"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

SUBSERVIÊNCIA E DESIMPORTÂNCIA


Com trinta dias de atraso, a rede de televisão americana CNN divulgou não propriamente uma entrevista, mas duas ou três respostas da presidente Dilma a um de seus repórteres. O diálogo durou apenas cinco minutos e a demora de sua divulgação dá bem a medida da importância que a mídia nos Estados Unidos dá ao Brasil. Porque a gravação foi feita nos dias em que Madame viajou para discursar na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. Aliás, seu pronunciamento mereceu simples registro de três linhas num dos jornalões de Nova York. Nada mais.
Também, as respostas da presidente deixaram a desejar. Ela declarou que a democracia brasileira é frágil, encontra-se na adolescência e há falta de motivação entre os que defendem seu impeachment.  Sustentou que o governo dá todas as condições para as investigações sobre a corrupção. Por último, enalteceu os governos dela e do Lula, “que tiraram 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza e que o Brasil transformou-se num país da classe média”.
O diabo é que essas declarações foram ao ar um mês depois de prestadas, período em que os fatos desmentiram as intenções. A crise econômica acentuou-se e o desemprego em massa alcança 15 milhões de trabalhadores. Ou mais, porque os métodos de cálculo dos institutos de aferição sempre  favorecem o governo. O displicente entrevistador perdeu a oportunidade de referir-se à elevação dos impostos, taxas e tarifas, à redução de direitos sociais,a falência de Estados e Municípios em meio à inadimplência da União, a inflação crescente, a paralisação industrial e a corrupção nas estruturas do poder público. Nenhum desses temas interessa aos americanos, tanto aos meios de comunicação quanto aos seus dirigentes políticos.
POUCA IMPORTÂNCIA
Tanto faz se o Brasil regrediu ou se sempre foi assim, mas a verdade é  que pouca importância se nos dá,  lá do Hemisfério Norte. Continuam dando preferência à divulgação do abandono da população indígena, a proliferação de favelas e a violência urbana e rural que se avoluma.
Perdeu a presidente brasileira mais uma oportunidade de reagir ao descaso universal a nós dedicado. Começa que nem precisaria ter viajado às Nações Unidas para entoar a mesma cantilena de todos os anos, nos tempos modernos inaugurada pelo então presidente João Figueiredo e seguida pelos sucessores. Claro que precisamos manter relações cordiais com os Estados Unidos e demais países desenvolvidos, mas a cada governo brasileiro que entra o comportamento é o mesmo: subserviência e desimportância. Especialmente quando fornecemos motivos para receber esse tratamento.

28 de outubro de 2015
Carlos Chagas

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