"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A CAPA DA REVISTA THE ECONOMIST: COMO É BOM NÃO SER PETISTA! OU: RECORDAR É VIVER.

 

A nova capa da revista britânica The Economist coloca o Cristo rodopiando e mergulhando na Baía de Guanabara, perguntando se o país estragou tudo. Não esperem uma boa receptividade da esquerda, ao contrário do que ocorreu em 2009, quando a capa mostrava um Cristo decolando.

Eu, ao contrário da esquerda, já naquela época apontei que a coisa não era bem assim, que era melhor tomar mais cuidado antes de sair por aí celebrando com euforia a postura da revista.
A prova está aqui. Uma das grandes vantagens de não ser petista é que não tenho problema algum em olhar para trás, em resgatar o passado, o que disse antes e o que fiz. Lá vai:

A capa da revista The Economist divulgada ontem deixou os petistas em alvoroço, ao anunciar que o país agora “decolou”. Na foto, um Cristo Redentor alçando vôo como um foguete. O Brasil é a “bola da vez”, atraindo cada vez mais atenção e dólares do mundo todo. Lula é “o cara”.
Quem sabe alguns petistas não assinam a revista britânica agora e passam a aprender mais sobre a defesa do livre comércio? Antes, porém, seria recomendável que eles lessem a matéria na íntegra, coisa que poucos fizeram.

Sim, a revista reconhece os méritos do país. O Brasil é uma democracia, ao contrário da China. Não tem insurgentes ou disputas étnicas e religiosas como a Índia. Exporta mais que petróleo, ao contrário da Rússia. Entretanto, a revista afirma também que as melhoras foram plantadas antes, durante o governo anterior.
Menciona a autonomia do Banco Central, bandeira que os petistas jamais engoliram. Enaltece a abertura comercial e algumas privatizações ocorridas na era FHC, até hoje condenadas pelos petistas. Alerta para as fraquezas ainda existentes, como o crescimento dos gastos públicos, investimentos baixos, educação e infraestrutura decadentes, violência e criminalidade. A revista ainda ataca Dilma Rousseff, por sua insistência em negar a necessidade de reformar leis trabalhistas arcaicas.

Por fim, o editorial da The Economist coloca como principal risco para o país a “hubris”, a arrogância desmedida, algo que lembra as bravatas de um presidente que vive afirmando que “nunca antes na história desse país” as coisas foram tão maravilhosas como agora.
A revista lembra que Lula é um presidente com sorte, aproveitando o boom das commodities, que resulta do crescimento chinês e da política frouxa de juros do Fed, e também a plataforma de crescimento erguida pelo seu antecessor, FHC.

Em suma, a economia brasileira vai bem a despeito de tudo que o PT acredita e representa, não por causa disso. E não custa ficar atento, pois quando todo mundo “sabe” que nossa economia tem somente uma direção, rumo ao céu, talvez seja hora de recuar um pouco.
O excesso de euforia preocupa. No dia que a revista foi publicada, o Ibovespa caiu 3%. Será que estamos próximos do pico? Caveat Emptor!

26 de setembro de 2013
Rodrigo Constantino, Veja

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