A discussão é antiga, mas está de volta agora, depois da série de ataques praticados por jovens assaltantes no Rio. São muitas as questões. Como se explica esse fenômeno em que a violência vem acompanhada de ódio gratuito e requintes de crueldade?
Os ladrões roubam e muitas vezes, mesmo sem resistência, esfaqueiam as vítimas, em alguns casos até a morte.
Alega-se que esses quase meninos são o resultado de desajustes sociais e emocionais — ausência do Estado, famílias desestruturadas, pais problemáticos, desemprego, falta de escola.
Até que ponto somos nós os responsáveis por essas condutas delituosas?
Quem faz o criminoso, a sociedade ou o indivíduo?
Aprendi na faculdade, lendo o filósofo Jean-Jacques Rousseau, que “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”.
Antes de ser pervertido pela civilização, ele vivia em harmonia com a natureza, livre de baixos sentimentos como o egoísmo. Esse famoso princípio foi depois reforçado pela teoria marxista de que “o ser humano é produto do meio”.
Dessa forma, o homem é, inseparavelmente, consequência do ambiente em que vive, que, por sua vez, é construído a partir das relações sociais de cada pessoa. Há um determinismo histórico.
São teses consagradas, mas que sempre suscitaram dúvidas e questionamentos. Se somos moldados pelo meio em que vivemos, se estamos todos sujeitos à sua influência, por que os comportamentos são diferentes, e mesmo antagônicos, uns escolhendo o bem e outros, o mal? Por que só alguns se dedicam à delinquência? Ao fazer pesquisa de campo para um livro, conheci a história de dois rapazes de uma favela — nascidos e criados sob idênticas condições socioeconômicas, amigos, colegas de escola. Um foi ser chefe do tráfico local e o outro, sociólogo e líder comunitário.
Negar a importância dos fatores sociais pode ser tão equivocado quanto supervalorizá-los ou, ao contrário, atribuir tudo à herança genética. O importante é medir o peso de cada uma das influências.
São teses consagradas, mas que sempre suscitaram dúvidas e questionamentos. Se somos moldados pelo meio em que vivemos, se estamos todos sujeitos à sua influência, por que os comportamentos são diferentes, e mesmo antagônicos, uns escolhendo o bem e outros, o mal? Por que só alguns se dedicam à delinquência? Ao fazer pesquisa de campo para um livro, conheci a história de dois rapazes de uma favela — nascidos e criados sob idênticas condições socioeconômicas, amigos, colegas de escola. Um foi ser chefe do tráfico local e o outro, sociólogo e líder comunitário.
Negar a importância dos fatores sociais pode ser tão equivocado quanto supervalorizá-los ou, ao contrário, atribuir tudo à herança genética. O importante é medir o peso de cada uma das influências.
Uma pesquisa publicada recentemente pela “Nature Genetics” e revelada aqui pelo colunista Helio Schwartsman talvez traga a resposta correta.
Ao avaliar estudos com gêmeos nos últimos 50 anos, envolvendo mais de 14 milhões de pares de irmãos, a revista concluiu que a parte atribuível ao genes seria de 49%, significando então que 51% de todas as características humanas podem ser debitadas ao ambiente.
Ou seja, deu empate técnico, encerrando a disputa.
O escândalo da Fifa, com prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin, e o indiciamento de Ricardo Teixeira, também ex-presidente, ofuscou o noticiário sobre o petrolão. Em outras palavras, os cartolas, acusados de tantos desvios, “roubaram” a cena também.
04 de junho de 2015
Zuenir Vetura
O escândalo da Fifa, com prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin, e o indiciamento de Ricardo Teixeira, também ex-presidente, ofuscou o noticiário sobre o petrolão. Em outras palavras, os cartolas, acusados de tantos desvios, “roubaram” a cena também.
04 de junho de 2015
Zuenir Vetura
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