"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 11 de maio de 2014

MAIS UMA DO DOUTOR

Doutor Honoris Causa significa doutor por causa da honra. Nosso ex-presidente Lula abiscoitou, em Salamanca, o 27º desses diplomas. Todos por causa da honra. De Salamanca foi a Lisboa, comemorou os 40 anos da Revolução dos Cravos e concedeu uma entrevista à RTP Rádio e Televisão de Portugal que deve ter escandalizado seus companheiros na Papuda. Vão-se os amigos, mas se conservam os dedos, ora pois.
Em trecho da matéria (basta procurar no YouTube por "entrevista de Lula à RTP"), a repórter o indaga sobre o fato de "pessoas de sua confiança" terem sido presas. E Lula buscou salvar a própria pele: "Não se trata de gente de minha confiança". Acrescentou à fala um gesto como que afastando de si os condenados e tentou arredondar: "Tem companheiros do PT presos". Ele estava falando de Dirceu, Genoino, Delúbio! E por aí foi desandando o grande ídolo do petismo nacional, acusando o STF de haver produzido um julgamento 80% político e concluindo com uma frase bem ao gosto do seu auditório caseiro: "Essa história ainda vai ser recontada, para saber o que aconteceu na verdade". Pelo jeito vem aí outra comissão da verdade...

No entanto, a melhor frase em toda a entrevista foi: "O que eu acho é que não houve mensalão". Pronto! Com essa sacada no repertório das esquivas afastou de si a sombra do maior escândalo da história da República. Ele estava afirmando que não pode ser atingido por algo que "acha" que não houve. Entretanto, vejamos como ficam as coisas se o mensalão não aconteceu. Os muitos milhões que circularam por agências de publicidade e bancos durante quase dois anos não teriam chegado aos líderes de bancada que atualmente estão presos. Se o dinheiro não chegou a eles e, por meio deles, a parlamentares dos respectivos bancados, então o ervanário se desfez no ar porque, materialmente, existiu. Existiu, foi lavado, foram assinados cheques e recibos, foram transportados valores, e há banqueiros e empresários condenados a penas ainda maiores do que as que atribuídas aos réus políticos.

Mais, se há no STF um ministro cuja lealdade ao governo ninguém põe em dúvida é o Dias Toffoli. Pois mesmo ele, com a parceria de Ricardo Lewandowski, ao apreciar o crime de corrupção passiva imputado a nove réus do mensalão, condenou sete dos acusados! E assim foram os dois ministros, em relação aos crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, peculato e evasão de divisas. Sempre condenaram a vários no processo do mensalão. Por um crime que não aconteceu, doutor Lula?

11 de maio de 2014
Percival Puggina, Zero Hora

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