Chegamos ao fundo do poço. Infelizmente, as alternativas estão sumindo do mapa. No plano político, em meio a uma crise sem precedentes, de um presidencialismo no qual a presidente ainda reúne, mas com ressalvas, o apoio de seu partido e dos políticos aliados, as soluções passam principalmente pelo atendimento a demandas puramente fisiológicas, expressas no mais pobre varejo político: emperram as agendas, em especial as votações nas assembleias legislativas, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, as nomeações para os cargos de confiança indicados pelos políticos inconfiáveis da base dos governos, nos Estados e no plano federal.
Num momento em que o país carece de empreender profundas reformas para sobreviver, o presidente da Câmara está preocupado com a construção de um shopping center junto às instalações da Casa. Os deputados federais, já muito ocupados com suas atividades, passarão a despachar da nova praça de alimentação. Deputados poderão comprar com mais conforto cuecas para aproveitar a alta do dólar.
Na educação, o governo federal conseguiu desatender alunos e professores das universidades públicas, que anunciam greves sem volta. Reduziu e dificultou o crédito da educação. Não que fosse uma solução a concessão sem critérios desse facilitário, mas as restrições impostas no acesso de estudantes ao programa são graves e desestimuladoras. Criaram-se faculdades privadas caça-níqueis aos baldes, cursos sem qualquer seriedade nas suas propostas e ementas, mas não será com a imposição das recentes restrições que o processo se aperfeiçoará. Faltou profundidade ao programa base da proposta de se construir uma pátria educadora. Sobraram desperdícios, equívocos e, sobretudo, muita picaretagem.
E A SAÚDE?
Desastrosas são nossas estatísticas na oferta e nos resultados dos programas de saúde pública, cuja execução beira a irresponsabilidade de seus agentes.
Na economia, a proposta de ajuste fiscal mais desajustou. Não conseguiu conter a inflação, não preveniu a incessante queda do PIB, não construiu propostas de médio e longo prazos para que a produção seja restabelecida, através da sua desoneração e de seu fomento, como medidas de incentivo à produtividade. A indústria, o comércio e os empregos estão na lona.
Vivemos um cenário de insegurança pública em que a única sugestão é o aumento de vagas nas penitenciárias e a redução da idade penal. Vamos atuar nas consequências, empregando substanciais recursos do erário sem qualquer perspectiva de que sejam soluções. Nem sequer amenizam os problemas, porque agravam ainda mais o quadro de nossas misérias humanas.
Ninguém, governos nem oposição, está aplicado em propostas e projetos. Faliu a criatividade, a vontade política e o compromisso com uma sociedade e um país melhores. E não há líderes confiáveis para empreender tais mudanças.
04 de junho de 2015
Luiz TitoO Tempo
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