SÃO PAULO - Não está fácil ser petista em São Paulo. Depois do mensalão, do petrolão e da crise econômica, cada vez que uma personalidade do partido se aventura a circular pela cidade, corre o risco de passar por algum constrangimento.
Haddad foi vaiado recentemente em um teatro. Mantega foi apupado em um restaurante e ouviu um "vai para o SUS" num hospital particular. Padilha teve de engolir um discurso irônico durante um jantar. Todas essas situações são chatas e desagradáveis. Refletem também certa falta de noção e de educação.
Mas, ao contrário do que têm dito alguns petistas, que costumam chamá-los de "ilegítimos" e "fascistas", protestos desse tipo fazem, sim, parte da democracia, assim como os aplausos e elogios. Somente em regimes democráticos, autoridades podem ser questionadas na lata, cara a cara, sem que o autor seja punido. Em Cuba, na China ou na Coreia do Norte, com certeza, não seria recomendável.
Há de se considerar também que protestos verbais, ainda que grosseiros e lamentáveis, são mais admissíveis e fáceis de assimilar do que aqueles que os adversários do PT costumavam sofrer quando estavam no governo.
Em 1991, por exemplo, manifestantes da CUT e do MST, aos gritos de "filho da puta" e "ladrão", atiraram pedras, ovos e lama em Collor em Santa Catarina. O então presidente, hoje aliado de Lula, por pouco não foi atingido. Quatro anos depois, cena parecida ocorreu na Paraíba, quando simpatizantes do petismo apedrejaram o ônibus que conduzia FHC. Dois auxiliares do presidente foram atingidos por uma pedra e estilhaços de vidro.
Os petistas que, no entanto, não querem correr o risco de enfrentar cenas explícitas de insatisfação não precisam, de modo algum, se abster de sair de casa. Como ensinam os artistas, jogadores de futebol e celebridades "BBBs", gorro, peruca e óculos escuros são extremamente úteis para quem não deseja ser reconhecido em local público.
04 de junho de 2015
Rogério Gentile
Haddad foi vaiado recentemente em um teatro. Mantega foi apupado em um restaurante e ouviu um "vai para o SUS" num hospital particular. Padilha teve de engolir um discurso irônico durante um jantar. Todas essas situações são chatas e desagradáveis. Refletem também certa falta de noção e de educação.
Mas, ao contrário do que têm dito alguns petistas, que costumam chamá-los de "ilegítimos" e "fascistas", protestos desse tipo fazem, sim, parte da democracia, assim como os aplausos e elogios. Somente em regimes democráticos, autoridades podem ser questionadas na lata, cara a cara, sem que o autor seja punido. Em Cuba, na China ou na Coreia do Norte, com certeza, não seria recomendável.
Há de se considerar também que protestos verbais, ainda que grosseiros e lamentáveis, são mais admissíveis e fáceis de assimilar do que aqueles que os adversários do PT costumavam sofrer quando estavam no governo.
Em 1991, por exemplo, manifestantes da CUT e do MST, aos gritos de "filho da puta" e "ladrão", atiraram pedras, ovos e lama em Collor em Santa Catarina. O então presidente, hoje aliado de Lula, por pouco não foi atingido. Quatro anos depois, cena parecida ocorreu na Paraíba, quando simpatizantes do petismo apedrejaram o ônibus que conduzia FHC. Dois auxiliares do presidente foram atingidos por uma pedra e estilhaços de vidro.
Os petistas que, no entanto, não querem correr o risco de enfrentar cenas explícitas de insatisfação não precisam, de modo algum, se abster de sair de casa. Como ensinam os artistas, jogadores de futebol e celebridades "BBBs", gorro, peruca e óculos escuros são extremamente úteis para quem não deseja ser reconhecido em local público.
04 de junho de 2015
Rogério Gentile