"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

JOAQUIM LEVY AFIRMA QUE A RECUPERAÇÃO DO PAÍS SERÁ A LONGO PRAZO





















Numa exposição feita em Washington para o FMI, o ministro Joaquim Levy afirmou que a recuperação da economia brasileira será lenta, a longo prazo, devido ao que ele classificou de desaceleração global e desequilíbrios domésticos. 
A matéria está bem exposta na edição de O Globo de 2 de junho pela correspondente do jornal, Flávia Barbosa, acrescentando que 2015 será um ano de grave recessão. Embora tenha dito que a recuperação será lenta, à base de uma estratégia de longo prazo, o titular da Fazenda admitiu uma reação do Produto Interno Bruto no segundo semestre, em decorrência do ajuste fiscal e da colocação em prática do programa de venda, pelo governo de concessões para empresas privadas explorarem rodovias, ferrovias e portos. Mas esta é outra questão.

As declarações de Levy provavelmente desagradaram a base política do governo, já que ele sustentou que a reconstrução será feita tijolo por tijolo, e que esta é a melhor forma possível em vez de “tentar manter algo anticíclico” mas, penso eu que, ao defender a estratégia de ações a longo prazo, implicitamente reconheceu uma tomada de posição nitidamente anticíclica. Já que, como é lógico, somente se pode recuperar o que se perdeu, caso contrário não teria cabimento o esforço de resgate acentuado pelo próprio titular da Fazenda. Além disso, o ministro da Fazenda assinalou, ao enfatizar a nova estratégia de crescimento, que “vamos encarar este mundo por um tempo”.

PARAR DE CAIR

O chefe da equipe econômica do governo Dilma Rousseff ressaltou que, quando as coisas estiverem estruturadas, espera a economia parar de cair e começar a crescer lentamente. Assim falando, reconheceu tacitamente que a economia está em queda, pois só se freia a queda quando algo está caindo. As palavras do ministro da Fazenda realçam, é claro, uma firme posição política que ele conquistou no governo, tanto assim que reconheceu ser o mais importante trabalhar visando ao soerguimento econômico. Acrescentou: “São na verdade reformas estruturais disfarçadas em coisas simples”.

Neste ponto, confesso que não entendi o que ele quis dizer. Porém, na sequência, ele afirmou ser importante também que o Brasil comece a modernizar o sistema tributário, que é burocrático e oneroso. Nesta frase ele confessou diretamente ter herdado um sistema fiscal arcaico, porque somente se pode modernizar o que se encontra ultrapassado no tempo e no espaço, deixando antever as restrições que continua fazendo ao desempenho da própria presidente Dilma Rousseff em seu primeiro mandato, antes portanto da reeleição.

REEQUILÍBRIO FISCAL

Dando continuidade a sua exposição, Joaquim Levy afirmou ser fundamental o reequilíbrio fiscal para aumentar o nível de poupança pública classificando sua importância para elevar os investimentos e a confiança no suporte da poupança privada.

Mas como pode se defender a elevação dos investimentos privados no Brasil quando o BNDES financia (como ficou revelado pelos repórteres Eliane Oliveira, Daniele Nogueira e Ruben Berta na edição de ontem de O Globo) projetos privados em outros países, inclusive a juros mais baixos do que os cobrados aqui dentro. Além do mais, surge uma dúvida, a partir da constatação que os créditos foram em dólar. A dúvida é sobre que montante incidem as taxas do BNDES sobre os valores repassados. Incidirão sobre o total em dólares ou em reais? Mas esta é outra questão.

RECUPERAÇÃO A LONGO PRAZO

O fato essencial é que a recuperação lenta, a longo prazo, colide com os interesses políticos dos partidos que apoiam o governo por temerem reflexo negativo nas urnas de 2016. Para a oposição, ao contrário, em matéria de voto não poderiam ter sido melhores as afirmações do titular da Fazenda. Afinal de contas, todos esperam sempre efeitos rápidos, nem sempre possíveis para recuperar a desestruturação destacada por Joaquim Levy e a busca do tempo perdido com problemas estruturais e atuações anticíclicas. É isso aí.

Nenhum comentário:

Postar um comentário