"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 28 de março de 2015

O SENADO ENQUADRA A PRESIDENTE




















O Senado decidiu votar emenda constitucional que obriga todo presidente da República a indicar um jurista, no máximo em   90 dias, para qualquer vaga aberta de ministro do Supremo Tribunal Federal. Trata-se de uma reação mais do que necessária à estranha delonga da presidente Dilma em ver preenchido o lugar de Joaquim Barbosa, aposentado em julho do ano passado. Os protestos do Supremo são conhecidos há muito, pois funcionando com dez e não com onze ministros, seus trabalhos vem sendo prejudicados.
Fica difícil, quase impossível, perscrutar os motivos porque Madame não faz a indicação. Não será pela falta de cidadãos detentores de alto saber jurídico e reputação ilibada. Até porque poderia ser selecionado um jurista amigo do governo, capaz de votar segundo seus interesses. Essas situações são comuns.
Agora que Renan Calheiros endossou a proposta, pode ser que a presidente demore ainda mais para indicar o novo ministro, por capricho ou represália, mas quem fica mesmo prejudicado é o Judiciário. E nem ao menos o Executivo se beneficia. Afasta-se, como mesquinha, a hipótese de os senadores estarem decididos a rejeitar qualquer nome proposto, como parte do entrevero entre o Senado e o palácio do Planalto. Fica no ar a indagação sobre a demora.
LAVANDO A JATO
Enquanto isso, desenvolve-se a Operação Lava-Jato. Mais dois presos, ontem, por ordem do juiz Sérgio Moro. Não vai demorar o julgamento dos envolvidos no escândalo da Petrobras que não são parlamentares, a se verificar na primeira instância da Justiça do Paraná. Mesmo os que detém mandato parlamentar, respondendo a inquérito junto ao Supremo, deixam de contar com prazos ilimitados. A expectativa é de que as denúncias, quando admitidas, sejam processadas até o fim do ano.
A conclusão a tirar de mais um capítulo da novela do embate entre o governo e o Congresso é de parecer longe a trégua na Praça dos Três Poderes.
PROIBIÇÃO SEM FINANCIAMENTO
Há apreensão entre os parlamentares mais dedicados à reforma política. Sabem que as contribuições empresariais nas campanhas eleitorais estão na base da corrupção que assola o país, mas hesitam em promover a proibição pura e simples. O futuro da classe política estaria em jogo, pois ninguém se elege sem muitos milhões. O financiamento público atenderia pequena parte das necessidades e, mesmo assim, é visto com antipatia pelo eleitorado. Num país onde se cortam gastos sociais, como justificar recursos do tesouro nacional para ajudar a eleger políticos? O risco é de continuar tudo como está.

28 de março de 2015
Carlos Chagas

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