Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu aproveitar uma visita de cortesia da Casa para organizar uma “turnê” com aliados políticos e líderes religiosos. Além de outros 13 parlamentares, a maioria aliados, a comitiva de Cunha na viagem à Rússia e à terra santa conta com cinco acompanhantes, entre eles o ex-candidato presidencial do PSC, Pastor Everaldo, e seis mulheres de deputados. O roteiro da delegação inclui momentos pitorescos, como um dia (sexta-feira) reservado para visita à Região Norte de Israel, onde os parlamentares conhecerão o Mar da Galileia e a vila de Nazaré.
“Ele juntou os amigos para um passeio religioso. Tanto é que dá para contar nos dedos os que não são aliados dele. No fundo, o objetivo é fazer política”, disse um adversário do presidente da Câmara ao ver a lista dos integrantes da comitiva. De fato, o único adversário político de Cunha no grupo é o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), que viajou acompanhado da mulher. O restante é formado praticamente só por lideranças do chamado “blocão”, como os líderes do PMDB, Leonardo Picciani (RJ); do PTB, Jovair Arantes (GO); do DEM, Mendonça Filho (PE) e do PSC, André Moura (SE).
SEIS ESPOSAS A BORDO
Também há espaço na comitiva para deputados que cumpriram missões importantes em nome de Cunha, como Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele presidiu a comissão da reforma política e foi relator da PEC no plenário. Além da mulher do presidente da Câmara, a jornalista Claudia Cruz, embarcaram as esposas de cinco parlamentares.
Cunha levou também um assessor de imprensa e de um policial legislativo, responsável pela segurança. Por meio da assessoria, a Presidência da Câmara disse que a Casa só custeará as passagens dos parlamentares, e não as das esposas e acompanhantes. “O presidente viajará a convite. Não receberá diárias da Câmara”, disse a assessoria de Eduardo Cunha. André Figueiredo (PDT-CE) e Arthur Oliveira Maia (SD-BA) participarão apenas da pernada russa da viagem.
ALTAS DIÁRIAS
A Casa não divulgou o custo total da viagem até o fechamento desta reportagem, mas a diária de cada parlamentar em viagem ao exterior está fixada atualmente em US$ 428 (cerca de R$ 1.339, em valores de ontem). A assessoria de imprensa também não repassou informações oficiais sobre o número de integrantes da comitiva.
Ao todo, o séquito de Cunha passará quatro dias em Israel. Ao longo de hoje e de amanhã, o grupo cumprirá agendas no Parlamento israelense, o Knesset, e em reuniões com autoridades do país. Amanhã, há a possibilidade de reunião com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em horário ainda não definido, e uma visita ao Museu do Holocausto. No dia seguinte, o peemedebista levará sua comitiva para Ramallah, onde tem compromisso com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Na sexta-feira, haverá um tempo para visitas a pontos obrigatórios do turismo religioso, como o Mar da Galileia.
O grupo chega a Moscou no sábado, à 1h da manhã. Lá, Cunha deve se encontrar com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para o motivo da viagem oficial: um encontro na segunda-feira com chefes de Parlamento dos Brics – grupo econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
ESCALA EM PARIS
Antes de se encontrar com Cunha, Calheiros aproveitará a ida ao encontro dos parlamentares dos Brics, em Moscou, para passar três dias em Paris com a esposa. Segundo o cronograma da viagem, obtido pela reportagem, o político alagoano toma hoje um voo da Air France em Brasília, às 22h, e chega à capital francesa no começo da tarde de amanhã. Ele permanece na cidade até as 18h de sábado, quando pega outro voo da companhia francesa em direção à capital russa. Na noite de domingo, os russos oferecerão de cortesia a Renan e Cunha uma apresentação do balé Lago dos cisnes, no Teatro Bolshoi.
Renan pretende estar de volta a Brasília apenas na quarta-feira, com previsão de desembarque às 10h da manhã. Cunha e seus convidados embarcam de volta ao Brasil na terça-feira. A pauta de votações será retomada a no dia seguinte com o projeto que revê a política de desoneração da folha de pagamento e para a conclusão da apreciação da reforma política.
MEIAS DIÁRIAS
Procurada, a assessoria de Renan disse que ele receberá meias diárias durante a estada em Moscou, mas que pagará do próprio bolso as despesas em Paris. Além disso, segundo a assessoria, a parada na capital francesa não teria ônus, pois é a rota preferencial para Moscou. Renan viajará acompanhado também de um diplomata, da Assessoria Internacional do Senado.
(reportagem enviada pelo comentarista Wilson Baptista Jr.)
(reportagem enviada pelo comentarista Wilson Baptista Jr.)
04 de junho de 2015
André Shalders
Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário