicional de fronteira aprovado há oito meses e não dê andamento a Lei Orgânica do Fisco”, diz Cláudio Damasceno, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco). “Não vamos recuar”, assegura.
 
Damasceno reconhece que ao darem um ultimato ao governo estão comprando uma briga sem precedentes com a presidente Dilma, que não admite esse tipo de postura. Para mostrar que não estão blefando, os auditores deram início, nesta semana, à Operação Meta Vermelha.
Por meio dela, vão reduzir as ações que garantam maior arrecadação ao Leão. Autos de infração a devedores deixarão de serem expedidos e cobranças serão postergadas. No ano passado, somente os autos de infração totalizaram R$ 120 bilhões, dos quais R$ 72 bilhões se tornaram créditos efetivos para o Fisco.
 
Os fiscais sabem que o governo não pode abrir mão de nenhum tipo de receita, especialmente neste ano eleitoral, em que a presidente Dilma está abrindo o saco de bondades para tentar estancar a queda na pesquisas de intenção de voto. Na quarta-feira, anunciou reajuste de 10% para os benefícios do Bolsa Família e a correção de 4,5% na tabela do Imposto de Renda, fatura que chegará a R$ 3,7 bilhões. “A Operação Meta Vermelha vai custar caro”, assegura Damasceno.
 
ESTADO DE GREVE
Na Polícia Federal, o estado de greve já foi decretado. E o ultimato à Dilma acaba em 5 de junho. O governo, admite Jones Leal, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), tem mostrado disposição para negociar com agentes, que se recusaram assinar o acordo fechado com a maior parte do funcionalismo em 2012 para reajuste de 15,8% em três parcelas, entre 2013 e 2015. Mas isso não diminui a tensão e a determinação de decretar a paralisação por tempo indeterminado às vésperas do Mundial.
 
O clima está tão pesado na PF, que há agentes dizendo que o “barco está afundando” e que, se for preciso, ajudarão a fazer mais buracos nos cascos. Mais do que o aumento imediato de salários, os policiais querem a reestruturação de carreiras. Apesar de, em concursos públicos, o governo exigir curso superior para agentes, na lei, as atribuições são de nível médio.
 
Com isso, criou-se uma casta de delegados, que recebem entre R$ 15 mil e R$ 20 mil por mês, e da “ralé”, formada por agentes, escrivãos e papiloscopistas, cujos ganhos variam entre R$ 7,5 mil e R$ 11 mil. “Nossos 27 sindicatos farão uma assembleia-geral extraordinária nos dias 13, 14 e 15 de maio, para deliberar sobre a greve. Portanto, ainda há tempo para se evitar o pior”, assinala Leal.
 
03 de maio de 2014
Vicente Nunes
Correio Braziliense

TÁ RUIM PRO POSTE!!!

Pesquisa IstoÉ/Sensus: Tá ruim pro poste!

CALA A BOCA, LULA!

O BRASIL DECENTE APLAUDE O SARGENTO!

A CONFISSÃO DE DILMA

Artigos - Governo do PT
Age contra a democracia e contra os mais comezinhos princípios quem se vale do poder em benefício próprio e usa recursos que são de todos para obter votos para si.

Ouvi pelo rádio o pronunciamento da presidente. Sem dúvida, ela percebe a República como artigo de consumo e a nação como um bando de tolos. Valendo-se da oportunidade proporcionada pelo Dia do Trabalho, os marqueteiros que servem à candidata procuraram afastar as inquietações da sociedade com relação ao futuro próximo e dissipar, com esquivos circunlóquios, as pesadas acusações que pairam sobre a patroa e sobre seu governo.
O tom do discurso se torna indesculpável porque foi inteiramente concebido, parágrafo por parágrafo, à luz da queda de prestígio da candidata do continuísmo.
 
A pesquisa eleitoral divulgada na véspera apontava um tombo espetacular nos índices da presidente. Reduzira-se em 10 pontos a distância que a separa do segundo colocado. Subira para 43% seu índice de rejeição, que é a mais importante informação quando a campanha sequer iniciou, superando as intenções de voto, que desceram aos 37%.
Para quem sonhava com vitória no primeiro turno, haver mais eleitores dizendo que não votariam nela em hipótese alguma do que votantes dispostos a fazê-lo cria uma situação alarmante. É exatamente esse o fundo de cena em que se deve apreciar a lamentável fala presidencial do dia 30 de abril.
 
Tomemos, por exemplo, o caso dos bilionários escândalos envolvendo a Petrobras. Como se resume o que disse a presidente em relação ao tema? Que tudo será rigorosamente investigado (embora ela tenha procurado impedir e, depois, tentado bagunçar a CPI proposta para essa investigação). Afirmou, também, que não admitia o uso político do assunto para depreciar e prejudicar a empresa. Pura retórica de militante petista.
 
Quem vem fazendo, há 11 anos, uso político da Petrobras são os governos petistas, que dela se servem para arregimentar apoio parlamentar, fatiando-a entre as siglas da base e malbaratando os incertos recursos do pré-sal como se fossem um ativo político do PT e não uma futura riqueza do país. Como consequência, derrubaram a Petrobras do 12º lugar entre as grandes empresas mundiais para a 120ª posição. Prejudicar a empresa é o que o governo vem fazendo e não quem cumpre o incontornável dever de defendê-la de maus tratos e malfeitos.
 
O discurso presidencial estaria perfeito num comício de campanha. Usou à exaustão expressões que apontam para um horizonte posterior: "continuar na luta", "continuar fazendo", "continuar as mudanças", "seguir adiante", "mudar mais rápido", "recomeçar mais fortes", "continuar a política de valorização", "meu governo será sempre", coroando com um happy end: "Quem está do lado do povo pode até perder algumas batalhas, mas sabe que no final colherá a vitória".
 
Assistiu-se a um conjunto de piruetas retóricas, habilmente construídas por marqueteiros. Houve uso do horário nobre de televisão para falar sem contraditório a 80% dos brasileiros, posto que as oposições não dispõem de igual recurso. Alguém pode achar que foi simples deselegância, falta de fair play, ou algo assim. Mas não é. Tem todo o jeito de crime eleitoral.
Alguns partidos, aliás, já anunciaram que vão recorrer à Justiça denunciando o fato como um formidável abuso de poder contra o princípio de isonomia que deve reger uma correta disputa política.
Age contra a democracia e contra os mais comezinhos princípios quem se vale do poder em benefício próprio e usa recursos que são de todos para obter votos para si.
A presidente, ao ensejo do dia 1º de Maio, valendo-se das comemorações do Dia do Trabalho, promoveu consistente e inequívoca demonstração daquilo que pretendeu negar: os negligentes padrões morais que caracterizam seu governo e seus associados. Com a palavra o TSE.
 
03 de maio de 2014
Percival Puggina

POR INTOLERÁV EL QUE PAREÇA

Artigos - Governo do PT
Por incrível que pareça, não entra no campo das análises políticas o motivo pelo qual se estabelece no Brasil esse assalto partidário a tudo que é público.

Há bem poucos dias, o IPEA e o IBGE qualificaram-se para a linha de tiro da oposição. As duas instituições encarregadas de fornecer números aos analistas nacionais e às políticas dos setores público e privado foram acusadas de sujeição às conveniências eleitorais do governo e de seu partido. Quando isso ocorre em qualquer instituição permanente do Estado ou da administração pública, tem-se um verdadeiro sequestro, com severo dano ao interesse nacional. Aliás, reiteradamente, as redes sociais estampam imagens de policiais federais também manifestando contrariedade com a intrusão do partido do governo nas atividades da corporação.

Embora as denúncias envolvendo a Petrobras sejam, agora, a face mais visível do fenômeno que descrevo, tais fatos se reproduzem e multiplicam na imensa estrutura dos poderes públicos.
É para proporcionar isso que o Estado não pára de crescer. E de encarecer. É por isso que os partidos se multiplicam como coelhos e o tamanho do Estado avança na mesma cadência. Cada peça dessa imensa máquina, pequena ou grande, responde a algum partido em primeiríssimo lugar. O bem nacional vem depois. Ou, simplesmente não vem.

Recordo os meses que antecederam à eleição de 2010. Cumpriu-se um cronograma de notícias oficiais, boas para o governo, divulgadas nos momentos propícios, e propagadas pela mídia sem a devida análise crítica. Tudo para nos convencer de que o Brasil era uma ilha de prosperidade e que nosso PIB cresceria segundo aqueles números sempre superiores a 4%. Números que o ministro Mantega traz na cabeça, todo Ano Novo, quando acorda do revellion. E passa o ano inteiro corrigindo para baixo.

Por incrível que pareça, não entra no campo das análises políticas o motivo pelo qual se estabelece no Brasil esse assalto partidário a tudo que é público. Atribui-se ao velho patrimonialismo algo que tem causa institucional. Para bem entendermos o que acontece é preciso distinguir o que é Estado, o que é governo e o que é administração pública. Estado é um ente político de existência permanente, geograficamente delimitado, com poder soberano em relação a um povo que ali habita, zelando pelo bem comum num sentido amplo.
O governo desempenha apenas uma das várias funções do Estado; cabe-lhe cumprir as leis e definir políticas, programas e ações para atender o bem comum nas circunstâncias dadas e por um período de tempo limitado. A administração, por seu turno, é o aparelho funcional através do qual tais políticas, programas e ações são executadas, atendendo de modo continuado os sucessivos governos.

Nas democracias, como se pode presumir, o Estado, por ser de todos, não deve ter partido. A administração, por servir a todos, tampouco. Assim sendo, o governo e só o governo pode ser provido pelos partidos com seus partidários. Por isso mesmo ele é escolhido numa eleição entre as legendas e tem prazo de validade limitado. Deveria saltar dos enunciados acima o absurdo em que incorre nosso modelo institucional quando, além do governo, atribui a uma única pessoa e a seu partido também Estado e o aparelho da administração pública.

É a raposa cuidando do galinheiro. É a festa do poder. É também por isso que quando a luz se acende sobre a festa de ontem, o salão está repleto de sinais da orgia. E como só ao povo, pagador da conta, interessa moralizar as instituições, nada muda para que tudo fique como está. Assim prossegue nossa democracia, por intolerável que pareça.

03 de maio de 2014
Percival Puggina
Publicado no jornal Zero Hora.

IRAQUE QUER LEGALIZAR ESTUPRO E PEDOFILIA


 Um projeto de lei quer legalizar o casamento das meninas e o estupro conjugal no Iraque. Um de seus artigos permite que as crianças se divorciem a partir dos nove anos, o que significa que podem se casar antes desta idade. Outro prevê que uma mulher seja obrigada a ter relações sexuais com seu marido quando ele pedir. É o que leio nos jornais.

Tudo muito coerente com o Islã. Maomé – abençoado seja seu nome – não se casou com Aisha quando ela tinha seis e consumou o casamento aos nove? Se o profeta pode, por que não poderiam os crentes?

Os opositores ao projeto afirmam que representa um retrocesso em matéria de direitos da mulher e que pode agravar as tensões entre diferentes confissões do país. Os partidários do projeto de lei afirmam que o texto apenas regula práticas que já existem.

— A ideia da lei é que cada religião regule e organize a condição jurídica pessoal em função de suas crenças — estimou Ammar Toma, um parlamentar xiita do partido Fadhila.

De minha parte, não me desagradaria que o projeto fosse adotado. Torna o Islã mais transparente, traz à luz sua barbárie. E isso não trará maiores prejuízos às meninas nem às mulheres. Os jornais seguidamente nos trazem notícias de casamentos de meninas e, de qualquer forma, elas não têm como escolher marido. São prometidas desde crianças a primos, tios e velhotes ricos, sem chance alguma de recusa. Quanto às mulheres casadas, duvido que alguma ouse recusar-se ao ato, quando solicitada por seu marido. Mereceria no mínimo um talak.

Já falei da lei dos três talaks. Em 2002. Então é bom repetir. Aconteceu na Arábia Saudita, em 79, em uma copa de futebol. O fato foi relatado no jornal Al Medina, de Riad. Abdul Rahman El Otaibi, rico comerciante, assistia o jogo entre a equipe Ittihad, de Djeddah, e a equipe Ahli, de Riad. Abdul torcia por Ittihad, sua mulher preferia encorajar os Ahli. Para desgraça da senhora El Otaibi, seu time marcou um gol. Ela vibra e Abdul pronuncia a fórmula ritual:

- Em nome de Alá, eu te repudio.

O jogo continua. Os Ahli fazem um segundo gol, a senhora Otaibi não se controla e aplaude seu time. Abdul repete a fórmula:

- Em nome de Alá, eu te repudio.

Para suprema desgraça da senhora Otaibi, em uma dessas jogadas que nem mesmo um ficcionista ousaria criar, quis o destino que os Ahli marcassem um terceiro gol. Ela vibra. Abdul pronuncia pela terceira vez a fórmula fatídica:

- Em nome de Alá, eu te repudio.

Ora, no Islã basta que o marido repudie a mulher três vezes para que o divórcio se consume. A partir do terceiro gol, a senhora Otaibi estava no olho da rua. O caso acabou na corte corânica de Meca. Para sua sorte, em algum lugar disse Maomé: "o divórcio não será válido se for pronunciado sob o império de cólera extrema". Em severo editorial, o Al Medina anatematizava não o Corão, evidentemente, mas o futebol: "até quando nossa obsessão pelo futebol continuará a destruir o caráter sagrado de nossa família?"

Ainda em janeiro daquele ano, o Corriere della Sera nos contava uma versão mais ágil do divórcio árabe. Uma professora de Literatura em Genova, casada em segundo matrimônio com um marroquino, descobriu-se divorciada por celular. Recebeu um singelo SMS com a mensagem: EU TE REPUDIO, EU TE REPUDIO, EU REPUDIO. O divórcio estava consumado. Em 2001, um tribunal de Manila, Filipinas, reconheceu que o direito dos maridos ao divórcio se poderá efetivar via SMS. A tecnologia unida à barbárie torna tudo mais rápido.

É a chamada lei dos três talaks (repúdio). Pronunciado três vezes o repúdio pelo marido, a mulher está divorciada. Claro que o inverso é inimaginável. Mulher vale sempre metade no Islã. Se o Corão reconhece às mulheres o direito à herança, os doutores da lei decidiram que a mulher só pode receber metade da parte devida ao homem. O testemunho de um homem vale pelo testemunho de duas mulheres. Um homem pode ter quatro mulheres. A mulher, um homem só.

Permitir legalmente que uma criança se case antes dos nove anos no Iraque é o mesmo que liberar as drogas no Brasil: há muito estão liberadas. Se o projeto não passar, tanto fez como tanto faz. A prática continua vigendo.

A mulher nada pode esperar do Islã em matéria de direitos. Este é o nó górdio que separa muçulmanos de ocidentais e não há Alexandre que o desate.


03 de maio de 2014
janer cristaldo

O FRACASSO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES NO DIA DOS TRABALHADORES

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O Partido dos Trabalhadores foi vaiado e preferiu abrir mão de compromissos em pleno Dia dos Trabalhadores. Por trás desse medo, está a conseqüência de seu método de fazer política a curto prazo.

 
Este Primeiro de Maio não foi o melhor para o PT. A presidente Dilma Rousseff havia acabado de receber a pesquisa CNT/MDA em que caía 6,7 pontos e seu adversário Aécio Neves ganhava 4,6, o escândalo da compra da refinaria de Pasadena ainda é tratado como moeda de troca eleitoral pelos petistas tentando uma desculpa parar vetar uma CPI que mostra seus podres, enquanto até dentro do PT faz-se coro para Dilma nem tentar se reeleger (sua aprovação, de 32%, talvez seja mais baixa do que a de Collor).
 
Os prefeitos petistas continuam sem nada a apresentar. A própria presidente teve de disfarçar que anunciou aumento de 30% de impostos sobre bebidas alcoólicas antes da Copa para fazer um cambalacho em suas contas arrombadas, quando se sabe que 26% dos eleitores cogitariam trocar de voto em caso de aumento no preço da cerveja.
 
O Partido dos Trabalhadores, que sempre foi a principal e mais barulhenta voz nos comícios intermináveis do Dia dos Trabalhadores, dessa vez teve de fugir dos trabalhadores.
 
A Força Sindical, rachada com o PT há anos, enquanto aproveitava os dividendos que ganha com o milionário imposto sindical compulsório, sorteava carros e fazia shows com sertanejos. O prefeito paulistano petista Fernando Haddad foi vaiado só de ter o nome citado, mesmo sem coragem de subir ao palco (embora sua presença estivesse confirmada até em sua agenda). Até cartazes hostis o aguardavam: “Prefeito Haddad, atenda às nossas reivindicações!”
 
Já o pré-candidato petista ao governo do estado, Alexandre Padilha, teve coragem de fazer apenas uma saudação sob vaias. Ao invés de longos discursos inflamados, apenas frases genéricas, como “Quem é contra o racismo levanta a mão” ou “Viva o trabalhador”. Parecia o Carlinhos Brown abrindo para o Guns ‘n’ Roses.
 
O que foi que aconteceu para o Partido dos Trabalhadores estar tão em baixa ao tentar animar trabalhadores?

Um país para trabalhadores

O PT surge no ABC sendo a principal força sindical do país. Reúne sob sua tutela os dois sindicatos mais poderosos dos anos 80: metalúrgicos (de onde sai o próprio Lula) e dos bancários (sob chefia do maoísta Luiz Gushiken). O sindicalismo era velho conhecido na Europa, mas no Brasil ainda era uma eterna promessa, uma Sião ainda não alcançada.
 
Existia o conceito de república sindical, ou democracia trabalhista. Idéia antiga, não muito teorizada, o sindicalismo era basicamente o método de tomar os poucos aparatos que eram “contrários” às antigas elites política e financeira (quando eram opostas) e ir garantindo benesses maiores para os operários. Quando se torna uma ferramenta política, seu mote era subjugar a elite financeira tornando-se a elite política.
 
Seu método é bem explicado por Erik von Kuehnelt-Leddihn em The Menace of the Herd: até o séc. XIX, com Estados já se agigantando, mas cujo papel na economia e na sociedade era inacreditavelmente microscópio perto dos dias de hoje, era uma honra muito grande ser funcionário público.
O funcionário público era o juiz, o general, o tabelião. A burocracia, sendo ínfima, exigia só postos muito altos. O cargo mais baixo de um funcionário público era o de soldado, que podia alimentar com seu salário toda uma família, e ter um prestígio nacional por si.
 
A idéia de todos se tornarem funcionários públicos passa a ser uma utopia tentadora: todos se tornarem membros da burocracia, e pelo poder político, subtrair todo o poder econômico, destruindo este último, e tornando todo o poder econômico (a liberdade de mercado) em poder político.
 
Era uma idéia tentadora inclusive para a classe média, quando ainda poderia ser chamada de burguesia, como mostra Bertrand de Jouvenel em seu tratado O Poder: ter o prestígio e os altos rendimentos dos funcionários públicos (o que permanece até hoje) sem os riscos do mercado (das vendas baixas dos burgos), sem precisar enfrentar as duras regras da escassez, da variação de preços e da produção insuficiente.
 
camisas negras enquadamento das elites 300x222 O fracasso do Partido dos Trabalhadores no Dia dos Trabalhadores
 
O sindicalismo, quando começa a se constituir em partidos políticos, com maior ou menor poder de ataque, busca lideranças carismáticas que representem as classes baixas, que passam a “representar” seus interesses. É a gênese de políticos populistas que se consideram “pais dos pobres”, pedindo por isso mais concentração de poder em suas mãos: de Getúlio Vargas a Lula, de Carlos Prestes a Hugo Chávez, de Juan Perón a Orestes Quércia.
 
Sua plataforma permanece bem mais inalterada em mais de dois séculos do que outras correntes políticas: aumento salarial protegido pelo Estado, coibir demissões, leis trabalhistas, garantia de emprego por lei – e cada vez mais um aumento do Estado regendo a economia, para não enfrentar as flutuações da lei de mercado.
Surge a estatização de empresas, a proteção “nacional” de riquezas naturais, o horror às privatizações e qualquer coisa que diminua o poder de políticos terem o controle total sobre as riquezas.
 
As classes baixas, com a eclosão da política de massa, têm motivo para se orgulhar e se considerarem arautas únicas do futuro. Até moralmente passa a ser considerado mais correto ser pobre: a crença, calcada no erro da política de soma zero, de que toda a riqueza dos ricos é roubada dos pobres é a própria base dessa política chamada sindicalismo: eles se consideram a classe trabalhadora, em oposição à suposta “elite”, que, em sua visão, com trabalhos mais intelectuais e menos físicos, “não trabalha”.
 
Esta visão permeou o século XX e legou diversos partidos trabalhistas, que definiram o que seria uma república sindical, ou uma democracia trabalhista ou que nome quisessem dar para esta visão de sociedade.
No Oriente, sob auspícios de Karl Marx (o grande teórico da suposta existência de “classes sociais”, que se odeiam e devem entrar em guerra uma contra a outra, crendo ser o proletariado o único criador de riquezas, que seriam “tomadas” pelos ricos através da mais-valia), aparece a primeira implantação do socialismo em larga escala.
Na Europa continental, um modelo mais próximo ao do Partido dos Trabalhadores: o fascismo, com seus partidos trabalhistas, seu nacionalismo exacerbado, a promessa de emprego para todos, a retórica protetora dos pobres sob o Estado que garante tudo, as leis trabalhistas, a inflamação contra os que vivem do comércio e da livre iniciativa por sua profissão (no caso do fascismo latino) ou por sua etnia (caso do nazismo alemão).
 
Tantos estudiosos dos fenômenos políticos e da agitação das massas do século XX já haviam conseguido identificar que o sindicalismo é apenas a forma do fascismo ou, em casos mais extremos e violentos, do socialismo de tomar o poder e aparelhar o Estado.
De Hannah Arendt a Ortega y Gasset, de Bertrand de Jouvenel a Eric Hoffer, de Eric Voegelin a Will Durant (os três últimos de origem operária), todos já sabiam que fazer política com base em vocações sindicais é a retórica da reconstrução da sociedade através de um poder concentrado e total que garanta que o Estado impeça qualquer efeito nos empregos que seja contrário aos interesses dos sindicatos.
 
A política fascista é regida por sindicatos, por eleições que são fraudadas para manter um partido no poder, e com poder cada vez mais total (como foi o mensalão, que não foi um simples caso de corrupção ou de compra de votos, e sim uma tentativa de acabar com a separação entre poderes, concentrando tudo no Executivo central), fazendo com que cada vez mais se confunda um partido com todo o Estado.
 
marcha nazista O fracasso do Partido dos Trabalhadores no Dia dos Trabalhadores
 
É a ascensão do partido-Estado, que tem desde versões “fracas”, como o trabalhismo de Getúlio Vargas ou Leonel Brizola, ou totalitarismos que causam genocídios brutais, como o Terceiro Reich de Adolf Hitler e seu Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, o trabalhismo de Mussolini ou Franco ou, com ligações mais claras com a Revolução de 1905 na Rússia, os “Jovens Turcos” (Jön Türkler), que, com sua política de homogenização da população, foi responsável pelo primeiro genocídio do mundo a superar a marca de um milhão de vítimas: o Holocausto dos cristãos armênios, esmagados pelos turcos fazendo uma planificação social em nome da igualdade, que causou cerca de 1,8 milhão de mortes em três anos.
 
O sindicalismo (ou, em sua versão constituída no Estado, o fascismo) precisa destruir qualquer possibilidade de liberdade econômica ou de trocas livres entre dois indivíduos pois assim eles se tornam independentes de sindicatos ou do Estado. Conforme a famosa fórmula de Benito Mussilini para definir o fascismo, da qual nenhum sindicalista ousaria discordar dentro de seu coração, Tutto nello Stato, niente al di fuori dello Stato, nulla contro lo Stato, dá o tom do que é um Partido de Trabalhadores.
 
Sua aparente vantagem é a garantia de que todos terão empregos, e empregos tão “admirados” quanto os sonhados pelos funcionários públicos no século XIX. Mais do que isso, conforme a superstição da modernidade, toda a economia será regida pelo princípio da “igualdade”, tratando-se qualquer desigualdade como o pior mal da humanidade.
 
Suas desvantagens se tornam patentes antes mesmo de aplicadas. Uma república trabalhista tem um plano diretor, um partido que toma o Estado, a única entidade que pode agir obrigando outros a algo (e tendo controle sobre seu trabalho, liberdade, e propriedade fruto do seu labor), e com isso cria planos para garantir empregos iguais.
 
Mais: desatrelados de seu próprio destino, o homem sob o trabalhismo torna-se uma engrenagem em um plano central. Daí o expansionismo industrialista tanto do socialismo quanto do fascismo, em brutal disputa para conquistas faraônicas um à frente do outro. Ambas as formas de sindicalismo se baseiam em projetos grandiosos que reformem cidades e países inteiros (como o Canal Mar Branco-Báltico, o Belomorkanal, que custou a vida de 60 mil trabalhadores forçados, cerca de 8% dos construtores mortos). 
 
Também pelas marchas públicas, até bonitas de se ver à distância com tantos homens marchando juntos – mas abdicando de qualquer liberdade própria, não permitida pelo partido-Estado e pela necessidade do plano diretor. Como formigas, gostamos de ver sua formação à distância – mas detestaríamos ser mais uma engrenagem substituível e descartável se nós mesmos devêssemos qualquer coisa em nossa vida não ao nosso mérito individual e histórico próprio, mas às decisões políticas de um partido-Estado com sua moral própria.
 
Vargas Manifestação cívica no Dia do Trabalho 1941 Rio de Janeiro 300x214 O fracasso do Partido dos Trabalhadores no Dia dos Trabalhadores
 
A fórmula básica é colocar todos para serviços braçais ou simples, garantir salários coletivos iguais e, quando a conta não fechar, apelar para a “moeda elástica” amada pelos sociais-democratas (o padrinho da social-democracia, Maynard Keynes, não prega senão uma versão supostamente “plural” do fascismo) ou, como se tornou frequente, armar uma guerra. Internacional ou de expropriação local – avizinha-se assim o perigo da ofensiva contra o que antes era a “elite”, “o burguês”, “o comerciante” e todo aquele que não subjugou seu corpo, sua alma, seu sangue e seu suor ao partido-Estado, e inicia-se a fase mais mortífera do sindicalismo.
 
Essas políticas baseadas em um projeto nacional de trabalho, de onde sairão políticas como as do Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Democrático Trabalhista (PDT) e todos os partidos socialistas e comunistas, querem garantir o pleno emprego na indústria e em trabalhos repetitivos, forçando salários cada vez maiores à “classe trabalhadora”, mas impedem que se saia dessa condição – sobretudo, que se tenha qualquer liberdade de trabalho fora do Estado e do poder dos sindicatos.
 
A “classe trabalhadora”, tratada em oposição à “classe média” (comercial, ou, em termos antigos, “burguesa”), mesmo quando tem os mesmos rendimentos (ou até mais), é tratada como a única criadora de riqueza (a superstição de Karl Marx, que enxerga no proletariado a autonomia kantiana). Deixar de fazer parte da chamada “classe trabalhadora” é uma traição ao plano central dos políticos comandando a “democracia trabalhista”. O intuito das construções faraônicas e populistas do sindicalismo é tornar cada pessoa uma peça de montagem, com um grande timoreiro no controle.
 
É o que é chamado na América de Big Government – políticas que querem o aumento do poder do Estado sobre a liberdade do indivíduo de trabalhar e manter os frutos do seu trabalho para si, e não para um plano central de políticos que toma uma parte cada vez maior de sua riqueza para dá-la a quem quiser (inclusive a si próprios).
 
Como diz o economista Thomas Sowell, “Se você tem votado em políticos que prometem bens às custas de outra pessoa, então você não tem direito de reclamar quando tomam seu dinheiro e dão-no a outro alguém, inclusive a eles mesmos”.
 
Qualquer tentativa de trabalho intelectual ou comercial é vedada, só sendo tolerada dentro do plano diretor que parte do poder central. O sindicalismo só subsiste com intelectuais que passam a tratar da literatura até o Direito Ambiental como questão partidária, para aumentar o poder do partido sobre o Estado até um se confundir com o outro.
 
Também dialoga com movimentos de expropriação no campo, como o MST, uma espécie de sindicalismo campesino: rouba-se terras e, ao invés de latifúndios que produzam comida barata para alimentar as cidades, criam-se pequenas cooperativas que produzem pouco, tornando os alimentos caros e, portanto, “permitindo” que mais pessoas trabalhem no campo – na verdade, forçando que mais pessoas precisem de trabalhos braçais, em sua ânsia por trabalho. As cidades, portanto, são obrigadas a arcar com alimentos mais caros, ou, em caso de cidades pequenas, regressarem à subsistência, plantando o próprio alimento.
 
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Se há alguma diferença entre o sindicalismo socialista e o sindicalismo fascista, tal se dá porque no socialismo o sindicalismo é apenas uma faísca inicial: um mecanismo para se diminuir o poder econômico das futuras vítimas e, assim que se forma o partido, ele se torna um totalitarismo desabrido, que engole toda a sociedade. As Constituições socialistas deixam claro em suas primeiras palavras que o poder emana do “partido” (que já não é mais parte de nada, e sim o todo permitido, todo o resto sendo colocado na ilegalidade).
 
O fascismo, modelo mais próximo do que se tem no Brasil e no mundo atualmente, não expropria empresas (não sempre) ou estatiza toda a vida (a despeito do mote de Mussilini, mais socialista do que fascista): controla tudo por sindicatos, que são mantidos, mesmo com o partido tomando o poder e um totalitarismo de “menor” poder dominando a sociedade.
 
Em nenhuma sociedade conhecida sindicatos, como os que eram controlados pelos formadores do PT, tiveram tanto poder quanto no fascismo. Na verdade, o fascismo é uma política sindical em que os sindicatos não são apenas meios de obtenção de poder, como no socialismo, e sim o controle sindical permanente.
 
O jornalista John T. Flynn, o maior oposicionista do terrível Franklin D. Rossevelt, em uma compilação antológica no livro As We Go Marching, define os oito pontos que definem o fascismo. E o primeiro, e mais claro, é que o governo é totalitário porque não conhece limites para o seu poder. Um cenário bem conhecido do Brasil, depois que os sindicalistas tomaram o poder, com sua retórica eternamente vociferando contra “as elites” (nunca criticando a elite política, que são eles próprios) e seu aumento de poder constante, como predisse Jouvenel.
 
E prossegue: tudo é definido pelo princípio da liderança (sem discursos inflamados, não há sindicalismo). A burocracia é imensa, tanto para sufocar quem ouse viver longe dela quanto para dar “emprego” para todos dentro do Estado. O sindicalismo produz cartéis que regulamentam toda a economia, destruindo as leis de mercado, mas com uma aparência de capitalismo.
 
A economia, ao invés de ser regida pela liberdade de cada um, é feita pelo princípio das autarquias (as empresas públicas amadas pelos sindicalistas, e que hoje servem muito mais para financiar “blogueiros” que, cada vez mais, são apenas propaganda política do partido-Estado que as controla). Seus rombos são corrigidos por um eterno sistema de gastos (como o aumento do Bolsa Família) e empréstimos.
 
Para se tornar o completo fascismo do século XX, basta ao Brasil, então, passar a gastar com militarismo com fins imperialistas. Na verdade, o Brasil simplesmente não precisa desse fator por ora, por não ter conflitos de fronteiras. Mas certamente o faria se fosse necessário.
 
Temos, portanto, um modelo que não é 100% socialista, por não expropriar empresas, mas controlar a economia com o poder sindical (e mais de 40% da produção de riquezas indo toda para o poder central político, mesmo que ele não produza nada, apenas tome o que é de quem trabalhou), mas muito menos é capitalista – tem verdadeiro ódio de quem produz riqueza, economiza e enriquece, sobretudo fora do Estado.
 
Os impostos e o discurso de ódio à classe média (antiga “burguesia”) são apenas a “punição” encontrada para quem não se submete ao plano diretor sindical, e não se curva à política de tudo dentro do Estado, tudo para o Estado, nada fora do Estado. Sindicalismo, socialismo e fascismo são forma, fim e meio da estatização e planificação completa da sociedade.
 
Por um fator curioso e conhecido desde a rusga entre Stalin e Trotsky, os maiores partidários de políticas que se assemelham ao fascismo hoje em dia são os que mais chamam os adversários dessa política de “fascistas”, como o fazia Hugo Chávez, o dirigente latino mais próximo de um fascista moderno.
São chamados de “fascistas” justamente aqueles que recusam a estatização completa da vida e a mesclagem de poder político e econômico, como a América – ou cria-se o mito da “polícia fascista”, como se fosse possível “medir” fascismo pela eficiência com que a polícia desarticula manifestações buscando concentração de poder e autoritarismo econômico.
Por que, então, logo no Dia do Trabalhador o Partido dos Trabalhadores perdeu o apelo?

O futuro da democracia trabalhista

A primeira visão da Queda do Império Petista teria se dado em 2005, com a eclosão do mensalão. Embora a população brasileira não compreenda que o complexo escândalo tenha sido uma tentativa de golpe totalitário, justamente porque nossa educação é dada por socialistas, e não pessoas sem intenções de inflar o poder estatal, ainda assim o mensalão dirimiu o poder do PT de exigir ética ou dizer que combate a corrupção, quando o maior caso de corrupção do século foi realizado pelo partido.
 
Curiosamente, a saída foi o PT e sua militância inverter o discurso, e dizer que combate à corrupção seria uma questão conservadora e elitista (como mostra Flynn e tantos outros, se o sindicalismo apenas quer tomar o Estado, não tem motivo nenhum para respeitar leis e instituições públicas).
 
Contudo, ainda assim o PT estava longe de diminuir o seu poder. Lula sobreviveu muito bem a escândalos envolvendo golpes totalitários (mensalão), assassinato de políticos aliados (Celso Daniel e Toninho do PT, executados quando se juntava recursos para a eleição de Lula), tentativas de expulsão de repórteres do país, quebra de sigilo e destruição da vida de caseiros para proteger políticos ricos e poderosos do PT, aparelhamento brutal do Estado etc.
Sua sucessora Dilma Rousseff, todavia, não conseguiu manter a militância obediente apenas pelo princípio da liderança, tão cara ao sindicalismo fascista e socialista.
 
Fora as emotivas e vulcânicas manifestações de 2013, Dilma não tem absolutamente nada de positivo a oferecer ao eleitor não partidário (os partidários votam no PT em qualquer circunstância). Empresas estatais que são consideradas “necessárias” ao país (justamente porque são os cabidões de empregos não-produtivos que fazem a vida dos sindicalistas) se mostram destruídas com anos de administração petista.
 
campanha o petroleo e nosso 300x213 O fracasso do Partido dos Trabalhadores no Dia dos Trabalhadores
 
Os Correios se mostram uma mina de ouro de corrupção e financiamento partidário, os bancos públicos, sobretudo o Banco do Brasil, têm sua imagem cada vez mais debilitada, e a empresa “orgulho dos brasileiros”, a Petrobras, cai de 12ª para 120ª em 5 anos, perdendo mais de 50% do seu valor de mercado desde 2010 – comparada com a Vale, que teve sua privatização tão criticada, a empresa vira motivo de piada.
Para coroar o bolo cerejosamente, ainda são revelados escândalos quase semanalmente, como a compra da refinaria de Pasadena por valor absurdamente maior do que de mercado, dando bilhões de prejuízo que será pago por cada brasileiro.
 
Mesmo a militância que, desconhecendo as conseqüências do que defende, ainda defende empresas estatais e morre de medo de sua privatização, ou pretende ter “serviços públicos” promovidos por políticos (os tais “hospitais padrões Fifa”, por exemplo), ou um Estado Leviatã que os “proteja” da liberdade econômica, o modelo sindical do Partido dos Trabalhadores dá sinal de desgaste até para a população pouco instruída.
 
O modelo coletivista mostra que a conta não fecha. A população adora narrativas sobre o fim da “desigualdade”, ou promessas trabalhistas contra a “elite”, mas seu estômago e suas vontades, que não encontram eco em teorias ensinadas nas escolas, quer segurança, lazer, uma vida digna que não encontra espaço na promoção de políticas de sindicatos que mantém todos os empregos eternamente iguais – filhos de operários não serão engenheiros, juízes ou cirurgiões, e sim operários. Em questão de uma geração, uma política baseada apenas em discurso de ódio esgota-se no embate com a realidade.
 
Toda a vida sindical é feita para se conquistar votos, pois o partido precisa sempre mudar e controlar o Estado (para controlar a sociedade), e precisa estar em campanha eleitoral eterna. Nem mesmo trabalhadores da indústria (cada vez mais raros) ou de profissões de sindicatos fortes parecem gostar de uma moeda fraca, que financia ações partidárias, e dá o dinheiro desses trabalhadores para financiar programas assistencialistas como o Bolsa Família.
 
Para piorar, mesmo que não se compreenda de fato a diferença entre o discurso petista e a realidade, instintivamente, como um Sentimento Difuso no Ar, de que as estatísticas promovidas pelo PT são apenas lorota: a mentira de que suas políticas teriam “tirado 40 milhões de brasileiros da miséria” já provaram ser apenas manipulação de estatística (para encaixar pessoas como miseráveis ou não pelo IBGE, o PT chegou a dar R$ 2 para dizer que “tirou milhares da miséria”).
 
Estas coisas não são perfeitamente compreendidas, com começo, meio e fim. Mas se manifestam como um Sentimento Difuso de descontentamento. Os países que tiveram o seu PT no poder há mais tempo, mormente Cuba e Venezuela, mostram de fato qual o único caminho que a ascensão do projeto trabalhista leva: um governo autoritário, congelando preços, fazendo as pessoas passarem horas na fila de mercados para conseguir caríssimos alimentos racionados, e perseguindo não com palavras, mas com a polícia, os seus dissidentes.
 
A realidade de Cuba ou da Venezuela eram pouco conhecidas antes da popularização da internet. Se antes o PT queria apenas o controle fascista da imprensa (foi o grande comentário de Lula neste fim-de-semana para garantir que a candidata petista será Dilma, e não ele próprio: “discutir seriamente na sociedade o controle da mídia”), agora precisa controlar toda a internet com o Marco Civil.
 
Graças a internet, que não depende de diretrizes centralizadas de um ministério, as pessoas interessadas em notícias descobrem uma narrativa que não depende do MEC e da prescrição socialista que domina a educação e cultura nacional.
Vai paulatinamente se tornando claro que o PT é cria não de países que se dizem “socialistas” como a Escandinávia (que, na verdade, é campeã de liberdade econômica), e sim de países falidos como Cuba, Zimbábue, Venezuela – ou mesmo países ultra-opressores como a Líbia socialista de Kadafi (que Lula chamara de “meu amigo, meu irmão, meu líder”) ou o Irã de Ahmadinejad (o embaixador brasileiro afirmou que ele foi “incompreendido” quando afirmou que queria “varrer Israel do mapa”, como a maioria dos países muçulmanos o quer).
 
Resta agora a Dilma e ao PT ações populistas repetidas, imorais e que deveriam ter a legalidade investigada pela Justiça, como declarar aumento do Bolsa Família no Dia do Trabalho como se fosse um “presente” do bolso da própria presidente. Mas esse discurso manjado, sem nenhuma criatividade e francamente desesperado, só convence quem já votaria no PT de qualquer jeito.
 
prédio força sindical 225x300 O fracasso do Partido dos Trabalhadores no Dia dos Trabalhadores
 
Mesmo a multimilionária Força Sindical, que considera que o PT é “pouco sindicalista” por fazer uma política de compensação com empresas (ou seja, mais fascista do que socialista), acaba desgastando o governo petista, que também não pode simplesmente decretar a estatização de tudo para agradar os mais radicais logo depois de mostrar o que fez com a Petrobras.
E, ainda que acreditem que Cuba é a Suíça, essa militância que não tem a menor vontade de passar férias na Venezuela de Chávez e Maduro começa a sentir, ainda que não articule seus pensamentos em oposição declarada, que o futuro que vêem nos vizinhos será terrível quando chegar por aqui.
 
O PT, portanto, mostrou que tem um “projeto” com prazo de validade, como todo populismo com desprezo pela realidade, e como toda política de concentração de poder estatal num centralismo forçoso. Nem a ética mais possui, e nem o panem et circenses que mantem as massas obedientes e dóceis anda funcionando.
 
E se o socialismo e o fascismo são lembrados mais pelos genocídios em larga escala que promoveram do que pelo formato de seu poder, resta lembrar que a criminalidade sob auspícios de companheiros do PT (lembremos que o PCC mandou todos os seus membros votarem no Genoíno, e promovem atentados contra a vida do governador tucano Geraldo Alckmin e de sua família, mas nunca reclamaram do PT – caso que deveria promover a maior investigação penal do país depois do mensalão e de Celso Daniel), ceifa mais de 50 mil vidas por ano – meio milhão de assassinatos por década sob a gestão petista. A gestão do coitadismo, a gestão dos direitos humanos para bandidos, a gestão da anistia para traficantes e de estranhas proximidades e coincidências de interesses com o PCC e o CV.
 
Basta se compreender isso para se passar a dar nome ao sentimento ainda difuso e de contornos não tão claros que vão minando a imagem do PT perante a população – e o que fazer para nosso futuro ser diferente da Venezuela, de Cuba ou de qualquer país tomado pela ideologia do sindicalismo.
 
03 de maio de 2014
Flávio Morgenstern